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O Princípe Sapo
                                         Adolfo Coelho



ERA uma vez um rei que não tinha filhos e tinha muita paixão por isso, e a mulher disse que
Deus lhe desse um filho mesmo que fosse um sapo. Houve de ter um filhinho como um sapo;
depois botaram as folhas a ver se havia quem o queria criar, mas ninguém se animava a vir. O
rei, vendo que o sopito do filho não havia quem o queria criar, anunciou que, se houvesse
alguma mulher que o quisesse criar, lho dava em casamento e lhe dava o reino. Nisto aí
apareceu uma rapariga e disse: «Se Vossa Real Majestade me dá o filho, eu animo-me a vi-lo
criar.» O rei disse que sim e a rapariga veio criar o sopito. Depois passou algum tempo e ele
foi crescendo e ela lavava-o e esmerava-o como se ele fosse uma criança. Foi indo e ele tinha
uns olhos muito bonitos e falava, e a rapariga dizia: «Os olhos dele e a fala não são de sapo.»
Já estava grande, passaram-se anos e ela, uma noite, teve um sonho em que lhe diziam ao
ouvido que o sapo era gente, mas pela grande heresia que a mãe disse que estava formado em
sapo, que se o rei lho desse para ela casar com ele que casasse e quando fosse na primeira
noite que se fosse deitar, que ele tinha sete peles e ela levasse sete saias e quando ele dissesse:
«Tira uma saia», lhe dissesse ela: «Tira uma pele.» Assim foi e casou o sapo com a rapariga e
na noite do casamento ele pediu-lhe que tirasse ela as saias e ela foi-lhe pedindo que tirasse as
peles e depois de ele as tirar ficou um homem. Ao outro dia ele tornou a vestir as peles e ficou
outra vez sapo. E ela disse-lhe: «Tu para que vestes as peles? Assim és tão bonito e vais ficar
sapo.» «Assim me é preciso, cala-te.» Ela, assim que se pôs a pé, foi contar tudo à rainha, e o
rei mais a rainha disseram-lhe: «Quando hoje te deitares, diz-lhe o mesmo e depois de ele tirar
as peles e estar a dormir, deixa a porta do quarto aberta que nós queremos ir vê-lo.» Foram-no
ver e viram que ele era homem. Ao outro dia o príncipe tornou a vestir as peles e vai o pai
disse-lhe: «Tu, porque vestes as peles e queres ser feio?» «Eu quero ser sapo, porque o meu
pai tem mão interior e, se eu fico bonito, impõem a minha mulher.» O rei disse-lhe: «Eu não a
impunha, mas queria que tu ficasses bonito.» Depois, como viram que ele não queria deixar
de ser sapo, pediram a ela que, assim que ele adormecesse, lhes trouxesse as peles para eles as
queimarem. Ela assim fez e eles botaram as peles ao fogo aceso. De manhã vai ele para vestir
as peles e não as acha. «Que é das peles?» «Vieram aqui o teu pai e a tua mãe e levaram-nas.»
«Mal hajas tu se lhas destes, mais quem te deu o conselho. Adeus. Se alguma vez me tornares
a ver, dá-me um beijo na boca.»

A mulherzinha ficou mas o rei e a mulher, assim que viram que o filho faltou, puseram-na
fora da porta. Ela, coitada, não tinha com que se tratar; o que era do rei lá ficou e ela estava
muito pobrezinha. A todas as pessoas que via perguntava se tinham visto um homem assim e
assim e lá lhe dava as notícias do príncipe. Vieram por onde ela estava uns cegos e ela fez-
lhes a pergunta. Os moços dos cegos disseram-lhe: «Nós vimos no rio Jordão um homem e
certamente era ele; estava botando fatias de pão para trás das costas e dizendo: «Pela alma de
meu pai, pela alma de minha mãe, pela alma de minha mulher.» Ela disse-lhes: «Vocês
quando tornam para essa banda?» «Nós para o fim do outro mês voltamos para lá; havemos
de passar por esse rio.» A mulherzinha aprontou-se e foi com eles. Chegou lá e era o príncipe.
Ela chegou ao pé dele e deu-lhe o beijo na boca como ele tinha dito e disse-lhe: «Ora vamos
embora, que se acabou o nosso fado.» E foram para casa e foram muito felizes e tiveram
muitos filhos.
O Princípe Sapo

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