O documento discute a gestão editorial de periódicos acadêmicos no Brasil, abordando desafios atuais como a profissionalização, internacionalização e sustentabilidade financeira. A autora reflete sobre sua experiência como editora de uma revista de educação e propõe ações conjuntas entre editores para enfrentar problemas como o excesso de produtivismo e falta de apoio às publicações acadêmicas.
Angela Maria Belloni Cuenca, Milena Maria de Araújo Lima Barbosa, Ivan França...
Gestão editorial de periódicos: desafios e perspectivas
1. GESTÃO EDITORIAL DE PERIÓDICOS:
ESTADO ATUAL, IMPASSES, DESAFIOS E
PERSPECTIVAS
Teresa Cristina Rego
Profa. Livre-Docente da Universidade de São Paulo
teresare@usp.br
Evento SciELO 15 ANOS
São Paulo, outubro de 2013
2. 1. OBJETIVOS DA EXPOSIÇÃO:
Refletir sobre os seguintes temas:
1.
Métodos qualitativos e quantitativos de avaliação e
comunicação da produção científica e as
especificidades da área de humanas;
2.
Profissionalização da gestão editorial de periódicos:
desafios e perspectivas;
3.
Dimensões e impasses da internacionalização no
cenário contemporâneo.
3. 2. PERSPECTIVAS DA ANÁLISE:
PLANO MACRO EDITORIAL: como membro do
comitê científico do SciELO Brasil, representante
dos editores da área de humanas.
Cabe ao comitê a formulação e aplicação das
políticas de avaliação para inclusão e permanência
de periódicos científicos na Coleção SciELO.
PLANO MICRO EDITORIAL: como editora-chefe da
Revista Educação e Pesquisa, ligada a Universidade
de São Paulo.
5. 4. O PREDOMÍNIO DA ÁREA DE
CIÊNCIAS DA SAÚDE E CIÊNCIAS
HUMANAS
Estado
Qde
Títulos
Ciências da Saúde
82
29,39%
Ciências Humanas
73
26,16%
Ciências Agrárias
38
13,62%
29
10,39%
20
7,17%
12
4,30%
12
4,30%
Engenharias
10
3,58%
Interdisciplinar
2
0,72%
Multidisciplinar
1
0,36%
Total
279
Ciências Sociais Aplicadas
Ciências Biológicas
Ciências Exatas e da Terra
Linguística, Letras e Artes
%
100%
6. 5. A PRODUÇÃO EM HUMANAS
Tradição: publicar livros e capítulo de livros;
Mais voltadas para os problemas nacionais, por isso estão menos
internacionalizadas e têm fator de impacto relativamente mais
baixo do que outras áreas;
Para as humanidades a "meia vida" de um artigo é mais longa. O
pico de citações acontece entre o quinto e o sexto ano de
publicação (para as exatas e biológicas acontece no segundo
ano);
Os periódicos brasileiros de humanas estão fazendo um grande
esforço para a internacionalização, fenômeno que aconteceu com
os periódicos das outras áreas em anos passados. Portanto,
não se trata de "atraso" da humanidades e sim um ciclo histórico
específico dessa área de conhecimento.
7. 6. A ATUAÇÃO NA REVISTA EDUCAÇÃO
E PESQUISA (Plano micro editorial)
8. 7. A REVISTA EDUCAÇÃO E PESQUISA
É
vinculada à Faculdade de Educação da USP
Periodicidade Trimestral (4 números por ano). Publica 49.3
artigos por ano (Critérios SciELO Brasil: 18)
Existe há 38 anos; É editada em versão impressa (1.000
exemplares) e eletrônica (todo acervo está digitalizado)
Financiamento: CNPQ, SIBI-USP, venda de assinaturas e
avulsas em livrarias, permutas entre bibliotecas; e outros
financiamentos
Alto índice de rejeição de artigos (82%)
No. de artigos vertidos para o inglês por volume: 3 a 5
É indexada nos mais importantes portais de busca e bases de
dados do país e do exterior
Recebeu sempre a pontuação máxima nas avaliações feitas
pela Qualis/Capes. Conceito A1- Educação
9. 8. ALGUNS DESAFIOS:
Educação e Pesquisa apresenta indicadores que poderiam envaidecer
qualquer corpo editorial, mas, na verdade, nos impõe grandes
desafios, tais como:
1.
Administrar o expressivo número de artigos submetidos e aumento do
volume de trabalho que envolve todo o processo de avaliação dos textos.
2.
Captar artigos de qualidade, dada a tradição ou fragilidade da produção
da área e também a migração de autores para a publicação em outros
periódicos internacionais, com maior índice de citação.
3.
Encontrar espaços de visibilidade entre dezenas, ou centenas, de
periódicos internacionais solidamente posicionados. Como podemos nos
posicionar de modo diferenciado no ambiente internacional, já saturado
de ofertas?
4.
Conseguir verter para o inglês a totalidade dos artigos publicados em
cada número (hoje vertemos cerca de 30%). Para isto temos que superar
problemas relacionados ao custeio destes serviços.
10. 9. AÇÕES:
Temos desenvolvido um conjunto de ações para:
1.
2.
3.
4.
aumentar a qualificação do que é publicado;
agilizar os processos de arbitragem dos artigos;
profissionalizar todo o fluxo de trabalho;
alcançar maior inserção e visibilidade do periódico no
cenário nacional e internacional.
11. 10.QUESTÃO PROPOSTA:
O painel A gestão das revistas e o SciELO tem
por objetivo debater as linhas de ação do SciELO
desde o ponto de vista dos editores.
“Quais serviços e ações se espera do SciELO
para que sua revista fortaleça o
profissionalismo, a internacionalização e
sustentabilidade dos processos editoriais?”
12. 11. AS LINHAS DE AÇÃO PROPOSTA NO
DOCUMENTO
O documento encaminhado (versão preliminar,
elaborada em Santiago do Chile em setembro de
2013) apresenta três linhas de ação para os anos
de 2014 a 2016 visando incrementar a visibilidade
assim como apoiar o desenvolvimento dos
periódicos indexados na Rede Scielo:
profissionalização
internacionalização
sustentabilidade financeira
13. 12. A POLÍTICA DE AVALIAÇÃO DA
PRODUÇÃO CIENTÍFICA E SEUS
NEFASTOS IMPACTOS SOBRE OS
PERIÓDICOS
A
estrutura da produção científica da qual o universo das
revistas indexadas faz parte;
O problema da produção e comunicação científica no
contexto contemporâneo;
As especificidades da publicação nas ciências humanas
O ciclo perverso do produtivismo e o mal estar na academia;
14. 13. SUGESTÃO PARA COMPLEMENTAR
O DOCUMENTO
Incluir: Ação política, no que diz respeito ao sistema de
produção, avaliação e comunicação da ciência.
1.Proporcionar uma integração entre os editores (atuar em
rede, já que temos interesses em comuns e enfrentamos
dificuldades semelhantes);
2.Estimular para que, desta interação entre os editores, nasça
um fórum permanente, um espaço para a troca de
ideias, experiências e, principalmente, para a soma de esforços
no sentido de encontrar, juntos, alternativas para fazer frente ou
atenuar os efeitos perversos do produtivismo que hoje assombra
a qualidade da produção e da comunicação científica.
3.Fomentar o desenvolvimento de políticas públicas, auxiliar na
criação de linhas de apoio das agências de fomento, bem como
a criação de programas específicos voltados à produção e
divulgação científica de qualidade.