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Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida
Jovem: Ao encontro de Jesus!
de
Luzum olhar na história
rastros 2017
nº 8
agosto
Despretensioso convite para o
retorno às coisas simples, belas
e profundas do Evangelho.
necessário
de novo
nascer
3
Seus
feitos
E sua fama se propagava por
todo lugar da redondeza.
A cada passo de Jesus, uma
demonstração do porquê veio
estar dentre nós.
No seu evangelho de feitos, o
testemunho através de obras.
No seu evangelho de ditos,
a afirmativa de que o
conhecimento da Verdade nos
levará à liberdade espiritual.
precediamo
4 5RASTROS DE LUZ | O DIVINO MINISTÉRIO
dLucas, 4: 31-37
Desceu então a Cafarnaum, cidade da Galileia, e
ensinava-os aos sábados.
Eles ficavam pasmados com seu ensinamento,
porque falava com autoridade.
Encontrava-se na sinagoga um homem possesso
de um espírito de demônio impuro, que se pôs a
gritar fortemente: “Ah! Que queres de nós, Jesus
Nazareno? Vieste para arruinar-nos? Sei quem tu
és: o Santo de Deus”.
Mas Jesus o conjurou severamente: “Cala-te, e
sai dele!”.
E o demônio, lançando-o no meio de todos, saiu
sem lhe fazer mal algum.
O espanto apossou-se de todos, e falavam
entre si: “Que significa isso? Ele dá ordens com
autoridade e poder aos espíritos impuros, e eles
saem!”
*
E sua fama se propagava por todo lugar da redondeza.
A cada passo de Jesus, uma demonstração do porquê veio estar dentre nós.
No seu evangelho de feitos, o testemunho através de obras.
No seu evangelho de ditos, a afirmativa de que o conhecimento da Verdade nos levará à liberdade espiritual.
Tal era sua autoridade sobre os Espíritos, que foi denominado “O Príncipe dos Espíritos”. Ao longo dos
Evangelhos, são inúmeras as passagens que narram sua autoridade sobre os mesmos. E não só quanto os
perturbadores, pois há a passagem em que Ele dialoga com os Espíritos de Moisés e Elias, no Monte Tabor.
6 7RASTROS DE LUZ | O DIVINO MINISTÉRIO
Sobre
Obsessões
Em o Livro dos Médiuns, de Allan
Kardec, em seu Capítulo 23, item 237,
aprendemos sobre as obsessões:
Obsessão: isto é, o domínio que
alguns Espíritos logram adquirir sobre
certas pessoas. Nunca é praticada senão
pelos Espíritos inferiores, que procuram
dominar. Os bons Espíritos nenhum
constrangimento infligem. Aconselham,
combatem a influência dos maus e, se
não os ouvem, retiram-se. Os maus, ao
contrário, se agarram àqueles de quem
podem fazer suas presas. Se chegam
a dominar algum, identificam- se com
o Espírito deste e o conduzem como se
fora verdadeira criança.
A obsessão apresenta caracteres
diversos, que é preciso distinguir e que
resultam do grau do constrangimento e
da natureza dos efeitos que produz. A
palavra obsessão é, de certo modo, um
termo genérico, pelo qual se designa
esta espécie de fenômeno, cujas
principais variedades são: a obsessão
simples, a fascinação e a subjugação.
No seu livro: Quando voltar a
primavera, Amélia Rodrigues apresenta
especiais comentários sobre este relato
das Escrituras.
Leiamos.
Em Cafarnaum
(Quando Voltar a Primavera. Amélia
Rodrigues, cap. 151. Divaldo Franco)
O Sol esplende acima e reflete-se em pó de ouro sobre as águas calmas.
A cidade regorgitante encaminha-se para a Sinagoga, no dia reservado ao Senhor.
As vozes da movimentação silenciam enquanto a morna prostração da hora estuante se abate sobre o cenário bucólico em
que a Natureza e o homem confraternizam em doce entretenimento.
Cafarnaum, ao lado Noroeste do mar da Galileia, é famosa. . . Suas praias largas contrastam com os outeiros do fundo, e
a singeleza do poviléu, que margina a orla do grande lago, difere da opulência dos negociantes e transeuntes que atulham as
8 9RASTROS DE LUZ | O DIVINO MINISTÉRIO
ruas de pavimentação larga, onde surgem
palacetes entre ciprestes oscilantes, abetos
esguios e rosais desatando perene perfume.
A cidade, sob a influência romana,
ostenta luxo, a arquitetura se harmoniza
com as linhas clássicas do Império
dominador.
Ali sucedem as coisas mais importantes
da região, na parte superior ou na orla do
mar.
Viajam da zona rica para as casas baixas
dos pescadores, para as vilas modestas,
as notícias e informações multifárias que
mantêm a população a par de todos os
sucessos.. .
Naquelas cercanias, Jesus cantou a
epopeia eterna do Evangelho. Entre suas
gentes simples e ardentes, ingênuas e
emotivas, trabalhou a coroa de bênçãos com
que pretendia ornar os corações vitoriosos
nas refregas apaixonantes do dia-a-dia de
todos.
Ali atendeu às necessidades renovadas
dos aflitos e dos atormentados de toda
espécie, neles insculpindo, com o fogo da
verdade, a mensagem de consolação e
advertência com que instaurou a Boa Nova
na Terra.
O sábado, caracterizado pelo “repouso do
Senhor”, era, então, dedicado à adoração,
ao culto e ao descanso.
Qualquer atitude deveria ser antes
examinada e pensada, todo esforço era
submetido às medidas permitidas, de modo
a que se não violassem as disposições
legais sempre abundantes em detalhes
insignificantes.
O temperamento judeu, minudente
e vigoroso, não obstante temesse Deus
antes que O amasse, fazia de cada homem
um infeliz perseguidor do próximo, sob o
amparo da Lei arbitrária e mesquinha em
que se apoiava.
Amigos facilmente se transformavam
em adversários arrimados a contendas,
intermináveis e fúteis, nas quais se
exaltavam as paixões, e o orgulho se abria
em feridas purulentas, demoradas.
Dava-se mais importância à aparência
do que à legitimidade dos fatos. A
criatura se credenciava à superioridade
graças à opinião dos outros, não raro
inverídica quanto à correspondência ao
comportamento pessoal.
O delito se caracterizava pelo desvelar
do crime, não pelo haver-se praticado.
Enquanto jazia oculto, a consciência em
falha adormecia, desvelada e as injunções
econômicas e sociais trabalhavam por
diminuir-lhe a gravidade.
Também era assim com referência ao
Estatuto para com o Senhor. . . Oferendas
e sacrifícios objetivavam a purificação,
as primícias e os dízimos reestruturavam
as bases comunitárias, readmitindo os
infratores à Sociedade, a instância da
habilidade da classe sacerdotal, sempre
complacente para com aqueles que possuem
os haveres do mundo e gravemente severa
para com os deserdados da Terra, não,
porém, dos Céus. . .
A Sinagoga, em razão disso, era o centro
ativo da cultura, da religião e da lei nas
cidades interioranas, fazendo o papel de
igreja, assembleia, corte e academia.
Para lá afluíam, por impositivo religioso
e social, todos os homens válidos como
alguns enfermos que, além de exporem
as misérias orgânicas e psíquicas com
a escudela distendida para as esmolas,
exibiam nas carnes e na mente a “ira do
Deus” que os marcara indelevelmente.
O Senhor se manifestava mediante o
ódio, o horror, a vindita.. . Naquele recinto
se discutiam e se celebravam os cultos
permitidos fora do Templo de Jerusalém. . .
Várias vezes Jesus esteve nas sinagogas
enfrentando as vaidades humanas e
exprobrando a hipocrisia, fundamentado nos
Livros sagrados.
Aplausos e apupos, não raro, em
controvérsia, dominavam os recintos em
que Sua voz se alteava para ensinar.
Quando Ele se adentrou na sinagoga de
Cafarnaum, naquele sábado luminoso, um obsesso conhecido, identificando-O, pôs-se a clamar:
— “Jesus de Nazaré, que tens tu contra nós? Deixa-nos. Vieste perder-nos?. . .” 1
Há um estupor na multidão.
Todos sabem que aquele homem alienado é incapaz de raciocinar. Carregando as pesadas
cangas que o jugulam à loucura era objeto do escárnio geral. É certo que se não tornava furioso,
mas indubitavelmente fora expulso da comunidade dos sadios por ser dominado pelos seres
infernais.
A obsessão era, então, epidemia geral, a grassa reparadora nas consciências reprocháveis,
provocando ironia e indiferença.
Possivelmente hoje é quase similar a atitude do homem moderno, na sua vacuidade disfarçada
de cultura e civilização. . .
Atenazados pelos adversários desencarnados, sobreviventes ao túmulo e sequiosos de
desforços, sincronizavam em processos vigorosos os opositores, que se mancomunavam em
lamentáveis processos de interdependência psíquica, às vezes orgânica, em inditosas parasitoses
espirituais. . .
1	 Lucas 4:31-37
10 11RASTROS DE LUZ | O DIVINO MINISTÉRIO
A entidade perversa e ignorante, que
se locupletava no processo vampiresco,
identifica o Justo e teme-O. Deseja produzir
o escândalo, apresentando-O à multidão
fanática, soberba e covarde, a fim de
vê-lO expulso da assembleia, enquanto
prosseguiria no consórcio desditoso.
— “Sabemos que és o Santo de Deus” —
brada o áulico da Treva, enquanto esparze o
bafio tóxico dos receios.
Antes, porém, que os ouvintes
despertem do estupor e se deem conta do
que se passa, desde que não era chegada
a hora da revelação, o impoluto Mestre
se aproxima e repreende o obsessor com
austeridade, exortando-o à elevação e
impondo-lhe a expulsão pura e simples . ..
Ao império da augusta vontade, sob
o comando das forças superiores que
distende, o obsessor se retira, enquanto o
enfermo estertora e desperta. .
A vigorosa voz do Mestre conduz a carga
da energia que se sobrepõe aos fluidos
maléficos do atormentador em si mesmo
aturdido. Sua autoridade deflui da Sua
procedência e da Sua conduta.
Várias vezes exercê-la-á em nome do
amor, da justiça, demonstrando a elevação
do Seu ministério.
Os homens necessitam de testemunhar
fatos a fim de poderem crer nas palavras.
E Jesus é a vida em abundância
espalhando alegria. Nunca deixará de sê-lo.
Jamais diminuirá o impacto da Sua força
onde se apresente.
Cessada a bestial, horrenda alienação, o
paciente se recompõe, levanta-se, constata
o fenômeno da restauração da saúde, exulta
e corre a levar a notícia aos que ali não se
encontram. . .
Liberado da dívida, após concluída a
provação, ao amparo do Cristo, renasce.
A entidade odienta, que se passava como
o adversário de Deus, demônio, na acepção
pejorativa, sabe-se tão-somente um
desditoso e por isso não enfrenta o Senhor.
Não ficará, porém, à mercê do abandono ou do tempo. Também será lenida. Libertando a vítima, de si mesma se liberta.
Atendida por Jesus, desperta para novas conquistas. ..
É o bem abençoando a bondade. . .
Ao clarim da gratidão e entre os acordes dos júbilos, o ministério cresce.
Descendo ao abismo em sombras das consciências entenebrecidas de um e do outro lado da vida, Ele atesta a excelência
dos Seus propósitos e afirma a Sua perfeita identificação com o Pai.
Não obstante, os homens despeitados e invejosos recusam-nO, desdenham-nO.
Têm início as primeiras hosanas, prenunciadoras das futuras perseguições implacáveis.
No sábado, porém, na sinagoga de Cafarnaum, do lado noroeste do mar, ante o Sol que doura a Terra, Jesus liberta o
endemoniado, simbolizando a grande libertação que propiciaria à Humanidade de todos os tempos, dominada pelos demônios
dos vícios, fâmulos dos desencarnados em perturbação.
Ruínas da sinagoga em Cafarnaum
12 13RASTROS DE LUZ | O DIVINO MINISTÉRIO
Cura da sogra de Simão — Saindo da sinagoga, entrou na casa de Simão. A sogra de Simão estava com
febre alta, e pediram-lhe por ela. Ele se inclinou para ela, conjurou severamente a febre, e esta a deixou;
imediatamente ela se levantou e se pôs a servi-los.
Diversas curas — Ao pôr-do-sol, todos os que tinham doentes atingidos de males diversos traziam-nos, e
ele, impondo as mãos sobre cada um, curava-os. De um grande número também saíam demônios gritando: “Tu
és o Filho de Deus!” Em tom ameaçador, porém, ele os proibia de falar, pois sabiam que ele era o Cristo.
Jesus deixa secretamente Cafarnaum e percorre a Judéia — Ao raiar do dia, saiu e foi para um lugar
deserto. As multidões puseram-se a procurá-lo e, tendo-o encontrado, queriam retê-lo, impedindo-o que as
deixasse. Ele, porém, lhes disse: “Devo anunciar também a outras cidades a Boa Nova do Reino de Deus, pois
é para isso que fui enviado”. E pregava pelas sinagogas da Judéia.
*
De todos os fatos que dão testemunhos do poder de Jesus, os mais numerosos são, não há contestar, as
curas. Queria ele provar dessa forma que o verdadeiro poder é o daquele que faz o bem. (Allan Kardec: A
gênese. Cap. 15, item 27.)
*
Ao terminar o culto na sinagoga, dirige-se Jesus à casa de Pedro e de André (o que confirma a presença dos
dois que, naturalmente, saíram junto com Jesus); nessa casa, segundo a tradição, achava-se Jesus hospedado
durante sua vida pública. Embora natural de Betsaida (João, 1:44) Pedro habitava em Cafarnaum, seja por
motivo de seu casamento (residia com a sogra), seja por causa de sua “Sociedade de Pesca”.
Regressando a casa, encontraram a sogra de Pedro (cujo nome ignoramos) atacada de febre. Comuns eram
essas febres na Palestina, mormente nos locais vizinhos a lagos, onde grassava o impaludismo provocado pelos
mosquitos muito numerosos, sem que se pusessem em prática regras de higiene. Lucas diz-nos tratar-se de
“violento acesso de febre”. Mateus assinala que Jesus “viu”; Marcos que “lhe falaram” a respeito dela, como
que desculpando-se de lhe não poder ser dada assistência; Lucas esclarece que “pediram” a favor dela.
Jesus inclina-se sobre a doente, toca-a com a mão e a levanta. A febre desaparece instantaneamente, e bem
assim a fraqueza superveniente a esses acessos de impaludismo. A enferma sente-se bem forte para servir a
todos com solicitude.
Nada se fala da esposa de Pedro: é a sogra que parece governar a casa.
*
Do livro: O espírito do cristianismo, de Cairbar Schutel, extraímos o Capítulo: A cura da sogra de Pedro,
que bem explica-nos as citações de Lucas, Mateus e Marcos, a esse respeito, acima destacadas:
Tendo Jesus entrado na casa de Pedro, viu que a sogra deste estava de cama e com febre; e tocando-lhe a
A cura da sogra de Pedro
(Lucas, 4:38-44) (Mateus, 8:14-17) (Marcos, 1:29-31)
14 15RASTROS DE LUZ | O DIVINO MINISTÉRIO
mão, a febre a deixou; então ela se levantou e o servia. À tarde trouxeram-lhe muitos endemoninhados; e ele com a sua palavra
expeliu os espíritos e curou os doentes; para se cumprir o que foi dito pelo profeta Isaías: Ele mesmo tomou nossas enfermidades
e carregou com as nossas doenças. “ (Mateus, VIII, 14-17)
“Em seguida, tendo saído da sinagoga, foram com Tiago e João à casa de Simão e André. A sogra de Simão estava de cama com
febre; e logo lhe falaram a respeito dela. Então aproximando-se da enferma e tomando-a pela mão, a levantou; a febre a deixou, e
ela começou a servi-los. A tarde, estando já o Sol posto, traziam-lhe todos os doentes e endemoninhados; e toda a cidade estava
reunida à porta. Então curou muitos que se achavam doentes de diversas moléstias, e expeliu muitos demônios, não permitindo
que estes falassem, porque sabiam quem ele era. “ (Marcos, I, 29-34)
“Tendo saído da sinagoga, entrou na casa de Simão. E a sogra deste estava com uma febre violenta; e pediram-lhe a favor dela.
Ele, inclinando-se para ela, repreendeu a febre, e a febre a deixou; e logo se levantou e os servia. Ao pôr do Sol, todos os que
tinham enfermos de várias moléstias lhos trouxeram; e ele, pondo as mãos sobre cada um deles, os curou. Também de muitos
saíram demônios gritando: Tu és o Filho de Deus. Ele, repreendendo-os, não lhes permitia que falassem, porque sabiam que ele era
o Cristo. “ (Lucas, iv, 38-41)
O Evangelho é um livro maravilhoso
que, na verdade, nos exalta às regiões de
Espiritualidade, permitindo-nos a visão nítida
de Jesus em sua excelsa e extraordinária
Missão. Quantos pontos de interrogação
surgem aos nossos olhos, semelhantes a
essas “moscas” que aparecem aos que se
acham afetados dos órgãos visuais, e aos
obsidiados por vezes, e que, com o estudo
do Evangelho em seu conjunto harmônico,
esvaem-se, para dar lugar a uma luz
brilhante que ilumina a grandiosa Figura
do Filho de Deus, do Sopro Vivificador do
Consolador, do Espírito da Verdade, que vem,
nos tempos preditos, restabelecer aqueles
suaves ensinos que, semelhantes a clarins
altissonantes, arrastavam as multidões
irrequietas e sofredoras para a posse das
bem-aventuranças eternas?
Só nestes pequenos trechos, que tratam
unicamente das curas que Jesus produziu,
quantos ensinamentos colhemos! Quantas
luzes deles nos vêm! O Filho de Deus não é
mais, para nós, o ente misterioso apontado
como uma segunda pessoa de um “mistério”,
nem como um ser abstrato, cujo nome
fascina, ou uma entidade mágica que aparece
e desaparece como miragem, e cuja existência
muitos chegam ao cúmulo de negar.
Já não é mais aquele Jesus que nos
mostram chagado numa cruz, nem aquela
figura ornamentada de pedrarias, vestida de
veludo e seda, que as igrejas nos apresentam.
Não é mais o que reclama “companheiros”
para os conventos e seminários, a fazer deles
padres, frades e freiras, em prejuízo da família
e da sociedade. Não é mais aquele homem
austero que repudia o convívio fraternal e que
se limita a fazer “milagres” para ser crido por
todos.
Agora já vemos, nesse Ente Superior, o
homem, mas o homem como deve ser, o
homem-espírito que se libertou de todos os
instintos e se limita a satisfazer apenas as
mais imperiosas necessidades da carne, pondo
de lado as paixões materiais que nos prendem
16 17RASTROS DE LUZ | O DIVINO MINISTÉRIO
a este mundo de falsidades. É o Jesus Popular, cheio de familiaridade; o Jesus que
vai às sinagogas pregar a sua Doutrina, exercendo o direito que todos tinham na
interpretação das Escrituras, e que terminado o seu labor naquela esfera de ação,
volta com seus companheiros, amigos e discípulos, hospeda-se em suas casas e
aproveita a oportunidade que lhe é facultada para prodigalizar benefícios e tornar-
se útil aos seus semelhantes, aos que sofrem, aos que choram, aos que não sabem,
aos oprimidos, aos ignorantes das verdades divinas!
Ó Espírito Grandioso! Ó vida prodigiosa como não há como exemplo na História,
nem ao menos que se lhe aproxime! Após os seus afazeres na sinagoga, onde havia
feito resplandecer aos seus ouvintes os esplendores da Vida Imortal e a glória do
Deus Vivo, o Pai Celestial, entra Ele na casa de Pedro, onde naturalmente sempre
comparecia, como em Betânia, para, entre os discípulos, melhor expandir-se sobre
as coisas do Céu, e ao mesmo tempo descansar das fadigas de suas cotidianas
viagens; logo à sua chegada, soube que estava de cama, vítima de febre violenta,
a sogra do seu companheiro, o futuro Apóstolo dos seus ensinos. Pedem-lhe a favor
dela; imediatamente, dirigindo-se ao quarto em que jazia a doente, aproxima-se
de seu leito, impõe sobre ela as mãos, e a moléstia, como por encanto, cedendo a
injunções superiores, como disse Lucas em outros termos, esvai-se à semelhança
do calor de uma brasa viva, ao lançar-se-lhe uma taça d’água!
E tão rápida foi a cura, quão solícita se mostrou a mãe da esposa de Simão em
prestar àqueles fiéis, que juntamente com seu Mestre ali se congregavam, os seus
humildes e desinteressados serviços. Outro fato a notar, de passagem, é que Jesus
não exigia que os seus seguidores abandonassem lar e família logo que postos ao
serviço de sua causa. O que parece haver exigido o Mestre, era o cumprimento
estrito dos deveres daqueles que pretendiam ser seus discípulos. Talvez não
pudessem eles acoroçoar descabidas exigências de mulher, filhos e sogra, deixando
para amanhã o que deviam fazer hoje, nem se escusar do exercício dos seus
deveres espirituais por motivos de interesses materiais, ou por circunstâncias
de visitas extemporâneas que lhes tomassem o tempo do cumprimento desses
deveres.
O “Vem e segue-me” de Jesus não quer dizer: “Abandona tudo e caminha comigo
sem destino, como ciganos sem parada”. E a prova, temo-la nestas passagens
acima narradas, concordes nos Evangelhos Sinóticos: “terminado o trabalho, não
só os discípulos iam para suas casas, como o Mestre os acompanhava muitas vezes
chegando até a permanecer com eles”.
A fama de Jesus já corria por toda a Galileia, e, com certeza, a sua pregação
já devia ter maravilhado a assistência que enchia a sinagoga local; a repercussão
da sua Palavra deveria ter-se feito ao longe, pois, no mesmo dia, ao pôr do Sol,
inúmeros enfermos, e outros possuídos de espíritos malignos, enchiam a parte
fronteira à casa de Pedro, a fim de receberem daquelas mãos benditas pelos Céus,
e que distribuíam por toda a parte os tesouros do seu amor, a cura para os seus
corpos e a libertação para as suas almas.
Os enfermos, diz Lucas, não eram só nervosos, epilépticos e histéricos, porque
as moléstias eram várias, inclusive a obsessão, ou seja a possessão por espíritos
malignos, que outros chamavam demônios, como acontece atualmente. E Jesus
curou a todos. Essas curas, que na verdade se têm produzido em todos os
tempos, realçaram-se de modo nunca visto sob a autoria de Jesus, cujo poder,
como dissemos, ultrapassava (e ultrapassa) todo o entendimento humano. E
o interessante também é que o Mestre não queria o testemunho dos Espíritos
obsessores que Ele expelia, pois preferia, para testemunho da sua Palavra a da sua
ação, os fatos que se iam desdobrando aos olhos de todos.
Daí a citação de Lucas: “Também de muitos saíam os demônios, gritando: Tu
és o Filho de Deus. Ele, repreendendo-os, não lhes permitia que falassem, porque
sabiam que Ele era o Cristo.
Poderes ocultos
(Caminho, Verdade e Vida. Emmanuel, cap. 70.
Francisco Cândido Xavier)
“E onde quer que ele entrava, fosse nas cidades, nas aldeias ou nos
campos, depunham os enfermos nas praças e lhe rogavam que os deixasse
tocar ao menos na orla de seu vestido; e todos os que nele tocavam,
saravam.” — (Marcos, 6: 56.)
Não raro, surgem nas fileiras
espiritualistas estudiosos afoitos
a procurarem, de qualquer modo,
a aquisição de poderes ocultos
que lhes confira posição de
evidência. Comumente, em tais
circunstâncias, enchem-se das
afirmativas de grande alcance.
O anseio de melhorar-se, o
desejo de equilíbrio, a intenção
de manter a paz, constituem
belos propósitos; no entanto, é
recomendável que o aprendiz não
se entregue a preocupações de
notoriedade, devendo palmilhar o
terreno dessas cogitações com a
cautela possível.
Ainda aqui, o Mestre Divino
oferece a melhor exemplificação.
Ninguém reuniu sobre a Terra
18 19RASTROS DE LUZ | O DIVINO MINISTÉRIO
tão elevadas expressões de
recursos desconhecidos quanto
Jesus.
Aos doentes, bastava tocar-
lhe as vestiduras para que se
curassem de enfermidades
dolorosas; suas mãos devolviam
o movimento aos paralíticos, a
visão aos cegos. Entretanto, no
dia do Calvário, vemos o Mestre
ferido e ultrajado, sem recorrer
aos poderes que lhe constituíam
apanágio divino, em benefício
da própria situação. Havendo
cumprido a lei sublime do amor,
no serviço do Pai, entregou-se
à sua vontade, em se tratando
dos interesses de si mesmo.
A lição do Senhor é bastante
significativa.
É compreensível que o
discípulo estude e se enriqueça
de energias espirituais,
recordando-se, porém, de que,
antes do nosso, permanece
o bem dos outros e que esse
bem, distribuído no caminho da
vida, é a voz que falará por nós
a Deus e aos homens, hoje ou
amanhã.
O Bendito Aguilhão
(Contos e apólogos. Irmão X, cap. 6. Francisco
Cândido Xavier)
Atendendo a certas interrogações de Simão Pedro, no singelo agrupamento apostólico de Cafarnaum, Jesus
explicava solícito:
-Destina-se a Boa-Nova, sobretudo, à vitória da fraternidade.
Nosso Pai espera que os povos do mundo se aproximem uns dos outros e que a maldade seja esquecida para
sempre.
Não é justo combatam as criaturas reciprocamente, a pretexto de exercerem domínio indébito sobre os patrimônios
20 21RASTROS DE LUZ | O DIVINO MINISTÉRIO
da vida, dos quais somos todos
simples usufrutuários.
Operemos, assim, contra a
inveja que ateia o incêndio da
cobiça, contra a vaidade que
improvisa a loucura e contra o
egoísmo que isola as almas entre
si....
Naturalmente, a grande
transformação não surgirá do
inesperado.
Santifiquemos o verbo que
antecipa a realização.
No pensamento bem conduzido
e na prece fervorosa, receberemos
as energias imprescindíveis à ação
que nos cabe desenvolver.
A paciência no ensino garantirá
êxito à sementeira, a esperança
fiel alcançará o Reino divino, e a
nossa palavra, aliada ao amor que
auxilia, estabelecerá o império da
infinita Bondade sobre o mundo
inteiro.
Há sombras e moléstias por
toda a parte, como se a existência
na Terra fosse uma corrente
de águas viciadas. É imperioso
reconhecer, porém, que, se
regenerarmos a fonte, aparece
adequada solução ao grande
problema.
Restaurado o espírito, em suas
linhas de pureza, sublimam-se-lhe
as manifestações.
Em face da pausa natural que se
fizera, espontânea, na exposição
do Mestre, Pedro interferiu,
perguntando:
-Senhor, as tuas afirmativas
são sempre imagens da verdade.
Compreendo que o ensino da Boa-
Nova estenderá a felicidade sobre
toda a Terra... No entanto, não
concordas que as enfermidades
são terríveis flagelos para a
criatura? E se curássemos todas as
doenças? Se proporcionássemos
duradouro alívio a quantos
padecem aflições do corpo? Não
acreditas que, assim instalaríamos
bases mais seguras ao Reino de
Deus?
E Filipe, ajuntou algo tímido?
-Grande realidade!... Não é fácil
concentrar ideias no Alto, quando
o sofrimento físico nos incomoda.
É quase impossível meditar nos
problemas da alma, se a carne
permanece abatida de achaques...
Outros companheiros se
exprimiram, apoiando o plano de
proteção integral aos sofredores.
Jesus deixou que a serenidade
reinasse de novo, e, louvando a
piedade, comunicou aos amigos
que, no dia imediato, a título de
experiência, todos os enfermos
seriam curados, antes da
pregação.
Com efeito, no outro dia, desde
manhãzinha, o Médico Celeste,
acolitado pelos apóstolos, impôs
suas milagrosas mãos sobre os
doentes de todos os matizes.
No curso de algumas horas,
foram libertados mais de cem
prisioneiros da sarna, do cancro,
do reumatismo, da paralisia, da
cegueira, da obsessão...
Os enfermos penetravam o
gabinete improvisado ao ar livre,
com manifesta expressão de
abatimento, e voltavam jubilosos.
Tão logo reapareciam, de olhar
fulgurante, restituídos à alegria,
à tranquilidade e ao movimento,
formulava Pedro o convite fraterno
para o banquete da verdade e luz.
O Mestre, em breves instantes,
falaria com respeito à beleza
da Eternidade e à glória do
Infinito; demonstraria o amor e a
sabedoria do Pai e descortinaria
horizontes divinos da renovação,
desvendando segredos do
Céu para que o povo traçasse
luminoso caminho de elevação e
aperfeiçoamento na Terra.
Os alegres beneficiados,
contudo, se afastavam céleres,
entre frases apressadas de
agradecimento e desculpa.
Declaravam-se alguns
ansiosamente esperados no
ambiente doméstico e outros
se afirmavam interessados
em retomar certas ocupações
vulgares, com urgência.
Com a cura da última feridenta,
a vasta margem do lago contava
apenas com a presença do Senhor
e dos doze aprendizes.
Desagradável silêncio baixou
sobre a reduzida assembleia.
O pescador de Cafarnaum
endereçou significativo olhar
de tristeza e desapontamento
ao Mestre, mas o Cristo falou
compassivo:
-Pedro, estuda a experiência e
aguarda a lição. Aliviemos a dor,
mas não nos esqueçamos de que
o sofrimento é criação do próprio
homem, ajudando-o a esclarecer-
se para a vida mais alta.
E sorrindo, expressivamente,
rematou:
-A carne enfermiça é remédio
salvador para o espírito
envenenado. Se o bendito aguilhão
da enfermidade corporal é quase
impossível tanger o rebanho
humano do lodaçal da Terra para
as culminâncias do Paraíso.
Aliviemos a dor,
mas não nos
esqueçamos de
que o sofrimento
é criação do
próprio homem,
ajudando-o
a esclarecer-
se para a vida
mais alta.
23
Em verdade, em verdade, te
digo: quem não renascer da
água e do Espírito não pode
entrar no Reino de Deus. O
que nasceu da carne é carne,
o que nasceu do Espírito é
espírito. Não te admires de eu
te haver dito: deveis nascer
de novo.
sobre
Céu
as coisas
do
24 25RASTROS DE LUZ | O DIVINO MINISTÉRIO
oJoão 3:1-21
O encontro com Nicodemos
Havia um homem da seita dos
fariseus, chamado Nicodemos; um dos
principais entre os Judeus. Este foi
ter com Jesus, de noite, e disse-lhe:
“Mestre, sabemos que foste enviado por
Deus como mestre, porque ninguém
pode fazer estes milagres que tu fazes,
se Deus não estiver com ele.”
Jesus respondeu-lhe: “Em verdade,
em verdade te digo que não pode ver o
reino de Deus, senão aquele que nascer
de novo.”
Nicodemos disse-lhe : “Como pode
um homem nascer, sendo velho?
Porventura pode tornar a entrar no
ventre de sua mãe e renascer?”
Jesus respondeu-lhe: “Em verdade,
em verdade te digo que quem não
renascer de água e de Espirito, não pode entrar no reino de Deus. 0 que nasceu da carne, é carne, o que nasceu do Espírito, é espírito.
Não te maravilhes de eu te dizer: E’ preciso que vós nasçais de novo. O Espírito sopra onde quer, e tu ouves a sua voz, mas não sabes
donde ele vem, nem para onde vai, assim é todo aquele que nasceu do Espírito.”
Nicodemos disse-lhe: “Como se pode isto fazer?”
Jesus respondeu: “Tu és mestre em Israel, e não sabes estas coisas?”
26 27RASTROS DE LUZ | O DIVINO MINISTÉRIO
Em verdade, em verdade te digo que nós dizemos o que sabemos, e damos testemunho
do que vimos, mas vós não recebeis o nosso testemunho. Se, quando vos falo das coisas
terrenas, não me acreditais, como me acreditareis, se vos falar das celestes?
Ninguém subiu ao céu, senão aquele que desceu do céu, o Filho do homem, que está
no céu. E como Moisés levantou no deserto a serpente, assim também importa que seja
levantado o Filho do homem, a fim de que todo o que crê nele tenha a vida eterna.
Porque Deus amou de tal modo o mundo, que lhe deu seu Filho unigênito, para que
todo o que crê nele não pereça, mas tenha a vida eterna.
Porque Deus não enviou seu Filho ao mundo, para condenar o mundo, mas para que o
mundo seja salvo por ele. Quem nele crê, não é condenado, mas quem não crê, já está
condenado, porque não crê no nome do Filho unigênito de Deus.
A condenação está nisto: “A luz veio ao mundo, e os homens amaram mais as trevas
do que a luz, porque as suas obras eram más. Porque todo aquele que faz o mal, aborrece
a luz, e não se chega para a luz, a fim de que não sejam reprovadas as suas obras; mas
aquele que procede segundo a verdade, chega-se para a luz, a fim de que seja manifesto
que as suas obras são feitas segundo Deus.”
*
Nicodemos, também tratado como “príncipe dos judeus” pelo Evangelista, dentre os
ensinamentos que o Cristo lhe transmitiu, um, em particular, impressionou profundamente
o visitante: para se alcançar o Reino de Deus, o estado de pureza espiritual, é preciso
nascer de novo.
Nicodemos não entendeu a referência e perguntou perplexo: - Como será possível a
um homem velho nascer de novo? Terá que entrar novamente no ventre de sua mãe e
renascer?
Com paciência e suavidade, Jesus ensina a dualidade do ser humano, que é carne (um
corpo físico) e é espírito (o ser imortal, o ser pensante, a individualidade espiritual). O
corpo de carne não pode gerar senão outro corpo de carne – jamais criar um espírito, pois
que este é de outra origem. O espírito nasce e renasce na carne muitas vezes na carne
(sempre em um novo corpo), até que fique em condições de pureza e sabedoria que lhe
permitam entrar no Reino de Deus.
Olhando alguém pelo corpo físico, é fácil identificar a pessoa e explicar-lhe a origem.
Por exemplo: Simão Bar Jonas era filho de Jonas, como diz o nome. Já não seria tão fácil
identificar o espírito que habita e anima aquele corpo.
É necessário renascer, diz o Cristo. O vento sopra onde quer; ouves-lhe o ruído, mas
não sabes donde vem, nem para onde vai. Assim acontece com o espírito. O espírito é
invisível e livre. Não sabemos de onde está vindo e nem para onde se dirige – ou seja: sua
origem e destinação – percebemos apenas a sua presença.
Mesmo assim, Nicodemos não se recuperara da sua perplexidade ante aquela estranha
afirmativa de que era preciso nascer de novo, ou seja, renascer. E volta a perguntar –
Como se pode fazer isso?
Jesus responde com outra pergunta, muito mais profunda do que parece, nas suas
conjecturas: - És mestre em Israel e não entendes estas coisas?
Só há uma explicação para a pergunta-resposta: todo aquele que mais detida e
reflexivamente houvesse estudado bem os textos sagrados de Israel, especialmente
os Doutores da Lei, como Nicodemos, deveria conhecer o mecanismo dos
renascimentos ou seja, a reencarnação.
Referências inequívocas às vidas sucessivas constam do Antigo Testamento, no
qual estudavam os Doutores.
Mais do que isso, porém. Como lembra Allan Kardec em O Evangelho segundo
o Espiritismo (Cap. 4, itens 6 a 9), se a crença fosse um erro, Jesus não deixaria
de combatê-la como o fez a tantas outras. “Longe disso, porém, ele a sancionou
com toda a sua autoridade, e a transformou num princípio, fazendo-a condição
necessária, quando disse: Ninguém pode ver o Reino dos Céus, se não nascer de
novo. E insistiu, acrescentando: Não te maravilhes de eu ter dito que é necessário
nascer de novo.
A doutrina dos renascimentos, das vidas sucessivas ou reencarnação, era
pacificamente aceita por pessoas comuns a aparentemente de menor saber do que
os Doutores da Lei.
Vejamos.
Malaquias profetizara por volta do ano 450 a.C., que Elias, um dos maiores e
mais respeitados profetas de Israel, voltaria à Terra no tempo devido, na condição
de precursor de alguém de hierarquia infinitamente mais elevada do que ele.
Em Malaquias (3:1): - Eis que envio o meu mensageiro para preparar o meu
caminho. E de repente virá ao seu templo, o Senhor que vós buscais, o anjo da
aliança que desejais.
Uma pausa para uma observação importante.
Seria enigmática a informação de que o esperado e desejado Senhor viria ao seu
templo, se não fôssemos encontrar em outra passagem (João 2: 19-21) a chave
certa para abrir o seu sentido ao nosso entendimento.
- Destruí esse templo – disse Jesus – e em três dias o levantarei.
- Em quarenta e seis anos foi edificado este templo – lhes responderam – e tu o
levantarás em três dias?
“Ele, porém, falava de seu corpo”, comenta João.
Do que se depreende que a expressão “ir para o seu templo” equivale a nascer
(para seu corpo), a fim de viver na Terra entre os homens.
Outro ponto de destaque nesta passagem, que sobressai a doutrina da
preexistência do Espírito. “Eis que envio o meu mensageiro...” que, aliás, vem
preparar os caminhos de outro mensageiro mais elevado. Esses Espíritos, portanto,
já existiam. Não é anunciada a criação deles para ocuparem corpos na Terra, mas
o envio deles. A um – o Cristo – a palavra da profecia se refere como “o Senhor
28 29RASTROS DE LUZ | O DIVINO MINISTÉRIO
que vós buscais, o anjo da aliança que
desejais”. Um Espírito já conhecido pelas
suas virtudes e saber, desde os tempos
da profecia, e outro que igualmente
conhecido e respeitado profeta, que
voltaria.
Retomemos o tema, mas com essa
observação presente.
Quando do episódio conhecido como
o da transfiguração, no qual Jesus,
resplandecente de luz, conversa com
os Espíritos de Moisés e de Elias, os
discípulos que, obviamente, conheciam
a profecia de Malaquias, perguntam a
Jesus, taxativamente:
- Por que dizem os escribas que Elias
deve vir primeiro? (Mateus 17: 10-13)
Para o entendimento de Pedro, João
e Tiago – ali presentes e extasiados
pela ocorrência – faltava um dado
importante.
A profecia anunciara há séculos que,
antes de vir o Senhor, o Messias, viria
Elias de vota à terra, a fim de preparar-
lhe os caminhos. Ora, os apóstolos,
àquela altura, não tinham nenhuma
dúvida de que Jesus era sim o Messias
prometido a quem Malaquias, dentre
outros, se referira. Mas, como explicar a
ausência de Elias, como precursor. Daí a
pergunta:
- Por que dizem os escribas que Elias
deve vir primeiro!
E a resposta de Jesus, clara e
explícita, não dá margem a contestação
ou dúvida. Em primeiro lugar, ele
confirma a profecia: é verdade, sim que
Elias tinha de vir, como foi anunciado.
E prossegue, informando que ele viera
de fato, mas não fora reconhecido.
Ao contrário, “fizeram dele o quanto
quiseram” e acabaram por executá-lo,
como, aliás, o fariam com ele próprio,
Jesus.
Mateus encerra a narrativa com esta
frase inconfundível:
- Os discípulos compreenderam,
então, que ele lhe falava de João
Batista.
Em outras palavras, no absoluto
mesmo sentido: Elias renasceu. Foi
chamado de João, o Batista. Fez seu
anunciado trabalho como precursor de
Jesus, o Messias, também profetizado.
Eis a passagem evangélica em exame
– Mateus 17 10:13:
Os discípulos perguntaram-lhe: “Por
que razão os escribas dizem que é
preciso que Elias venha primeiro?”
Respondeu-lhes Jesus: “Certamente
Elias terá de vir para restaurar tudo.
Eu vos digo, porém, que Elias já veio,
mas não o reconheceram. Ao contrário,
fizeram com ele tudo quanto quiseram.
Assim também o Filho do Homem irá
sofrer da parte deles”.
Então os discípulos entenderam que
se referia a João Batista.
Mais um exemplo, colhido no Novo
Testamento, em João 9 : 1-14
Passando Jesus, viu um homem cego
de nascença.
Os seus discípulos perguntaram-lhe:
“Mestre, quem pecou, este ou seus pais,
para que nascesse cego?”.
Jesus respondeu: “Nem ele nem
seus pais pecaram; mas foi para se
manifestarem nele as obras de Deus”.
É bem evidenter que a doutrina das
vidas sucessivas era perfeitamente
familiar aos discípulos, o que se
evidencia na própria maneira de
formular a pergunta: “Foi ele quem
pecou ou foram seus pais?”. Se não
acreditassem numa responsabilidade
preexistente, como iriam perguntar por
que um cego de nascença estava sendo
punido?
A lição a Nicodemos
(Boa Nova. Humberto de Campos, cap. 14.
Francisco Cândido Xavier)
Em face dos novos ensinamentos
de Jesus, todos os fariseus do templo
se tomavam de inexcedíveis cuidados,
pelo seu extremado apego aos textos
antigos.
O Mestre, porém, nunca perdeu
ensejo de esclarecer as situações mais
difíceis com a luz da verdade que a sua
palavra divina trazia ao pensamento do
mundo.
Grande número de doutores
não conseguia ocultar o seu
descontentamento, porque, não
obstante suas atividades derrotistas,
continuavam as ações generosas de
Jesus beneficiando os aflitos e os
sofredores.
Discutiam-se os novos princípios, no
grande templo de Jerusalém, nas suas
praças públicas e nas sinagogas.
Os mais humildes e pobres viam
no Messias o emissário de Deus, cujas
mãos repartiam em abundância os bens
da paz e da consolação.
As personalidades importantes
temiam-no. E que o profeta não
se deixava seduzir pelas grandes
promessas que lhe faziam com
referência ao seu futuro material.
Jamais temperava a sua palavra
de verdade com as conveniências do
comodismo da época.
Apesar de magnânimo para com
todas as faltas alheias, combatia o mal
com tão intenso ardor, que para logo se
fazia objeto de hostilidade para todas as
intenções inconfessáveis.
Mormente em Jerusalém que, com o
seu cosmopolitismo, era um expressivo
retrato do mundo, as ideias do Senhor
acendiam as mais apaixonadas
discussões.
Eram populares que se entregavam
à apologia franca da doutrina de Jesus,
servos que o sentiam com todo o calor
do coração reconhecido, sacerdotes
que o combatiam abertamente,
convencionalistas que não o toleravam,
indivíduos abastados que se insurgiam
contra os seus ensinos.
Todavia, sem embargo das
dissensões naturais que precedem o
estabelecimento definitivo das ideias
novas, alguns espíritos acompanhavam
o Messias, tomados de vivo interesse
pelos seus elevados princípios.
Entre estes, figurava Nicodemos,
fariseu notável pelo coração bem
formado e pelos dotes da inteligência.
Assim, uma noite, ao cabo de
grandes preocupações e longos
raciocínios, procurou a Jesus, em
particular, seduzido pela magnanimidade
de suas ações e pela grandeza de sua
doutrina salvadora.
30 31RASTROS DE LUZ | O DIVINO MINISTÉRIO
O Messias estava acompanhado apenas de dois dos seus discípulos e recebeu a visita com a sua bondade
costumeira.
Após a saudação habitual e revelando as suas ânsias de conhecimento, depois de fundas meditações,
Nicodemos dirigiu-se-lhe respeitoso: -Mestre, bem sabemos que vindes de Deus, pois somente com a luz da
assistência divina poderíeis realizar o que tendes efetuado, mostrando o sinal do céu em vossas mãos.
Tenho empregado a minha existência em interpretar a lei, mas desejava receber a vossa palavra sobre os
recursos de que deverei lançar mão para conhecer o Reino de Deus!
O Mestre sorriu bondosamente e esclareceu: - Primeiro que tudo, Nicodemos, não basta que tenhas vivido a
interpretar a lei.
Antes de raciocinar sobre as suas disposições, deverias ter-lhe sentido os textos. Mas, em verdade devo
dizer-te que ninguém conhecerá o Reino do Céu, sem nascer de
novo.
- Como pode um homem nascer de novo, sendo velho? -
interrogou o fariseu, altamente surpreendido. Poderá, porventura,
regressar ao ventre de sua mãe?
O Messias fixou nele os olhos calmos, consciente da gravidade
do assunto em foco, e acrescentou: - Em verdade, reafirmo-te
ser indispensável que o homem nasça e renasça, para conhecer
plenamente a luz do reino!...
- Entretanto, como pode isso ser? - perguntou Nicodemos,
perturbado.
- És mestre em Israel e ignoras estas coisas? - inquiriu Jesus,
como que surpreendido. É natural que cada um somente testifique
daquilo que saiba; porém, precisamos considerar que tu ensinas.
Apesar disso, não aceitas os nossos testemunhos.
Se falando eu de coisas terrenas sentes dificuldades em
compreendê-las com os teus raciocínios sobre a lei, como poderás
aceitar as minhas afirmativas quando eu disser das coisas
celestiais?
Seria loucura destinar os alimentos apropriados a um velho
para o organismo frágil de uma criança.
Extremamente confundido, retirou-se o fariseu, ficando
André e Tiago empenhados em obter do Messias o necessário
esclarecimento, acerca daquela lição nova.
Jerusalém quase dormia sob o véu espesso da noite alta.
Silêncio profundo se fizera sobre a cidade.
Jesus, no entanto, e aqueles dois discípulos, continuavam
presos à conversação particular que haviam entabulado.
Desejavam eles ardentemente penetrar o sentido oculto das
palavras do Mestre.
Como seria possível aquele renascimento? Não obstante os
seus conhecimentos, também partilhavam da perplexidade que
levara Nicodemos a se retirar fundamente surpreendido.
- Por que tamanha admiração, em face destas verdades?
perguntou-lhes Jesus, bondosamente.
As árvores não renascem depois de podadas? Com respeito aos
homens, o processo é diferente, mas o espírito de renovação é
sempre o mesmo.
O corpo é uma veste. O homem é seu dono. Toda roupagem
material acaba rota, porém, o homem, que é filho de Deus,
32 33RASTROS DE LUZ | O DIVINO MINISTÉRIO
encontra sempre em seu amor os elementos necessários à mudança do vestuário.
A morte do corpo é essa mudança indispensável, porque a alma caminhará
sempre, através de outras experiências, até que consiga a imprescindível provisão
de luz para a estrada definitiva no Reino de Deus, com toda a perfeição conquistada
ao longo dos rudes caminhos.
André sentiu que uma nova compreensão lhe felicitava o espírito simples e
perguntou: - Mestre, já que o corpo é como que à roupa material das almas, por
que não somos todos iguais no mundo?
Vejo belos jovens, junto de aleijados e paralíticos...
- Acaso não tenho ensinado - disse Jesus - que tem de chorar todo aquele que
se transforma em instrumento de escândalo?
Cada alma conduz consigo mesma o inferno ou o céu que edificou no âmago da
consciência. Seria justo conceder-se uma segunda veste mais perfeita e mais bela
ao espírito rebelde que estragou a primeira?
Que diríamos da sabedoria de Nosso Pai, se facultasse as possibilidades mais
preciosas aos que as utilizaram na véspera para o roubo, o assassínio, a destruição?
Os que abusaram da túnica da riqueza vestirão depois as dos êmulos e escravos
mais humildes, como as mãos que feriram podem vir a ser cortadas.
- Senhor, compreendo agora o mecanismo do resgate - murmurou Tiago,
externando a alegria do seu entendimento. Mas, observo que, desse modo, o
mundo precisará sempre do clima do escândalo e do sofrimento, desde que o
devedor, para saldar seu débito, não poderá fazê-lo sem que outro lhe tome o lugar
com a mesma dívida.
O Mestre apreendeu a amplitude da objecção e esclareceu os discípulos,
perguntando: - Dentro da lei de Moisés, como se verifica o processo da redenção?
Tiago meditou um instante e respondeu: - Também na lei está escrito que o
homem pagará ‘olho por olho, dente por dente”.
- Também tu, Tiago, estás procedendo como Nicodemos - replicou Jesus com
generoso sorriso. Como todos os homens, aliás, tens raciocinado, mas não tens
sentido. Ainda não ponderaste, talvez, que o primeiro mandamento da lei é uma
determinação de amor.
Acima do “não adulterarás”, do “não cobiçarás”, está o “amar a Deus sobre todas
as coisas, de todo o coração e de todo o entendimento”.
Como poderá alguém amar o Pai, aborrecendo-lhe a obra? Contudo, não
estranho a exiguidade de visão espiritual com que examinaste o texto dos profetas.
Todas as criaturas hão feito o mesmo. Investigando as revelações do céu com
o egoísmo que lhes é próprio, organizaram a justiça como o edifício mais alto do
idealismo humano.
E, entretanto, coloco o amor acima da justiça do mundo e tenho ensinado que só
ele cobre a multidão dos pecados.
Se nos prendemos à lei de talião, somos obrigados a reconhecer que onde existe
um assassino haverá, mais tarde, um homem que necessita ser assassinado; com
a lei do amor, porém, compreendemos que o verdugo e a vítima são dois irmãos,
filhos de um mesmo Pai.
Basta que ambos sintam isso para que a fraternidade divina afaste os fantasmas
do escândalo e do sofrimento.
-Ante as elucidações do Mestre, os dois discípulos estavam maravilhados.
Aquela lição profunda esclarecia-os para sempre.
Tiago, então, aproximou-se e sugeriu a Jesus que proclamasse aquelas verdades
novas na pregação do dia seguinte.
O Mestre dirigiu-lhe um olhar de admiração e interrogou: - Será que não
compreendeste? Pois, se um doutor da lei saiu daqui sem que eu lhe pudesse
explicar toda a verdade, como queres que proceda de modo contrário, para com a
compreensão simplista do espírito popular?
Alguém constrói uma casa iniciando pelo teto o trabalho? Além disso, mandarei
mais tarde o Consolador, a fim de esclarecer e dilatar os meus ensinos.
Eminentemente impressionados, André e Tiago calaram as derradeiras
interrogações.
Aquela palestra particular, entre o Senhor e os discípulos, permaneceria
guardada na sombra leve da noite em Jerusalém; mas, a lição a Nicodemos estava
dada. A lei da reencarnação estava proclamada para sempre, no Evangelho do
Reino.
Mas, em verdade devo dizer-te que
ninguém conhecerá o Reino do
Céu, sem nascer de novo.
34 35RASTROS DE LUZ | O DIVINO MINISTÉRIO
As anêmonas em flor padeciam
a constrição do calor e murchavam,
deixando manchas coloridas sobre
o verde desbotado das ramagens
ressequidas.
O dia amanhecera morno e a
tórrida Judéia de solo calcionado,
como o coração dos seus habitantes,
prenunciava calor sufocante.
Eles haviam chegado da Galileia,
em marcha tranquila, passando pela
povoações e casarios esquecidos dos
administradores, nos quais paravam
para adquirir alimentos e conversar
com os aldeões.
Para aquelas gentes simples e
sofridas das regiões remotas das
cidades grandiosas, o contato com Jesus
significava uma primavera formosa
explodindo luz e harmonia na acústica
das suas almas. Ademais, por onde Ele
passava, mesmo que não se fizessem
necessárias as curas ostensivas, ou
que não ocorressem de forma pujante,
permaneciam suaves aragens de paz e
todos se sentiam reconfortados, tocados
nos recessos do ser.
Quem era aquele homem que
sensibilizava as multidões atraindo
crianças ingênuas ao regaço, anciãos ao
acolhimento, enfermos à misericórdia,
loucos e obsessos à paz e as próprias
condições difíceis da Natureza a uma
alteração perceptível para melhor? -
Interrogavam-se todos quantos lhe
sentiam a aura irradiante de amor.
Inevitavelmente permaneciam
atraídos e mesmo quando não O podiam
seguir, em razão das circunstâncias
do momento, jamais O esqueciam,
aguardando que Ele voltasse entre
hinos de júbilo interno e esperanças
renovadoras.
A Sua palavra cálida adquiria
musicalidade especial de acordo com
as ocasiões e ocorrências, tendo
modulações próprias para cada
momento, penetrando na acústica da
alma de forma inesquecível.
É muito difícil conceber-se, na
atualidade tumultuada da sociedade,
o significado da presença de Jesus
e o convívio com Ele, em razão dos
novos padrões comportamentais e
dos interesses em jogo de paixões
agressivas e asselvajadas. Entretanto,
numa pausa para reflexão, numa
silenciosa busca interior, num
momento tranquilo de espera, pode-se
ter uma ideia do grandioso significado
da convivência pessoal com Ele.
Isto porque, as motivações sociais e
econômicas do momento terrestre são
muito tormentosas e as conquistas
parecem sem sentido após
conseguidas, não reenchendo os vazios
do coração, que prosseguem inquieto,
aguardando.
Aqueles eram diferentes, sim. Não
obstante, as criaturas eram muito
semelhantes às atuais, em razão das
suas necessidades espirituais que
se apresentavam como angústias
para imediato atendimento, face ao
desconhecimento das Leis soberanas
da vida, que estavam restritas aos
impositivos da intolerância e às
descabidas exigências políticas. O
ser humano sentia-se relativamente
feliz quando podia desfrutar dos
jogos da ilusória ribalta dos prestígios
econômicos, sociais e políticos, cujas
vantagens sempre deixavam um
gosto azinhavrado de decomposição.
Sem uma visão profunda do
significado da existência, sem uma
psicologia pessoal mais lúcida, após
as mentirosas vitórias sentia-se
frustrado, atirando-se nos fossos
da promiscuidade moral ou nas
rampas da perversidade guerreira,
quando esmagava outros e consumia
nas chamas da crueldade seus bens,
seus animais, seus descendentes, que
eram reduzidos à ínfima condição de
escravos.
A esperança de um libertador pairava
em todas as pessoas de Israel, que
desejava, por outro lado, tornar-se
uma Nação escravizadora, em revanche
contra todos aqueles outros povos que
a afligiram. Não era um anseio justo
e nobre para a conquista da liberdade,
mas uma ambição de vingança.
Surge Jesus e os olhos ansiosos das
massas voltam-se para Ele com variados
anelos que se diversificam desde as
necessidades orgânicas, às ambições
guerreiras, às alucinadas questões de
supremacia de raça e de religião, esses
pensamentos permanentes adversários
do processo de evolução do espírito
humano.
A Sua, no entretanto, era outra
missão: libertar o indivíduo de
si mesmo, da inferioridade que
lhe predomina no caráter e nos
sentimentos. É natural, portanto, que
não fosse compreendido, sequer por
aqueles que estavam ao Seu lado, já
que os interesses em pauta eram tão
divergentes.
A harmonia das Suas lições ia
cantando uma sinfonia de esperança nos
corações e a música do seu conteúdo
lentamente fixava-se na memória dos
companheiros de ministério, que ainda
não haviam dado conta da magnitude
do empreendimento. As revelações
faziam-se lentamente, e como suave
calor amadurece os frutos, assim Ele
necessitava preparar os seres para o
entendimento.
Desse modo, após o formidando
fenômeno da multiplicação dos pães e
dos peixes, e após orar, interrogou os
amigos que estavam a seu lado, sem
a presença de estranhos no convívio
íntimo:
-Quem dizem as multidões que sou?
Tomados de surpresa com o
inesperado da interrogação, Ele, que
jamais indagava, por conhecer a
profundeza dos sentimentos humanos e
a época em que estava, responderam-
lhe, quase em uníssono, vários deles:
-João Batista -; outros, - Elias -;
outros, - um dos antigos profetas
ressuscitados. Houve um silêncio
quebrado levemente pelas harmonias
ambientais. Após alguns instantes, Ele
indagou sem rebuços:
-E vós, quem dizeis que eu sou? A
pergunta pairava no ar, quando Simão
Pedro, tomando de súbita inspiração
respondeu, emocionado:
-O Messias de Deus.
Cantavam no ar morno da manhã
as vibrações da imortalidade, e diáfana
caravana de Espíritos iluminados
acompanhava esse momento que ficaria
imorredouro na orquestração da Boa
Nova.
Renascimentos libertadores
(... Até o fim dos tempos. Amélia Rodrigues, cap.
Renascimentos libertadores. Divaldo Franco)
Lucas: 9 - 18 a 21
36 37RASTROS DE LUZ | O DIVINO MINISTÉRIO
Ainda não passara a estupefação, quando Ele com o semblante iluminado, proibiu-os de falar sobre o tema,
adindo:
- O Filho do Homem tem que sofrer muito, ser rejeitado pelos anciões, pelos príncipes dos sacerdotes e
pelos escribas; tem que ser morto, e ao terceiro dia ressuscitar...
Estavam lançados os pilotis do reino de Deus, que o futuro deveria construir. Obra de tal magnitude, num
mundo de perversões e conflitos de valores que exigia o sacrifício da própria vida daquele que a iniciasse.
O anúncio da paixão e morte, no entanto, fazia-se precedido pela glória da ressurreição, pelo triunfo do Dia
sobre a noite, pela fulguração da imortalidade sobre a transitoriedade física.
Ademais, a revelação do processo evolutivo era apresentada da maneira sutil com base na crença dos
hebreus, o golgue, a reencarnação do Espírito em novas roupagens terrestres.
Era crença secreta entre os sacerdotes, aquelas que se fundamenta no processo de elevação espiritual
através das existências sucessivas, como herança natural da longa vivência no Egito com seus sacerdotes e
intérpretes mediúnicos do Mais Além. Vedada ao homem comum, transpirava em forma de aceitação natural
a respeito da volta ao corpo físico - reencarnação - e também
mediante o aparecimento após a morte - ressurreição.
Jesus divulgava ambas realidades, ensinando que Ele ressurgiria
dos mortos nas roupagens espirituais, condensadas em admiráveis
fenômeno de materialização, o que atestava ao assentir ser João, o
Batista, que morrera fazia pouco, no caso, reencarnados.
A sua encarnação trazia como razão precípua e única ensinar
o caminho da autolibertação, que o amor iluminado pelo
conhecimento proporciona, encorajando os indivíduos ao esforço
inadiável pelo auto conquista.
Espírito de escol, mergulhara nas sombras humanas como
Estrela de primeira randeza que vencia a distância imensa do lugar
onde irradiava luz e segurança, para que todos se resolvessem por
acompanhá-lo ao preço do sacrifício e da doação total.
Por isso, repetia, agora aos discípulos, o que anteriormente
declarara a Nicodemos, em silêncio e discrição: que era necessário
nascer de novo.
A doutrina dos renascimentos era apresentada como o caminho
para a Verdade e a Via, que Ele próprio se fez.
O dia avançava e, substituindo o perfume das flores que
emurcheciam, o ar parado aumentando de temperatura impunha a
necessidade de avançarem, margeando os caminhos ásperos nos
quais algumas árvores frondosas, sicômoros, figueiras, tamareiras
exuberantes ofereciam abrigo ao Sol inclemente.
O processo da reencarnação é o único que se coaduna com a
justiça de Deus, oferecendo a todos as mesmas oportunidades
de evolução, mediante as quais, enriquece os Espíritos com as
conquistas nobres do pensamento e da emoção, depurando-se dos
atavismos infelizes que neles predominam como decorrência das
experiências primitivas.
Graças a essa lei de causa e efeito, cada um é responsável
pelas ocorrências do seu deambular, tendo a liberdade de agir e a
responsabilidade pelas consequências da sua escolha.
O Filho do Homem, porém, iria sofrer sem nenhuma
necessidade ou impositivo de evolução, exclusivamente para dar
testemunho de que a dor não tem caráter punitivo, mas também
funciona nos culpados, culpado que Ele não era, como recurso de
autopurificação. A Sua, era, portanto, uma dadivosa lição do amor
e de encorajamento para todos quantos atravessariam os portais
da existência planetária tentando a conquista do infinito.
39
O mais extraordinário
fenômeno, portanto, da fé em
Jesus, é o significativo esforço
que se deve fazer para
conquistar a harmonia que
dEle se exterioriza e servi-lO
na Humanidade de todos os
tempos que sofre.
e não
transformações
fenômenos
40 41RASTROS DE LUZ | O DIVINO MINISTÉRIO
a
As enfermidades procedem do Espírito,
cujas feridas morais são de cicatrização
difícil. Resultados da imprevidência e da
ignorância, as ações infelizes dilaceram as
fibras delicadas do corpo perispiritual, nelas
imprimindo as mazelas e as necessidades
evolutivas de reparação.
Crepúsculos emocionais, colapsos do
caráter agressivo que ofende e que magoa,
vérmina interior, o mal que predomina e se
expressa nos seres humanos dá lugar aos
largos comprometimentos afligentes que os
atormentam e vergastam através do tempo.
Noite tempestuosa que estruge em pavor, acalma-se mediante a purificação espiritual através dos renascimentos que
favorecem o encontro com a paz, mediante a retificação dos erros, a corrigenda inadiável dos gravames, a iluminação interna
pelas claridades miríficas do amor.
Sem a consciência lúcida a respeito das ocorrências inditosas que desencadearam as aflições, as criaturas correm atrás
dos taumaturgos e curandeiros de toda espécie, buscando, a qualquer preço, a cura, a paz, sem que se deem conta de que é
necessário o esforço pelo bem interior, pela transformação moral para melhor.
A busca alucinada por milagres faz parte da sua agenda existencial, numa sofreguidão angustiante, ao tempo em que
atropelam os deveres e geram novos infortúnios para si mesmas, em face da revolta, da insatisfação com a existência física e
diante dos anseios de prazer e de poder desenfreados.
Transformações
(A mensagem do amor imortal. Amélia
Rodrigues, cap. 29. Divaldo Franco)
e não
fenômenos
42 43RASTROS DE LUZ | O DIVINO MINISTÉRIO
Distantes da humildade e da
submissão aos Soberanos Códigos,
investem com violência contra os
sofrimentos de que são portadoras,
quando se deveriam compenetrar da
sua utilidade, sem a qual os Céus não as
assinalariam.
Ao tempo de Jesus não era diferente
essa conduta. Consideremos ser
ainda mais grave, tendo-se em vista
a ignorância das Leis Divinas, as
informações religiosas precárias, o
utilitarismo, as injustiças de todo porte,
a brevidade do carreiro carnal.
Ao mesmo tempo, a busca por
fenômenos externos, o deslumbramento
que esses causavam, e ainda causam,
eram o rastilho de pólvora para a
aceitação de qualquer mensagem
superior, quando o espetáculo definia e
qualificava o mensageiro.
Todos os fenômenos, no entanto, são
efêmeros, por se tratar de efeitos, de
estardalhaço.
A pirotecnia própria para a fantasia
mental das massas apresentava-se
com frequência, arrebanhando os
incautos, seduzindo os desocupados,
deslumbrando os ingênuos.
Invariavelmente realizada por hábeis
charlatães que lhes conheciam as
fraquezas do entendimento e a
expressiva ignorância, produzia
fascinação dando lugar às superstições
em torno dos mistérios que acreditavam
proceder de Deus.
Por essa razão, é normal encontrar-se
em todo o Evangelho, o populacho como
o sacerdócio em Israel, aguardando
sinais, prodígios, sempre insatisfeitos e
atordoados.
Jesus evitava produzir fenômenos,
porque, para Ele, o maior fenômeno
que pode acontecer em uma vida é o da
sua modificação moral para melhor, o fortalecimento dos valores espirituais, a capacidade de
entrega ao bem, o trabalho auto iluminativo.
As massas, não obstante, sofriam e, por compaixão, não poucas vezes, Ele as atendeu,
despertando-lhes o interesse externo para a conquista dos tesouros interiores.
Experimentando a infelicidade sem discernir a razão do padecimento, o Mestre de amor
socorria-lhes as necessidades orgânicas e emocionais, os tormentos de todo jaez, para ensejar-
lhes o conhecimento da verdade, a identificação da melhor trilha a percorrer em benefício da
futura conquista de harmonia.
Àqueles, porém, perversos e insensatos, que Lhe pediam sinais que O identificassem como o
Messias, Ele os negava, porque não viera para divertir os frívolos e ociosos, mas sim despertá-
los para as responsabilidades perante a vida.
A Sua palavra iluminada, libertadora como um punhal que rasga os tecidos apodrecidos,
para que permitam o surgimento da saúde, toda rica de amor e de paz, era o sinal legítimo
caso houvesse interesse naqueles que a ouviam, porquanto logo perceberiam a sua
procedência. O desejo, porém, não era de compreensão da vida, pois que eram burlões dos
valores legítimos, mas sim, de dificultar-Lhe a expansão do reino que viera implantar na Terra.
Mas Ele, pairando acima das circunstâncias, não lhes atendia aos caprichos, permanecendo
fiel ao que viera fazer.
Quando desejaram que Ele fizesse sinais em Nazaré, no Gethsemani, para salvar a própria
vida, manteve-se em silêncio hercúleo e deixou-se arrastar ao matadouro como ovelha mansa,
não reagindo nem se defendendo.
Oportunamente pediram-Lhe um sinal do Céu e Ele redarguiu: Esta geração má e adúltera
pede um prodígio, mas nenhum prodígio lhe será dado, exceto o prodígio do profeta Jonas.
Tratava-se de um paralelo entre os contemporâneos e os caldeus de Nínive, que aceitaram a
palavra de Jonas, sem que ele lhes desse quaisquer sinais identificadores da sua elevação.
O conteúdo dos seus ensinamentos bastou-lhes para a conversão, para a certeza da
imortalidade, para a ressurreição após a morte.
As Suas lições eram mais profundas do que as do profeta Jonas, e o Seu era o desejo de que
acreditassem nEle, não pelos feitos miraculosos que podia realizar, mas pela invitação direta e
profunda à transformação interior para a conquista do Reino de Deus.
Não escutaram Moisés, mesmo depois de tantos fenômenos que testemunharam, em
verdade, não desejavam milagres, mas se utilizavam da exigência descabida para evadir-se da
responsabilidade pessoal para a iluminação.
Por isso, referiu-se com profunda melancolia a Tiro e a Sídon, que se renovariam com os
feitos que foram presenciados em Corazim e em Betsaida, lamentando-as, porque não se
sensibilizaram os seus habitantes, continuando com suas tricas e lutas mesquinhas, distantes
da compaixão, da solidariedade, do amor...
Multiplicavam-se, nos Seus dias, os milagreiros de ocasião, que enganavam o povo e o
exploravam sem nenhum pudor.
Psicólogo sublime, conhecia o Seu
rebanho, suas mazelas e imperfeições,
por isso mesmo não se lhe submetia
às paixões doentias, buscando sempre
aplicar-lhe a terapia superior para a
saúde integral.
Nada obstante, quando os tristes
e desalentados, os sofredores reais
e necessitados de misericórdia O
buscavam, carentes e desamparados,
após o longo périplo de purificação
pelo sofrimento, Ele distendia-lhes o
conforto da recuperação dos males
que os dilaceravam, ensejando-lhes
compreender a bênção do bem-estar
e a consciência do terrível prejuízo ao
perdê-lo.
Noutras vezes, nem mesmo esperava
que Lhe solicitassem o socorro, porque,
tomado de compaixão, ofertava a Sua
inefável bondade, modificando-lhes as
estruturas do comportamento.
Jesus é incomparável!
Reconhecendo, embora, que a saúde
do corpo é consequência da saúde da
alma, melhorava os enfermos, a fim de
que pudessem, por sua vez, realizar a
recuperação profunda.
Desse modo, compadecia-se
das tormentosas obsessões, das
exulcerações físicas da maquinaria
fisiológica apodrecida, das mentes
aturdidas, dos olhos apagados,
dos ouvidos tapados, das bocas
fechadas, dos movimentos impedidos,
distendendo-lhes a Sua infinita
compaixão em incessante sinfonia de
amor.
Jamais, porém, para atender aos
caprichos dos soezes exploradores do
povo, dos religiosos desonestos, das
autoridades sórdidas.
A sua era a luta contra o mal e a
libertação dos que o padeciam, não a
44 45RASTROS DE LUZ | O DIVINO MINISTÉRIO
sua punição, o seu abandono.
Os poderosos, quando honestos e
dignos, que O buscavam, dEle recebiam
a mesma quota de carinho que era
ofertada aos menos favorecidos, porque
a dor não escolhe a quem ferir, e quando
se instala, seja em quem for, magoa
com intensidade.
Desse modo, atendeu ao centurião
que O buscou, a Nicodemos, que era
príncipe e sacerdote, a Zaqueu e a
outros anônimos, todos carentes de
condolência, com o mesmo altruísmo e
gentileza.
... Todos morreram, porém, porque
a vida física é breve e enganosa,
ficando com os mesmos as lições
inabordáveis do Seu amor, que os
guiou além do sepulcro, renascendo em
condição diferente ao largo dos tempos,
exaltando-Lhe a doutrina e procurando
vivenciá-la.
O mais extraordinário fenômeno,
portanto, da fé em Jesus, é o
significativo esforço que se deve fazer
para conquistar a harmonia que dEle se
exterioriza e servi-lO na Humanidade de
todos os tempos que sofre.
47
Vida
Para nossas reflexões.
com suas
lições
a
48 49RASTROS DE LUZ | O DIVINO MINISTÉRIO
d(Texto reproduzido com a devida
autorização: http://projeto-inove.com.br/
inove/2017/05/05/a-vida-com-suas-licoes/)
De modo geral, todos almejamos dias
melhores em nossas vidas, pelo que
trabalhamos, ofertando no dia a dia o
nosso melhor esforço.
A luta não é pequena. Demonstrando
ou não, damos nossa cota de sacrifício
em prol do nosso bem-estar e dos
nossos amores.
O estudo, o trabalho, a casa, os pais,
os filhos, o cônjuge, os amigos, todos
e tudo que compõem nossa escala de
valores, recebem a nossa dedicação,
nosso suor, nossos sorrisos e nossas
lágrimas. À nossa maneira, nos fazemos
presente, participando na existência de
cada um.
Acertamos, erramos, tropeçamos, caímos, levantamos e prosseguimos.
Assim como o rio alcançará o grande mar, nós alcançaremos nosso desiderato.
Os obstáculos são superados, transpondo-os. As facilidades são aproveitadas, dando passos adiante.
Crescemos nós, ajudamos os outros a fazerem o mesmo.
Os embates existenciais têm servido para o despertamento de nossos sentidos, de nossa atenção, de nossa vigilância.
Sabemos que nem todos os dias são de Sol e brisa suave. Há dias de tempestade, acinzentados e frios. E estamos cientes
de cada dia é um dia de oportunidades renovadas e a sucessão de todos eles guarda sua importância, sua razão de ser e nos
50 51RASTROS DE LUZ | O DIVINO MINISTÉRIO
volta e vemos os padecimentos alheios, onde há dramas
de tal complexidade e dor, que, provavelmente, nós não os
suportaríamos.
Que, uma vez mais, o rio nos sirva de inspiração, que
segue seu curso rumo ao grande mar, incansável, resoluto,
abençoando tudo o que está no seu leito e nas suas margens,
sem nada cobrar para si próprio. Apenas pede passagem e
prossegue doando vida por onde passa, cumprindo seu papel
na grande equação existencial.
Quando chega a lição da irritação, que pode descambar
para ira e revolta, com a mesma rapidez como ela chega,
recorremos a meditação, à pausa mental, ao refrigério
da água da paz. Água da paz é aquele gole de água que
colocamos na boca mais não o engolimos... e também nada
podemos falar durante esses momentos. Fica ali na boca o
gole não engolido, nos deixando mudos pelas circunstâncias,
e que assim permanece até que a irritação se arrefece, sem
dela termos dado vazão, como inicialmente desejado.
Outro caminho muito usado, quando no turbilhão da
vontade de explodir e “perder a elegância”, é o silêncio.
Bravamente nos aquietamos, certos de que o silêncio, em
muitas ocasiões, é a melhor resposta.
Se formos religiosos, a hora é de oração; se não formos
religiosos ainda, bons e tranquilizantes pensamentos serão
bem-vindos, até porque, numa análise mais ligeira, oração
nada mais é do que um conjunto de bons pensamentos que
refletem nossos desejos, nossos louvores, nossa gratidão.
Se na próxima curva do caminho se apresentar a lição
da vaidade, fomentadora da soberba, basta que olhemos
para a margem da estrada da vida para ali identificarmos
a necessidade da renovação em nossa escala de valores,
seguindo o exemplo da flor, exuberante, bela, perfumada,
senhora de seu espaço, ponto de destaque no horizonte de
quem olhe em sua direção, mas que, para atender seu real
propósito na vida, sabe que, humildemente, precisa murchar
para que resplandeça o fruto do seu sacrifício, o qual servirá
a quem o colher, vendo, logo mais, lançado fora o seu último
resíduo: a semente.
No entanto, eis que a desprezada semente, no obscuro
do solo, renovar-se-á pela força dos reinos da natureza,
retomando logo mais a majestade dos desígnios da vida,
resplandecendo nova flor, herança de uma outra flor que
aceitou exemplarmente a humildade como o veículo da
expressão da sua verdadeira grandeza e razão de existir.
reservam suas lições, que devem ser
bem aprendidas e compreendidas.
Quando se apresentam as lições do
desânimo, buscamos forças revigorantes
e alentadoras que foram armazenadas
em nossos corações quando dos dias de
fartura de saúde, disposição e vitalidade,
bem como quando das concretizações
de iniciativas felizes. Hoje, essas
lembranças servem de vacina contra o
desalento, fazendo com que ele bata em
retirada.
Quando chega a lição do cansaço,
acautelamo-nos providenciando
medidas reparadoras como um rápido e
providencial descanso, ocasião propícia
para buscarmos identificar que tipo
de cansaço sentimos: físico, mental,
psicológico, espiritual. Para cada um,
nossa ação correspondente. Uma parada
mais ou menos rápida para restabelecer
forças físicas. Uma mudança de
quefazeres, para oxigenar a mente.
Uma distração mais marcante, para
recompor o nosso estado psicológico.
Uma absorção de novos valores e
conceitos, de conquistas e realização,
para preencher nosso espírito.
Sem deixar de considerar que o
descanso faz parte da lei natural do
trabalho e é merecido por todos,
cuidamos para não exagerar na dose,
evitando adentrarmos pela seara do
ócio e da preguiça, por serem fatores
limitadores das pessoas.
Se se apresenta a lição da
indiferença, do desinteresse pela
vida e pelos valores existenciais, ou
pelo próximo e por nossos amores,
resguardamo-nos na reflexão
amadurecida do quanto somos
importantes e úteis na vida de tantos,
além da nossa mesma. Nossas
dificuldades tendem a diminuir de
intensidade, quando olhamos à nossa
52 53RASTROS DE LUZ | O DIVINO MINISTÉRIO
Assim, o transeunte da existência,
verá em cada flor sua formosura, mas
é para o fruto que adveio depois da
florada e lhe deu sustento à vida, que
vai sua reverência.
Não poderia faltar a lição da inveja na
estrada do nosso progresso, que é como
que um espelho rachado que permite
enxergar a nossa imagem partida em
várias partes, com falhas entre uma e
outra, as quais preenchemos com nossa
imaginação distorcida pelas feridas de
nossa alma, causadas pelas nossas
pressupostas imperfeições ou carestias,
ou pelos reveses da vida.
Essa cegueira parcial não permite que
nos vejamos em verdadeira grandeza,
com nossos recursos, nossos tesouros,
nossas conquistas – que todos os temos,
uns mais, outros menos. E, por não
estarmos habituados e olharmos para
dentro de nós, mas somente para o
que se passa fora de nós, concluímos,
equivocadamente, que no exterior
se resume a vida e somente ali se
encontram os valores mais apreciados.
Assim, começamos a ver nos outros,
com inveja - desejo velado -, o que
aspiramos para nós, sem nos darmos
conta de que, provavelmente, aquilo
almejado já possuímos, ou o que
outro faz, nós já o fazemos com maior
qualidade. Faltando só olhar para nossa
intimidade.
Somente a maturidade psicológica
nos faz compreender que a grandeza
da vida é ser, e não ter somente. Pois
o que temos, podemos deixar de ter,
mas o que somos, isso segue conosco
para sempre, salvo as modificações para
melhor que sofra ao longo da trajetória.
Estas e outras lições que se nos
apresentem enquanto estamos a
caminho, delas tiremos os melhores
proveitos para o nosso amadurecimento
e equilíbrio emocional, intelectual e moral.
Não vejamos tais sentimentos lecionados como terroristas internos, nem os deixemos agir
assim destrutivamente, mas, sim, como elementos de importantes lições existenciais, as quais,
uma vez superadas com êxito, nos levarão ao triunfo certo sobre nós mesmos, fazendo com que
saiamos de cada aula da vida, engrandecidos em virtudes, conquistas imorredouras, gênese da
felicidade possível.
Cada lição nos propiciará, se bem aprendidas:
•	 Uma maior visão de conjunto, quando alcançaremos uma elevada perspectiva de novos
horizontes, vendo a vida sob um novo prisma;
•	 Uma autoestima enriquecida, despertando-nos para a valorização da vida e do
tempo, enquanto nos traz autorrevelações de quanto somos capazes de superações e de
enfrentamentos diante de reveses e de adversários sutis no campo emocional. Levando-nos
e perceber que, ao final de uma refrega (física ou emocional), saímos mais fortes e ricos de
sabedoria, mais confiantes em nós mesmos, em nossas capacidades. Sentimos satisfação
pessoal pelo que já somos e pelo que já fazemos, e pelo que podemos vir a ser e vir a fazer,
construtivamente;
•	 Novos propósitos de viver, pelo descortinar de uma realidade existencial que premia a
autossuperação com a compreensão da real razão do existir, onde as conquistas pessoais são
valorizadas, escancarando oportunidades para que o nosso próximo também venha a beneficiar-
se de nossos triunfos;
•	 O estímulo para a assunção de firme compromisso com o certo, o verdadeiro, o bem em
seu amplo aspecto, decorrente do enriquecimento da nossa mente com novos valores éticos,
morais, comportamentais, essencialmente superiores;
•	 Uma maior contribuição pessoal, brilhando nossa luz, em benefício dos nossos amores,
de nossos compromissos pessoais, profissionais, familiares, quando poderemos depositar nosso
tijolo de amor em prol da construção de dias melhores para todos;
•	 Fortalecimento de convicções, confiando em nós mesmos, no próximo e, acima de tudo,
nos descortinando a existência de uma Regência Magna, acima de todas as coisas;
•	 Aumento de esperança em melhores dias, uma vez termos descoberto novos valores em
nós, e, com a autoconfiança enaltecida pelas realizações felizes, sabermos que o que quisermos
fortemente, brevemente realizaremos.
A jornada evolutiva não é uma simples sucessão de dias, mas de oportunidades bem
aproveitadas.
O Sol que resplandece sua claridade iluminando o mundo, serve para iluminar nossos
caminhos, e o faz sem nenhuma exigência, apenas serve aos seus propósitos, com seus valores
incontestavelmente superiores, por serem essenciais ao surgimento e manutenção da vida.
Com sua inigualável sabedoria, o Mestre dos mestres recomendou-nos, há mais de dois mil
anos: Brilhe a sua luz!
Sejamos luz em nosso interior, enquanto nessa grande viagem para dentro de nós, a caminho
do autodescobrimento, e sejamos luz em nosso derredor, para que outros, ao nosso lado,
caminhem na claridade de nossa
capacidade de discernir, agir, fazer e
amar.
Ele também nos disse que somos
o sal da Terra, pela nossa condição
de impormos o tempero certo na
quantidade certa onde e como agirmos
acertadamente, bem como sermos,
com isso, o melhor dos conservantes
do grande alimento da vida: o amor.
E ainda acrescentou que somos
deuses e que poderíamos fazer muito
mais do que Ele, indicando-nos com
clareza um caminho de realizações
nobres possíveis, estimulando-nos o
ânimo a fim de prosseguirmos com
destemor pelos rumos libertadores de
nossa consciência.
Rompamos com os grilhões do
desânimo, do cansaço, da indiferença,
da irritação, da vaidade, da inveja,
do orgulho, do egoísmo, verdadeiras
chagas da humanidade, para,
desenvoltos e fagueiros, seguirmos os
caminhos da verdadeira vida.
54 RASTROS DE LUZ | O DIVINO MINISTÉRIO
de
Luzum olhar na história
rastros
PRÓXIMO FASCÍCULO:
O Pão da Vida
Revista eletrônica de circulação dirigida e gratuíta
Redação, organização e diagramação: Maurício Silva
Contato: redator@resenhaespiritaonline.com.br
Curitiba - PR
CRÉDITOS DESTE FASCÍCULO:
Imagens: acervo próprio ou baixadas da
Internet: Google Imagens e The Church of
Jesus Christ of Latter-day Saints
Livros: A Bíblia de Jerusalém. A
reencarnação na Bíblia (Hermínio C.
Miranda), além dos citados no corpo do
fascículo.
Blog/site: www.projeto-inove.com.br
DIREITOS RESERVADOS: todos os direitos de reprodução, cópia, veiculação e comunicação ao público desta
obra estão reservados, única e exclusivamente, para Maurício Silva. Proibida a sua reprodução parcial ou total,
por qualquer meio, sem expressa autorização, nos termos da Lei 9.610/98.

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  • 1. Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida Jovem: Ao encontro de Jesus! de Luzum olhar na história rastros 2017 nº 8 agosto Despretensioso convite para o retorno às coisas simples, belas e profundas do Evangelho. necessário de novo nascer
  • 2. 3 Seus feitos E sua fama se propagava por todo lugar da redondeza. A cada passo de Jesus, uma demonstração do porquê veio estar dentre nós. No seu evangelho de feitos, o testemunho através de obras. No seu evangelho de ditos, a afirmativa de que o conhecimento da Verdade nos levará à liberdade espiritual. precediamo
  • 3. 4 5RASTROS DE LUZ | O DIVINO MINISTÉRIO dLucas, 4: 31-37 Desceu então a Cafarnaum, cidade da Galileia, e ensinava-os aos sábados. Eles ficavam pasmados com seu ensinamento, porque falava com autoridade. Encontrava-se na sinagoga um homem possesso de um espírito de demônio impuro, que se pôs a gritar fortemente: “Ah! Que queres de nós, Jesus Nazareno? Vieste para arruinar-nos? Sei quem tu és: o Santo de Deus”. Mas Jesus o conjurou severamente: “Cala-te, e sai dele!”. E o demônio, lançando-o no meio de todos, saiu sem lhe fazer mal algum. O espanto apossou-se de todos, e falavam entre si: “Que significa isso? Ele dá ordens com autoridade e poder aos espíritos impuros, e eles saem!” * E sua fama se propagava por todo lugar da redondeza. A cada passo de Jesus, uma demonstração do porquê veio estar dentre nós. No seu evangelho de feitos, o testemunho através de obras. No seu evangelho de ditos, a afirmativa de que o conhecimento da Verdade nos levará à liberdade espiritual. Tal era sua autoridade sobre os Espíritos, que foi denominado “O Príncipe dos Espíritos”. Ao longo dos Evangelhos, são inúmeras as passagens que narram sua autoridade sobre os mesmos. E não só quanto os perturbadores, pois há a passagem em que Ele dialoga com os Espíritos de Moisés e Elias, no Monte Tabor.
  • 4. 6 7RASTROS DE LUZ | O DIVINO MINISTÉRIO Sobre Obsessões Em o Livro dos Médiuns, de Allan Kardec, em seu Capítulo 23, item 237, aprendemos sobre as obsessões: Obsessão: isto é, o domínio que alguns Espíritos logram adquirir sobre certas pessoas. Nunca é praticada senão pelos Espíritos inferiores, que procuram dominar. Os bons Espíritos nenhum constrangimento infligem. Aconselham, combatem a influência dos maus e, se não os ouvem, retiram-se. Os maus, ao contrário, se agarram àqueles de quem podem fazer suas presas. Se chegam a dominar algum, identificam- se com o Espírito deste e o conduzem como se fora verdadeira criança. A obsessão apresenta caracteres diversos, que é preciso distinguir e que resultam do grau do constrangimento e da natureza dos efeitos que produz. A palavra obsessão é, de certo modo, um termo genérico, pelo qual se designa esta espécie de fenômeno, cujas principais variedades são: a obsessão simples, a fascinação e a subjugação. No seu livro: Quando voltar a primavera, Amélia Rodrigues apresenta especiais comentários sobre este relato das Escrituras. Leiamos. Em Cafarnaum (Quando Voltar a Primavera. Amélia Rodrigues, cap. 151. Divaldo Franco) O Sol esplende acima e reflete-se em pó de ouro sobre as águas calmas. A cidade regorgitante encaminha-se para a Sinagoga, no dia reservado ao Senhor. As vozes da movimentação silenciam enquanto a morna prostração da hora estuante se abate sobre o cenário bucólico em que a Natureza e o homem confraternizam em doce entretenimento. Cafarnaum, ao lado Noroeste do mar da Galileia, é famosa. . . Suas praias largas contrastam com os outeiros do fundo, e a singeleza do poviléu, que margina a orla do grande lago, difere da opulência dos negociantes e transeuntes que atulham as
  • 5. 8 9RASTROS DE LUZ | O DIVINO MINISTÉRIO ruas de pavimentação larga, onde surgem palacetes entre ciprestes oscilantes, abetos esguios e rosais desatando perene perfume. A cidade, sob a influência romana, ostenta luxo, a arquitetura se harmoniza com as linhas clássicas do Império dominador. Ali sucedem as coisas mais importantes da região, na parte superior ou na orla do mar. Viajam da zona rica para as casas baixas dos pescadores, para as vilas modestas, as notícias e informações multifárias que mantêm a população a par de todos os sucessos.. . Naquelas cercanias, Jesus cantou a epopeia eterna do Evangelho. Entre suas gentes simples e ardentes, ingênuas e emotivas, trabalhou a coroa de bênçãos com que pretendia ornar os corações vitoriosos nas refregas apaixonantes do dia-a-dia de todos. Ali atendeu às necessidades renovadas dos aflitos e dos atormentados de toda espécie, neles insculpindo, com o fogo da verdade, a mensagem de consolação e advertência com que instaurou a Boa Nova na Terra. O sábado, caracterizado pelo “repouso do Senhor”, era, então, dedicado à adoração, ao culto e ao descanso. Qualquer atitude deveria ser antes examinada e pensada, todo esforço era submetido às medidas permitidas, de modo a que se não violassem as disposições legais sempre abundantes em detalhes insignificantes. O temperamento judeu, minudente e vigoroso, não obstante temesse Deus antes que O amasse, fazia de cada homem um infeliz perseguidor do próximo, sob o amparo da Lei arbitrária e mesquinha em que se apoiava. Amigos facilmente se transformavam em adversários arrimados a contendas, intermináveis e fúteis, nas quais se exaltavam as paixões, e o orgulho se abria em feridas purulentas, demoradas. Dava-se mais importância à aparência do que à legitimidade dos fatos. A criatura se credenciava à superioridade graças à opinião dos outros, não raro inverídica quanto à correspondência ao comportamento pessoal. O delito se caracterizava pelo desvelar do crime, não pelo haver-se praticado. Enquanto jazia oculto, a consciência em falha adormecia, desvelada e as injunções econômicas e sociais trabalhavam por diminuir-lhe a gravidade. Também era assim com referência ao Estatuto para com o Senhor. . . Oferendas e sacrifícios objetivavam a purificação, as primícias e os dízimos reestruturavam as bases comunitárias, readmitindo os infratores à Sociedade, a instância da habilidade da classe sacerdotal, sempre complacente para com aqueles que possuem os haveres do mundo e gravemente severa para com os deserdados da Terra, não, porém, dos Céus. . . A Sinagoga, em razão disso, era o centro ativo da cultura, da religião e da lei nas cidades interioranas, fazendo o papel de igreja, assembleia, corte e academia. Para lá afluíam, por impositivo religioso e social, todos os homens válidos como alguns enfermos que, além de exporem as misérias orgânicas e psíquicas com a escudela distendida para as esmolas, exibiam nas carnes e na mente a “ira do Deus” que os marcara indelevelmente. O Senhor se manifestava mediante o ódio, o horror, a vindita.. . Naquele recinto se discutiam e se celebravam os cultos permitidos fora do Templo de Jerusalém. . . Várias vezes Jesus esteve nas sinagogas enfrentando as vaidades humanas e exprobrando a hipocrisia, fundamentado nos Livros sagrados. Aplausos e apupos, não raro, em controvérsia, dominavam os recintos em que Sua voz se alteava para ensinar. Quando Ele se adentrou na sinagoga de Cafarnaum, naquele sábado luminoso, um obsesso conhecido, identificando-O, pôs-se a clamar: — “Jesus de Nazaré, que tens tu contra nós? Deixa-nos. Vieste perder-nos?. . .” 1 Há um estupor na multidão. Todos sabem que aquele homem alienado é incapaz de raciocinar. Carregando as pesadas cangas que o jugulam à loucura era objeto do escárnio geral. É certo que se não tornava furioso, mas indubitavelmente fora expulso da comunidade dos sadios por ser dominado pelos seres infernais. A obsessão era, então, epidemia geral, a grassa reparadora nas consciências reprocháveis, provocando ironia e indiferença. Possivelmente hoje é quase similar a atitude do homem moderno, na sua vacuidade disfarçada de cultura e civilização. . . Atenazados pelos adversários desencarnados, sobreviventes ao túmulo e sequiosos de desforços, sincronizavam em processos vigorosos os opositores, que se mancomunavam em lamentáveis processos de interdependência psíquica, às vezes orgânica, em inditosas parasitoses espirituais. . . 1 Lucas 4:31-37
  • 6. 10 11RASTROS DE LUZ | O DIVINO MINISTÉRIO A entidade perversa e ignorante, que se locupletava no processo vampiresco, identifica o Justo e teme-O. Deseja produzir o escândalo, apresentando-O à multidão fanática, soberba e covarde, a fim de vê-lO expulso da assembleia, enquanto prosseguiria no consórcio desditoso. — “Sabemos que és o Santo de Deus” — brada o áulico da Treva, enquanto esparze o bafio tóxico dos receios. Antes, porém, que os ouvintes despertem do estupor e se deem conta do que se passa, desde que não era chegada a hora da revelação, o impoluto Mestre se aproxima e repreende o obsessor com austeridade, exortando-o à elevação e impondo-lhe a expulsão pura e simples . .. Ao império da augusta vontade, sob o comando das forças superiores que distende, o obsessor se retira, enquanto o enfermo estertora e desperta. . A vigorosa voz do Mestre conduz a carga da energia que se sobrepõe aos fluidos maléficos do atormentador em si mesmo aturdido. Sua autoridade deflui da Sua procedência e da Sua conduta. Várias vezes exercê-la-á em nome do amor, da justiça, demonstrando a elevação do Seu ministério. Os homens necessitam de testemunhar fatos a fim de poderem crer nas palavras. E Jesus é a vida em abundância espalhando alegria. Nunca deixará de sê-lo. Jamais diminuirá o impacto da Sua força onde se apresente. Cessada a bestial, horrenda alienação, o paciente se recompõe, levanta-se, constata o fenômeno da restauração da saúde, exulta e corre a levar a notícia aos que ali não se encontram. . . Liberado da dívida, após concluída a provação, ao amparo do Cristo, renasce. A entidade odienta, que se passava como o adversário de Deus, demônio, na acepção pejorativa, sabe-se tão-somente um desditoso e por isso não enfrenta o Senhor. Não ficará, porém, à mercê do abandono ou do tempo. Também será lenida. Libertando a vítima, de si mesma se liberta. Atendida por Jesus, desperta para novas conquistas. .. É o bem abençoando a bondade. . . Ao clarim da gratidão e entre os acordes dos júbilos, o ministério cresce. Descendo ao abismo em sombras das consciências entenebrecidas de um e do outro lado da vida, Ele atesta a excelência dos Seus propósitos e afirma a Sua perfeita identificação com o Pai. Não obstante, os homens despeitados e invejosos recusam-nO, desdenham-nO. Têm início as primeiras hosanas, prenunciadoras das futuras perseguições implacáveis. No sábado, porém, na sinagoga de Cafarnaum, do lado noroeste do mar, ante o Sol que doura a Terra, Jesus liberta o endemoniado, simbolizando a grande libertação que propiciaria à Humanidade de todos os tempos, dominada pelos demônios dos vícios, fâmulos dos desencarnados em perturbação. Ruínas da sinagoga em Cafarnaum
  • 7. 12 13RASTROS DE LUZ | O DIVINO MINISTÉRIO Cura da sogra de Simão — Saindo da sinagoga, entrou na casa de Simão. A sogra de Simão estava com febre alta, e pediram-lhe por ela. Ele se inclinou para ela, conjurou severamente a febre, e esta a deixou; imediatamente ela se levantou e se pôs a servi-los. Diversas curas — Ao pôr-do-sol, todos os que tinham doentes atingidos de males diversos traziam-nos, e ele, impondo as mãos sobre cada um, curava-os. De um grande número também saíam demônios gritando: “Tu és o Filho de Deus!” Em tom ameaçador, porém, ele os proibia de falar, pois sabiam que ele era o Cristo. Jesus deixa secretamente Cafarnaum e percorre a Judéia — Ao raiar do dia, saiu e foi para um lugar deserto. As multidões puseram-se a procurá-lo e, tendo-o encontrado, queriam retê-lo, impedindo-o que as deixasse. Ele, porém, lhes disse: “Devo anunciar também a outras cidades a Boa Nova do Reino de Deus, pois é para isso que fui enviado”. E pregava pelas sinagogas da Judéia. * De todos os fatos que dão testemunhos do poder de Jesus, os mais numerosos são, não há contestar, as curas. Queria ele provar dessa forma que o verdadeiro poder é o daquele que faz o bem. (Allan Kardec: A gênese. Cap. 15, item 27.) * Ao terminar o culto na sinagoga, dirige-se Jesus à casa de Pedro e de André (o que confirma a presença dos dois que, naturalmente, saíram junto com Jesus); nessa casa, segundo a tradição, achava-se Jesus hospedado durante sua vida pública. Embora natural de Betsaida (João, 1:44) Pedro habitava em Cafarnaum, seja por motivo de seu casamento (residia com a sogra), seja por causa de sua “Sociedade de Pesca”. Regressando a casa, encontraram a sogra de Pedro (cujo nome ignoramos) atacada de febre. Comuns eram essas febres na Palestina, mormente nos locais vizinhos a lagos, onde grassava o impaludismo provocado pelos mosquitos muito numerosos, sem que se pusessem em prática regras de higiene. Lucas diz-nos tratar-se de “violento acesso de febre”. Mateus assinala que Jesus “viu”; Marcos que “lhe falaram” a respeito dela, como que desculpando-se de lhe não poder ser dada assistência; Lucas esclarece que “pediram” a favor dela. Jesus inclina-se sobre a doente, toca-a com a mão e a levanta. A febre desaparece instantaneamente, e bem assim a fraqueza superveniente a esses acessos de impaludismo. A enferma sente-se bem forte para servir a todos com solicitude. Nada se fala da esposa de Pedro: é a sogra que parece governar a casa. * Do livro: O espírito do cristianismo, de Cairbar Schutel, extraímos o Capítulo: A cura da sogra de Pedro, que bem explica-nos as citações de Lucas, Mateus e Marcos, a esse respeito, acima destacadas: Tendo Jesus entrado na casa de Pedro, viu que a sogra deste estava de cama e com febre; e tocando-lhe a A cura da sogra de Pedro (Lucas, 4:38-44) (Mateus, 8:14-17) (Marcos, 1:29-31)
  • 8. 14 15RASTROS DE LUZ | O DIVINO MINISTÉRIO mão, a febre a deixou; então ela se levantou e o servia. À tarde trouxeram-lhe muitos endemoninhados; e ele com a sua palavra expeliu os espíritos e curou os doentes; para se cumprir o que foi dito pelo profeta Isaías: Ele mesmo tomou nossas enfermidades e carregou com as nossas doenças. “ (Mateus, VIII, 14-17) “Em seguida, tendo saído da sinagoga, foram com Tiago e João à casa de Simão e André. A sogra de Simão estava de cama com febre; e logo lhe falaram a respeito dela. Então aproximando-se da enferma e tomando-a pela mão, a levantou; a febre a deixou, e ela começou a servi-los. A tarde, estando já o Sol posto, traziam-lhe todos os doentes e endemoninhados; e toda a cidade estava reunida à porta. Então curou muitos que se achavam doentes de diversas moléstias, e expeliu muitos demônios, não permitindo que estes falassem, porque sabiam quem ele era. “ (Marcos, I, 29-34) “Tendo saído da sinagoga, entrou na casa de Simão. E a sogra deste estava com uma febre violenta; e pediram-lhe a favor dela. Ele, inclinando-se para ela, repreendeu a febre, e a febre a deixou; e logo se levantou e os servia. Ao pôr do Sol, todos os que tinham enfermos de várias moléstias lhos trouxeram; e ele, pondo as mãos sobre cada um deles, os curou. Também de muitos saíram demônios gritando: Tu és o Filho de Deus. Ele, repreendendo-os, não lhes permitia que falassem, porque sabiam que ele era o Cristo. “ (Lucas, iv, 38-41) O Evangelho é um livro maravilhoso que, na verdade, nos exalta às regiões de Espiritualidade, permitindo-nos a visão nítida de Jesus em sua excelsa e extraordinária Missão. Quantos pontos de interrogação surgem aos nossos olhos, semelhantes a essas “moscas” que aparecem aos que se acham afetados dos órgãos visuais, e aos obsidiados por vezes, e que, com o estudo do Evangelho em seu conjunto harmônico, esvaem-se, para dar lugar a uma luz brilhante que ilumina a grandiosa Figura do Filho de Deus, do Sopro Vivificador do Consolador, do Espírito da Verdade, que vem, nos tempos preditos, restabelecer aqueles suaves ensinos que, semelhantes a clarins altissonantes, arrastavam as multidões irrequietas e sofredoras para a posse das bem-aventuranças eternas? Só nestes pequenos trechos, que tratam unicamente das curas que Jesus produziu, quantos ensinamentos colhemos! Quantas luzes deles nos vêm! O Filho de Deus não é mais, para nós, o ente misterioso apontado como uma segunda pessoa de um “mistério”, nem como um ser abstrato, cujo nome fascina, ou uma entidade mágica que aparece e desaparece como miragem, e cuja existência muitos chegam ao cúmulo de negar. Já não é mais aquele Jesus que nos mostram chagado numa cruz, nem aquela figura ornamentada de pedrarias, vestida de veludo e seda, que as igrejas nos apresentam. Não é mais o que reclama “companheiros” para os conventos e seminários, a fazer deles padres, frades e freiras, em prejuízo da família e da sociedade. Não é mais aquele homem austero que repudia o convívio fraternal e que se limita a fazer “milagres” para ser crido por todos. Agora já vemos, nesse Ente Superior, o homem, mas o homem como deve ser, o homem-espírito que se libertou de todos os instintos e se limita a satisfazer apenas as mais imperiosas necessidades da carne, pondo de lado as paixões materiais que nos prendem
  • 9. 16 17RASTROS DE LUZ | O DIVINO MINISTÉRIO a este mundo de falsidades. É o Jesus Popular, cheio de familiaridade; o Jesus que vai às sinagogas pregar a sua Doutrina, exercendo o direito que todos tinham na interpretação das Escrituras, e que terminado o seu labor naquela esfera de ação, volta com seus companheiros, amigos e discípulos, hospeda-se em suas casas e aproveita a oportunidade que lhe é facultada para prodigalizar benefícios e tornar- se útil aos seus semelhantes, aos que sofrem, aos que choram, aos que não sabem, aos oprimidos, aos ignorantes das verdades divinas! Ó Espírito Grandioso! Ó vida prodigiosa como não há como exemplo na História, nem ao menos que se lhe aproxime! Após os seus afazeres na sinagoga, onde havia feito resplandecer aos seus ouvintes os esplendores da Vida Imortal e a glória do Deus Vivo, o Pai Celestial, entra Ele na casa de Pedro, onde naturalmente sempre comparecia, como em Betânia, para, entre os discípulos, melhor expandir-se sobre as coisas do Céu, e ao mesmo tempo descansar das fadigas de suas cotidianas viagens; logo à sua chegada, soube que estava de cama, vítima de febre violenta, a sogra do seu companheiro, o futuro Apóstolo dos seus ensinos. Pedem-lhe a favor dela; imediatamente, dirigindo-se ao quarto em que jazia a doente, aproxima-se de seu leito, impõe sobre ela as mãos, e a moléstia, como por encanto, cedendo a injunções superiores, como disse Lucas em outros termos, esvai-se à semelhança do calor de uma brasa viva, ao lançar-se-lhe uma taça d’água! E tão rápida foi a cura, quão solícita se mostrou a mãe da esposa de Simão em prestar àqueles fiéis, que juntamente com seu Mestre ali se congregavam, os seus humildes e desinteressados serviços. Outro fato a notar, de passagem, é que Jesus não exigia que os seus seguidores abandonassem lar e família logo que postos ao serviço de sua causa. O que parece haver exigido o Mestre, era o cumprimento estrito dos deveres daqueles que pretendiam ser seus discípulos. Talvez não pudessem eles acoroçoar descabidas exigências de mulher, filhos e sogra, deixando para amanhã o que deviam fazer hoje, nem se escusar do exercício dos seus deveres espirituais por motivos de interesses materiais, ou por circunstâncias de visitas extemporâneas que lhes tomassem o tempo do cumprimento desses deveres. O “Vem e segue-me” de Jesus não quer dizer: “Abandona tudo e caminha comigo sem destino, como ciganos sem parada”. E a prova, temo-la nestas passagens acima narradas, concordes nos Evangelhos Sinóticos: “terminado o trabalho, não só os discípulos iam para suas casas, como o Mestre os acompanhava muitas vezes chegando até a permanecer com eles”. A fama de Jesus já corria por toda a Galileia, e, com certeza, a sua pregação já devia ter maravilhado a assistência que enchia a sinagoga local; a repercussão da sua Palavra deveria ter-se feito ao longe, pois, no mesmo dia, ao pôr do Sol, inúmeros enfermos, e outros possuídos de espíritos malignos, enchiam a parte fronteira à casa de Pedro, a fim de receberem daquelas mãos benditas pelos Céus, e que distribuíam por toda a parte os tesouros do seu amor, a cura para os seus corpos e a libertação para as suas almas. Os enfermos, diz Lucas, não eram só nervosos, epilépticos e histéricos, porque as moléstias eram várias, inclusive a obsessão, ou seja a possessão por espíritos malignos, que outros chamavam demônios, como acontece atualmente. E Jesus curou a todos. Essas curas, que na verdade se têm produzido em todos os tempos, realçaram-se de modo nunca visto sob a autoria de Jesus, cujo poder, como dissemos, ultrapassava (e ultrapassa) todo o entendimento humano. E o interessante também é que o Mestre não queria o testemunho dos Espíritos obsessores que Ele expelia, pois preferia, para testemunho da sua Palavra a da sua ação, os fatos que se iam desdobrando aos olhos de todos. Daí a citação de Lucas: “Também de muitos saíam os demônios, gritando: Tu és o Filho de Deus. Ele, repreendendo-os, não lhes permitia que falassem, porque sabiam que Ele era o Cristo. Poderes ocultos (Caminho, Verdade e Vida. Emmanuel, cap. 70. Francisco Cândido Xavier) “E onde quer que ele entrava, fosse nas cidades, nas aldeias ou nos campos, depunham os enfermos nas praças e lhe rogavam que os deixasse tocar ao menos na orla de seu vestido; e todos os que nele tocavam, saravam.” — (Marcos, 6: 56.) Não raro, surgem nas fileiras espiritualistas estudiosos afoitos a procurarem, de qualquer modo, a aquisição de poderes ocultos que lhes confira posição de evidência. Comumente, em tais circunstâncias, enchem-se das afirmativas de grande alcance. O anseio de melhorar-se, o desejo de equilíbrio, a intenção de manter a paz, constituem belos propósitos; no entanto, é recomendável que o aprendiz não se entregue a preocupações de notoriedade, devendo palmilhar o terreno dessas cogitações com a cautela possível. Ainda aqui, o Mestre Divino oferece a melhor exemplificação. Ninguém reuniu sobre a Terra
  • 10. 18 19RASTROS DE LUZ | O DIVINO MINISTÉRIO tão elevadas expressões de recursos desconhecidos quanto Jesus. Aos doentes, bastava tocar- lhe as vestiduras para que se curassem de enfermidades dolorosas; suas mãos devolviam o movimento aos paralíticos, a visão aos cegos. Entretanto, no dia do Calvário, vemos o Mestre ferido e ultrajado, sem recorrer aos poderes que lhe constituíam apanágio divino, em benefício da própria situação. Havendo cumprido a lei sublime do amor, no serviço do Pai, entregou-se à sua vontade, em se tratando dos interesses de si mesmo. A lição do Senhor é bastante significativa. É compreensível que o discípulo estude e se enriqueça de energias espirituais, recordando-se, porém, de que, antes do nosso, permanece o bem dos outros e que esse bem, distribuído no caminho da vida, é a voz que falará por nós a Deus e aos homens, hoje ou amanhã. O Bendito Aguilhão (Contos e apólogos. Irmão X, cap. 6. Francisco Cândido Xavier) Atendendo a certas interrogações de Simão Pedro, no singelo agrupamento apostólico de Cafarnaum, Jesus explicava solícito: -Destina-se a Boa-Nova, sobretudo, à vitória da fraternidade. Nosso Pai espera que os povos do mundo se aproximem uns dos outros e que a maldade seja esquecida para sempre. Não é justo combatam as criaturas reciprocamente, a pretexto de exercerem domínio indébito sobre os patrimônios
  • 11. 20 21RASTROS DE LUZ | O DIVINO MINISTÉRIO da vida, dos quais somos todos simples usufrutuários. Operemos, assim, contra a inveja que ateia o incêndio da cobiça, contra a vaidade que improvisa a loucura e contra o egoísmo que isola as almas entre si.... Naturalmente, a grande transformação não surgirá do inesperado. Santifiquemos o verbo que antecipa a realização. No pensamento bem conduzido e na prece fervorosa, receberemos as energias imprescindíveis à ação que nos cabe desenvolver. A paciência no ensino garantirá êxito à sementeira, a esperança fiel alcançará o Reino divino, e a nossa palavra, aliada ao amor que auxilia, estabelecerá o império da infinita Bondade sobre o mundo inteiro. Há sombras e moléstias por toda a parte, como se a existência na Terra fosse uma corrente de águas viciadas. É imperioso reconhecer, porém, que, se regenerarmos a fonte, aparece adequada solução ao grande problema. Restaurado o espírito, em suas linhas de pureza, sublimam-se-lhe as manifestações. Em face da pausa natural que se fizera, espontânea, na exposição do Mestre, Pedro interferiu, perguntando: -Senhor, as tuas afirmativas são sempre imagens da verdade. Compreendo que o ensino da Boa- Nova estenderá a felicidade sobre toda a Terra... No entanto, não concordas que as enfermidades são terríveis flagelos para a criatura? E se curássemos todas as doenças? Se proporcionássemos duradouro alívio a quantos padecem aflições do corpo? Não acreditas que, assim instalaríamos bases mais seguras ao Reino de Deus? E Filipe, ajuntou algo tímido? -Grande realidade!... Não é fácil concentrar ideias no Alto, quando o sofrimento físico nos incomoda. É quase impossível meditar nos problemas da alma, se a carne permanece abatida de achaques... Outros companheiros se exprimiram, apoiando o plano de proteção integral aos sofredores. Jesus deixou que a serenidade reinasse de novo, e, louvando a piedade, comunicou aos amigos que, no dia imediato, a título de experiência, todos os enfermos seriam curados, antes da pregação. Com efeito, no outro dia, desde manhãzinha, o Médico Celeste, acolitado pelos apóstolos, impôs suas milagrosas mãos sobre os doentes de todos os matizes. No curso de algumas horas, foram libertados mais de cem prisioneiros da sarna, do cancro, do reumatismo, da paralisia, da cegueira, da obsessão... Os enfermos penetravam o gabinete improvisado ao ar livre, com manifesta expressão de abatimento, e voltavam jubilosos. Tão logo reapareciam, de olhar fulgurante, restituídos à alegria, à tranquilidade e ao movimento, formulava Pedro o convite fraterno para o banquete da verdade e luz. O Mestre, em breves instantes, falaria com respeito à beleza da Eternidade e à glória do Infinito; demonstraria o amor e a sabedoria do Pai e descortinaria horizontes divinos da renovação, desvendando segredos do Céu para que o povo traçasse luminoso caminho de elevação e aperfeiçoamento na Terra. Os alegres beneficiados, contudo, se afastavam céleres, entre frases apressadas de agradecimento e desculpa. Declaravam-se alguns ansiosamente esperados no ambiente doméstico e outros se afirmavam interessados em retomar certas ocupações vulgares, com urgência. Com a cura da última feridenta, a vasta margem do lago contava apenas com a presença do Senhor e dos doze aprendizes. Desagradável silêncio baixou sobre a reduzida assembleia. O pescador de Cafarnaum endereçou significativo olhar de tristeza e desapontamento ao Mestre, mas o Cristo falou compassivo: -Pedro, estuda a experiência e aguarda a lição. Aliviemos a dor, mas não nos esqueçamos de que o sofrimento é criação do próprio homem, ajudando-o a esclarecer- se para a vida mais alta. E sorrindo, expressivamente, rematou: -A carne enfermiça é remédio salvador para o espírito envenenado. Se o bendito aguilhão da enfermidade corporal é quase impossível tanger o rebanho humano do lodaçal da Terra para as culminâncias do Paraíso. Aliviemos a dor, mas não nos esqueçamos de que o sofrimento é criação do próprio homem, ajudando-o a esclarecer- se para a vida mais alta.
  • 12. 23 Em verdade, em verdade, te digo: quem não renascer da água e do Espírito não pode entrar no Reino de Deus. O que nasceu da carne é carne, o que nasceu do Espírito é espírito. Não te admires de eu te haver dito: deveis nascer de novo. sobre Céu as coisas do
  • 13. 24 25RASTROS DE LUZ | O DIVINO MINISTÉRIO oJoão 3:1-21 O encontro com Nicodemos Havia um homem da seita dos fariseus, chamado Nicodemos; um dos principais entre os Judeus. Este foi ter com Jesus, de noite, e disse-lhe: “Mestre, sabemos que foste enviado por Deus como mestre, porque ninguém pode fazer estes milagres que tu fazes, se Deus não estiver com ele.” Jesus respondeu-lhe: “Em verdade, em verdade te digo que não pode ver o reino de Deus, senão aquele que nascer de novo.” Nicodemos disse-lhe : “Como pode um homem nascer, sendo velho? Porventura pode tornar a entrar no ventre de sua mãe e renascer?” Jesus respondeu-lhe: “Em verdade, em verdade te digo que quem não renascer de água e de Espirito, não pode entrar no reino de Deus. 0 que nasceu da carne, é carne, o que nasceu do Espírito, é espírito. Não te maravilhes de eu te dizer: E’ preciso que vós nasçais de novo. O Espírito sopra onde quer, e tu ouves a sua voz, mas não sabes donde ele vem, nem para onde vai, assim é todo aquele que nasceu do Espírito.” Nicodemos disse-lhe: “Como se pode isto fazer?” Jesus respondeu: “Tu és mestre em Israel, e não sabes estas coisas?”
  • 14. 26 27RASTROS DE LUZ | O DIVINO MINISTÉRIO Em verdade, em verdade te digo que nós dizemos o que sabemos, e damos testemunho do que vimos, mas vós não recebeis o nosso testemunho. Se, quando vos falo das coisas terrenas, não me acreditais, como me acreditareis, se vos falar das celestes? Ninguém subiu ao céu, senão aquele que desceu do céu, o Filho do homem, que está no céu. E como Moisés levantou no deserto a serpente, assim também importa que seja levantado o Filho do homem, a fim de que todo o que crê nele tenha a vida eterna. Porque Deus amou de tal modo o mundo, que lhe deu seu Filho unigênito, para que todo o que crê nele não pereça, mas tenha a vida eterna. Porque Deus não enviou seu Filho ao mundo, para condenar o mundo, mas para que o mundo seja salvo por ele. Quem nele crê, não é condenado, mas quem não crê, já está condenado, porque não crê no nome do Filho unigênito de Deus. A condenação está nisto: “A luz veio ao mundo, e os homens amaram mais as trevas do que a luz, porque as suas obras eram más. Porque todo aquele que faz o mal, aborrece a luz, e não se chega para a luz, a fim de que não sejam reprovadas as suas obras; mas aquele que procede segundo a verdade, chega-se para a luz, a fim de que seja manifesto que as suas obras são feitas segundo Deus.” * Nicodemos, também tratado como “príncipe dos judeus” pelo Evangelista, dentre os ensinamentos que o Cristo lhe transmitiu, um, em particular, impressionou profundamente o visitante: para se alcançar o Reino de Deus, o estado de pureza espiritual, é preciso nascer de novo. Nicodemos não entendeu a referência e perguntou perplexo: - Como será possível a um homem velho nascer de novo? Terá que entrar novamente no ventre de sua mãe e renascer? Com paciência e suavidade, Jesus ensina a dualidade do ser humano, que é carne (um corpo físico) e é espírito (o ser imortal, o ser pensante, a individualidade espiritual). O corpo de carne não pode gerar senão outro corpo de carne – jamais criar um espírito, pois que este é de outra origem. O espírito nasce e renasce na carne muitas vezes na carne (sempre em um novo corpo), até que fique em condições de pureza e sabedoria que lhe permitam entrar no Reino de Deus. Olhando alguém pelo corpo físico, é fácil identificar a pessoa e explicar-lhe a origem. Por exemplo: Simão Bar Jonas era filho de Jonas, como diz o nome. Já não seria tão fácil identificar o espírito que habita e anima aquele corpo. É necessário renascer, diz o Cristo. O vento sopra onde quer; ouves-lhe o ruído, mas não sabes donde vem, nem para onde vai. Assim acontece com o espírito. O espírito é invisível e livre. Não sabemos de onde está vindo e nem para onde se dirige – ou seja: sua origem e destinação – percebemos apenas a sua presença. Mesmo assim, Nicodemos não se recuperara da sua perplexidade ante aquela estranha afirmativa de que era preciso nascer de novo, ou seja, renascer. E volta a perguntar – Como se pode fazer isso? Jesus responde com outra pergunta, muito mais profunda do que parece, nas suas conjecturas: - És mestre em Israel e não entendes estas coisas? Só há uma explicação para a pergunta-resposta: todo aquele que mais detida e reflexivamente houvesse estudado bem os textos sagrados de Israel, especialmente os Doutores da Lei, como Nicodemos, deveria conhecer o mecanismo dos renascimentos ou seja, a reencarnação. Referências inequívocas às vidas sucessivas constam do Antigo Testamento, no qual estudavam os Doutores. Mais do que isso, porém. Como lembra Allan Kardec em O Evangelho segundo o Espiritismo (Cap. 4, itens 6 a 9), se a crença fosse um erro, Jesus não deixaria de combatê-la como o fez a tantas outras. “Longe disso, porém, ele a sancionou com toda a sua autoridade, e a transformou num princípio, fazendo-a condição necessária, quando disse: Ninguém pode ver o Reino dos Céus, se não nascer de novo. E insistiu, acrescentando: Não te maravilhes de eu ter dito que é necessário nascer de novo. A doutrina dos renascimentos, das vidas sucessivas ou reencarnação, era pacificamente aceita por pessoas comuns a aparentemente de menor saber do que os Doutores da Lei. Vejamos. Malaquias profetizara por volta do ano 450 a.C., que Elias, um dos maiores e mais respeitados profetas de Israel, voltaria à Terra no tempo devido, na condição de precursor de alguém de hierarquia infinitamente mais elevada do que ele. Em Malaquias (3:1): - Eis que envio o meu mensageiro para preparar o meu caminho. E de repente virá ao seu templo, o Senhor que vós buscais, o anjo da aliança que desejais. Uma pausa para uma observação importante. Seria enigmática a informação de que o esperado e desejado Senhor viria ao seu templo, se não fôssemos encontrar em outra passagem (João 2: 19-21) a chave certa para abrir o seu sentido ao nosso entendimento. - Destruí esse templo – disse Jesus – e em três dias o levantarei. - Em quarenta e seis anos foi edificado este templo – lhes responderam – e tu o levantarás em três dias? “Ele, porém, falava de seu corpo”, comenta João. Do que se depreende que a expressão “ir para o seu templo” equivale a nascer (para seu corpo), a fim de viver na Terra entre os homens. Outro ponto de destaque nesta passagem, que sobressai a doutrina da preexistência do Espírito. “Eis que envio o meu mensageiro...” que, aliás, vem preparar os caminhos de outro mensageiro mais elevado. Esses Espíritos, portanto, já existiam. Não é anunciada a criação deles para ocuparem corpos na Terra, mas o envio deles. A um – o Cristo – a palavra da profecia se refere como “o Senhor
  • 15. 28 29RASTROS DE LUZ | O DIVINO MINISTÉRIO que vós buscais, o anjo da aliança que desejais”. Um Espírito já conhecido pelas suas virtudes e saber, desde os tempos da profecia, e outro que igualmente conhecido e respeitado profeta, que voltaria. Retomemos o tema, mas com essa observação presente. Quando do episódio conhecido como o da transfiguração, no qual Jesus, resplandecente de luz, conversa com os Espíritos de Moisés e de Elias, os discípulos que, obviamente, conheciam a profecia de Malaquias, perguntam a Jesus, taxativamente: - Por que dizem os escribas que Elias deve vir primeiro? (Mateus 17: 10-13) Para o entendimento de Pedro, João e Tiago – ali presentes e extasiados pela ocorrência – faltava um dado importante. A profecia anunciara há séculos que, antes de vir o Senhor, o Messias, viria Elias de vota à terra, a fim de preparar- lhe os caminhos. Ora, os apóstolos, àquela altura, não tinham nenhuma dúvida de que Jesus era sim o Messias prometido a quem Malaquias, dentre outros, se referira. Mas, como explicar a ausência de Elias, como precursor. Daí a pergunta: - Por que dizem os escribas que Elias deve vir primeiro! E a resposta de Jesus, clara e explícita, não dá margem a contestação ou dúvida. Em primeiro lugar, ele confirma a profecia: é verdade, sim que Elias tinha de vir, como foi anunciado. E prossegue, informando que ele viera de fato, mas não fora reconhecido. Ao contrário, “fizeram dele o quanto quiseram” e acabaram por executá-lo, como, aliás, o fariam com ele próprio, Jesus. Mateus encerra a narrativa com esta frase inconfundível: - Os discípulos compreenderam, então, que ele lhe falava de João Batista. Em outras palavras, no absoluto mesmo sentido: Elias renasceu. Foi chamado de João, o Batista. Fez seu anunciado trabalho como precursor de Jesus, o Messias, também profetizado. Eis a passagem evangélica em exame – Mateus 17 10:13: Os discípulos perguntaram-lhe: “Por que razão os escribas dizem que é preciso que Elias venha primeiro?” Respondeu-lhes Jesus: “Certamente Elias terá de vir para restaurar tudo. Eu vos digo, porém, que Elias já veio, mas não o reconheceram. Ao contrário, fizeram com ele tudo quanto quiseram. Assim também o Filho do Homem irá sofrer da parte deles”. Então os discípulos entenderam que se referia a João Batista. Mais um exemplo, colhido no Novo Testamento, em João 9 : 1-14 Passando Jesus, viu um homem cego de nascença. Os seus discípulos perguntaram-lhe: “Mestre, quem pecou, este ou seus pais, para que nascesse cego?”. Jesus respondeu: “Nem ele nem seus pais pecaram; mas foi para se manifestarem nele as obras de Deus”. É bem evidenter que a doutrina das vidas sucessivas era perfeitamente familiar aos discípulos, o que se evidencia na própria maneira de formular a pergunta: “Foi ele quem pecou ou foram seus pais?”. Se não acreditassem numa responsabilidade preexistente, como iriam perguntar por que um cego de nascença estava sendo punido? A lição a Nicodemos (Boa Nova. Humberto de Campos, cap. 14. Francisco Cândido Xavier) Em face dos novos ensinamentos de Jesus, todos os fariseus do templo se tomavam de inexcedíveis cuidados, pelo seu extremado apego aos textos antigos. O Mestre, porém, nunca perdeu ensejo de esclarecer as situações mais difíceis com a luz da verdade que a sua palavra divina trazia ao pensamento do mundo. Grande número de doutores não conseguia ocultar o seu descontentamento, porque, não obstante suas atividades derrotistas, continuavam as ações generosas de Jesus beneficiando os aflitos e os sofredores. Discutiam-se os novos princípios, no grande templo de Jerusalém, nas suas praças públicas e nas sinagogas. Os mais humildes e pobres viam no Messias o emissário de Deus, cujas mãos repartiam em abundância os bens da paz e da consolação. As personalidades importantes temiam-no. E que o profeta não se deixava seduzir pelas grandes promessas que lhe faziam com referência ao seu futuro material. Jamais temperava a sua palavra de verdade com as conveniências do comodismo da época. Apesar de magnânimo para com todas as faltas alheias, combatia o mal com tão intenso ardor, que para logo se fazia objeto de hostilidade para todas as intenções inconfessáveis. Mormente em Jerusalém que, com o seu cosmopolitismo, era um expressivo retrato do mundo, as ideias do Senhor acendiam as mais apaixonadas discussões. Eram populares que se entregavam à apologia franca da doutrina de Jesus, servos que o sentiam com todo o calor do coração reconhecido, sacerdotes que o combatiam abertamente, convencionalistas que não o toleravam, indivíduos abastados que se insurgiam contra os seus ensinos. Todavia, sem embargo das dissensões naturais que precedem o estabelecimento definitivo das ideias novas, alguns espíritos acompanhavam o Messias, tomados de vivo interesse pelos seus elevados princípios. Entre estes, figurava Nicodemos, fariseu notável pelo coração bem formado e pelos dotes da inteligência. Assim, uma noite, ao cabo de grandes preocupações e longos raciocínios, procurou a Jesus, em particular, seduzido pela magnanimidade de suas ações e pela grandeza de sua doutrina salvadora.
  • 16. 30 31RASTROS DE LUZ | O DIVINO MINISTÉRIO O Messias estava acompanhado apenas de dois dos seus discípulos e recebeu a visita com a sua bondade costumeira. Após a saudação habitual e revelando as suas ânsias de conhecimento, depois de fundas meditações, Nicodemos dirigiu-se-lhe respeitoso: -Mestre, bem sabemos que vindes de Deus, pois somente com a luz da assistência divina poderíeis realizar o que tendes efetuado, mostrando o sinal do céu em vossas mãos. Tenho empregado a minha existência em interpretar a lei, mas desejava receber a vossa palavra sobre os recursos de que deverei lançar mão para conhecer o Reino de Deus! O Mestre sorriu bondosamente e esclareceu: - Primeiro que tudo, Nicodemos, não basta que tenhas vivido a interpretar a lei. Antes de raciocinar sobre as suas disposições, deverias ter-lhe sentido os textos. Mas, em verdade devo dizer-te que ninguém conhecerá o Reino do Céu, sem nascer de novo. - Como pode um homem nascer de novo, sendo velho? - interrogou o fariseu, altamente surpreendido. Poderá, porventura, regressar ao ventre de sua mãe? O Messias fixou nele os olhos calmos, consciente da gravidade do assunto em foco, e acrescentou: - Em verdade, reafirmo-te ser indispensável que o homem nasça e renasça, para conhecer plenamente a luz do reino!... - Entretanto, como pode isso ser? - perguntou Nicodemos, perturbado. - És mestre em Israel e ignoras estas coisas? - inquiriu Jesus, como que surpreendido. É natural que cada um somente testifique daquilo que saiba; porém, precisamos considerar que tu ensinas. Apesar disso, não aceitas os nossos testemunhos. Se falando eu de coisas terrenas sentes dificuldades em compreendê-las com os teus raciocínios sobre a lei, como poderás aceitar as minhas afirmativas quando eu disser das coisas celestiais? Seria loucura destinar os alimentos apropriados a um velho para o organismo frágil de uma criança. Extremamente confundido, retirou-se o fariseu, ficando André e Tiago empenhados em obter do Messias o necessário esclarecimento, acerca daquela lição nova. Jerusalém quase dormia sob o véu espesso da noite alta. Silêncio profundo se fizera sobre a cidade. Jesus, no entanto, e aqueles dois discípulos, continuavam presos à conversação particular que haviam entabulado. Desejavam eles ardentemente penetrar o sentido oculto das palavras do Mestre. Como seria possível aquele renascimento? Não obstante os seus conhecimentos, também partilhavam da perplexidade que levara Nicodemos a se retirar fundamente surpreendido. - Por que tamanha admiração, em face destas verdades? perguntou-lhes Jesus, bondosamente. As árvores não renascem depois de podadas? Com respeito aos homens, o processo é diferente, mas o espírito de renovação é sempre o mesmo. O corpo é uma veste. O homem é seu dono. Toda roupagem material acaba rota, porém, o homem, que é filho de Deus,
  • 17. 32 33RASTROS DE LUZ | O DIVINO MINISTÉRIO encontra sempre em seu amor os elementos necessários à mudança do vestuário. A morte do corpo é essa mudança indispensável, porque a alma caminhará sempre, através de outras experiências, até que consiga a imprescindível provisão de luz para a estrada definitiva no Reino de Deus, com toda a perfeição conquistada ao longo dos rudes caminhos. André sentiu que uma nova compreensão lhe felicitava o espírito simples e perguntou: - Mestre, já que o corpo é como que à roupa material das almas, por que não somos todos iguais no mundo? Vejo belos jovens, junto de aleijados e paralíticos... - Acaso não tenho ensinado - disse Jesus - que tem de chorar todo aquele que se transforma em instrumento de escândalo? Cada alma conduz consigo mesma o inferno ou o céu que edificou no âmago da consciência. Seria justo conceder-se uma segunda veste mais perfeita e mais bela ao espírito rebelde que estragou a primeira? Que diríamos da sabedoria de Nosso Pai, se facultasse as possibilidades mais preciosas aos que as utilizaram na véspera para o roubo, o assassínio, a destruição? Os que abusaram da túnica da riqueza vestirão depois as dos êmulos e escravos mais humildes, como as mãos que feriram podem vir a ser cortadas. - Senhor, compreendo agora o mecanismo do resgate - murmurou Tiago, externando a alegria do seu entendimento. Mas, observo que, desse modo, o mundo precisará sempre do clima do escândalo e do sofrimento, desde que o devedor, para saldar seu débito, não poderá fazê-lo sem que outro lhe tome o lugar com a mesma dívida. O Mestre apreendeu a amplitude da objecção e esclareceu os discípulos, perguntando: - Dentro da lei de Moisés, como se verifica o processo da redenção? Tiago meditou um instante e respondeu: - Também na lei está escrito que o homem pagará ‘olho por olho, dente por dente”. - Também tu, Tiago, estás procedendo como Nicodemos - replicou Jesus com generoso sorriso. Como todos os homens, aliás, tens raciocinado, mas não tens sentido. Ainda não ponderaste, talvez, que o primeiro mandamento da lei é uma determinação de amor. Acima do “não adulterarás”, do “não cobiçarás”, está o “amar a Deus sobre todas as coisas, de todo o coração e de todo o entendimento”. Como poderá alguém amar o Pai, aborrecendo-lhe a obra? Contudo, não estranho a exiguidade de visão espiritual com que examinaste o texto dos profetas. Todas as criaturas hão feito o mesmo. Investigando as revelações do céu com o egoísmo que lhes é próprio, organizaram a justiça como o edifício mais alto do idealismo humano. E, entretanto, coloco o amor acima da justiça do mundo e tenho ensinado que só ele cobre a multidão dos pecados. Se nos prendemos à lei de talião, somos obrigados a reconhecer que onde existe um assassino haverá, mais tarde, um homem que necessita ser assassinado; com a lei do amor, porém, compreendemos que o verdugo e a vítima são dois irmãos, filhos de um mesmo Pai. Basta que ambos sintam isso para que a fraternidade divina afaste os fantasmas do escândalo e do sofrimento. -Ante as elucidações do Mestre, os dois discípulos estavam maravilhados. Aquela lição profunda esclarecia-os para sempre. Tiago, então, aproximou-se e sugeriu a Jesus que proclamasse aquelas verdades novas na pregação do dia seguinte. O Mestre dirigiu-lhe um olhar de admiração e interrogou: - Será que não compreendeste? Pois, se um doutor da lei saiu daqui sem que eu lhe pudesse explicar toda a verdade, como queres que proceda de modo contrário, para com a compreensão simplista do espírito popular? Alguém constrói uma casa iniciando pelo teto o trabalho? Além disso, mandarei mais tarde o Consolador, a fim de esclarecer e dilatar os meus ensinos. Eminentemente impressionados, André e Tiago calaram as derradeiras interrogações. Aquela palestra particular, entre o Senhor e os discípulos, permaneceria guardada na sombra leve da noite em Jerusalém; mas, a lição a Nicodemos estava dada. A lei da reencarnação estava proclamada para sempre, no Evangelho do Reino. Mas, em verdade devo dizer-te que ninguém conhecerá o Reino do Céu, sem nascer de novo.
  • 18. 34 35RASTROS DE LUZ | O DIVINO MINISTÉRIO As anêmonas em flor padeciam a constrição do calor e murchavam, deixando manchas coloridas sobre o verde desbotado das ramagens ressequidas. O dia amanhecera morno e a tórrida Judéia de solo calcionado, como o coração dos seus habitantes, prenunciava calor sufocante. Eles haviam chegado da Galileia, em marcha tranquila, passando pela povoações e casarios esquecidos dos administradores, nos quais paravam para adquirir alimentos e conversar com os aldeões. Para aquelas gentes simples e sofridas das regiões remotas das cidades grandiosas, o contato com Jesus significava uma primavera formosa explodindo luz e harmonia na acústica das suas almas. Ademais, por onde Ele passava, mesmo que não se fizessem necessárias as curas ostensivas, ou que não ocorressem de forma pujante, permaneciam suaves aragens de paz e todos se sentiam reconfortados, tocados nos recessos do ser. Quem era aquele homem que sensibilizava as multidões atraindo crianças ingênuas ao regaço, anciãos ao acolhimento, enfermos à misericórdia, loucos e obsessos à paz e as próprias condições difíceis da Natureza a uma alteração perceptível para melhor? - Interrogavam-se todos quantos lhe sentiam a aura irradiante de amor. Inevitavelmente permaneciam atraídos e mesmo quando não O podiam seguir, em razão das circunstâncias do momento, jamais O esqueciam, aguardando que Ele voltasse entre hinos de júbilo interno e esperanças renovadoras. A Sua palavra cálida adquiria musicalidade especial de acordo com as ocasiões e ocorrências, tendo modulações próprias para cada momento, penetrando na acústica da alma de forma inesquecível. É muito difícil conceber-se, na atualidade tumultuada da sociedade, o significado da presença de Jesus e o convívio com Ele, em razão dos novos padrões comportamentais e dos interesses em jogo de paixões agressivas e asselvajadas. Entretanto, numa pausa para reflexão, numa silenciosa busca interior, num momento tranquilo de espera, pode-se ter uma ideia do grandioso significado da convivência pessoal com Ele. Isto porque, as motivações sociais e econômicas do momento terrestre são muito tormentosas e as conquistas parecem sem sentido após conseguidas, não reenchendo os vazios do coração, que prosseguem inquieto, aguardando. Aqueles eram diferentes, sim. Não obstante, as criaturas eram muito semelhantes às atuais, em razão das suas necessidades espirituais que se apresentavam como angústias para imediato atendimento, face ao desconhecimento das Leis soberanas da vida, que estavam restritas aos impositivos da intolerância e às descabidas exigências políticas. O ser humano sentia-se relativamente feliz quando podia desfrutar dos jogos da ilusória ribalta dos prestígios econômicos, sociais e políticos, cujas vantagens sempre deixavam um gosto azinhavrado de decomposição. Sem uma visão profunda do significado da existência, sem uma psicologia pessoal mais lúcida, após as mentirosas vitórias sentia-se frustrado, atirando-se nos fossos da promiscuidade moral ou nas rampas da perversidade guerreira, quando esmagava outros e consumia nas chamas da crueldade seus bens, seus animais, seus descendentes, que eram reduzidos à ínfima condição de escravos. A esperança de um libertador pairava em todas as pessoas de Israel, que desejava, por outro lado, tornar-se uma Nação escravizadora, em revanche contra todos aqueles outros povos que a afligiram. Não era um anseio justo e nobre para a conquista da liberdade, mas uma ambição de vingança. Surge Jesus e os olhos ansiosos das massas voltam-se para Ele com variados anelos que se diversificam desde as necessidades orgânicas, às ambições guerreiras, às alucinadas questões de supremacia de raça e de religião, esses pensamentos permanentes adversários do processo de evolução do espírito humano. A Sua, no entretanto, era outra missão: libertar o indivíduo de si mesmo, da inferioridade que lhe predomina no caráter e nos sentimentos. É natural, portanto, que não fosse compreendido, sequer por aqueles que estavam ao Seu lado, já que os interesses em pauta eram tão divergentes. A harmonia das Suas lições ia cantando uma sinfonia de esperança nos corações e a música do seu conteúdo lentamente fixava-se na memória dos companheiros de ministério, que ainda não haviam dado conta da magnitude do empreendimento. As revelações faziam-se lentamente, e como suave calor amadurece os frutos, assim Ele necessitava preparar os seres para o entendimento. Desse modo, após o formidando fenômeno da multiplicação dos pães e dos peixes, e após orar, interrogou os amigos que estavam a seu lado, sem a presença de estranhos no convívio íntimo: -Quem dizem as multidões que sou? Tomados de surpresa com o inesperado da interrogação, Ele, que jamais indagava, por conhecer a profundeza dos sentimentos humanos e a época em que estava, responderam- lhe, quase em uníssono, vários deles: -João Batista -; outros, - Elias -; outros, - um dos antigos profetas ressuscitados. Houve um silêncio quebrado levemente pelas harmonias ambientais. Após alguns instantes, Ele indagou sem rebuços: -E vós, quem dizeis que eu sou? A pergunta pairava no ar, quando Simão Pedro, tomando de súbita inspiração respondeu, emocionado: -O Messias de Deus. Cantavam no ar morno da manhã as vibrações da imortalidade, e diáfana caravana de Espíritos iluminados acompanhava esse momento que ficaria imorredouro na orquestração da Boa Nova. Renascimentos libertadores (... Até o fim dos tempos. Amélia Rodrigues, cap. Renascimentos libertadores. Divaldo Franco) Lucas: 9 - 18 a 21
  • 19. 36 37RASTROS DE LUZ | O DIVINO MINISTÉRIO Ainda não passara a estupefação, quando Ele com o semblante iluminado, proibiu-os de falar sobre o tema, adindo: - O Filho do Homem tem que sofrer muito, ser rejeitado pelos anciões, pelos príncipes dos sacerdotes e pelos escribas; tem que ser morto, e ao terceiro dia ressuscitar... Estavam lançados os pilotis do reino de Deus, que o futuro deveria construir. Obra de tal magnitude, num mundo de perversões e conflitos de valores que exigia o sacrifício da própria vida daquele que a iniciasse. O anúncio da paixão e morte, no entanto, fazia-se precedido pela glória da ressurreição, pelo triunfo do Dia sobre a noite, pela fulguração da imortalidade sobre a transitoriedade física. Ademais, a revelação do processo evolutivo era apresentada da maneira sutil com base na crença dos hebreus, o golgue, a reencarnação do Espírito em novas roupagens terrestres. Era crença secreta entre os sacerdotes, aquelas que se fundamenta no processo de elevação espiritual através das existências sucessivas, como herança natural da longa vivência no Egito com seus sacerdotes e intérpretes mediúnicos do Mais Além. Vedada ao homem comum, transpirava em forma de aceitação natural a respeito da volta ao corpo físico - reencarnação - e também mediante o aparecimento após a morte - ressurreição. Jesus divulgava ambas realidades, ensinando que Ele ressurgiria dos mortos nas roupagens espirituais, condensadas em admiráveis fenômeno de materialização, o que atestava ao assentir ser João, o Batista, que morrera fazia pouco, no caso, reencarnados. A sua encarnação trazia como razão precípua e única ensinar o caminho da autolibertação, que o amor iluminado pelo conhecimento proporciona, encorajando os indivíduos ao esforço inadiável pelo auto conquista. Espírito de escol, mergulhara nas sombras humanas como Estrela de primeira randeza que vencia a distância imensa do lugar onde irradiava luz e segurança, para que todos se resolvessem por acompanhá-lo ao preço do sacrifício e da doação total. Por isso, repetia, agora aos discípulos, o que anteriormente declarara a Nicodemos, em silêncio e discrição: que era necessário nascer de novo. A doutrina dos renascimentos era apresentada como o caminho para a Verdade e a Via, que Ele próprio se fez. O dia avançava e, substituindo o perfume das flores que emurcheciam, o ar parado aumentando de temperatura impunha a necessidade de avançarem, margeando os caminhos ásperos nos quais algumas árvores frondosas, sicômoros, figueiras, tamareiras exuberantes ofereciam abrigo ao Sol inclemente. O processo da reencarnação é o único que se coaduna com a justiça de Deus, oferecendo a todos as mesmas oportunidades de evolução, mediante as quais, enriquece os Espíritos com as conquistas nobres do pensamento e da emoção, depurando-se dos atavismos infelizes que neles predominam como decorrência das experiências primitivas. Graças a essa lei de causa e efeito, cada um é responsável pelas ocorrências do seu deambular, tendo a liberdade de agir e a responsabilidade pelas consequências da sua escolha. O Filho do Homem, porém, iria sofrer sem nenhuma necessidade ou impositivo de evolução, exclusivamente para dar testemunho de que a dor não tem caráter punitivo, mas também funciona nos culpados, culpado que Ele não era, como recurso de autopurificação. A Sua, era, portanto, uma dadivosa lição do amor e de encorajamento para todos quantos atravessariam os portais da existência planetária tentando a conquista do infinito.
  • 20. 39 O mais extraordinário fenômeno, portanto, da fé em Jesus, é o significativo esforço que se deve fazer para conquistar a harmonia que dEle se exterioriza e servi-lO na Humanidade de todos os tempos que sofre. e não transformações fenômenos
  • 21. 40 41RASTROS DE LUZ | O DIVINO MINISTÉRIO a As enfermidades procedem do Espírito, cujas feridas morais são de cicatrização difícil. Resultados da imprevidência e da ignorância, as ações infelizes dilaceram as fibras delicadas do corpo perispiritual, nelas imprimindo as mazelas e as necessidades evolutivas de reparação. Crepúsculos emocionais, colapsos do caráter agressivo que ofende e que magoa, vérmina interior, o mal que predomina e se expressa nos seres humanos dá lugar aos largos comprometimentos afligentes que os atormentam e vergastam através do tempo. Noite tempestuosa que estruge em pavor, acalma-se mediante a purificação espiritual através dos renascimentos que favorecem o encontro com a paz, mediante a retificação dos erros, a corrigenda inadiável dos gravames, a iluminação interna pelas claridades miríficas do amor. Sem a consciência lúcida a respeito das ocorrências inditosas que desencadearam as aflições, as criaturas correm atrás dos taumaturgos e curandeiros de toda espécie, buscando, a qualquer preço, a cura, a paz, sem que se deem conta de que é necessário o esforço pelo bem interior, pela transformação moral para melhor. A busca alucinada por milagres faz parte da sua agenda existencial, numa sofreguidão angustiante, ao tempo em que atropelam os deveres e geram novos infortúnios para si mesmas, em face da revolta, da insatisfação com a existência física e diante dos anseios de prazer e de poder desenfreados. Transformações (A mensagem do amor imortal. Amélia Rodrigues, cap. 29. Divaldo Franco) e não fenômenos
  • 22. 42 43RASTROS DE LUZ | O DIVINO MINISTÉRIO Distantes da humildade e da submissão aos Soberanos Códigos, investem com violência contra os sofrimentos de que são portadoras, quando se deveriam compenetrar da sua utilidade, sem a qual os Céus não as assinalariam. Ao tempo de Jesus não era diferente essa conduta. Consideremos ser ainda mais grave, tendo-se em vista a ignorância das Leis Divinas, as informações religiosas precárias, o utilitarismo, as injustiças de todo porte, a brevidade do carreiro carnal. Ao mesmo tempo, a busca por fenômenos externos, o deslumbramento que esses causavam, e ainda causam, eram o rastilho de pólvora para a aceitação de qualquer mensagem superior, quando o espetáculo definia e qualificava o mensageiro. Todos os fenômenos, no entanto, são efêmeros, por se tratar de efeitos, de estardalhaço. A pirotecnia própria para a fantasia mental das massas apresentava-se com frequência, arrebanhando os incautos, seduzindo os desocupados, deslumbrando os ingênuos. Invariavelmente realizada por hábeis charlatães que lhes conheciam as fraquezas do entendimento e a expressiva ignorância, produzia fascinação dando lugar às superstições em torno dos mistérios que acreditavam proceder de Deus. Por essa razão, é normal encontrar-se em todo o Evangelho, o populacho como o sacerdócio em Israel, aguardando sinais, prodígios, sempre insatisfeitos e atordoados. Jesus evitava produzir fenômenos, porque, para Ele, o maior fenômeno que pode acontecer em uma vida é o da sua modificação moral para melhor, o fortalecimento dos valores espirituais, a capacidade de entrega ao bem, o trabalho auto iluminativo. As massas, não obstante, sofriam e, por compaixão, não poucas vezes, Ele as atendeu, despertando-lhes o interesse externo para a conquista dos tesouros interiores. Experimentando a infelicidade sem discernir a razão do padecimento, o Mestre de amor socorria-lhes as necessidades orgânicas e emocionais, os tormentos de todo jaez, para ensejar- lhes o conhecimento da verdade, a identificação da melhor trilha a percorrer em benefício da futura conquista de harmonia. Àqueles, porém, perversos e insensatos, que Lhe pediam sinais que O identificassem como o Messias, Ele os negava, porque não viera para divertir os frívolos e ociosos, mas sim despertá- los para as responsabilidades perante a vida. A Sua palavra iluminada, libertadora como um punhal que rasga os tecidos apodrecidos, para que permitam o surgimento da saúde, toda rica de amor e de paz, era o sinal legítimo caso houvesse interesse naqueles que a ouviam, porquanto logo perceberiam a sua procedência. O desejo, porém, não era de compreensão da vida, pois que eram burlões dos valores legítimos, mas sim, de dificultar-Lhe a expansão do reino que viera implantar na Terra. Mas Ele, pairando acima das circunstâncias, não lhes atendia aos caprichos, permanecendo fiel ao que viera fazer. Quando desejaram que Ele fizesse sinais em Nazaré, no Gethsemani, para salvar a própria vida, manteve-se em silêncio hercúleo e deixou-se arrastar ao matadouro como ovelha mansa, não reagindo nem se defendendo. Oportunamente pediram-Lhe um sinal do Céu e Ele redarguiu: Esta geração má e adúltera pede um prodígio, mas nenhum prodígio lhe será dado, exceto o prodígio do profeta Jonas. Tratava-se de um paralelo entre os contemporâneos e os caldeus de Nínive, que aceitaram a palavra de Jonas, sem que ele lhes desse quaisquer sinais identificadores da sua elevação. O conteúdo dos seus ensinamentos bastou-lhes para a conversão, para a certeza da imortalidade, para a ressurreição após a morte. As Suas lições eram mais profundas do que as do profeta Jonas, e o Seu era o desejo de que acreditassem nEle, não pelos feitos miraculosos que podia realizar, mas pela invitação direta e profunda à transformação interior para a conquista do Reino de Deus. Não escutaram Moisés, mesmo depois de tantos fenômenos que testemunharam, em verdade, não desejavam milagres, mas se utilizavam da exigência descabida para evadir-se da responsabilidade pessoal para a iluminação. Por isso, referiu-se com profunda melancolia a Tiro e a Sídon, que se renovariam com os feitos que foram presenciados em Corazim e em Betsaida, lamentando-as, porque não se sensibilizaram os seus habitantes, continuando com suas tricas e lutas mesquinhas, distantes da compaixão, da solidariedade, do amor... Multiplicavam-se, nos Seus dias, os milagreiros de ocasião, que enganavam o povo e o exploravam sem nenhum pudor. Psicólogo sublime, conhecia o Seu rebanho, suas mazelas e imperfeições, por isso mesmo não se lhe submetia às paixões doentias, buscando sempre aplicar-lhe a terapia superior para a saúde integral. Nada obstante, quando os tristes e desalentados, os sofredores reais e necessitados de misericórdia O buscavam, carentes e desamparados, após o longo périplo de purificação pelo sofrimento, Ele distendia-lhes o conforto da recuperação dos males que os dilaceravam, ensejando-lhes compreender a bênção do bem-estar e a consciência do terrível prejuízo ao perdê-lo. Noutras vezes, nem mesmo esperava que Lhe solicitassem o socorro, porque, tomado de compaixão, ofertava a Sua inefável bondade, modificando-lhes as estruturas do comportamento. Jesus é incomparável! Reconhecendo, embora, que a saúde do corpo é consequência da saúde da alma, melhorava os enfermos, a fim de que pudessem, por sua vez, realizar a recuperação profunda. Desse modo, compadecia-se das tormentosas obsessões, das exulcerações físicas da maquinaria fisiológica apodrecida, das mentes aturdidas, dos olhos apagados, dos ouvidos tapados, das bocas fechadas, dos movimentos impedidos, distendendo-lhes a Sua infinita compaixão em incessante sinfonia de amor. Jamais, porém, para atender aos caprichos dos soezes exploradores do povo, dos religiosos desonestos, das autoridades sórdidas. A sua era a luta contra o mal e a libertação dos que o padeciam, não a
  • 23. 44 45RASTROS DE LUZ | O DIVINO MINISTÉRIO sua punição, o seu abandono. Os poderosos, quando honestos e dignos, que O buscavam, dEle recebiam a mesma quota de carinho que era ofertada aos menos favorecidos, porque a dor não escolhe a quem ferir, e quando se instala, seja em quem for, magoa com intensidade. Desse modo, atendeu ao centurião que O buscou, a Nicodemos, que era príncipe e sacerdote, a Zaqueu e a outros anônimos, todos carentes de condolência, com o mesmo altruísmo e gentileza. ... Todos morreram, porém, porque a vida física é breve e enganosa, ficando com os mesmos as lições inabordáveis do Seu amor, que os guiou além do sepulcro, renascendo em condição diferente ao largo dos tempos, exaltando-Lhe a doutrina e procurando vivenciá-la. O mais extraordinário fenômeno, portanto, da fé em Jesus, é o significativo esforço que se deve fazer para conquistar a harmonia que dEle se exterioriza e servi-lO na Humanidade de todos os tempos que sofre.
  • 25. 48 49RASTROS DE LUZ | O DIVINO MINISTÉRIO d(Texto reproduzido com a devida autorização: http://projeto-inove.com.br/ inove/2017/05/05/a-vida-com-suas-licoes/) De modo geral, todos almejamos dias melhores em nossas vidas, pelo que trabalhamos, ofertando no dia a dia o nosso melhor esforço. A luta não é pequena. Demonstrando ou não, damos nossa cota de sacrifício em prol do nosso bem-estar e dos nossos amores. O estudo, o trabalho, a casa, os pais, os filhos, o cônjuge, os amigos, todos e tudo que compõem nossa escala de valores, recebem a nossa dedicação, nosso suor, nossos sorrisos e nossas lágrimas. À nossa maneira, nos fazemos presente, participando na existência de cada um. Acertamos, erramos, tropeçamos, caímos, levantamos e prosseguimos. Assim como o rio alcançará o grande mar, nós alcançaremos nosso desiderato. Os obstáculos são superados, transpondo-os. As facilidades são aproveitadas, dando passos adiante. Crescemos nós, ajudamos os outros a fazerem o mesmo. Os embates existenciais têm servido para o despertamento de nossos sentidos, de nossa atenção, de nossa vigilância. Sabemos que nem todos os dias são de Sol e brisa suave. Há dias de tempestade, acinzentados e frios. E estamos cientes de cada dia é um dia de oportunidades renovadas e a sucessão de todos eles guarda sua importância, sua razão de ser e nos
  • 26. 50 51RASTROS DE LUZ | O DIVINO MINISTÉRIO volta e vemos os padecimentos alheios, onde há dramas de tal complexidade e dor, que, provavelmente, nós não os suportaríamos. Que, uma vez mais, o rio nos sirva de inspiração, que segue seu curso rumo ao grande mar, incansável, resoluto, abençoando tudo o que está no seu leito e nas suas margens, sem nada cobrar para si próprio. Apenas pede passagem e prossegue doando vida por onde passa, cumprindo seu papel na grande equação existencial. Quando chega a lição da irritação, que pode descambar para ira e revolta, com a mesma rapidez como ela chega, recorremos a meditação, à pausa mental, ao refrigério da água da paz. Água da paz é aquele gole de água que colocamos na boca mais não o engolimos... e também nada podemos falar durante esses momentos. Fica ali na boca o gole não engolido, nos deixando mudos pelas circunstâncias, e que assim permanece até que a irritação se arrefece, sem dela termos dado vazão, como inicialmente desejado. Outro caminho muito usado, quando no turbilhão da vontade de explodir e “perder a elegância”, é o silêncio. Bravamente nos aquietamos, certos de que o silêncio, em muitas ocasiões, é a melhor resposta. Se formos religiosos, a hora é de oração; se não formos religiosos ainda, bons e tranquilizantes pensamentos serão bem-vindos, até porque, numa análise mais ligeira, oração nada mais é do que um conjunto de bons pensamentos que refletem nossos desejos, nossos louvores, nossa gratidão. Se na próxima curva do caminho se apresentar a lição da vaidade, fomentadora da soberba, basta que olhemos para a margem da estrada da vida para ali identificarmos a necessidade da renovação em nossa escala de valores, seguindo o exemplo da flor, exuberante, bela, perfumada, senhora de seu espaço, ponto de destaque no horizonte de quem olhe em sua direção, mas que, para atender seu real propósito na vida, sabe que, humildemente, precisa murchar para que resplandeça o fruto do seu sacrifício, o qual servirá a quem o colher, vendo, logo mais, lançado fora o seu último resíduo: a semente. No entanto, eis que a desprezada semente, no obscuro do solo, renovar-se-á pela força dos reinos da natureza, retomando logo mais a majestade dos desígnios da vida, resplandecendo nova flor, herança de uma outra flor que aceitou exemplarmente a humildade como o veículo da expressão da sua verdadeira grandeza e razão de existir. reservam suas lições, que devem ser bem aprendidas e compreendidas. Quando se apresentam as lições do desânimo, buscamos forças revigorantes e alentadoras que foram armazenadas em nossos corações quando dos dias de fartura de saúde, disposição e vitalidade, bem como quando das concretizações de iniciativas felizes. Hoje, essas lembranças servem de vacina contra o desalento, fazendo com que ele bata em retirada. Quando chega a lição do cansaço, acautelamo-nos providenciando medidas reparadoras como um rápido e providencial descanso, ocasião propícia para buscarmos identificar que tipo de cansaço sentimos: físico, mental, psicológico, espiritual. Para cada um, nossa ação correspondente. Uma parada mais ou menos rápida para restabelecer forças físicas. Uma mudança de quefazeres, para oxigenar a mente. Uma distração mais marcante, para recompor o nosso estado psicológico. Uma absorção de novos valores e conceitos, de conquistas e realização, para preencher nosso espírito. Sem deixar de considerar que o descanso faz parte da lei natural do trabalho e é merecido por todos, cuidamos para não exagerar na dose, evitando adentrarmos pela seara do ócio e da preguiça, por serem fatores limitadores das pessoas. Se se apresenta a lição da indiferença, do desinteresse pela vida e pelos valores existenciais, ou pelo próximo e por nossos amores, resguardamo-nos na reflexão amadurecida do quanto somos importantes e úteis na vida de tantos, além da nossa mesma. Nossas dificuldades tendem a diminuir de intensidade, quando olhamos à nossa
  • 27. 52 53RASTROS DE LUZ | O DIVINO MINISTÉRIO Assim, o transeunte da existência, verá em cada flor sua formosura, mas é para o fruto que adveio depois da florada e lhe deu sustento à vida, que vai sua reverência. Não poderia faltar a lição da inveja na estrada do nosso progresso, que é como que um espelho rachado que permite enxergar a nossa imagem partida em várias partes, com falhas entre uma e outra, as quais preenchemos com nossa imaginação distorcida pelas feridas de nossa alma, causadas pelas nossas pressupostas imperfeições ou carestias, ou pelos reveses da vida. Essa cegueira parcial não permite que nos vejamos em verdadeira grandeza, com nossos recursos, nossos tesouros, nossas conquistas – que todos os temos, uns mais, outros menos. E, por não estarmos habituados e olharmos para dentro de nós, mas somente para o que se passa fora de nós, concluímos, equivocadamente, que no exterior se resume a vida e somente ali se encontram os valores mais apreciados. Assim, começamos a ver nos outros, com inveja - desejo velado -, o que aspiramos para nós, sem nos darmos conta de que, provavelmente, aquilo almejado já possuímos, ou o que outro faz, nós já o fazemos com maior qualidade. Faltando só olhar para nossa intimidade. Somente a maturidade psicológica nos faz compreender que a grandeza da vida é ser, e não ter somente. Pois o que temos, podemos deixar de ter, mas o que somos, isso segue conosco para sempre, salvo as modificações para melhor que sofra ao longo da trajetória. Estas e outras lições que se nos apresentem enquanto estamos a caminho, delas tiremos os melhores proveitos para o nosso amadurecimento e equilíbrio emocional, intelectual e moral. Não vejamos tais sentimentos lecionados como terroristas internos, nem os deixemos agir assim destrutivamente, mas, sim, como elementos de importantes lições existenciais, as quais, uma vez superadas com êxito, nos levarão ao triunfo certo sobre nós mesmos, fazendo com que saiamos de cada aula da vida, engrandecidos em virtudes, conquistas imorredouras, gênese da felicidade possível. Cada lição nos propiciará, se bem aprendidas: • Uma maior visão de conjunto, quando alcançaremos uma elevada perspectiva de novos horizontes, vendo a vida sob um novo prisma; • Uma autoestima enriquecida, despertando-nos para a valorização da vida e do tempo, enquanto nos traz autorrevelações de quanto somos capazes de superações e de enfrentamentos diante de reveses e de adversários sutis no campo emocional. Levando-nos e perceber que, ao final de uma refrega (física ou emocional), saímos mais fortes e ricos de sabedoria, mais confiantes em nós mesmos, em nossas capacidades. Sentimos satisfação pessoal pelo que já somos e pelo que já fazemos, e pelo que podemos vir a ser e vir a fazer, construtivamente; • Novos propósitos de viver, pelo descortinar de uma realidade existencial que premia a autossuperação com a compreensão da real razão do existir, onde as conquistas pessoais são valorizadas, escancarando oportunidades para que o nosso próximo também venha a beneficiar- se de nossos triunfos; • O estímulo para a assunção de firme compromisso com o certo, o verdadeiro, o bem em seu amplo aspecto, decorrente do enriquecimento da nossa mente com novos valores éticos, morais, comportamentais, essencialmente superiores; • Uma maior contribuição pessoal, brilhando nossa luz, em benefício dos nossos amores, de nossos compromissos pessoais, profissionais, familiares, quando poderemos depositar nosso tijolo de amor em prol da construção de dias melhores para todos; • Fortalecimento de convicções, confiando em nós mesmos, no próximo e, acima de tudo, nos descortinando a existência de uma Regência Magna, acima de todas as coisas; • Aumento de esperança em melhores dias, uma vez termos descoberto novos valores em nós, e, com a autoconfiança enaltecida pelas realizações felizes, sabermos que o que quisermos fortemente, brevemente realizaremos. A jornada evolutiva não é uma simples sucessão de dias, mas de oportunidades bem aproveitadas. O Sol que resplandece sua claridade iluminando o mundo, serve para iluminar nossos caminhos, e o faz sem nenhuma exigência, apenas serve aos seus propósitos, com seus valores incontestavelmente superiores, por serem essenciais ao surgimento e manutenção da vida. Com sua inigualável sabedoria, o Mestre dos mestres recomendou-nos, há mais de dois mil anos: Brilhe a sua luz! Sejamos luz em nosso interior, enquanto nessa grande viagem para dentro de nós, a caminho do autodescobrimento, e sejamos luz em nosso derredor, para que outros, ao nosso lado, caminhem na claridade de nossa capacidade de discernir, agir, fazer e amar. Ele também nos disse que somos o sal da Terra, pela nossa condição de impormos o tempero certo na quantidade certa onde e como agirmos acertadamente, bem como sermos, com isso, o melhor dos conservantes do grande alimento da vida: o amor. E ainda acrescentou que somos deuses e que poderíamos fazer muito mais do que Ele, indicando-nos com clareza um caminho de realizações nobres possíveis, estimulando-nos o ânimo a fim de prosseguirmos com destemor pelos rumos libertadores de nossa consciência. Rompamos com os grilhões do desânimo, do cansaço, da indiferença, da irritação, da vaidade, da inveja, do orgulho, do egoísmo, verdadeiras chagas da humanidade, para, desenvoltos e fagueiros, seguirmos os caminhos da verdadeira vida.
  • 28. 54 RASTROS DE LUZ | O DIVINO MINISTÉRIO de Luzum olhar na história rastros PRÓXIMO FASCÍCULO: O Pão da Vida Revista eletrônica de circulação dirigida e gratuíta Redação, organização e diagramação: Maurício Silva Contato: redator@resenhaespiritaonline.com.br Curitiba - PR CRÉDITOS DESTE FASCÍCULO: Imagens: acervo próprio ou baixadas da Internet: Google Imagens e The Church of Jesus Christ of Latter-day Saints Livros: A Bíblia de Jerusalém. A reencarnação na Bíblia (Hermínio C. Miranda), além dos citados no corpo do fascículo. Blog/site: www.projeto-inove.com.br DIREITOS RESERVADOS: todos os direitos de reprodução, cópia, veiculação e comunicação ao público desta obra estão reservados, única e exclusivamente, para Maurício Silva. Proibida a sua reprodução parcial ou total, por qualquer meio, sem expressa autorização, nos termos da Lei 9.610/98.