1. UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS
INSTITUTO DE FILOSOFIA, CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS
DEPARTAMENTO DE FILOSOFIA
CURSO DE LICENCIATURA EM FILOSOFIA
Produção científica e publicação na graduação
Público- Alvo: Discentes de Graduação em Filosofia, Mestrandos PROF-FILO e
Professores da Educação Básica
Prof. Dr. Pedro Rodolfo Fernandes da Silva
Prof. Dr. Aldair Oliveira de Andrade
2. Produção Científica e Publicação
Ciência: processo de produção do conhecimento com base em ideias, que
confronta o que poderia ser feito com o que de fato é realizado, visando
soluções (JACOB, 1997). A ciência é, provavelmente, a principal
realização e/ou conquista do século XX, sobretudo no que se refere ao
seu crescimento e desenvolvimento.
A ciência é simultaneamente um saber teórico (explica o real) e
um poder prático (maneja o real pela técnica). A ciência apreende
seus objetos como fenômenos – ela se atém a essa
fenomenalidade. Busca estabelecer relações de causa e efeito
entre os fenômenos (SEVERINO, 2013).
No Brasil, o desenvolvimento da produção científica se deu em razão dos
serviços e produtos derivados da produção do conhecimento que
permitiram que o país crescesse e se tornasse membro integrante e
competitivo no mundo da produção científica mundial.
3. O que é artigo científico?
“[...] parte de uma publicação, com autoria declarada, que
apresenta e discute ideias, métodos, técnicas, processos e
resultados nas diversas áreas do conhecimento” (NBR 6022:2018)
“Artigo científico é um trabalho acadêmico que apresenta
resultados sucintos de uma pesquisa realizada de acordo com
o método científico aceito por uma comunidade de pesquisadores.
Por esse motivo, considera-se científico o artigo que foi submetido
a exame por outros cientistas, que verificam as informações, os
métodos e a precisão lógico-metodológica das conclusões ou
resultados obtidos” (www.ufrgs.br/blogdabc/tudo-que-você-precisa-saber-para-escrever-e-publica-
artigos-científicos).
Resultado, produto da ciência. Comunicação do conhecimento.
Elementos constitutivos do artigo científico – NBR 6022:2018.
4. Erros comuns:
– Repetição da introdução.
– Repetição dos resultados.
– Discussão não baseada nos propósitos do estudo.
– Não esclarecer as implicações teóricas e práticas dos resultados.
– Discussão não baseada nos resultados.
– Hipóteses não discutidas explicitamente.
– Especulações não fundamentadas.
– Recomendações não baseadas nos resultados.
(www.ufrgs.br/blogdabc/tudo-que-você-precisa-saber-para-escrever-e-publica-artigos-científicos).
5. Principais critérios utilizados na avaliação de artigos científicos
Relevância (enquadramento do artigo): o artigo produzido se enquadra no escopo da
publicação? É importante uma pesquisa prévia de quais eventos e publicações
melhor se ajustam ao seu artigo produzido.
Originalidade – no geral os avaliadores são pessoas experientes que já possuem um
vasto conhecimento na área para detectar se um trabalho produzido é original ou é
apenas a junção de fragmentos de outros textos.
Mérito técnico-científico – atentar para a clareza da metodologia científica aplicada
e os resultados obtidos que sejam relevantes para a área de pesquisa.
Apresentação (conteúdo com forma) – atentar para as normas e modelos
estabelecidos pelo evento ou publicação. Desrespeitar as regras e formatos em
muitos casos pode resultar na reprovação do artigo
(www.ufrgs.br/blogdabc/tudo-que-você-precisa-saber-para-escrever-e-publica-artigos-científicos).
6. Organização e legibilidade: uma boa escrita, comunicação e utilização
de boas práticas e normas da área de pesquisa é essencial para que os
avaliadores possam entender de forma clara o trabalho.
Referências: sempre que forem utilizadas referências para
comparativos e direcionamento da pesquisa é obrigatório realizar a
citação e ao final organizar a lista de referências utilizadas.
Além desses, cada periódico poderá ter seus próprios critérios
específicos de avaliação, que no geral são discriminados na chamada
para submissão. Estudar esses critérios é a melhor forma de aumentar
as chances de publicação do artigo.
(www.ufrgs.br/blogdabc/tudo-que-você-precisa-saber-para-escrever-e-publica-artigos-científicos).
7. Publicação periódica técnica e/ou científica: publicação em
qualquer tipo de suporte, editada em unidades sucessivas, com
designações numéricas e/ou cronológicas e destinada a ser
continuada indefinidamente (NBR 6022:2018).
Qual a função da publicação científica?
Atender ao ‘produtivismo’?
A publicação é a finalização da pesquisa, é a contribuição social
do autor, e é por meio dela que poderá ser “contada a história”
daquele estudo e seus respectivos achados (TRZESNIAK, 2009).
A escolha do periódico faz parte do processo de ‘contar a
história’, pois se elege o público com o qual se deseja
compartilhar e para o qual os dados serão úteis (BARATA, 2015).
8. O crescimento das publicações no Brasil decorre de
uma intensa pressão para publicar, uma vez que o
maior peso nas decisões sobre a avaliação dos
programas de pós-graduação é a produção científica
dos docentes. Ainda, progressão na carreira
universitária e nos institutos de pesquisa tem como
base a produção científica, o que influencia a
quantidade de pesquisadores ativos (FREITAS, 1998).
9. Apesar do crescimento da produção científica no Brasil,
ela ainda é pequena quando comparada à expansão do
ensino.
A literatura científica nos países desenvolvidos vem
registrando um crescimento significativo não observado no
Brasil.
Apesar de a produção científica nacional, de uma forma
geral, apresentar um aumento de aproximadamente 10%
ao ano, ainda há uma carência quando comparado a
países considerados desenvolvidos.
O Brasil ocupa a 13ª posição no ranking das publicações
científicas do mundo.
10. Entre 2000 e 2005 houve um aumento de 33% na citação de periódicos
científicos no Brasil, porém esse número estaria aquém do esperado
se comparado ao cenário das publicações científicas no exterior.
Desde o seu surgimento, as revistas ou periódicos científicos
constituem importantes canais de comunicação formal da ciência.
Como destacam Suehiro e Rueda (2009), esse tipo de publicação teve
início no século XVII, na Europa, com a criação das sociedades e
academias científicas.
A produção científica no Brasil tem sido veiculada,
predominantemente, em anais de congressos e revistas científicas.
A existência de um número muito pequeno de pesquisadores
publicando sistematicamente.
A produção e publicação estão concentrados em um grupo reduzido
de instituições localizadas nas regiões Sul e Sudeste.
11. Tabela 1: Produção Científica – Países selecionados e São Paulo – 2008 a 2010
País Total de Artigos % do Total
Brasil 94.622 55,6
São Paulo 43.535 25,5
México 28.233 16,6
Argentina 21.773 12,8
Chile 14.373 8,4
Colômbia 7.254 4,2
Venezuela 4.032 2,4
TOTAL (DOS PAÍSES) 170.287 100
FAPESP. Pesquisadores no Brasil publicam 56% dos artigos científicos originados na América Latina. Boletim nº 3, Novembro 2011.
12. O Amazonas aparece na 16ª posição.
https://portal.if.usp.br/ifusp/pt-br/not%C3%ADcia/panorama-da-produ%C3%A7%C3%A3o-cient%C3%ADfica-do-brasil-2011-2016
13. Qual é o impacto da pesquisa brasileira?
O número de citações que uma publicação de pesquisa (paper) recebe reflete o impacto que teve em pesquisas posteriores.
As publicações científicas citam documentos anteriores para validar uma contribuição intelectual. Portanto, pode-se dizer
que uma publicação (ou uma coleção de publicações) com uma contagem de citações mais elevada teve um impacto maior
no campo de conhecimento ao qual se relacionou. No entanto, as taxas de citação também dependem da área de pesquisa
e da idade de uma publicação científica (os documentos mais antigos tiveram mais tempo para obter citações em
comparação com os mais recentes). Para explicar esses fatores, a contagem de citações de publicações
foi normalizada em relação à média mundial de citações esperada para o campo de conhecimento e o ano de publicação.
O impacto da citação do Brasil historicamente foi abaixo da média mundial, mas aumentou mais de 15% em relação aos
últimos seis anos
[1] Fonte dos dados: InCites – Clarivate Analytics Web of Science (2011-2016)
Ainda de acordo com o Relatório, o impacto do Brasil na produção científica mundial aumentou ano-a-ano de 0,73 em 2011 para 0,86 em 2016, um aumento de 18%.
Caso essa tendência atual seja mantida, em 2021, o Brasil atingirá a média global de 1,0. Hoje, o Brasil produz alguns artigos altamente citados e alcançou boas
taxas de citações entre os 1% dos artigos mais citados no mundo (aqueles com um impacto médio de citação maior ou igual a 4,0).
https://portal.if.usp.br/ifusp/pt-br/not%C3%ADcia/panorama-da-produ%C3%A7%C3%A3o-cient%C3%ADfica-do-brasil-2011-2016
14. Brasil é o país com mais publicação científica em acesso aberto
Relatório internacional mostra que 75% dos artigos em periódicos nacionais estão disponíveis
gratuitamente, em grande parte graças à biblioteca SciELO
Em 13º lugar entre os países que mais produzem artigos científicos no mundo, o Brasil tem a maior
porcentagem disponível gratuitamente e sem entraves via internet – o chamado acesso aberto. Os dados
estão em relatório publicado este mês pela Science-Metrix, uma empresa norte-americana dedicada a
avaliar atividades ligadas a ciência e tecnologia.
Dos artigos publicados em periódicos brasileiros, 74% têm acesso aberto. O fenômeno se deve em grande
parte à biblioteca virtual SciELO (sigla de Scientific Electronic Library Online), que reúne 283 periódicos brasileiros e
por volta de mil de outros países.
https://revistapesquisa.fapesp.br/brasil-e-o-pais-com-mais-publicacao-cientifica-em-acesso-aberto/
15. Referências
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR 6022:2018: Informação e documentação -Artigo em publicação periódica
técnica e/ou científica –Apresentação. ABNT: Rio de Janeiro, 2018.
BARATA, G. (2015). Em revisão: o impacto da produção científica brasileira para o Brasil. Ciência e Cultura, 67(4), 06-08.
FREITAS, M. H. A. (1998). Avaliação da produção científica: Considerações sobre alguns critérios. Psicologia Escolar e
Educacional, 2(3), 211-228.
GUEDES, M.C. (2011). Equívocos na publicação científica: algumas considerações. Psicologia USP, 22(2), 387-398.
JACOB, F. La souris, la mouche et l’homme. Paris: Odile Jacob, 1997.
JACOBSEN, Priscila. Tudo que você precisa saber para escrever e publicar artigos científicos. Disponível em:
https://www.ufrgs.br/blogdabc/tudo-que-voce-precisa-saber-para-escrever-e-publicar-artigos-cientificos/
SEVERINO, Antônio Joaquim. Metodologia do trabalho científico. [livro eletrônico – e - PUB]. 1ª ed. São Paulo: Cortez, 2013.
SISTEBIB UFAM. Como Construir um Artigo Cientifico. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=lHwU1KWCBT4 Acesso em
10/09/2020.
SUEHIRO, A. C. B., & RUEDA, F. J. M. Revista Avaliação Psicológica: Um estudo da produção científica de 2002 a
2007. Revista Avaliação Psicológica, 2009, 8 (1), 131-139.
TRZESNIAK, P. (2009): A estrutura editorial de um periódico científico. In: A. A. Z. P. Sabadini, M. I. C. Sampaio, & S. H. Koller (Orgs.) Publicar
em psicologia: um enfoque para a revista científica (pp. 87-102). São Paulo: Associação Brasileira de Editores Científicos de Psicologia;
Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo.