O documento explica o que é um projeto de pesquisa, sua estrutura e como elaborá-lo. Um projeto de pesquisa deve conter uma introdução com objetivos, perguntas e hipóteses; fundamentação teórica; metodologia; cronograma; referências e anexos. Cada seção deve responder perguntas específicas como o que será feito, por que será feito e como será feito. O projeto deve seguir normas de formatação e apresentação.
1. I PROJETO DE PESQUISA: O QUE É E COMO SE FAZ
O projeto de pesquisa é elaborado para informar sobre e explicar a pesquisa que se
pretende realizar, constituindo-se no mapeamento do caminho que será percorrido
durante a pesquisa. A estrutura composicional do projeto é composta pelos
seguintes itens:
1. introdução [objetivos e perguntas de pesquisa, hipóteses (se houver),
justificativa];
2. fundamentação teórica;
3. metodologia;
4. cronograma de atividades;
5. referências;
6. anexos.
O desenvolvimento desses itens é feito por meio de um “todo coeso e coerente”, ou
seja, por meio de um TEXTO. Em outras palavras, NÃO É TOPICALIZAÇÃO de
texto.
1 Introdução e conteúdo da introdução
A introdução é a elaboração de um texto no qual se apresenta a pesquisa que será
realizada. Aqui se respondem às seguintes perguntas:
a) o que vou fazer?
Responder a essa pergunta consiste em informar genericamente o tema e a linha de
pesquisa em que está inserida a pesquisa, anuncia a idéia básica e delimita o foco,
2. ou seja, estará falando do contexto mais amplo da problemática que envolve a(s)
questão(ões) da pesquisa;
b) por que ou para que vou fazer?
Responder a essa pergunta consiste em apresentar, de forma clara, objetiva e rica
em detalhes, as razões de ordem teórica ou prática que justificam a realização da
pesquisa. Essas razões constituem-se em três justificativas:
de relevância pessoal: motivos pessoais que levaram a escolher o tema ou a
realizar a pesquisa.
Ex: Um professor-alfabetizador tem sérios problemas em sala, pois alguns de seus
alunos têm certa dificuldade em aprender as sílabas complexas. Então, ele parte
para a investigação dos possíveis motivos que ocasionam essa dificuldade, para
tentar resolver o problema.
Nessa resposta, incluem-se também informações sobre autores que desenvolveram
trabalhos referentes ao tema ou sobre o estágio de desenvolvimento das pesquisas
na área;
de relevância científica: motivos científicos que levaram a pesquisar o tema.
Ex.: considera-se aqui o exemplo anterior: antes de começar a investigação,
aquele professor procurou resolver o problema por meio de leituras de
trabalhos científicos que se relacionavam ao problema, mas o que encontrou
não foi suficiente para resolver as dificuldades dos alunos, apenas ajudou.
Isso quer dizer que há uma “lacuna” na literatura científica, ou seja, ausência
de trabalhos científicos que tratem o problema. O preenchimento dessa
“lacuna” terá, portanto, relevância científica, pois trará contribuições no
sentido de proporcionar respostas aos problemas propostos ou ampliar as
formulações teóricas a esse respeito;
de relevância social: motivos sociais que levaram a realização da pesquisa.
Os motivos sociais estão diretamente relacionados ao papel da pesquisa
desempenha na sociedade.
Ex.: Toma-se novamente o exemplo do professor: ao tentar resolver os
problemas que ele tem em sala de aula, ele está também tentando resolver as
dificuldades de seus alunos, pessoas que fazem parte de uma sociedade. E
mais: os resultados da pesquisa poderão ajudar outros professores que
3. tenham os mesmos problemas e, conseqüentemente, ajudar outros alunos
que tenham as mesmas dificuldades. Diga-se, então, que a pesquisa tem
relevância social, pois possibilitará modificações no âmbito da realidade
proposta pelo tema.
c) o que pretendo mostrar com a pesquisa (qual é o objetivo)?
Ao responder a essa pergunta apresenta-se o objetivo de forma geral e específica
da pesquisa que será desenvolvida:
o objetivo geral define o que o pesquisador pretende atingir com sua
investigação;
os objetivos específicos definem etapas do trabalho a serem realizadas para
que se alcance o objetivo geral. Os objetivos podem ser: exploratórios,
descritivos e explicativos. Ao escrever os objetivos usam-se verbos. O Quadro
1 descreve alguns dos verbos que correspondem aos tipos de objetivos.
QUADRO 1- TIPOS DE OBJETIVOS E VERBOS UTILIZADOS
Tipos de objetivos Verbos usados
exploratórios conhecer, identificar, levantar, descobrir
descritivos caracterizar, descrever, traçar, determinar
explicativos analisar, avaliar, verificar, explicar
Seguido aos objetivos, apresentam-se também as perguntas de pesquisa e a
hipótese. As perguntas estão diretamente relacionadas aos objetivos, cujas
respostas constituirão o resultado da pesquisa. A elaboração da hipótese é
constituída por uma pré-solução formulada pelo pesquisador para o problema
levantado. É uma suposição, afirmação categórica, sobre a ocorrência do problema.
O trabalho de pesquisa, então, irá confirmar ou refutar a hipótese (ou suposição)
levantada.
Ex.: Retoma-se o exemplo do professor-alfabetizador.
Tema: Dificuldades de aprendizagem de sílabas complexas.
Hipótese: as dificuldades de aprendizagem das sílabas complexas estão no fato de
o método adotado não considerar aspectos fônicos (suposição levantada pelo
professor-alfabetizador).
4. 2 Fundamentação teórica e conteúdo da fundamentação
Nesse item, faz-se uma apresentação sucinta dos pressupostos teóricos que serão
utilizados para apoiar (ou dar suporte a) o problema de pesquisa.
Isso se faz respondendo às seguintes perguntas:
a) o que já foi feito sobre o tema?
b) quem fez?
A resposta é dada por meio de resenha descritiva, na qual serão citados os autores,
seus respectivos trabalhos, o assunto que desenvolveram (discutiram, analisaram...)
e a conclusão a que chegaram.
Aqui é preciso atentar-se para os seguintes aspectos:
a citação das principais conclusões a que outros autores chegaram permite
salientar a contribuição da pesquisa realizada, demonstrar contradições ou
reafirmar comportamentos e atitudes;
a literatura indicada deverá ser atual e condizente com o problema em estudo.
Geralmente os autores têm muitos trabalhos, aqui serão citados apenas
aqueles trabalhos que estão diretamente relacionados à presente pesquisa;
3 Metodologia e conteúdo da metodologia
Nesse item, faz-se a caracterização e a descrição da pesquisa. Responde-se às
perguntas:
a) qual é o tipo de pesquisa que será feita (bibliográfica, interpretativista,
etnográfica, documental, de campo)?
b) onde coletar os dados (escola, ambiente de trabalho, empresas, livros, Internet,
jornais, revistas etc.)?
c) como coletar os dados? [com participantes (pessoas que serão pesquisadas),
por meio de questionários, entrevistas, observações]; pesquisas bibliográficas, por
meios eletrônicos, impressos, formulários, documentos, periódicos? Aqui, é preciso
anotar TODOS os PASSOS dados na coleta (procedimentos de coleta). O que foi
feito primeiro, depois, etc. Se for observação: relatório dos itens a serem
observados; se questionários: tipos de perguntas a serem feitas (abertas ou
fechadas); se entrevistas: quanto tempo durará, tipos de perguntas, o que usará
(gravador), normas de transcrição utilizadas etc. Se for impresso (livro, jornais,
5. revistas, Internet): o critério utilizado para escolher este e não aquele texto, tipo de
leitura que foi feita (seletiva, crítica ou reflexiva, analítica ) etc.
4 Cronograma de atividades
O Cronograma é a previsão do tempo (meses, ano) que será gasto na realização do
trabalho de acordo com as atividades a serem cumpridas. As atividades e os
períodos serão definidos a partir das características de cada pesquisa e dos critérios
adotados pelo autor do trabalho. Os períodos podem estar divididos em dias,
semanas, quinzenas, meses, bimestres, trimestres etc. Estes serão definidos pelos
critérios de tempo adotados e determinados pela instituição (faculdade, órgão de
financiamento da pesquisa etc.) e pelo pesquisador.
A elaboração do cronograma responde à pergunta: quando vou fazer? A pesquisa
deve ser dividida em partes, fazendo-se a previsão do tempo necessário para passar
de uma fase a outra. Não se deve esquecer de que determinadas partes podem ser
executadas simultaneamente, enquanto outras dependem das fases anteriores. É
preciso distribuir o tempo total disponível para a realização da pesquisa, incluindo
nesta divisão a sua apresentação gráfica. O Quadro 2 é um exemplo de Cronograma
de Atividades.
QUADRO 2 – EXEMPLO DE CRONOGRAMA DE ATIVIDADES
ATIVIDADES
MÊS/ANO
01/
10
02/
10
03/
10
04/
10
05/
10
06/
10
07/
10
08/
10
09/
10
10/
10
11/
10
Levantamento de literatura X
Montagem do projeto X
Coleta de dados X X X
Tratamento dos dados X X X X
Elaboração da 1ª versão X X X
Elaboração da 2ª versão X
Revisão do texto X
Entrega da pesquisa X
6. 5 Referências
Aqui, responde-se à pergunta:
a)qual o material referencial utilizado?
Relaciona-se, obedecendo às normas da ABNT, as referências utilizadas na
pesquisa (livros, artigos, revistas, sites, DVD etc.).
6 Anexos (opcional)
Pode-se anexar qualquer tipo de material ilustrativo, tais como tabelas, lista de
abreviações, documentos ou parte de documentos, resultados de pesquisas, etc.
que já se tenha em mãos.
II FORMATAÇÃO
A digitação e a formatação do projeto devem seguir as normas para normalização de
referências e de apresentação de trabalhos científicos e acadêmicos, a saber: NBR
6023:2002 Informação e documentação: referências – elaboração; NBR 6027:2003
Informação e Documentação: sumário – apresentação; NBR 6028:2003 Resumos –
procedimento; NBR 10520:2002 Informação e documentação: apresentação de citações em
documentos; NBR 14724:2005 Informação e documentação: trabalhos acadêmicos –
apresentação; NBR 12225: 2004 Títulos de lombada – procedimento.
III ORGANIZAÇÃO
1. capa;
2. folha de rosto;
3. resumo na língua vernácula;
4. sumário;
5. texto [introdução (objetivos e perguntas de pesquisa; hipóteses, justificativa);
fundamentação teórica; metodologia];
6. cronograma de atividades;
7. referências;
8. anexos (opcional).
7. Referências
ANDRADE, Maria Margarida de. Introdução à metodologia do trabalho científico. 6. ed. São
Paulo: Atlas, 2003.
GIL, Antonio Carlos. Métodos e técnicas de pesquisa social. São Paulo: Atlas, 2006.
DUDLEY-EVANS, Tony. Analysis Genre: an investigation of the introduction and
discussion sections of MSc dissertations. Talking about text: studies presented to David
Brazil on his retirement. Birmingham: University of Birmingham, 1988. p. 128-145.
CROOKES, Graham. Towards a validated analysis of scientific text structure. Apllied
Linguistics. v. 7, n. 1. Oxford: University Press, 1986. p. 57-70.
LAKATOS, E. M.; MARCONI, M de Andrade. Metodologia científica. 4. ed. São Paulo: Atlas,
2004.
MOROZ, Melania; GIANFALDONI, Mônica Helena Tiepo Alves. O processo de pesquisa:
iniciação. Brasília: Plano, 2002.
MINAYO, Maria Cecília de Souza. Pesquisa social: teoria, método e criatividade.
Petrópolis, RJ: Vozes, 2002.
SWALES, John. Genre Analysis: english in academic and research settings.
Cambridge: Cambridge University Press, 1990
WIDDOWSON, Henry G. Exploration in applied linguistics. Oxford: Oxford, University
Press, 1979.