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Orçamento do Estado para 2011
             Posição conjunta da AEP, AIP-CE e CIP

A AEP, a AIP-CE e a CIP consideram que o Orçamento do Estado para
2011 deverá respeitar rigorosamente as metas estabelecidas aquando das
medidas adicionais ao PEC - Programa de Estabilidade e Crescimento 2010-
2013 e explicitadas posteriormente no Relatório de Orientação da Política
Orçamental.

O cumprimento dessas metas, designadamente a redução do défice (para um
valor de -4,6% do PIB), das despesas com pessoal, dos consumos
intermédios e, consequentemente, da despesa corrente primária, corresponde
a um compromisso internacional e dará sinais de responsabilidade e de
capacidade de conduzir as finanças públicas no caminho da sua
sustentabilidade.

A redução prevista para o défice das contas públicas resulta ainda, numa
parcela substancial, do aumento da receita (1,5% do PIB). Assim, é da maior
importância concretizar a redução nominal da despesa corrente primária
prevista pelo PEC, dando, assim o esperamos, os primeiros passos para
conciliar o equilíbrio orçamental com a redução da carga fiscal, fundamental
para conquistar uma maior competitividade. Foi aliás no pressuposto de que
estas medidas adicionais do lado das receitas serão efectivamente
temporárias, que a AEP, a AIP-CE e a CIP compreenderam, de forma
responsável, a sua necessidade.

A situação internacional ainda não está totalmente desanuviada, não estando
ainda completamente eliminado o cenário de nova recessão e o desemprego
ainda não está estabilizado, o que reduz a confiança dos indivíduos e dos
investidores, e condiciona o consumo das famílias e o investimento
empresarial.

Os riscos inerentes à execução orçamental ao longo de 2011 são pois
elevados. Em particular, o maior custo de remuneração da dívida pública
poderá fazer aumentar os respectivos juros mais do que o previsto e a
persistência de altas taxas de desemprego poderá elevar as prestações
sociais, apesar do esforço colocado no sentido de um maior rigor e
fiscalização na sua concessão.


                                                                          1
O elevado grau de incerteza relativamente à evolução da actividade
económica e dos preços em vários mercados gera também riscos
significativos ao nível das receitas. Assim, a AEP, a AIP-CE e a CIP
consideram que para além de um exercício rigoroso e credível na estimativa
das receitas, o Orçamento do Estado para 2011 deverá incluir mecanismos
no sentido de assegurar que qualquer desvio que se venha a registar na
execução do Orçamento terá de ser acomodado do lado da despesa.

A AEP, a AIP-CE e a CIP não podem tolerar qualquer medida que venha a
agravar directa ou indirectamente a carga fiscal, para além das que foram
anunciadas em Maio. O peso da receita pública total no PIB previsto pelo
PEC II para 2011 - 42,1% - constitui já um máximo absoluto em Portugal, e
isto acontece porque o nível de despesa corrente primária, em percentagem
do PIB, 42%, também já atingiu um recorde em Portugal.

Perante esta situação, fica claro que todo o esforço adicional que tenha de
ser feito deverá vir da redução da despesa pública, não se podendo continuar
a pensar corrigir o desequilíbrio orçamental pelo lado das receitas.

Pelo contrário, a AEP, a AIP-CE e a CIP consideram que as medidas
tomadas para reduzir a despesa pública são ainda claramente insuficientes.
Muitas destas medidas assumem um carácter conjuntural, e, podendo ser
facilmente reversíveis a prazo, não resolvem de forma estrutural o problema
do excessivo peso do sector público na economia.

Assim, sem prejuízo de uma total contenção salarial e de uma maior
austeridade na componente de aquisição de bens e serviços, com a
introdução de medidas de racionalização e rigor, a AEP, a AIP-CE e a CIP
reafirmam que é necessário repensar o papel e as funções do Estado e, em
consequência, aprofundar a Reforma das Administrações Públicas, com a
consequente extinção de serviços e institutos públicos, redundantes e
desnecessários e por isso socialmente inúteis e ponderar o papel e a
dimensão do Sector Empresarial do Estado.

Para além da redução dos montantes da despesa corrente primária, importa
também ponderar a sua composição, de modo a iniciar-se a sua efectiva
reafectação para objectivos de competitividade, do crescimento económico e
do emprego.

O Orçamento do Estado para 2011 deverá também mostrar grande contenção
no investimento de iniciativa pública, suspendendo todos os grandes
                                                                          2
projectos que não contribuam significativamente para a redução do défice
externo e procurando alternativas mais ajustadas à sua viabilidade em termos
da relação custo/benefício. Despesas em projectos de investimento como a
terceira travessia do Tejo e o TGV não deverão ter cabimento neste
Orçamento.

Por outro lado, o particular esforço de contenção orçamental que a presente
conjuntura exige não pode deixar de ser compatibilizado com a necessária
atenção às dificuldades financeiras por que passam presentemente as
empresas portuguesas, num contexto de elevados níveis de endividamento e
de restrições no acesso a financiamento bancário.

Este contexto, que coloca em causa a sobrevivência de muitas empresas,
continua a penalizar o investimento empresarial, mesmo das empresas que se
encontrem numa situação menos grave.

Por isso, no Orçamento do Estado para 2011, os apoios ao investimento e às
exportações deverão ser mantidos ou mesmo reforçados.

Justifica-se em particular a tomada de medidas que estimulem a
recapitalização das empresas e o seu financiamento por recurso a capitais
próprios, eliminando-se a forte discriminação negativa fiscal no
financiamento por parte dos sócios, quer do ponto de vista da própria
empresa, quer do ponto de vista dos sócios, em relação a aplicações
alternativas das respectivas poupanças.

Em suma, a estratégia orçamental deverá compatibilizar o combate ao défice
com o incentivo à competitividade e ao crescimento económico, estimulando
a poupança privada e tornando-se o mais favorável possível, mesmo do
ponto de vista fiscal, às exportações e ao investimento nos sectores
produtivos abertos à concorrência internacional.


Lisboa, 16 de Setembro de 2010

José António Barros     Jorge Rocha de Matos              António Saraiva
(Presidente da AEP)     (Presidente da AIP-CE)          (Presidente da CIP)




                                                                              3

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OE2011 Comunicado AEP,AIP,CIP

  • 1. Orçamento do Estado para 2011 Posição conjunta da AEP, AIP-CE e CIP A AEP, a AIP-CE e a CIP consideram que o Orçamento do Estado para 2011 deverá respeitar rigorosamente as metas estabelecidas aquando das medidas adicionais ao PEC - Programa de Estabilidade e Crescimento 2010- 2013 e explicitadas posteriormente no Relatório de Orientação da Política Orçamental. O cumprimento dessas metas, designadamente a redução do défice (para um valor de -4,6% do PIB), das despesas com pessoal, dos consumos intermédios e, consequentemente, da despesa corrente primária, corresponde a um compromisso internacional e dará sinais de responsabilidade e de capacidade de conduzir as finanças públicas no caminho da sua sustentabilidade. A redução prevista para o défice das contas públicas resulta ainda, numa parcela substancial, do aumento da receita (1,5% do PIB). Assim, é da maior importância concretizar a redução nominal da despesa corrente primária prevista pelo PEC, dando, assim o esperamos, os primeiros passos para conciliar o equilíbrio orçamental com a redução da carga fiscal, fundamental para conquistar uma maior competitividade. Foi aliás no pressuposto de que estas medidas adicionais do lado das receitas serão efectivamente temporárias, que a AEP, a AIP-CE e a CIP compreenderam, de forma responsável, a sua necessidade. A situação internacional ainda não está totalmente desanuviada, não estando ainda completamente eliminado o cenário de nova recessão e o desemprego ainda não está estabilizado, o que reduz a confiança dos indivíduos e dos investidores, e condiciona o consumo das famílias e o investimento empresarial. Os riscos inerentes à execução orçamental ao longo de 2011 são pois elevados. Em particular, o maior custo de remuneração da dívida pública poderá fazer aumentar os respectivos juros mais do que o previsto e a persistência de altas taxas de desemprego poderá elevar as prestações sociais, apesar do esforço colocado no sentido de um maior rigor e fiscalização na sua concessão. 1
  • 2. O elevado grau de incerteza relativamente à evolução da actividade económica e dos preços em vários mercados gera também riscos significativos ao nível das receitas. Assim, a AEP, a AIP-CE e a CIP consideram que para além de um exercício rigoroso e credível na estimativa das receitas, o Orçamento do Estado para 2011 deverá incluir mecanismos no sentido de assegurar que qualquer desvio que se venha a registar na execução do Orçamento terá de ser acomodado do lado da despesa. A AEP, a AIP-CE e a CIP não podem tolerar qualquer medida que venha a agravar directa ou indirectamente a carga fiscal, para além das que foram anunciadas em Maio. O peso da receita pública total no PIB previsto pelo PEC II para 2011 - 42,1% - constitui já um máximo absoluto em Portugal, e isto acontece porque o nível de despesa corrente primária, em percentagem do PIB, 42%, também já atingiu um recorde em Portugal. Perante esta situação, fica claro que todo o esforço adicional que tenha de ser feito deverá vir da redução da despesa pública, não se podendo continuar a pensar corrigir o desequilíbrio orçamental pelo lado das receitas. Pelo contrário, a AEP, a AIP-CE e a CIP consideram que as medidas tomadas para reduzir a despesa pública são ainda claramente insuficientes. Muitas destas medidas assumem um carácter conjuntural, e, podendo ser facilmente reversíveis a prazo, não resolvem de forma estrutural o problema do excessivo peso do sector público na economia. Assim, sem prejuízo de uma total contenção salarial e de uma maior austeridade na componente de aquisição de bens e serviços, com a introdução de medidas de racionalização e rigor, a AEP, a AIP-CE e a CIP reafirmam que é necessário repensar o papel e as funções do Estado e, em consequência, aprofundar a Reforma das Administrações Públicas, com a consequente extinção de serviços e institutos públicos, redundantes e desnecessários e por isso socialmente inúteis e ponderar o papel e a dimensão do Sector Empresarial do Estado. Para além da redução dos montantes da despesa corrente primária, importa também ponderar a sua composição, de modo a iniciar-se a sua efectiva reafectação para objectivos de competitividade, do crescimento económico e do emprego. O Orçamento do Estado para 2011 deverá também mostrar grande contenção no investimento de iniciativa pública, suspendendo todos os grandes 2
  • 3. projectos que não contribuam significativamente para a redução do défice externo e procurando alternativas mais ajustadas à sua viabilidade em termos da relação custo/benefício. Despesas em projectos de investimento como a terceira travessia do Tejo e o TGV não deverão ter cabimento neste Orçamento. Por outro lado, o particular esforço de contenção orçamental que a presente conjuntura exige não pode deixar de ser compatibilizado com a necessária atenção às dificuldades financeiras por que passam presentemente as empresas portuguesas, num contexto de elevados níveis de endividamento e de restrições no acesso a financiamento bancário. Este contexto, que coloca em causa a sobrevivência de muitas empresas, continua a penalizar o investimento empresarial, mesmo das empresas que se encontrem numa situação menos grave. Por isso, no Orçamento do Estado para 2011, os apoios ao investimento e às exportações deverão ser mantidos ou mesmo reforçados. Justifica-se em particular a tomada de medidas que estimulem a recapitalização das empresas e o seu financiamento por recurso a capitais próprios, eliminando-se a forte discriminação negativa fiscal no financiamento por parte dos sócios, quer do ponto de vista da própria empresa, quer do ponto de vista dos sócios, em relação a aplicações alternativas das respectivas poupanças. Em suma, a estratégia orçamental deverá compatibilizar o combate ao défice com o incentivo à competitividade e ao crescimento económico, estimulando a poupança privada e tornando-se o mais favorável possível, mesmo do ponto de vista fiscal, às exportações e ao investimento nos sectores produtivos abertos à concorrência internacional. Lisboa, 16 de Setembro de 2010 José António Barros Jorge Rocha de Matos António Saraiva (Presidente da AEP) (Presidente da AIP-CE) (Presidente da CIP) 3