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Unidade 1A: História Natural da Infecção por HIV; Primo-infecção
por HIV; Diagnóstico

Plano de Aula
Materiais
Slides Unidades 1A

Tempo de Duração: 60 minutos

Desenvolvimento da Aula
Conteúdo

Recursos

Objectivos de Aprendizagem

Slide 2

História Natural da Infecção e Riscos

Slide 3

Risco de progressão para SIDA e Risco de IO

Slides 4 e 5

Caso Clínico
laboratoriais

1:

Primo-infecção

por

HIV

Testes Slides 6 a 15

Risco de transmissão de HIV segundo o estadio

Slide 16

Testagem como Estratégia de Prevenção

Slide 17

Pontos Chave

Slide 18

No fim da unidade, os participantes deverão ser capazes de:
•

Descrever a história natural da infecção por HIV (sem a intervenção do TARV)

•

Conhecer o quadro clínico da infecção primaria por HIV, assim como a resposta de
anticorpos e antigénios/carga viral que acontece durante este período e a evolução
dos resultados dos testes de HIV

•

Compreender a importância da testagem para HIV como parte dos cuidados e
prevenção da infecção por HIV
Slide 2

Slide 1
Slide 3

Este é um esquema ou representação gráfica do
que pode acontecer ao longo da evolução da
infecção por HIV (história natural da infecção), de
uma forma geral. Há muita variabilidade entre
indivíduos quando se trata de progressão da
doença.
O gráfico representa:
Eixo X: O tempo de evolução da doença. Observe
que a primeira parte do gráfico mostra o tempo
de evolução numa escala de semanas. Isto é para
permitir a representação do que acontece
durante a infecção primária e os primeiros
momentos após a entrada do vírus. Depois o
gráfico mostra o tempo numa escala de anos.
Eixo Y: A esquerda a contagem de CD4
expressada em num de células por μl; a direita a
carga viral expressada em número de cópias por
ml.
A linha azul mostra a evolução na contagem de
CD4 desde a infecção primaria até as fases finais
da doença. Durante a infecção primária o
paciente sofre uma redução importante na
contagem de CD4, que após as primeiras
semanas
vai
recuperar
parcialmente,
estabilizando-se. A partir desse momento, a
contagem vai se reduzindo, com uma perda anual
promédio de 80 cels/mm³.
A linha vermelha representa a carga viral.
Durante as primeiras semanas pode-se apreciar
um aumento muito marcado da carga viral, que
corresponde com a infecção primária. Depois
desse período, e como consequência da resposta
imune do organismo, a carga viral é controlada
num certo nível, conhecido como “set point”
viral. A carga viral pode permanecer estável (o
com ligeira tendência ao aumento) ao longo de
muitos anos. Seu aumento nas fases mais
avançadas, corresponde com a aparição dos
sintomas constitucionais, e das infecções
oportunistas.
A duração do período de latência clínica pode
variar. O objectivo é de fazer com que as pessoas
entrem no cuidado o mais cedo possível, antes do
desenvolvimento de sintomas ou complicações.
Slide 4

Neste outro gráfico mostra-se um cálculo de risco
de progressão da doença para SIDA.
Este é um gráfico tridimensional, pelo que nele
vem representados 3 eixos:
Eixo Y: Mostra o risco de evolução para SIDA nos
3 anos seguintes expressado como uma
percentagem
Eixo X: Mostra a carga viral expressada em
cópias/ml, e estratificada em 5 grupos (> 30.000
cópias; 30.000-10.000 cópias; 10.000-3.000
cópias; 3.000-500 cópias; <500 cópias)
Eixo Z: Representa a contagem de CD4
expressada em células/ μl, e estratificada em 3
grupos (> 350 cels/ μl; 350-200 cels/ μl; < 200
cels/ μl)
Exemplos: Os pacientes com contagem de CD4 <
200 cels/ μl e Carga viral > 30.000 cópias/ml têm
um risco maior do que 85% de progredir para
SIDA nos próximos 3 anos.
Nos pacientes com contagens de CD4 > 350 cels/
μl e Carga Viral < 500 cópias/ml o risco de
progressão para SIDA e de 1.7%.
Uma possível pergunta dos participantes é
relacionada com a ausência de resultados de
cálculo de risco em algumas categorias. Por
exemplo, o gráfico não mostra o risco de
progressão para SIDA dos pacientes com
Contagens de CD4 baixas e Carga Viral também
baixa. A resposta para esta pergunta, e que não é
muito provável a existência desse caso, em
ausência de TARV. Como já vimos no gráfico da
diapositiva anterior, o aumento da carga viral
corresponde com o declínio na contagem de CD4.
Slide 5
Slide 6

O gráfico nesta diapositiva mostra em que
momento é esperável a aparição das diferentes
doenças (oportunistas ou não) na medida em que
se produz a depleção de CD4.
No primeiro período (CD4 > 500 cels/μl), não e
esperável a aparição de doenças ou condições
relacionadas com o HIV.
No período intermédio (CD4 500-200 cels/μl)
começam a aparecer as chamadas manifestações
muco-cutâneas menores, nomeadamente tinha,
dermatite, verrugas, prurigo nodularis, herpes
zóster. Também são frequentes as infecções de
vias
respiratórias
recorrentes
(sinusite,
pneumonias), a candidíase oral e a Tuberculose.
No período avançado (< 200 cels/μl) e quando
aparecem as verdadeiras infecções e condições
oportunistas, nomeadamente PCP, Meningite
criptocócica, Toxoplasmose cerebral, infecção
disseminada por CMV, MAC...

Instruções para o facilitador
Pergunte aos participantes o que pode ser este
caso clínico. A seguir apresenta as informações
relativas à primo-infecção por HIV
NOTA: Procurar uma foto melhor sobre infecção
aguda por HIV
Slide 7
Slide 8
Slide 9

O quadro clínico da infecção aguda por HIV foi
bem caracterizado pela primeira vez em 1985,
por um grupo de investigadores australianos.
Esta equipa levava a cabo um estudo prospectivo
com uma série de homens seronegativos
homossexuais que eram considerados de alto
risco para adquirir a infecção por HIV.
Um total de 12 homens desta serie, fez seroconversão (adquiriu HIV e o seu teste serológico
virou positivo). Dos 12, 11 tiveram um quadro
clínico de duração limitada, muito semelhante a
uma Mononucleose Infecciosa ou uma gripe,
prévio à seroconversão.
O quadro clínico foi descrito como um quadro
agudo com febre, suores, cefaleia, mal-estar,
artromialgias, linfadenopatia generalizada e
erupção cutânea maculo-papular ao nível do
tronco.

Outros estudos posteriores multicêntricos e com
amostras de pacientes maiores têm permitido
descrever com detalhe os sinais e sintomas
característicos da infecção aguda por HIV e sua
frequência de aparição.
Esta diapositiva descreve os sintomas presentes
na maior parte dos pacientes.

Esta diapositiva mostra uma lista de sinais e
sintomas que não são tão comuns como os
anteriores, mas cuja aparição deve fazer
suspeitar da primo-infecção por HIV, por serem
mais específicos. E o caso das úlceras orais ou
genitais.
Não devemos esquecer que o vírus do HIV é um
vírus com elevada afinidade pelo Sistema
Nervoso Central, pelo que os episódios de
meningite asséptica, especialmente quando
associados a outros sinais como a erupção
cutânea ou as úlceras orais ou genitais, devem
nos fazer suspeitar de infecção aguda pelo HIV.
Slide 10

Paciente de raça negra com suspeita de primoinfecção por HIV e erupção maculo-papular no
tronco.

Slide 11

Paciente de raça branca, com discreta erupção
macular, no contexto duma primo-infecção por
HIV.

Slide 12

Paciente com ulceras orais discretas, no contexto
duma primo-infecção por HIV.
Slide 14

Slide 13

Instruções para o facilitador:
Faça a pergunta que aparece na diapositiva.
Recolha as respostas. A seguir apresente as
informações na diapositiva a seguir

Este gráfico mostra a evolução da carga viral, dos
anticorpos contra o HIV e do antígeno P24
durante as primeiras semanas após a entrada do
vírus no corpo. O gráfico também mostra o
intervalo em que os sintomas de primo-infecção
estão presentes.
Como já vimos no gráfico que mostra a história
natural da infecção por HIV, após a entrada do
vírus no corpo, acontece um pico de viremia
máximo, que depois vai ser controlado pelo
organismo. Este pico de viremia coincide com a
aparição dos sinais/sintomas de doença aguda
(quando estão presentes).
Quase em paralelo, o antigénio viral P24, uma
proteína que forma parte da cápside do vírus,
pode ser detectado no sangue do paciente
infectado. Este antigénio ira desaparecer após as
primeiras semanas.
Os anticorpos contra o vírus do HIV, começam a
aparecer neste período. Inicialmente sua
quantidade não e importante, e os testes
serológicos convencionais não são capazes de
medir a presença destes anticorpos. Depois de
um período variável (semanas) chamado período
janela, as serologias para HIV viram positivas.
Slide 15
Slide 16

Pilcher C et al, J Clin Investigation 2004;113:937
Instruções para o facilitador:
Uma vez que os participantes compreendem a
diapositiva anterior, podemos mostrar a mesma
informação nesta outra gráfica.
Faça as seguintes perguntas aos participantes:
Qual e o primeiro teste que nos vai permitir fazer
o diagnóstico de infecção por HIV?
Qual e o teste que só é positivo nos primeiros
momentos da infecção por HIV?
Qual e o ultimo dos testes a tornar-se positivo?
Respostas:
A carga viral (quantitativo) ou também o teste de
PCR (qualitativo)
O antígeno P24
O ultimo dos testes a tornar-se positivo e a
serologia do HIV. O tempo desde que a infecção
esta presente ate que os testes serológicos são
capazes de demonstrar a presença do vírus,
chama-se período janela.

Cohen & Pilcher. J Infect Dis 2005; 191(9): 1391-3
Este gráfico corresponde a um estudo destes
autores. O estudo mostra um cálculo de riscos
(ou de probabilidades) de transmissão do HIV nas
diferentes fases ou estadios da infecção.
Podemos observar que o risco mais elevado de
transmitir a infecção se apresenta durante a fase
aguda (primo-infecção). Nesta etapa o paciente
fonte, é capaz de infectar a outra pessoa com
uma probabilidade de 1/50-1/250 (por cada 50 a
250 actos sexuais, um novo parceiro resultará
infectado).
Esta probabilidade e muito menor na fase
posterior, em que a carga viral e menor, e volta a
aumentar a medida que a infecção por HIV
progride e a carga viral volta a ser mais elevada.
Em resumo, devemos pensar na fase aguda ou
primo-infecção como numa fase de elevado risco
de transmissão. Infelizmente na maioria das
ocasiões não temos oportunidade de fazer o
diagnóstico precoce, e como resultado disso
perdem-se muitas oportunidades para a
prevenção.
Slide 17
Slide 18

Uma vez compreendido o conteúdo da anterior
diapositiva, é mais fácil entender a importância
de identificar as pessoas infectadas o mais cedo
possível, já que são geralmente aqueles que
desconhecem o seu seroestado, os responsáveis
por uma grande proporção da novas infecções.
Nos EUA, estima-se que aproximadamente o 75%
das pessoas infectadas por HIV, conhecem seu
seroestado. Isto quer dizer que 25%
desconhecem que são seropostivas.
Alguns estudos atribuem a responsabilidade da
metade das novas infecções ao 25% dos
pacientes que não sabem que estão infectados. O
conhecimento deste dado tem servido como
argumento para mudar as estratégias de
testagem para o HIV, e fazer com que o teste se
torne parte dos cuidados de saúde de rotina.

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  • 1. Unidade 1A: História Natural da Infecção por HIV; Primo-infecção por HIV; Diagnóstico Plano de Aula Materiais Slides Unidades 1A Tempo de Duração: 60 minutos Desenvolvimento da Aula Conteúdo Recursos Objectivos de Aprendizagem Slide 2 História Natural da Infecção e Riscos Slide 3 Risco de progressão para SIDA e Risco de IO Slides 4 e 5 Caso Clínico laboratoriais 1: Primo-infecção por HIV Testes Slides 6 a 15 Risco de transmissão de HIV segundo o estadio Slide 16 Testagem como Estratégia de Prevenção Slide 17 Pontos Chave Slide 18 No fim da unidade, os participantes deverão ser capazes de: • Descrever a história natural da infecção por HIV (sem a intervenção do TARV) • Conhecer o quadro clínico da infecção primaria por HIV, assim como a resposta de anticorpos e antigénios/carga viral que acontece durante este período e a evolução dos resultados dos testes de HIV • Compreender a importância da testagem para HIV como parte dos cuidados e prevenção da infecção por HIV
  • 3. Slide 3 Este é um esquema ou representação gráfica do que pode acontecer ao longo da evolução da infecção por HIV (história natural da infecção), de uma forma geral. Há muita variabilidade entre indivíduos quando se trata de progressão da doença. O gráfico representa: Eixo X: O tempo de evolução da doença. Observe que a primeira parte do gráfico mostra o tempo de evolução numa escala de semanas. Isto é para permitir a representação do que acontece durante a infecção primária e os primeiros momentos após a entrada do vírus. Depois o gráfico mostra o tempo numa escala de anos. Eixo Y: A esquerda a contagem de CD4 expressada em num de células por μl; a direita a carga viral expressada em número de cópias por ml. A linha azul mostra a evolução na contagem de CD4 desde a infecção primaria até as fases finais da doença. Durante a infecção primária o paciente sofre uma redução importante na contagem de CD4, que após as primeiras semanas vai recuperar parcialmente, estabilizando-se. A partir desse momento, a contagem vai se reduzindo, com uma perda anual promédio de 80 cels/mm³. A linha vermelha representa a carga viral. Durante as primeiras semanas pode-se apreciar um aumento muito marcado da carga viral, que corresponde com a infecção primária. Depois desse período, e como consequência da resposta imune do organismo, a carga viral é controlada num certo nível, conhecido como “set point” viral. A carga viral pode permanecer estável (o com ligeira tendência ao aumento) ao longo de muitos anos. Seu aumento nas fases mais avançadas, corresponde com a aparição dos sintomas constitucionais, e das infecções oportunistas. A duração do período de latência clínica pode variar. O objectivo é de fazer com que as pessoas entrem no cuidado o mais cedo possível, antes do desenvolvimento de sintomas ou complicações.
  • 4. Slide 4 Neste outro gráfico mostra-se um cálculo de risco de progressão da doença para SIDA. Este é um gráfico tridimensional, pelo que nele vem representados 3 eixos: Eixo Y: Mostra o risco de evolução para SIDA nos 3 anos seguintes expressado como uma percentagem Eixo X: Mostra a carga viral expressada em cópias/ml, e estratificada em 5 grupos (> 30.000 cópias; 30.000-10.000 cópias; 10.000-3.000 cópias; 3.000-500 cópias; <500 cópias) Eixo Z: Representa a contagem de CD4 expressada em células/ μl, e estratificada em 3 grupos (> 350 cels/ μl; 350-200 cels/ μl; < 200 cels/ μl) Exemplos: Os pacientes com contagem de CD4 < 200 cels/ μl e Carga viral > 30.000 cópias/ml têm um risco maior do que 85% de progredir para SIDA nos próximos 3 anos. Nos pacientes com contagens de CD4 > 350 cels/ μl e Carga Viral < 500 cópias/ml o risco de progressão para SIDA e de 1.7%. Uma possível pergunta dos participantes é relacionada com a ausência de resultados de cálculo de risco em algumas categorias. Por exemplo, o gráfico não mostra o risco de progressão para SIDA dos pacientes com Contagens de CD4 baixas e Carga Viral também baixa. A resposta para esta pergunta, e que não é muito provável a existência desse caso, em ausência de TARV. Como já vimos no gráfico da diapositiva anterior, o aumento da carga viral corresponde com o declínio na contagem de CD4.
  • 5. Slide 5 Slide 6 O gráfico nesta diapositiva mostra em que momento é esperável a aparição das diferentes doenças (oportunistas ou não) na medida em que se produz a depleção de CD4. No primeiro período (CD4 > 500 cels/μl), não e esperável a aparição de doenças ou condições relacionadas com o HIV. No período intermédio (CD4 500-200 cels/μl) começam a aparecer as chamadas manifestações muco-cutâneas menores, nomeadamente tinha, dermatite, verrugas, prurigo nodularis, herpes zóster. Também são frequentes as infecções de vias respiratórias recorrentes (sinusite, pneumonias), a candidíase oral e a Tuberculose. No período avançado (< 200 cels/μl) e quando aparecem as verdadeiras infecções e condições oportunistas, nomeadamente PCP, Meningite criptocócica, Toxoplasmose cerebral, infecção disseminada por CMV, MAC... Instruções para o facilitador Pergunte aos participantes o que pode ser este caso clínico. A seguir apresenta as informações relativas à primo-infecção por HIV NOTA: Procurar uma foto melhor sobre infecção aguda por HIV
  • 6. Slide 7 Slide 8 Slide 9 O quadro clínico da infecção aguda por HIV foi bem caracterizado pela primeira vez em 1985, por um grupo de investigadores australianos. Esta equipa levava a cabo um estudo prospectivo com uma série de homens seronegativos homossexuais que eram considerados de alto risco para adquirir a infecção por HIV. Um total de 12 homens desta serie, fez seroconversão (adquiriu HIV e o seu teste serológico virou positivo). Dos 12, 11 tiveram um quadro clínico de duração limitada, muito semelhante a uma Mononucleose Infecciosa ou uma gripe, prévio à seroconversão. O quadro clínico foi descrito como um quadro agudo com febre, suores, cefaleia, mal-estar, artromialgias, linfadenopatia generalizada e erupção cutânea maculo-papular ao nível do tronco. Outros estudos posteriores multicêntricos e com amostras de pacientes maiores têm permitido descrever com detalhe os sinais e sintomas característicos da infecção aguda por HIV e sua frequência de aparição. Esta diapositiva descreve os sintomas presentes na maior parte dos pacientes. Esta diapositiva mostra uma lista de sinais e sintomas que não são tão comuns como os anteriores, mas cuja aparição deve fazer suspeitar da primo-infecção por HIV, por serem mais específicos. E o caso das úlceras orais ou genitais. Não devemos esquecer que o vírus do HIV é um vírus com elevada afinidade pelo Sistema Nervoso Central, pelo que os episódios de meningite asséptica, especialmente quando associados a outros sinais como a erupção cutânea ou as úlceras orais ou genitais, devem nos fazer suspeitar de infecção aguda pelo HIV.
  • 7. Slide 10 Paciente de raça negra com suspeita de primoinfecção por HIV e erupção maculo-papular no tronco. Slide 11 Paciente de raça branca, com discreta erupção macular, no contexto duma primo-infecção por HIV. Slide 12 Paciente com ulceras orais discretas, no contexto duma primo-infecção por HIV.
  • 8. Slide 14 Slide 13 Instruções para o facilitador: Faça a pergunta que aparece na diapositiva. Recolha as respostas. A seguir apresente as informações na diapositiva a seguir Este gráfico mostra a evolução da carga viral, dos anticorpos contra o HIV e do antígeno P24 durante as primeiras semanas após a entrada do vírus no corpo. O gráfico também mostra o intervalo em que os sintomas de primo-infecção estão presentes. Como já vimos no gráfico que mostra a história natural da infecção por HIV, após a entrada do vírus no corpo, acontece um pico de viremia máximo, que depois vai ser controlado pelo organismo. Este pico de viremia coincide com a aparição dos sinais/sintomas de doença aguda (quando estão presentes). Quase em paralelo, o antigénio viral P24, uma proteína que forma parte da cápside do vírus, pode ser detectado no sangue do paciente infectado. Este antigénio ira desaparecer após as primeiras semanas. Os anticorpos contra o vírus do HIV, começam a aparecer neste período. Inicialmente sua quantidade não e importante, e os testes serológicos convencionais não são capazes de medir a presença destes anticorpos. Depois de um período variável (semanas) chamado período janela, as serologias para HIV viram positivas.
  • 9. Slide 15 Slide 16 Pilcher C et al, J Clin Investigation 2004;113:937 Instruções para o facilitador: Uma vez que os participantes compreendem a diapositiva anterior, podemos mostrar a mesma informação nesta outra gráfica. Faça as seguintes perguntas aos participantes: Qual e o primeiro teste que nos vai permitir fazer o diagnóstico de infecção por HIV? Qual e o teste que só é positivo nos primeiros momentos da infecção por HIV? Qual e o ultimo dos testes a tornar-se positivo? Respostas: A carga viral (quantitativo) ou também o teste de PCR (qualitativo) O antígeno P24 O ultimo dos testes a tornar-se positivo e a serologia do HIV. O tempo desde que a infecção esta presente ate que os testes serológicos são capazes de demonstrar a presença do vírus, chama-se período janela. Cohen & Pilcher. J Infect Dis 2005; 191(9): 1391-3 Este gráfico corresponde a um estudo destes autores. O estudo mostra um cálculo de riscos (ou de probabilidades) de transmissão do HIV nas diferentes fases ou estadios da infecção. Podemos observar que o risco mais elevado de transmitir a infecção se apresenta durante a fase aguda (primo-infecção). Nesta etapa o paciente fonte, é capaz de infectar a outra pessoa com uma probabilidade de 1/50-1/250 (por cada 50 a 250 actos sexuais, um novo parceiro resultará infectado). Esta probabilidade e muito menor na fase posterior, em que a carga viral e menor, e volta a aumentar a medida que a infecção por HIV progride e a carga viral volta a ser mais elevada. Em resumo, devemos pensar na fase aguda ou primo-infecção como numa fase de elevado risco de transmissão. Infelizmente na maioria das ocasiões não temos oportunidade de fazer o diagnóstico precoce, e como resultado disso perdem-se muitas oportunidades para a prevenção.
  • 10. Slide 17 Slide 18 Uma vez compreendido o conteúdo da anterior diapositiva, é mais fácil entender a importância de identificar as pessoas infectadas o mais cedo possível, já que são geralmente aqueles que desconhecem o seu seroestado, os responsáveis por uma grande proporção da novas infecções. Nos EUA, estima-se que aproximadamente o 75% das pessoas infectadas por HIV, conhecem seu seroestado. Isto quer dizer que 25% desconhecem que são seropostivas. Alguns estudos atribuem a responsabilidade da metade das novas infecções ao 25% dos pacientes que não sabem que estão infectados. O conhecimento deste dado tem servido como argumento para mudar as estratégias de testagem para o HIV, e fazer com que o teste se torne parte dos cuidados de saúde de rotina.