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28 CAPITULO 1 
requerimentos é que nenhuma dessas técnicas pode ser usada retornaremos a ela no Capítulo 3. 
para estudar células vivas. Ape.sar dessas limitações, a micros- Tal discussão é resumida pelo primeiro postulado da mecâ-copia 
eletrônica é muito útil em estudos da estrutura interna de nica quântica. 
células (Fig. 1.8). ^ Postulado I O estado do sistema fica descrito, tão completa­mente 
quanto possível, pela função de onda y/(r,, r2, . . . ). 
Os postulados 
Vimos que a física clássica foi incapaz de explicar os resultados 
de vários experimentos que envolvem radiação eletromagnética 
e partículas tão pequenas quanto elétrons e átomos. Embora o 
trabalho de Einstein e de Broglie tenha explicado com sucesso 
alguns desses fenómenos, logo se tornou claro que o desenvol­vimento 
de uma nova teoria da matéria se fazia necessário, para 
se entender o comportamento de todas as formas conhecidas da 
matéria, inclusive elétrons, átomos e moléculas. A nova teoria 
da matéria que se desenvolveu é chamada de mecânica quân­tica. 
No sistema de mecânica que estamos prestes a apresentar, 
não deve ser tão surpreendente que a constante de Planck de­senvolva 
um papel importante, dada a sua presença na condição 
de frequência de Bohr (Eq. 1.1), no efeito fotoelétrico (Eq. 1.2) e 
na relação de Broglie (Eq. 1.3). 
Há duas abordagens para a introdução formal da mecânica 
quântica. Uma é ver a teoria surgir gradualmente do trabalho 
de Planck, Einstein, Heisenberg, Schrõdinger e Dirac, na qual o 
experimento e a intuição, juntos, determinam a forma da teoria. 
A outra abordagem é procurar um ponto no tempo no qual a 
teoria já tenha sido bem desenvolvida e olhar para sua estrutura 
subjacente. Adotamos a segunda abordagem aqui e mostramos 
como a mecânica quântica pode ser expressa e desenvolvida em 
termos de um pequeno conjunto de princípios ou postulados 
básicos. 
1.4 Postulado I: a função de onda 
A mecânica quântica reconhece a dualidade onda-partícula 
da matéria admitindo que, em vez de se deslocar ao longo de 
uma trajetória definida, uma partícula se distribui pelo espaço 
como uma onda. Esta observação, que pode parecer misteriosa, 
é interpretada e desenvolvida mais completamente a seguir. A 
representação matemática da onda, que na mecânica quântica 
substitui o conceito clássico de trajetória, é denominada fun­ção 
de onda, f (psi). Uma premissa fundamental da mecânica 
quântica é de que a função de onda contém informação sobre 
todas as propriedades do sistema que estão sujeitas à determi­nação 
experimental. 
A função de onda depende das coordenadas espaciais (r,, r2, 
. . . ) de todas as partículas (1, 2, . . . ) que constituem o sistema e, 
em geral, do tempo t. A função de onda f ( r 1 ; r2 , í) é cha­mada 
de função de onda dependente do tempo. Quando não 
estamos preocupados com a evolução do sistema ao longo do 
tempo, usamos a função de onda independente do tempo j/ 
(r,, r2 , . . . ) . Ao longo deste capítulo, iremos considerar somente 
as funções de onda independentes do tempo e a dependência 
da função de onda com o tempo será discutida no Capítulo 4. 
A função de onda pode também depender dos estados de spin 
das partículas, porém ignoraremos esta propriedade por ora e 
Precisamos saber como calcular a função de onda de qualquer 
sistema e como extrair informações dela. Trataremos primeira­mente 
da última questão. 
1.5 Postulado II: a interpretação de Born 
A função de onda contém toda a informação sobre a dinâmi­ca 
do sistema que ela descreve. Vamos nos concentrar aqui na 
informação que ela carrega a respeito da localização das par­tículas^ 
Para simplificar, vamos considerar inicialmente que o 
sistema seja composto de uma única partícula e que a função de 
onda seja simplesmente y/(r) ou, abreviadamente, y/. 
A interpretação da função de onda baseia-se em uma suges­tão 
feita por Max Born, que fez uma analogia com a teoria on­dulatória 
da luz. Nesta teoria, o quadrado da amplitude de uma 
onda eletromagnética, em uma certa região do espaço, é inter­pretado 
como sua intensidade e, portanto (em termos quânti­cos), 
como medida da probabilidade de se encontrar um fóton 
nessa região do espaço. A interpretação de Born da função de 
onda opera com o quadrado da função de onda (ou o quadrado 
do módulo, | i / / | 2 = yf*y/, se y/for uma função complexa): 
Postulado I I ' Para um sistema descrito pela função de onda 
y/(r), a probabilidade de encontrar a partícula no elemento 
de volume df em r é proporcional à 11//'21 d r. 
(O Postulado I I ' , que é relevante para um sistema composto 
por uma única partícula, é um caso especial do Postulado I I , 
mais geral, apresentado a seguir.) Assim, | y/|2 é a densidade de 
probabilidade e, para se obter a probabilidade, é preciso mul­tiplicá- 
la pelo volume da região infinitesimal àx (Fig. 1.9). A 
função de onda y/é chamada de amplitude de probabilidade. 
No final desta seção, o apóstrofo no número desse postulado 
será descartado quando o generalizarmos para mais de uma 
partícula. 
Fig. 1.9 A interpretação de Born da função de onda em 
um espaço tridimensional implica que a probabilidade de 
encontrar a partícula no elemento de volume dr = dxàydz, em 
uma certa posição r, é proporcional ao produto de dr e o valor 
de | i / | 2 naquela posição.

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A nova teoria da matéria que se desenvolveu é chamada de mecânica quân­tica. No sistema de mecânica que estamos prestes a apresentar, não deve ser tão surpreendente que a constante de Planck de­senvolva um papel importante, dada a sua presença na condição de frequência de Bohr (Eq. 1.1), no efeito fotoelétrico (Eq. 1.2) e na relação de Broglie (Eq. 1.3). Há duas abordagens para a introdução formal da mecânica quântica. Uma é ver a teoria surgir gradualmente do trabalho de Planck, Einstein, Heisenberg, Schrõdinger e Dirac, na qual o experimento e a intuição, juntos, determinam a forma da teoria. A outra abordagem é procurar um ponto no tempo no qual a teoria já tenha sido bem desenvolvida e olhar para sua estrutura subjacente. Adotamos a segunda abordagem aqui e mostramos como a mecânica quântica pode ser expressa e desenvolvida em termos de um pequeno conjunto de princípios ou postulados básicos. 1.4 Postulado I: a função de onda A mecânica quântica reconhece a dualidade onda-partícula da matéria admitindo que, em vez de se deslocar ao longo de uma trajetória definida, uma partícula se distribui pelo espaço como uma onda. Esta observação, que pode parecer misteriosa, é interpretada e desenvolvida mais completamente a seguir. A representação matemática da onda, que na mecânica quântica substitui o conceito clássico de trajetória, é denominada fun­ção de onda, f (psi). Uma premissa fundamental da mecânica quântica é de que a função de onda contém informação sobre todas as propriedades do sistema que estão sujeitas à determi­nação experimental. A função de onda depende das coordenadas espaciais (r,, r2, . . . ) de todas as partículas (1, 2, . . . ) que constituem o sistema e, em geral, do tempo t. A função de onda f ( r 1 ; r2 , í) é cha­mada de função de onda dependente do tempo. Quando não estamos preocupados com a evolução do sistema ao longo do tempo, usamos a função de onda independente do tempo j/ (r,, r2 , . . . ) . Ao longo deste capítulo, iremos considerar somente as funções de onda independentes do tempo e a dependência da função de onda com o tempo será discutida no Capítulo 4. A função de onda pode também depender dos estados de spin das partículas, porém ignoraremos esta propriedade por ora e Precisamos saber como calcular a função de onda de qualquer sistema e como extrair informações dela. Trataremos primeira­mente da última questão. 1.5 Postulado II: a interpretação de Born A função de onda contém toda a informação sobre a dinâmi­ca do sistema que ela descreve. Vamos nos concentrar aqui na informação que ela carrega a respeito da localização das par­tículas^ Para simplificar, vamos considerar inicialmente que o sistema seja composto de uma única partícula e que a função de onda seja simplesmente y/(r) ou, abreviadamente, y/. A interpretação da função de onda baseia-se em uma suges­tão feita por Max Born, que fez uma analogia com a teoria on­dulatória da luz. Nesta teoria, o quadrado da amplitude de uma onda eletromagnética, em uma certa região do espaço, é inter­pretado como sua intensidade e, portanto (em termos quânti­cos), como medida da probabilidade de se encontrar um fóton nessa região do espaço. A interpretação de Born da função de onda opera com o quadrado da função de onda (ou o quadrado do módulo, | i / / | 2 = yf*y/, se y/for uma função complexa): Postulado I I ' Para um sistema descrito pela função de onda y/(r), a probabilidade de encontrar a partícula no elemento de volume df em r é proporcional à 11//'21 d r. (O Postulado I I ' , que é relevante para um sistema composto por uma única partícula, é um caso especial do Postulado I I , mais geral, apresentado a seguir.) Assim, | y/|2 é a densidade de probabilidade e, para se obter a probabilidade, é preciso mul­tiplicá- la pelo volume da região infinitesimal àx (Fig. 1.9). A função de onda y/é chamada de amplitude de probabilidade. No final desta seção, o apóstrofo no número desse postulado será descartado quando o generalizarmos para mais de uma partícula. Fig. 1.9 A interpretação de Born da função de onda em um espaço tridimensional implica que a probabilidade de encontrar a partícula no elemento de volume dr = dxàydz, em uma certa posição r, é proporcional ao produto de dr e o valor de | i / | 2 naquela posição.