O documento discute as semelhanças e diferenças entre a poesia concreta e a publicidade, analisando como ambas usam recursos visuais e linguagem persuasiva. A poesia concreta buscava transcender o significado por meio da forma, enquanto a publicidade tem como objetivo vender produtos apelando para o lado emocional das pessoas. No entanto, ambas compartilham o uso de recursos gráficos e uma linguagem criativa.
1. Poesia
Concreta
x
Publicidade
O
texto
publicitário
e
o
texto
poé6co
Profa
Thaïs
de
Mendonça
Jorge
UnB
2015
2. Poesia
concreta
• Poesia
de
caráter
experimental,
capaz
de
transcender
o
seu
significado
e
transformar-‐se
em
forma
e
ritmo
para
enriquecer
um
conceito.
• Assim
nasceu
a
poesia
concreta,
pelo
trabalho
do
grupo
Grupo
Noigandres,
formado
por
Décio
Pignatari
e
os
irmãos
Campos,
Augusto
e
Haroldo.
• Sua
função
era
dizer
aquilo
que
não
estava
escrito,
mas
desenhado,
ritmado
e,
portanto,
nem
sempre
era
preciso
dizer
muito
para
dizer
alguma
coisa.
3. Poesia
Concreta
“…uma
arte
geral
da
linguagem,
na
propaganda,na
imprensa,
no
rádio,
televisão,
cinema,
uma
arte
popular.
…a
importância
do
olho
na
comunicação
mais
rápida:
desde
os
anúncios
luminosos
até
as
histórias
em
quadrinhos.
…a
necessidade
do
movimento.
a
estrutura
dinâmica.
o
ideograma
como
idéia
básica.”
Nova
Poesia:
concreta,
em
1956,
Décio
Pignatari
Manifesto
do
Neoconcre6smo:
“O
não-‐objeto
é
a
procura
de
um
lugar
para
a
palavra”
4. crí6ca
&
protesto
• Sociedade
de
consumo/
reprodu6bilidade/
linguagem
publicitária
• Adorno
&
Horkheimer
• Andy
Warhol
5. Primeira
Introdução
ao
Poema
Caros
Camaradas
futuros
!
Revolvendo
A
merda
fóssil
de
agora,
estes
dias
escuros,
talvez
perguntareis
por
mim.
Ora,
começará
vosso
homem
de
ciência,
perscrutando
afogando
os
porquês
conta-‐se
que
outrora
num
banho
de
sabença,
um
férvido
cantor
combateu
com
fervor.
Professor,
Jogue
fora
as
lentes-‐bicicleta!
A
mim
cabe
falar
de
mim
a
água
sem
fervura
Eu
–
incinerador,
de
minha
era.
Eu
–
sanitarista,
a
revolução
me
convoca
e
me
alista.
Troco
pelo
“front”
a
hor6cultura
airosa
da
poesia
–
fêmea
e
caprichosa.
Ela
ajardina
o
jardim
virgem
vargem
sombra
alfombra.
(Maiakóvski)
6. Publicidade
&
Propaganda
A
propaganda
estabelece
uma
ponte
entre
o
cliente
e
o
produto.
Visa
atrair
olhares.
O
obje6vo
é
chamar
a
atenção.
Linguagem
deve
ser
inteligente,
cria6va,
persuasiva,
compreensível,
apelando
para
o
lado
emocional
das
pessoas
7. • …o
que
jus6fica
a
relação
da
poesia
brasileira
com
a
publicidade
impressa
é
que
esta
parece
ter
sempre
buscado
na
poesia
a
força
retórica
de
sua
expressão
persuasiva,
pelo
que
o
signo
e
suas
representações
podem
oferecer
de
mais
funcional
para
a
manutenção
de
uma
ideologia
capitalista
de
consumo
inteiramente
inversa
às
propostas
do
fazer
poé6co.
• Nicolau
(2001)
8. Aproximações
• Busca
pela
espacialidade
e
pela
forma
visual
dos
poemas:
Mallarmé
e
Apollinaire
9. Poesia
concreta
• Outro
representante
dessa
arte
foi
o
escritor
Paulo
Leminski
(1944-‐1989)
10. Distanciamentos
• Contexto:
desenvolvimen6smo
• Polêmica
x
poesia
tradicional
• Novas
tecnologias:
6pografia
• Reprodu6bilidade
“Já
não
há
escritura
em
um
sen6do
manual
e
a
própria
forma
do
poema
depende
das
soluções
mecânico-‐6pográficas”
11. No
poema
Lixo,
de
Augusto
de
Campos,
vemos
a
estrutura
gráfica
indicando
uma
mensagem
formada
por
várias
outras
mensagens,
como
ocorre
ro6neiramente
na
publicidade,
com
uso
aglu6nado
de
6pografias
diversas.
12. McLuhan,
Gil,
Caetano,
Novos
Baianos
A
comunicação
de
massa,
então,
se
abriu
para
a
inclusão
da
poesia
concreta
e
vice-‐versa.
E
o
tropicalismo
consolidou
o
concre6smo
como
parte
do
seu
repertório.
14. Superbacana
(Caetano
Veloso)
Toda
essa
gente
se
engana
Ou
então
finge
que
não
vê
que
eu
nasci
Pra
ser
o
superbacana
Eu
nasci
para
ser
o
superbacana
Superbacana
Superbacana
Superbacana
Super-‐Homem
Superflic,
Supervinc
Superhist,
Superbacana
Es6lhaços
sobre
Copacabana
O
mundo
em
Copacabana
Tudo
em
Copacabana
Copacabana
O
mundo
explode
longe,
muito
longe
O
sol
responde
O
tempo
esconde
O
vento
espalha
E
as
migalhas
caem
todas
sobre
Copacabana
me
engana
Esconde
o
superamendoim
O
espinafre,
o
biotônico
O
comando
do
avião
supersônico
Do
parque
eletrônico
Do
poder
atômico
Do
avanço
econômico
A
moeda
número
1
do
Tio
Pa6nhas
é
minha
Um
batalhão
de
cowboys
Barra
a
entrada
da
legião
dos
super-‐
heróis
E
eu
superbacana
Vou
sonhando
até
explodir
colorido
No
sol,
nos
cinco
sen6dos
Nada
no
bolso
ou
nas
mãos
Um
instante,
maestro
Super-‐homem
Supervinc
Superflit,
Superhist
Superviva,
Supershell
Superquentão
15. Publicidade
+
poesia
No início do
século XX, a
publicidade
brasileira
esteve
atrelada à
poesia
concreta,
tomando de
empréstimo
seus recursos
mais
imediatos.
16. Opção
esté<ca
Nesse
período,
pode-‐se
observar
que
o
design
e
os
recursos
técnicos
da
própria
publicidade
que
proporcionavam
a
mul6plicação
de
6pos,
levaram
à
u6lização
de
outras
formas
e
até
mesmo
de
sua
combinação
interna.
Na
publicidade
aparece
a
intenção
de
escolher
o
6po
como
parte
de
uma
idéia
ou
a
complementando.
Em
muitos
casos,
trata-‐se
de
opção
esté6ca.
17.
18.
19. Arnaldo
Antunes:
poemas
concretos
em
música
e
vídeo
hwps://www.youtube.com/
watch?v=9FROBNBoTgQ
20. Conclusões
Nos
movimentos
de
vanguarda,
encontravam-‐se
procedimentos
que
levaram
a
poesia
a
escolher
caminhos
da
arte
u6litária,
fundamentados
na
tecnologia
e
na
linguagem
corrente.
Ao
mesmo
tempo,
a
publicidade
encontrou
na
poesia
um
vasto
campo
de
recursos.
Os
dois
discursos
mostraram
estruturas
semelhantes
dentro
de
propostas
ideológicas
dis6ntas.
Mas
essa
mescla
permi6u
que,
da
junção
de
linguagens,
saíssem
beneficiadas
tanto
a
poesia
(e
a
música)
quanto
a
publicidade.
21.
Obrigada!
Thaïs
M.
Jorge
com
ADORNO,
Theodor
W.
Teoria
Esté6ca.
Lisboa:
Edições
70,
1970.
______.
Indústria
Cultural
e
Sociedade.
São
Paulo:
2a
ed.
Paz
e
Terra,
2004.
AGUILAR,
Gonzalo.
Poesia
Concreta
Brasileira:
As
vanguardas
na
encruzilhada
modernista:
São
Paulo:
Editora
da
Universidade
de
São
Paulo,
2005.
BAIBICH,
Nelson.
O
vai
e
vem
do
verso.
As
relações
da
poesia
concreta
com
a
publicidade
impressa.
Palhoça:
Unisul,
2008.
NICOLAU,
Marcos.
Desígnios
de
signos.
A
relação
entre
poesia
de
vanguarda
e
publicidade
impressa.
João
Pessoa:
Idéia,
2001.
PIGNATARI,
Décio.
Informação,
linguagem
e
comunicação.
18aed.
São
Paulo:
Cultrix,1986.