O documento discute a crise hídrica global e suas implicações. A concentração de CO2 na atmosfera atingiu 400ppm pela primeira vez na história, mas isso não recebeu atenção adequada. A água é essencial para a segurança alimentar, mas a demanda por irrigação está aumentando enquanto os recursos hídricos diminuem. Eventuais calamidades climáticas podem tornar as consequências da crise irreversíveis se não houver ação coletiva imediata.
1. Painel: Água, para onde vai?
Para onde vamos?
Os 400, a água e o Dia Mundial do Meio Ambiente
Alexandre Magrineli dos Reis
2.
3. Concentração recorde de 400 partes por
milhão de C02 na atmosfera
Em 10 mil anos de história, é a primeira vez que a
humanidade tem o poder de cometer suicídio coletivo.
(...)
A violação da marca simbólica de 400 por milhão não
provocou nenhuma declaração ou alerta de chefes de
Estado. Um dia depois, os jornais esqueceram o assunto
e voltou-se ao dia a dia como se nada tivesse
acontecido. Como explicar tal indiferença diante da
morte anunciada que espera o mundo dos homens? (...)
(É inevitável o suicídio coletivo? – Rubens Ricupero -
Folha de São Paulo, 27/5/2013)
7. Água e segurança alimentar
A água é essencial para a segurança alimentar.
O gado e as culturas precisam de água para
crescer.
A agricultura requer grandes quantidades de água
para irrigação e qualidade da água para os
diferentes processos de produção.
O setor agrícola permanece como o maior
consumidor de água no mundo dada a sua função
de produção, não só alimentos, mas também outras
culturas não-alimentares, tais como algodão,
borracha ou óleos.
A demanda de irrigação é hoje cerca de 70% da
8. Água e segurança alimentar
Em 1948, a Declaração Universal dos Direitos Humanos
declarou que o direito de todos a uma alimentação
adequada.
Contudo, o acesso a uma alimentação adequada em
áreas rurais de muitos países em desenvolvimento
depende substancialmente do acesso aos recursos
naturais, incluindo água, necessários para a sua
produção.
Em 28 de julho de 2010, a Assembléia Geral das Nações
Unidas declarou o acesso à água potável e ao
saneamento como um direito humano.
Mas o direito à água no contexto do direito à alimentação
é complexa: enquanto a água na boca e cozinhar a
própria água seriam protegidos, não seria coberto níveis
mínimos de água necessária para a produção de
14. Para onde vai? Para onde vamos?
O provável por isso é que só haverá ação decisiva para evitar o colapso
definitivo depois de uma sucessão de calamidades espantosas. Quando
isso suceder, muitas das consequências já se terão tornado irreversíveis
como o derretimento das geleiras, a elevação do nível dos oceanos, a
inundação de cidades, a desertificação, a extinção de milhares de espécies.
(...)
Toynbee lembrava num dos seus últimos livros que nisso os homens
deveriam invejar insetos como as formigas, condicionados do ponto de vista
psicossomático a agir coletivamente por instinto de sobrevivência. Estudo
recente comprovou que os peixes já estão migrando para o norte em busca
de águas mais frias. Enquanto isso, os seres humanos se deslumbram com
o avanço em produzir e queimar mais gás a partir do xisto…
A razão talvez esteja com o poeta T.S. Eliot: o mundo acaba não com um
estrondo, mas com um gemido. (É inevitável o suicídio coletivo? – Rubens
Ricupero - Folha de São Paulo, 27/5/2013)