SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 14
Baixar para ler offline
IV	
  Encontro	
  Brasileiro	
  de	
  Educomunicação
                                      São	
  Paulo,	
  SP	
  –	
  25	
  a	
  27	
  de	
  outubro	
  de	
  2012	
  
                                                                              	
  
                                                                                                                     1
                              O EDUCOMUNICADOR DEPOIS DE KAPLÚN
                                                                                                        2
                                         Fábio Rogério NEPOMUCENO
                                     Universidade de São Paulo, São Paulo, SP

RESUMO

Há alguns cursos informais e formais, inclusive em nível de graduação, sobre educomunicação.
Imaginamos que estes cursos formarão ou capacitarão educomunicadores. Mas o que é um
educomunicador? Voltaremos à primeira definição de educomunicador, proposta por Mario Kaplún
em sua obra O Comunicador Popular, afim de compará-la com a atualização da definição, feita pelo
Professor Ismar de Oliveira Soares. O campo chamado educomunicação, na interface entre
educação e comunicação, foi identificado a partir de estudos do Núcleo de Comunicação e
Educação da ECA/ USP, e recebeu este nome porque Kaplún denominou os atores desta área como
educomunicadores. Tentando entender qual é hoje a efetiva prática deste profissional ou deste
ativista proponho analisarmos os perfis de alguns educomunicadores atuantes.

PALAVRAS-CHAVE: educomunicação; educomunicador; kaplun; perfil.

                               O EDUCOMUNICADOR DEPOIS DE KAPLÚN




Há um outro tipo de comunicação possível. Há um outro tipo de educação possível. O que há de
errado com o que temos? Há realmente motivo para querer fazer diferente?

Existiu e existe quem reclame urgência e até há que busque unir Educação e Comunicação. Como
disse Paulo Freire (1985, p. 46), “Educação é comunicação”.

Pensando nos instrumentos contemporâneos de comunicação, nossa referência primeira é Célestin
Freinet3, na França, ainda na década de 20 do século XX. Freinet usou o que havia de mais moderno
na sua época, o limógrafo, tipo de impressora, junto com ideias originais como a aula-passeio, uso
de correspondências entre escolas, entrevistas, auto-avaliação, as fichas de estudo e mais para
desenvolver uma pedagogia de projetos, ainda hoje considerada inovadora. Inspirado em Freinet, e
pensando a partir da prática de jornalismo comunitário de sua época, o professor, jornalista e

1
    Paper com abordagem teórica relativa ao campo da Educomunicação
2
 Aluno de Licenciatura em Educomunicação na ECA/USP e Professor de Língua Portuguesa de Ensino Fundamental e Médio na
Prefeitura de São Paulo. Licenciado em Letras pela FFLCH/USP.
3
    ver http://pt.wikipedia.org/wiki/C%C3%A9lestin_Freinet e http://es.scribd.com/doc/6837499/Tecnicas-Freinet

                                                                                                                         1 de 14
IV	
  Encontro	
  Brasileiro	
  de	
  Educomunicação
                                  São	
  Paulo,	
  SP	
  –	
  25	
  a	
  27	
  de	
  outubro	
  de	
  2012	
  
                                                                          	
  
radialista Mario Kaplún (1923-1998) escreveu sobre este outro tipo de comunicação educativa. E
ele chamou aqueles que a praticam de educomunicadores.

O termo “educomunicadores” aparece sem destaque no livro Una Pedagogia de La Comunicación
(1998, p. 88 e outras). Mas esse livro é uma atualização de El Comunicador Popular (1985). Em
ambos, Kaplún descreve esse ator social (o educomunicador) detalhando sua atuação, mas no livro
mais antigo ele é chamado apenas de “facilitador”. Nenhum dos livros de Kaplún foi editado em
português, mas o Coletivo de Comunicadores Populares4 está traduzindo O Comunicador Popular:
fato bem de acordo com o tipo de iniciativa que Kaplún tinha e incentivava, de acesso ao
conhecimento.

Claro está que Kaplún não inventou o educomunicador. Talvez tenha inventado o neologismo. A
rigor, Freinet já era um. Mas o próprio Kaplún era um educomunicador e, nas duas obras citadas,
explica a prática que ele viu e ajudou a construir.

É a reflexão de Kaplún sobre sua prática que estamos visitando e que busca mosto comparar com a
atualização proposta pelo professor Ismar de Oliveira Soares (SOARES, 2011). Além disso, busca-
se fazer referência a alguns educomunicadores atuantes hoje em dia.
              Pesquisa temática coordenada pelo NCE e financiada pela FAPESP, entre os anos de 1997 a 1999,
              denominada de “A Inter-relação Comunicação e Educação no Âmbito da Cultura Latino-Americana” (O
              Perfil dos Pesquisadores e Especialistas na Área), confirmou exatamente o surgimento de um novo campo
              do saber: a inter-relação Comunicação-Educação, também conhecida como Educomunicação. (MELO,
              1999).

Esse novo campo foi chamado de educomunicação por causa do termo “educomunicador”
inventado por Kaplún. Depois de Kaplún, também Jesús Martín-Barbero e a UNESCO usaram o
termo educomunicação, mas no sentido de leitura crítica das mídias. Posteriormente, pesquisas do
NCE/ECA/USP atribuíram sentido mais amplo ao termo, chegando ao significado atual desse
campo.

A ênfase da educomunicação não é o uso das mídias, mas o foco no processo de comunicação, mais
do que na conteúdo da mensagem, mais do que nos recursos utilizados e do que nos efeitos
pretendidos. Diz o professor Ismar de Oliveira Soares:
            Com relação às tecnologias, o que importa não é a ferramenta disponibilizada, mas o tipo de mediação que
            elas podem favorecer para ampliar os diálogos sociais e educativos. (SOARES, 2011).

Pensar apenas no uso, privilegiando os meios técnicos disponíveis, reduz demais o potencial
educativo dos “ecossistemas comunicativos”, conceito usado por Martín-Barbero (cf. SARTORI,
2005).

Importa ressaltar que a utilização dos meios de comunicação de massa para fins educativos (com
intenções positivas) não é um fenômeno novo e continua em voga. Alguns comunicadores, em suas
respectivas épocas, tiveram propostas modernas e tentaram ensinar conteúdos relevantes e críticos.
Cita-se, por exemplo, Roquette Pinto e sua rádio educativa.

No entanto, focar apenas no efeito pretendido ou numa eventual boa intenção, também pode não ser
suficiente, por não empoderar o público consumidor da mídia e continuar, de alguma forma,
reproduzindo o sistema de comunicação e a divisão econômica vigentes.


4
    http://comunicadorespopulares.org/
                                                                                                                 2 de 14
IV	
  Encontro	
  Brasileiro	
  de	
  Educomunicação
                                São	
  Paulo,	
  SP	
  –	
  25	
  a	
  27	
  de	
  outubro	
  de	
  2012	
  
                                                                        	
  
Pensar no processo e dar espaço para a participação de todos abre potência para a inovação, a
diversidade e a horizontalidade que podemos traduzir por democracia participativa. Aqui reside um
dos alicerces da educomunicação: a perspectiva colaborativa, dialógica, que estimula o
protagonismo.

Resumidamente, é esta distinção entre três tipos de comunicação - que são também três diferentes
tipos de educação - que inicia os dois livros citados de Kaplún. Sua tese é:
           “A CADA TIPO DE EDUCACIÓN CORRESPONDE UNA DETERMINADA CONCEPCIÓN
           Y UNA DETERMINADA PRÁCTICA DE LA COMUNICACIÓN”. (KAPLÚN, 1998, p. 17).

Em O Comunicador Popular (1985, p. 14) Kaplún diz que sua análise dos meios de comunicação
usados sugerem que “comunicar é impor condutas, conseguir acatamento”. A única maneira de
relativizar esta imposição é abrindo o diálogo, permitindo que todos participem da comunicação de
forma mais ativa. Kaplún associa esta comunicação focada no processo com a educação libertadora,
proposta por Paulo Freire no livro Pedagogia do Oprimido (1987) e defende esse modelo por ser o
único capaz de transformar as relações e condições sociais.

Obviamente, é preciso organização para permitir esta participação de todos. Na era do rádio e do
jornal impresso, em que Kaplún atuou e escreveu, havia uma série de limitações técnicas. O
próprio acesso ao recurso básico de veiculação de mídia era difícil e caro. Uma das ideias que ele
teve para abrir o diálogo entre grupos e comunidades foi a troca de fitas K7 áudios gravados,
equipamento popular na época. Uma ideia genial, que antecipa, por exemplo, o que hoje chamamos
de podcast. Um ato para driblar a dificuldade que era ter acesso à antena transmissora de rádio.

No contexto atual, a popularização dos computadores e da internet abre novas perspectivas que
certamente fascinariam Kaplún. Mas o fato de haver novos canais abertos ou mais recursos
disponíveis não garante o diálogo criativo e transformador. Antes, o desenvolvimento da técnica
pede novos mediadores. Uma nova categoria de educadores.

O livro Q & A de Vikas Swarup e sua versão cinematográfica “Quem quer ser um milionário?”
(Slumdog Millionaire, 2008), de Danny Boyle, especulam de forma muito interessante sobre uma
sociedade aprendente. A nossa sociedade. Onde as pessoas podem aprender o tempo todo e a figura
do professor ou o tempo do estudo concentrado não seria tão necessário quanto foi um dia. Em certa
medida, talvez algum sentido.

Mas, para favorecer a diminuição das diferenças de acesso ao conhecimento e às oportunidades de
ascensão social a figura do professor ainda é indispensável. Para ajudar num uso mais funcional e
funcional dos recursos tecnológicos disponíveis, nossa sociedade ainda precisa de mediação.
Alguém que oriente e ajude os grupos a se organizarem. Sem prejuízo, esse orientador poderia e
pode ser também um professor. Mas não necessariamente.

O educomunicador, segundo a proposta der Kaplún, não carece obrigatoriamente de formação
universitária. Isso porque a principal competência do educomunicador, como percebe BONA
(2007) em sua leitura de Kaplún, é a empatia com sua comunidade.
           Mais do que colocar-se no lugar do destinatário, empatia significa “querer, valorizar aqueles com quem
           tratamos de estabelecer uma comunicação” (Kaplún, 1998, p. 99); BONA (2007).

Assim, a percepção das demandas (o que Kaplún chama de “pré-alimentação”) e o esforço para
favorecer o pensamento autônomo e o senso crítico podem ser facilitados por essa empatia com a
comunidade, o que não necessariamente exige formação universitária. Permitir que as pessoas
pensem por elas mesmas é o grande ato educativo, que só é possível num modelo comunicativo e

                                                                                                               3 de 14
IV	
  Encontro	
  Brasileiro	
  de	
  Educomunicação
                               São	
  Paulo,	
  SP	
  –	
  25	
  a	
  27	
  de	
  outubro	
  de	
  2012	
  
                                                                       	
  
educativo com foco no processo, conforme citamos. Mais uma vez, afirma-se: o fato de as pessoas
estarem ali, fazendo juntas, é mais importante que a qualidade do produto final apresentado. Esse
produto é, sobretudo, uma forma e um fruto de um diálogo entre as pessoas que o produziram e é
um meio de estabelecer diálogo com outras pessoas e outros grupos.
           “Los educomunicadores tenemos que ser eficaces. Preocuparnos de nuestros mensages lleguen” (Kaplún,
           1998, p. 88)

Ter conhecimento técnico é importante para estabelecer esta mediação. No livro O Comunicador
Popular, Kaplún deixa isso explícito, fornecendo, em forma de manual muitas pistas para esta
formação. É importante, mas não obrigatório. Mesmo não possuindo um elevado conhecimento
técnico, um educomunicador pode orientar com muito êxito um grupo, desde que favoreça a
participação de todos, de forma que haja liberdade para o compartilhamento dos diversos saberes
presentes no próprio grupo.

A grande potência está no trabalho coletivo e colaborativo.

Ainda sobre a formação do educomunicador, há cursos livres (formais e informais) que ensinam
educomunicação. Geralmente são oferecidos como oficinas práticas: jornal mural, podcast, rádio,
blog, uso de mídias sociais, imprensa jovem, captação e edição de vídeo, teatro, grafite, outras
artes... Alguns exemplos de cursos com certificação: o da ONG Viração Educomunicação (que edita
a revista Viração) e o projeto Cala-Boca Já Morreu, do Instituo Gens.

A Prefeitura de São Paulo, que tem a educomunicação como um de seus eixos de trabalho, oferece
formais na área de educomunicação para seus professores e pioneiramente contrata
educomunicadores - com este nome mesmo, para aplicarem esta formação.

O professor Ismar (SOARES, 2011, p. 19) , no entanto, alerta que uma formação “oficineira”, sem
aprofundamento teórico, pode não ser suficiente para promover a capacitação necessária em
educomunicação, tal a complexidade deste campo de conhecimento.

Para além da formação básica ou de oficinas, há várias faculdades particulares oferecendo
disciplinas ou propostas de seminários com o nome educomunicação e algumas ofertam até cursos
de pós-graduação lato sensu em educomunicação em diferentes regiões do Brasil. Já entre as
instituições públicas de ensino superior, a Universidade Federal de Campina Grande (UFCG)
oferece educomunicação como uma habilitação da graduação de Comunicação Social desde 2010.
Em 2011, outra instituição pública – a ECA/USP – passou a oferecer a graduação de Licenciatura
em Educomunicação. Em 2012, a ECA/USP passou a oferecer também a especialização (pós-
graduação lato sensu) em educomunicação. Ou seja, o conceito deixou de ser apenas objeto de
estudo para ser formação de nível universitário.

Isso não significa necessariamente que todos aqueles formados por esses cursos, formais ou
informais, de nível básico ou superior, sejam educomunicadores. É positivo que haja essa formação
técnica e/ou acadêmica, mas se o essencial realmente não é a técnica, não seria possível formar um
educomunicador com esse tipo de estudo.

Acredita-se, porém, que educomunicação é algo que se aprende e se ensina. Por exemplo: pode-se
falar em “inclinação” à arte ou à educomunicação, mas não em artista ou educomunicador nato,
pois da mesma forma que ninguém nasce artista, ninguém nasce educomunicador.

                                                                                                              4 de 14
IV	
  Encontro	
  Brasileiro	
  de	
  Educomunicação
                              São	
  Paulo,	
  SP	
  –	
  25	
  a	
  27	
  de	
  outubro	
  de	
  2012	
  
                                                                      	
  

A criança é um tanto artista, sempre criando; é muito cientista, cheia de curiosidade para descobrir o
mundo que a cerca; mas muitas vezes tem seus talentos podados seja por um sistema educacional
limitante ou estrutura social e familiar fragilizada. Talvez o tipo de comunicação usada nos vários
espaços sociais – inclusive na escola – nem sempre favoreça o desabrochar de novos
educomunicadores. Essa lacuna permite e até exige formação adicional e/ou posterior em
educomunicação (desde oficinas até o ensino superior).

Convém lembrar como Kaplún percebeu que existia esse ator, o educomunicador. Foi, sobretudo,
dentro de grupos de mobilização social. Alguns deles publicando jornais impressos, outros
produzindo programas em rádios comunitárias, sempre à margem da grande mídia produzida ou
patrocinada pelos donos do capital. Educomunicador ou facilitador era aquele que organizava as
atividades de grupos alternativos, como sindicatos, escolas, associações de bairro, igrejas, etc. Ele
favorecia que todos tivessem voz, todos participassem. Nesta ação, o mediador não precisava ser
sempre ele o orientador; pois outros se formavam, as funções giravam, ou seja, se formavam novos
educomunicadores na própria prática educomunicativa.

Não é educação para os meios, é educação por nós mesmos, nos meios. Ou ainda: Educação nos
meios por nós mesmos.

O curso de Licenciatura em Educomunicação da ECA/USP, formado por docentes que pesquisam
comunicação e educomunicação, lançou uma atividade pioneira para permitir que os alunos do
curso se tornem educomunicadores: a imersão. Nela, tanto o aluno pode participar de experiências
educomunicativas em locais fora da universidade, quanto ele mesmo pode oferecer oficinas aos seus
pares, numa troca horizontalizada de saberes. Assim, reforça-se o diálogo entre os próprios alunos e
destes com outros grupos. O diálogo que integra e educa.

Ao promover o diálogo num grupo, o educomunicador promove o diálogo deste grupo com outros.
A educomunicação se abre para o mundo.

Um dos critérios para avaliar a experiência educomunicativa é a replicação: o diálogo deve formar
novos educomunicadores. A ação educomunicativa, a proposta, deve poder ser reproduzida por
outras pessoas, adaptada em outros contextos.
          A educomunicação -enquanto teia de relações (ecossistema) inclusivas, democráticas, midiáticas e
          criativas- não emerge espontaneamente num dado ambiente. Precisa ser construída intencionalmente.
          (SOARES, 2011, p. 37).

Veremos breves casos de educomunicadores. Sobre alguns, temos certeza de que são
educomunicadores; outros, embora exijam análise mais detida, parecem sê-lo.




                                                                                                             5 de 14
IV	
  Encontro	
  Brasileiro	
  de	
  Educomunicação
                                  São	
  Paulo,	
  SP	
  –	
  25	
  a	
  27	
  de	
  outubro	
  de	
  2012	
  
                                                                          	
  
         ISADORA FABER E FACEBOOK DIÁRIO DE CLASSE EM SC, COM RÁPIDA
                     COMPARAÇÃO COM RENE SILVA DO RJ




Começo por uma dúvida: Isadora (13 anos) causou um certo frisson na mídia neste ano de 2012,
com sua página Diário de Classe a verdade5 montada no Facebook em julho. Em princípio, parecia
um mero espaço para denúncias sobre os problemas da escola onde ela estuda, mas demonstrou
outras pretensões: melhorar a educação, divulgar opiniões e interferir no desenvolvimento de
políticas públicas.

Cristiane Parente6, Gilberto Dilmensteins7 e outros educomunicadores escreveram com muita
animação sobre a proposta da jovem e concordo com eles. Usando o ecossistema comunicativo do
Facebook, Isadora abriu um diálogo interessante com seus colegas de escola, pais e com a
sociedade em geral, chamou a atenção da mídia e conseguiu retorno prático, interferindo
positivamente na sua realidade. Com poucos meses de atuação quase todos os problemas apontados
por ela foram de alguma forma resolvidos ou encaminhados para discussão pelos responsáveis.

Parece altamente educomunicativa a proposta feita por Isadora de replicar o projeto, incentivando e
orientando outros estudantes a montarem páginas semelhantes; inclusive de forma anônima se for o
caso: Isso porque seu percurso não foi fácil. Houve grande resistência e a aluna alegou até ter sido
vítima de perseguição em sua escola; uma das suas professoras, sentindo-se ofendida, fez uma
denúncia por calúnia; e há críticas também porque um professor foi demitido por causa de
postagens na página. Pode-se questionar até que ponto isso foi justo e a questão não está fechada.

E há outros problemas, porque apesar de ter a participação de milhares de pessoas curtindo e
comentando, a página aparentemente é gerenciada somente pela própria Isabela. Neste aspecto, não
há um trabalho colaborativo e compartilhado.

Algumas opiniões postadas pela protagonista exigem uma discussão delicada, como, por exemplo, o
apoio dela ao uso de câmeras na escola, inclusive na sala de aula. Alguns atribuirão isso à pouca
idade de Isadora, mas há postagens ainda mais discutíveis na página pessoal da mãe da garota.
Talvez falte mais orientações, no plural, e o desenvolvimento de um projeto descentralizado, com a
participação de um coletivo de estudantes, para tornar essa proposta educomunicativa. A
disseminação de opiniões muito conservadoras, controladoras e individualistas não ajuda na
educação ética nem na melhoria da sociedade, que deve ser o objetivo primeiro de um



5
    http://www.facebook.com/DiariodeClasseSC
6
    https://www.institutoclaro.org.br/blog/dois-jovens-uma-historia-de-midia-e-cidadania-/
7
    http://portal.aprendiz.uol.com.br/2012/08/28/isadora-indelicada/
                                                                                                                 6 de 14
IV	
  Encontro	
  Brasileiro	
  de	
  Educomunicação
                             São	
  Paulo,	
  SP	
  –	
  25	
  a	
  27	
  de	
  outubro	
  de	
  2012	
  
                                                                     	
  
educomunicador. Talvez os outros Diários de Classe que estão surgindo, como por exemplo o de
Cotia8, sejam mais abertos neste sentido.

Poderíamos, por exemplo, comparar a atuação de Isadora com a proposta de Rene Silva (18 anos),
criador do jornal Voz da Comunidade no Rio de Janeiro. É fato que Rene se tornou uma celebridade
e conseguiu contratos até com a Rede globo, mas sua proposta de trabalho é coletiva e totalmente
aberta para sua comunidade. Interessante observar que a ideia de montar o jornal veio da
experiência que Rene adquiriu com atividades em sua própria escola e sua intervenção não se
resume à mídia, ele também organiza eventos e festas para ajudar a comunidade do Complexo do
Alemão. Sua atuação é bastante social. Diferente de Isadora, ele não teve problemas na escola onde
estuda; ao contrário, encontrou muito apoio, conforme se deduz a partir das mensagens lidas no
twitter @Rene_Silva_RJ.

               MAURO E O MUTIRÃO CULTURAL IMARGEM NO GRAJAÚ




Tal como Kaplún, o artista plástico Mauro Sérgio Neri da Silva (nascido em 1981) gosta dos
neologismos juntando termos que se relacionam de forma sutil. Imagens da Margem deu o projeto
“Imargem”. Uma intervenção para grafitar e embelezar uma comunidade é chamada de”
ManiFestão”. Tudo ação dos Agentes Marginais, com a palavra “marginal” também cheia de
sentidos, estando na periferia, na margem do sistema e próximos da represa. Um nome que
representa vários grupos de artistas e ativistas da região de Grajaú, zona sul de São Paulo.

Alguns interpretam o grafite como uma arte reacionária, que em vez de esperar pacificamente ser
buscada nos museus e livros, se oferece obrigatoriamente nos espaços. Invade os muros. A proposta
do projeto Imargem esta bem longe desta violência. Aliás, apresenta-se como diálogo com as
comunidades, e por isso, pode ser considerada educomunicativa. Além de levar beleza grátis para as
pessoas das ruas e das comunidades, seus grafite e esculturas buscam resgatar memórias do espaço
e disseminar mensagens educativas, principalmente sobre ecologia e meio ambiente.

O professor ISMAR (2011, p. 47) identifica algumas “áreas de intervenção” para a prática
educomunicativa: educação para a comunicação; mediação tecnológica nos espaços educativos;
pedagogia da comunicação, gestão da comunicação nos espaços educativos, reflexão
epistemológica e expressão comunicativa através das artes. Nesta sexta área de intervenção, está
totalmente inserida a proposta do coletivo Imargem.



8
    http://www.facebook.com/DiarioDeClasseCotiaSp
                                                                                                            7 de 14
IV	
  Encontro	
  Brasileiro	
  de	
  Educomunicação
                              São	
  Paulo,	
  SP	
  –	
  25	
  a	
  27	
  de	
  outubro	
  de	
  2012	
  
                                                                      	
  
Outro critério totalmente educomunicativo atendido pelo projeto Imargem: “multiplicação dos
agentes culturais” (expressão usada no vídeo9 teaser do projeto). Além de dialogar, promove a
formação de outros artistas e outros grupos de intervenção usando as ideias de arte, estética,
intervenção, convivência, cultura, comunicação, educação, sustentabilidade, economia, preservação,
memória e ecologia.

No vídeo citado, há o depoimento de um jovem que aprendeu técnicas para fazer esculturas usando
o barro da margem da represa Billings. Claro que técnica é importante, já dizia Kaplún. Mas mais
importante é esse tipo de mobilização social, que o artista Mauro propõe. Por isso, ele e seus
companheiros do projeto Imargem são educomunicadores e formam educomunicadores.

Alguns participantes do Imargem possuem outras funções sociais, fazendo praticamente um
trabalho voluntário no grupo. O próprio Mauro, que criou o projeto, é também professor de artes.
Mas parte realmente sobrevive de sua arte, conseguindo verbas de editais públicos, como o VAI da
Prefeitura de São Paulo e leis de fomento federais. Assim, conhecimento sobre editais, leis e
captação de recursos também são competências exigidas do educomunicador, ou é preciso contar
com a assessoria de pessoas que tenham este conhecimento, para garantir a sustentabilidade
econômica do coletivo.

            EVELYN KAZAN E CLICK UM OLHAR CURIOSO EM PIRITUBA




Evelyn Medeiros Kazan é aluna da primeira turma de Licenciatura em Educomunicação da
ECA/USP. Em seu percurso, teve contato com o projeto Idade Mídia, desenvolvido por Alexandre
Sayad no Colégio Bandeirante, e já relatado em livro10. Mas a ação da aluna Evelyn que chama
atenção por sua característica de replicação.

Moradora do bairro de Pirituba, na periferia de São Paulo, ela teve contato com a proposta de uso
de mídias na educação de Sayad em oficinas desenvolvidas nos CEUs da rede municipal de
educação. Gostou tanto da proposta que resolveu continuar estudando o tema e entrou no recém-
criado curso de educomunicação da USP. Buscou orientação para conseguir financiamento do
programa VAI da Prefeitura de São Paulo e criar seu próprio projeto de jornalismo comunitário: o
Click Um Olhar Curioso sobre o Mundo11.




9
  https://vimeo.com/49051661
10
   http://livroidademidia.colband.blog.br/
11
   conferir o site http://www.clickumolhar.com/

                                                                                                             8 de 14
IV	
  Encontro	
  Brasileiro	
  de	
  Educomunicação
                                   São	
  Paulo,	
  SP	
  –	
  25	
  a	
  27	
  de	
  outubro	
  de	
  2012	
  
                                                                           	
  
Com alunos de escolas públicas e particulares de ensino médio de Pirituba, o grupo edita o jornal
impresso Pirituba Acontece12, promove oficinas de mídia para outros alunos, faz campanhas em
comunidades, participa de programas de uma rádio comunitária e atualmente está montando uma
rádio escolar numa escola estadual do bairro.

Quando se participa de alguns encontros de formação do grupo, é perceptível o tipo de
relacionamento estabelecido entre os jovens e a maneira como novos educomunicadores estão
sendo formados. Tanto que, quando os jovens cogitam qual profissão vão buscar no vestibular, há
aqueles interessados em estudar comunicação, como aconteceu com Lara Deus, que fez parte da
primeira turma do Click, continua como colaboradora e em 2012 se tornou aluna do curso de
jornalismo da ECA/USP.

                JOSÉ SORÓ E COLETIVO QUILOMBAQUE DO BAIRRO PERUS




José Queiroz, 48 anos, conhecido por Soró, é consultor de desenvolvimento institucional, já tendo
participado de projetos educacionais para adolescentes, usando a arte contra a violência. O grupo
Quilombaque foi formado em 2005 pelos irmãos Dedê, Clevinho e Fofão, e quando Soró encontrou
o grupo em 2007: “Aderi imediatamente. Eles possuíam um senso de autonomia, de conhecimento
de suas raízes, forte sentimento de identidade, criativos, com uma impressionante capacidade
gregária. E a surpresa, apesar de mal saberem, a Firmeza Permanente dos Queixadas, ali, vivas. Um
original quilombo urbano. O orgasmo do Paulo Freire13” (SORÓ, 2012)

Preocupado em garantir a sustentabilidade da proposta dos jovens, organizou o grupo para
responder às exigências institucionais e buscar financiamentos no poder público. Hoje o
Quilombaque é muito maior, agregando centenas de jovens participantes de vários grupos,
envolvidos em projetos de intervenção urbana usando a arte, teatro, saraus, educação ambiental e
resgate da memória do bairro, com destaque especial para a luta sindical dos Queixadas e a
transformação da abandonada Fábrica de Cimento Portland de Perus num Centro Cultural do
Trabalhador.




12
     http://www.clickumolhar.com/p/pirituba-acontece.html
13
     Depoimento de José Soró, disponível em http://bit.ly/UrXXos

                                                                                                                  9 de 14
IV	
  Encontro	
  Brasileiro	
  de	
  Educomunicação
                             São	
  Paulo,	
  SP	
  –	
  25	
  a	
  27	
  de	
  outubro	
  de	
  2012	
  
                                                                     	
  
                 CARLOS LIMA E O PROGRAMA NAS ONDAS DO RÁDIO
                  DA SECRETARIA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO DE SP




Professor Carlos Alberto Mendes Lima foi radialista, como Kaplún, antes de ser professor de inglês
em escolas de ensino fundamental da Prefeitura de São Paulo, na região de São Miguel e Itaim
Paulista. Nas escolas onde trabalhou desenvolveu projetos de rádio escolar e protagonismo juvenil
para promover uma cultura de paz, isso ainda antes do curso Educom.Rádio desenvolvido pelo NCE
/ USP entre 2002 e 2003.

Após o curso, empenhou-se na manutenção do projeto, que se transformou no Programa Nas Ondas
do Rádio, do qual é o coordenador, trabalhando no DOT: Diretoria de Orientações Técnicas da
Secretaria de Educação.

O Nas Ondas do Radio foi pioneiro numa série de propostas que buscam mudar as atividades das
escolas públicas do município, ensinar os professores a usarem tecnologias na escola e empoderar
os alunos. Há, por exemplo, o projeto Imprensa Jovem, em que alunos de ensino fundamental viram
repórteres e transformam os laboratórios de informática em agências de mídia.

Ainda hoje o uso do rádio escolar é indicado pelo Programa como recurso de comunicação que
favorece a aprendizagem e a cultura de paz na escola; no entanto o professor Carlos avançou a
proposta, fazendo parceria com os professores da rede que exercem a função de POIE: Orientador
de Informática Educativa.

A ideia de juntar a linguagem jornalística e a educomunicação às TICs (tecnologias de informação e
comunicação) foi tão eficiente que os gestores do programa de informática educativa
desenvolveram sua própria proposta educomunicativa, em parceria com o portal Educarede da
Telefônica e o Museu da Pessoa. O projeto, desenvolvido em 2008, se chamava Memórias em
Rede14. Outros projetos surgiram posteriormente na área de TICs, como o Minha Terra, com
coordenação de Claudemir Viana, ainda em parceria com o Educarede, e mais recentemente o
Minha escola é notícia, já sem a parceria.

Carlos também se empenhou na implementação da Lei Educom (lei municipal nº 13.941, de 28 de
dezembro de 2004), que instituiu a educomunicação como política pública na cidade, independente
de qualquer governo, e viabilizou a abertura de edital para contratar especialistas
educomunicadores; contratados com este nome mesmo em sua função; para ajudar na formação dos
professores da rede municipal, tanto no uso da tecnologias, quanto no desenvolvimento de projetos
educomunicativos.


14
     http://www.educared.org/educa/index.cfm?pg=materialdeestudo.ds_home&id_comunidade=32
                                                                                                            10 de 14
IV	
  Encontro	
  Brasileiro	
  de	
  Educomunicação
                                   São	
  Paulo,	
  SP	
  –	
  25	
  a	
  27	
  de	
  outubro	
  de	
  2012	
  
                                                                           	
  
Aqui levanto apenas uma pista, mas a importância do professor Carlos é notória, justamente por ter
feito aquilo que mais caracteriza o educomunicador: propor o diálogo e mediar as relações entre as
pessoas e entre as pessoas e as tecnologias.

Lembro que participei de uma oficina de formação para usar podcasts (ou rádio web) ministrada por
ele, isso em 2007; e ali foi o estalo que me motivou a reativar o kit rádio da minha escola na época,
EMEF Fernando Gracioso, o que mobilizou meus alunos a participarem do projeto Imprensa
Jovem, que começou efetivamente em 2008 e posteriormente me fez descobrir o conceito
educomunicação. Minha curiosidade e animação com a proposta foi tanta que em 2010 prestei outro
vestibular FUVEST, ingressando em 2011 na primeira turma do curso de Licenciatura em
Educomunicação da ECA

MAIS EDUCOMUNICAÇÃO POR FAVOR

Há várias experiências educomunicativas que podemos abordar e pesquisar. Há, por exemplo, a
proposta de utilizar a educomunicação na educação a distância: ou seja, o tutor seria um
educomunicador. Mas escolhi conversar um pouco sobre educomunicadores que se aproximam
daquilo que Kaplún explica em sua obra, levando em conta a atualização feita pelo professor Ismar
de Oliveira Soares.

Faltou tempo e espaço, por exemplo, para analisar experiências como a de Alemberg Quindins da
Fundação Casa Grande; Tião Rocha e o Centro Cultural de Cultura e Desenvolvimento; as
iniciativas sociais e diálogos estabelecidos pela música de Marcelo Yuka da banda F.UR.TO (frente
urbana de trabalhos organizados); as apresentações do professor Luli Radfahrer, inovadoras ao
proporem novos debates sobre educação, a proposta de Ana Luisa Anker15 de criar animações de
forma totalmente colaborativa.

Com minhas limitações, procurei levantar um debate sobre como se forma o educomunicador,
olhando alguns casos interessantes. Citei atores relevantes por seu ativismo, alguns reconhecidos
em vários espaços por seus méritos, outros ainda em fase de consolidação de seus trabalhos, ou seja,
ainda em formação.

QUEM É EDUCOMUNICADOR@?

Quem educa comunicando e usa todos os recursos possíveis de comunicação com a intenção
primeira de promover aprendizagem significativa e crítica. Quem prioriza sempre o processo, em
vez da intenção, da ferramenta e do produto final. Quem organiza relações inclusivas, democráticas,
midiáticas e criativas dentro de um ecossistema comunicativo. Quem, possuindo ou não alguma
formação acadêmica, tem conhecimentos que sabe compartilhar e sempre esta aberto(a) a aprender
com aqueles que esta ensinando ou orientando. Quem valoriza aqueles com quem estabelece
comunicação e estimula que também se tornem protagonistas e gestores no processo, ou seja, forma
novos educomunicadores. Quem desperta novos educomunicadores.




15
     Exemplo de imersão com alunos do curso Licenciatura em Educomunicação http://youtu.be/G5uqnjXJRls

                                                                                                                  11 de 14
IV	
  Encontro	
  Brasileiro	
  de	
  Educomunicação
                                     São	
  Paulo,	
  SP	
  –	
  25	
  a	
  27	
  de	
  outubro	
  de	
  2012	
  
                                                                             	
  




                                                               Agradeço a Antonio Batista da Silva Oliveira (Tom), colega
                                                               do curso Licenciatura em Educomunicação, pela leitura
                                                               atenta e sugestões de mudanças. As incorreções que
                                                               restaram são por minha exclusiva teimosia.
                                                               Agradeço a José Queiroz (Soró) e Carlos Lima da SME/SP
                                                               por responderem tão prontamente meus questionamentos.
                                                                                                             16       17
                                                               Havia entrevistado anteriormente Evelyn Kazan ,Mauro e
                                                               meus alunos do Programa Nas Ondas do Rádio
                                                                                         18
                                                               entrevistaram Rene Silva ; no entanto não tive tempo para
                                                               fazer novas entrevistas e contactar os demais
                                                               educomunicadores citados nesta obra. Peço desculpas por
                                                               isso e pelos erros que sobraram.


                                                   7 de outubro de 2012
                                     contato: ekalafabio@gmail.com (11) 99609-3458



16
     Click um olhar - Minidoc - http://youtu.be/-Ia_FpG0ygk
17
     Glória Gordo, aluna do curso Licenciatura em Educomunicação, conversa com Mauro http://youtu.be/pxvKMn4P4tY
18
     Rene Silva na Campus Party BR 2011 http://youtu.be/IXJdCbAsvL0

                                                                                                                    12 de 14
IV	
  Encontro	
  Brasileiro	
  de	
  Educomunicação
                              São	
  Paulo,	
  SP	
  –	
  25	
  a	
  27	
  de	
  outubro	
  de	
  2012	
  
                                                                      	
  
REFERÊNCIAS

BONA, Nívea Canalli et ali. Kaplún e a Comunicação Popular. Anuário Unesco/Metodista de
Comunicação Regional, Ano 11 n.11, 169-184, jan/dez. (2007). Disponível em:
https://www.metodista.br/revistas/revistas-ims/index.php/AUM/article/view/931/990

CARACRISTI, Maria de Fátima A.. As idéias de MARIO KAPLÚN: “fenômeno latino da comunicação
educativa”. Disponível em:
http://www2.metodista.br/unesco/PCLA/revista4/perfis%204-2.htm

FREIRE, Paulo. Extensão ou Comunicação?; São Paulo: Paz e Terra, 8ª edição (1985).                           Consultado em:
http://www.bonato.kit.net/Extensao_ou_Comunicacao.pdf

FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido; São Paulo: Paz e Terra, 17ª edição (1987). Consultado em:
http://portal.mda.gov.br/portal/saf/arquivos/view/ater/livros/Pedagogia_do_Oprimido.pdf

KAPLUN, Mario. O Comunicador Popular (1985); Tradução coletiva realizada pelo Coletivo de
Comunicadores Populares: http://www.camaracom.com.br/coletivo Disponível em:
http://www.4shared.com/document/Syw2RxG2/O_COMUNICADOR_POPULAR_MarioKap.html.

______________. El comunicador popular. Quito: CIESPAL (1985); Disponível em:
http://es.scribd.com/doc/101042075/El-Comunicador-Popular

______________. Una Pedagogia de La Comunicación. Madri: Ediciones de La Torre (1998 ). Disponível
em:
http://ebookbrowse.com/una-pedagogia-de-la-comunicacion-por-mario-kaplun-pdf-d277467717

MELO, Luci Ferraz de. EAD e interatividade - conceitos em evolução. Artigo. (2009). Disponível em:
http://www3.usp.br/rumores/artigos2.asp?cod_atual=145

SARTORI, Ademilde Silveira e PRADO SOARES, Maria Salete. CONCEPÇÃO DIALÓGICA E AS
NTIC: A EDUCOMUNICAÇÃO E OS ECOSSISTEMAS COMUNICATIVOS. Artigo. Disponível em:
http://www.scribd.com/doc/81445957/CONCEPCAO-DIALOGICA-E-AS-NTICS-A-
EDUCOMUNICACAO-E-OS-ECOSSISTEMAS-COMUNICATIVOS

SOARES, Ismar de Oliveira.     Educomunicação, o conceito, o profissional, a aplicação. São Paulo:
Paulinas (2011).

SOBREIRO, Marco Aurélio. Célestin Freinet e Janusz Korczak, precursores do jornal escolar.
Artigo. Disponível em:
http://www.bemtv.org.br/portal/educomunicar/pdf/FreinetEKorkzak_Precursores_do_jornalescolar_MarcoA
urelioSobreiro.pdf

OUTROS LINKS

Alemberg Quindins. Perfil no portal Almanaque Brasil.
http://www.almanaquebrasil.com.br/personalidades-cultura/7476-qo-que-falta-aos-meninos-do-sertao-e-do-
brasil-e-conteudo-quando-ha-conteudo-ha-respeito-e-constanciaq.html
Meninada do Sertão. Matéria do jornal Folha de São Paulo. Disponível em: http://migre.me/aXmjC

Imargem - http://imagemdamargem.blogspot.com.br/ - vídeo teaser: https://vimeo.com/49051661

Click um olhar - http://www.clickumolhar.com/

Voz da Comunidade - http://www.vozdascomunidades.com.br/


                                                                                                               13 de 14
IV	
  Encontro	
  Brasileiro	
  de	
  Educomunicação
                                São	
  Paulo,	
  SP	
  –	
  25	
  a	
  27	
  de	
  outubro	
  de	
  2012	
  
                                                                        	
  
Dois jovens, uma história de mídia e cidadania - Cristiane Parente -
https://www.institutoclaro.org.br/blog/dois-jovens-uma-historia-de-midia-e-cidadania-/

Isadora Indelicada - Gilberto Dilmenstein -
http://portal.aprendiz.uol.com.br/2012/08/28/isadora-indelicada/

Quilombaque: a arte de resistir comemora sete anos - Tamires Santana -
http://aodcnoticias.blogspot.com.br/2012/09/quilombaque-arte-de-resistir-comemora.html

Comunidade Quilombaque -
http://comunidadequilombaque.blogspot.com.br/2009/09/mapeamento-perus-e-regiao.html

Depoimento do educomunicador José Soró e sua relação com a Comunidade Quilombaque:
http://bit.ly/UrXXos

Programa Nas Ondas do Rádio de Educomunicação da Prefeitura de São Paulo -
http://portalsme.prefeitura.sp.gov.br/Projetos/ondas/Default.aspx

Projeto Memórias em Rede - http://www.educared.org/educa/index.cfm?id_comunidade=32

Projeto Minha Terra - http://www.educared.org/educa/?id_comunidade=171

Blog Rádio Graciosa de Perus da escola EMEF Fernando Gracioso - http://radiograciosa.multiply.com

Animação O Resgate desenvolvida de forma educomunicativa com orientação de Ana Luisa Anker -
http://youtu.be/G5uqnjXJRls

Luli Radfahrer - http://www.luli.com.br/

Célestin Freinet. - http://pt.wikipedia.org/wiki/C%C3%A9lestin_Freinet e
http://es.scribd.com/doc/6837499/Tecnicas-Freinet
http://www.slideshare.net/marciodveras/celestin-freinet-13215507




                                                                                                               14 de 14

Mais conteúdo relacionado

Semelhante a Educomunicação: Educomunicador depois de Kaplún

AS TIC ABRINDO CAMINHO A UM NOVO PARADIGMA EDUCACIONAL
AS TIC ABRINDO CAMINHO A UM NOVO PARADIGMA EDUCACIONALAS TIC ABRINDO CAMINHO A UM NOVO PARADIGMA EDUCACIONAL
AS TIC ABRINDO CAMINHO A UM NOVO PARADIGMA EDUCACIONALVirginia Moura
 
Isabel p.santos grupo 05 - epistemologia - tr13
Isabel p.santos   grupo 05 - epistemologia - tr13Isabel p.santos   grupo 05 - epistemologia - tr13
Isabel p.santos grupo 05 - epistemologia - tr13Isabel Santos
 
Comunicação e educação os movimentos do pêndulo.pdf
Comunicação e educação os movimentos do pêndulo.pdfComunicação e educação os movimentos do pêndulo.pdf
Comunicação e educação os movimentos do pêndulo.pdfSemônica Silva
 
Da prática à reflexão: a formação de gestores de projetos educomunicativos na...
Da prática à reflexão: a formação de gestores de projetos educomunicativos na...Da prática à reflexão: a formação de gestores de projetos educomunicativos na...
Da prática à reflexão: a formação de gestores de projetos educomunicativos na...silouren
 
Coied - SOBERIRO, Milton JB - Estilos de Aprendizagem: Ferramenta para produç...
Coied - SOBERIRO, Milton JB - Estilos de Aprendizagem: Ferramenta para produç...Coied - SOBERIRO, Milton JB - Estilos de Aprendizagem: Ferramenta para produç...
Coied - SOBERIRO, Milton JB - Estilos de Aprendizagem: Ferramenta para produç...Milton JB Sobreiro
 
A Pesquisa Na Inter Relação Comunicação EducaçãO
A Pesquisa Na Inter Relação Comunicação EducaçãOA Pesquisa Na Inter Relação Comunicação EducaçãO
A Pesquisa Na Inter Relação Comunicação EducaçãOvanderleisiqueira
 
Teoria da Ação Comunicativa no cotexto da Cibercultura
Teoria da Ação Comunicativa no cotexto da CiberculturaTeoria da Ação Comunicativa no cotexto da Cibercultura
Teoria da Ação Comunicativa no cotexto da CiberculturaElisângela Vantine
 
Teoria da Ação Comunicativa no contexto da Cibercultura
Teoria da Ação Comunicativa no contexto da CiberculturaTeoria da Ação Comunicativa no contexto da Cibercultura
Teoria da Ação Comunicativa no contexto da CiberculturaElisângela Vantine
 
A Telenovela Discutida na escola, na perspectiva da educomunicação
A Telenovela Discutida na escola, na perspectiva da educomunicaçãoA Telenovela Discutida na escola, na perspectiva da educomunicação
A Telenovela Discutida na escola, na perspectiva da educomunicaçãoDodô Calixto
 
Ppt por carlina boros tr45 - educomunicação contribuições para a melhora do...
Ppt por carlina boros   tr45 - educomunicação contribuições para a melhora do...Ppt por carlina boros   tr45 - educomunicação contribuições para a melhora do...
Ppt por carlina boros tr45 - educomunicação contribuições para a melhora do...videoparatodos
 
Docencia no-ensino-superior-pimenta-anastasiou-cavallet
Docencia no-ensino-superior-pimenta-anastasiou-cavalletDocencia no-ensino-superior-pimenta-anastasiou-cavallet
Docencia no-ensino-superior-pimenta-anastasiou-cavalletPROIDDBahiana
 

Semelhante a Educomunicação: Educomunicador depois de Kaplún (20)

AS TIC ABRINDO CAMINHO A UM NOVO PARADIGMA EDUCACIONAL
AS TIC ABRINDO CAMINHO A UM NOVO PARADIGMA EDUCACIONALAS TIC ABRINDO CAMINHO A UM NOVO PARADIGMA EDUCACIONAL
AS TIC ABRINDO CAMINHO A UM NOVO PARADIGMA EDUCACIONAL
 
Teoria neocognitivas e cibercultura
Teoria neocognitivas e ciberculturaTeoria neocognitivas e cibercultura
Teoria neocognitivas e cibercultura
 
Mauro wilton
Mauro wiltonMauro wilton
Mauro wilton
 
Mauro wilton
Mauro wiltonMauro wilton
Mauro wilton
 
Isabel p.santos grupo 05 - epistemologia - tr13
Isabel p.santos   grupo 05 - epistemologia - tr13Isabel p.santos   grupo 05 - epistemologia - tr13
Isabel p.santos grupo 05 - epistemologia - tr13
 
Comunicação e educação os movimentos do pêndulo.pdf
Comunicação e educação os movimentos do pêndulo.pdfComunicação e educação os movimentos do pêndulo.pdf
Comunicação e educação os movimentos do pêndulo.pdf
 
Da prática à reflexão: a formação de gestores de projetos educomunicativos na...
Da prática à reflexão: a formação de gestores de projetos educomunicativos na...Da prática à reflexão: a formação de gestores de projetos educomunicativos na...
Da prática à reflexão: a formação de gestores de projetos educomunicativos na...
 
Seminários de educomunicação
Seminários de educomunicaçãoSeminários de educomunicação
Seminários de educomunicação
 
Apresentacao
ApresentacaoApresentacao
Apresentacao
 
Coied - SOBERIRO, Milton JB - Estilos de Aprendizagem: Ferramenta para produç...
Coied - SOBERIRO, Milton JB - Estilos de Aprendizagem: Ferramenta para produç...Coied - SOBERIRO, Milton JB - Estilos de Aprendizagem: Ferramenta para produç...
Coied - SOBERIRO, Milton JB - Estilos de Aprendizagem: Ferramenta para produç...
 
A escola e a formação do leitor crítico da mídia
A escola e a formação do leitor crítico da mídiaA escola e a formação do leitor crítico da mídia
A escola e a formação do leitor crítico da mídia
 
6087 23874-2-pb
6087 23874-2-pb6087 23874-2-pb
6087 23874-2-pb
 
PLANO DE TRABALHO AULA 1
PLANO DE TRABALHO AULA 1PLANO DE TRABALHO AULA 1
PLANO DE TRABALHO AULA 1
 
A Pesquisa Na Inter Relação Comunicação EducaçãO
A Pesquisa Na Inter Relação Comunicação EducaçãOA Pesquisa Na Inter Relação Comunicação EducaçãO
A Pesquisa Na Inter Relação Comunicação EducaçãO
 
Teoria da Ação Comunicativa no cotexto da Cibercultura
Teoria da Ação Comunicativa no cotexto da CiberculturaTeoria da Ação Comunicativa no cotexto da Cibercultura
Teoria da Ação Comunicativa no cotexto da Cibercultura
 
Teoria da Ação Comunicativa no contexto da Cibercultura
Teoria da Ação Comunicativa no contexto da CiberculturaTeoria da Ação Comunicativa no contexto da Cibercultura
Teoria da Ação Comunicativa no contexto da Cibercultura
 
Agenda atividades transliteracia
Agenda atividades transliteraciaAgenda atividades transliteracia
Agenda atividades transliteracia
 
A Telenovela Discutida na escola, na perspectiva da educomunicação
A Telenovela Discutida na escola, na perspectiva da educomunicaçãoA Telenovela Discutida na escola, na perspectiva da educomunicação
A Telenovela Discutida na escola, na perspectiva da educomunicação
 
Ppt por carlina boros tr45 - educomunicação contribuições para a melhora do...
Ppt por carlina boros   tr45 - educomunicação contribuições para a melhora do...Ppt por carlina boros   tr45 - educomunicação contribuições para a melhora do...
Ppt por carlina boros tr45 - educomunicação contribuições para a melhora do...
 
Docencia no-ensino-superior-pimenta-anastasiou-cavallet
Docencia no-ensino-superior-pimenta-anastasiou-cavalletDocencia no-ensino-superior-pimenta-anastasiou-cavallet
Docencia no-ensino-superior-pimenta-anastasiou-cavallet
 

Mais de Fabio Rogerio Nepomuceno

Dia da consciencia negra reeditado em 2020
Dia da consciencia negra   reeditado em 2020Dia da consciencia negra   reeditado em 2020
Dia da consciencia negra reeditado em 2020Fabio Rogerio Nepomuceno
 
Educomunicação e direito de produzir mídias
Educomunicação e direito de produzir mídiasEducomunicação e direito de produzir mídias
Educomunicação e direito de produzir mídiasFabio Rogerio Nepomuceno
 
Poster Educomunicadores para Encontro Educom 2013
Poster Educomunicadores para Encontro Educom 2013Poster Educomunicadores para Encontro Educom 2013
Poster Educomunicadores para Encontro Educom 2013Fabio Rogerio Nepomuceno
 
Relatório 123 e lácteos emef luiz david sobrinho
Relatório 123 e lácteos   emef luiz david sobrinhoRelatório 123 e lácteos   emef luiz david sobrinho
Relatório 123 e lácteos emef luiz david sobrinhoFabio Rogerio Nepomuceno
 
Apresentação Programa de Reestruturação Mais Educação SP
Apresentação Programa de Reestruturação Mais Educação SPApresentação Programa de Reestruturação Mais Educação SP
Apresentação Programa de Reestruturação Mais Educação SPFabio Rogerio Nepomuceno
 
Apresentação workshop twitter revisto uca
Apresentação workshop twitter revisto ucaApresentação workshop twitter revisto uca
Apresentação workshop twitter revisto ucaFabio Rogerio Nepomuceno
 
Captacao Edicao e Divulgacao de Video 2010
Captacao Edicao e Divulgacao de Video 2010Captacao Edicao e Divulgacao de Video 2010
Captacao Edicao e Divulgacao de Video 2010Fabio Rogerio Nepomuceno
 
Captação, Edição e Divulgação de Video Escolar
Captação, Edição e Divulgação de Video EscolarCaptação, Edição e Divulgação de Video Escolar
Captação, Edição e Divulgação de Video EscolarFabio Rogerio Nepomuceno
 

Mais de Fabio Rogerio Nepomuceno (17)

Dia da consciencia negra reeditado em 2020
Dia da consciencia negra   reeditado em 2020Dia da consciencia negra   reeditado em 2020
Dia da consciencia negra reeditado em 2020
 
Educomunicação e direito de produzir mídias
Educomunicação e direito de produzir mídiasEducomunicação e direito de produzir mídias
Educomunicação e direito de produzir mídias
 
Poster Educomunicadores para Encontro Educom 2013
Poster Educomunicadores para Encontro Educom 2013Poster Educomunicadores para Encontro Educom 2013
Poster Educomunicadores para Encontro Educom 2013
 
Relatório 123 e lácteos emef luiz david sobrinho
Relatório 123 e lácteos   emef luiz david sobrinhoRelatório 123 e lácteos   emef luiz david sobrinho
Relatório 123 e lácteos emef luiz david sobrinho
 
Apresentação Programa de Reestruturação Mais Educação SP
Apresentação Programa de Reestruturação Mais Educação SPApresentação Programa de Reestruturação Mais Educação SP
Apresentação Programa de Reestruturação Mais Educação SP
 
2 treinamento censo
2 treinamento censo2 treinamento censo
2 treinamento censo
 
Apresentação workshop twitter revisto uca
Apresentação workshop twitter revisto ucaApresentação workshop twitter revisto uca
Apresentação workshop twitter revisto uca
 
Edicao de video em americana 2011
Edicao de video em americana 2011Edicao de video em americana 2011
Edicao de video em americana 2011
 
Apresentacao educom 20 de julho de 2011
Apresentacao educom 20 de julho de 2011Apresentacao educom 20 de julho de 2011
Apresentacao educom 20 de julho de 2011
 
Apresentacao educom 20 de julho de 2011
Apresentacao educom 20 de julho de 2011Apresentacao educom 20 de julho de 2011
Apresentacao educom 20 de julho de 2011
 
Apresentação workshop twitter revisto
Apresentação workshop twitter revistoApresentação workshop twitter revisto
Apresentação workshop twitter revisto
 
Sobre blog 30set2010
Sobre blog 30set2010Sobre blog 30set2010
Sobre blog 30set2010
 
Captacao Edicao e Divulgacao de Video 2010
Captacao Edicao e Divulgacao de Video 2010Captacao Edicao e Divulgacao de Video 2010
Captacao Edicao e Divulgacao de Video 2010
 
Dia da Consciencia Negra
Dia da Consciencia NegraDia da Consciencia Negra
Dia da Consciencia Negra
 
Brasilidade e áfrica
Brasilidade e áfricaBrasilidade e áfrica
Brasilidade e áfrica
 
Captação, Edição e Divulgação de Video Escolar
Captação, Edição e Divulgação de Video EscolarCaptação, Edição e Divulgação de Video Escolar
Captação, Edição e Divulgação de Video Escolar
 
Relógio Solar
Relógio SolarRelógio Solar
Relógio Solar
 

Último

Modelos de Desenvolvimento Motor - Gallahue, Newell e Tani
Modelos de Desenvolvimento Motor - Gallahue, Newell e TaniModelos de Desenvolvimento Motor - Gallahue, Newell e Tani
Modelos de Desenvolvimento Motor - Gallahue, Newell e TaniCassio Meira Jr.
 
ABRIL VERDE.pptx Slide sobre abril ver 2024
ABRIL VERDE.pptx Slide sobre abril ver 2024ABRIL VERDE.pptx Slide sobre abril ver 2024
ABRIL VERDE.pptx Slide sobre abril ver 2024Jeanoliveira597523
 
Grupo Tribalhista - Música Velha Infância (cruzadinha e caça palavras)
Grupo Tribalhista - Música Velha Infância (cruzadinha e caça palavras)Grupo Tribalhista - Música Velha Infância (cruzadinha e caça palavras)
Grupo Tribalhista - Música Velha Infância (cruzadinha e caça palavras)Mary Alvarenga
 
A Arte de Escrever Poemas - Dia das Mães
A Arte de Escrever Poemas - Dia das MãesA Arte de Escrever Poemas - Dia das Mães
A Arte de Escrever Poemas - Dia das MãesMary Alvarenga
 
Época Realista y la obra de Madame Bovary.
Época Realista y la obra de Madame Bovary.Época Realista y la obra de Madame Bovary.
Época Realista y la obra de Madame Bovary.keislayyovera123
 
D9 RECONHECER GENERO DISCURSIVO SPA.pptx
D9 RECONHECER GENERO DISCURSIVO SPA.pptxD9 RECONHECER GENERO DISCURSIVO SPA.pptx
D9 RECONHECER GENERO DISCURSIVO SPA.pptxRonys4
 
CRÔNICAS DE UMA TURMA - TURMA DE 9ºANO - EASB
CRÔNICAS DE UMA TURMA - TURMA DE 9ºANO - EASBCRÔNICAS DE UMA TURMA - TURMA DE 9ºANO - EASB
CRÔNICAS DE UMA TURMA - TURMA DE 9ºANO - EASBAline Santana
 
AD2 DIDÁTICA.KARINEROZA.SHAYANNE.BINC.ROBERTA.pptx
AD2 DIDÁTICA.KARINEROZA.SHAYANNE.BINC.ROBERTA.pptxAD2 DIDÁTICA.KARINEROZA.SHAYANNE.BINC.ROBERTA.pptx
AD2 DIDÁTICA.KARINEROZA.SHAYANNE.BINC.ROBERTA.pptxkarinedarozabatista
 
Bullying - Atividade com caça- palavras
Bullying   - Atividade com  caça- palavrasBullying   - Atividade com  caça- palavras
Bullying - Atividade com caça- palavrasMary Alvarenga
 
UFCD_10392_Intervenção em populações de risco_índice .pdf
UFCD_10392_Intervenção em populações de risco_índice .pdfUFCD_10392_Intervenção em populações de risco_índice .pdf
UFCD_10392_Intervenção em populações de risco_índice .pdfManuais Formação
 
Simulado 2 Etapa - 2024 Proximo Passo.pdf
Simulado 2 Etapa  - 2024 Proximo Passo.pdfSimulado 2 Etapa  - 2024 Proximo Passo.pdf
Simulado 2 Etapa - 2024 Proximo Passo.pdfEditoraEnovus
 
William J. Bennett - O livro das virtudes para Crianças.pdf
William J. Bennett - O livro das virtudes para Crianças.pdfWilliam J. Bennett - O livro das virtudes para Crianças.pdf
William J. Bennett - O livro das virtudes para Crianças.pdfAdrianaCunha84
 
ANTIGUIDADE CLÁSSICA - Grécia e Roma Antiga
ANTIGUIDADE CLÁSSICA - Grécia e Roma AntigaANTIGUIDADE CLÁSSICA - Grécia e Roma Antiga
ANTIGUIDADE CLÁSSICA - Grécia e Roma AntigaJúlio Sandes
 
activIDADES CUENTO lobo esta CUENTO CUARTO GRADO
activIDADES CUENTO  lobo esta  CUENTO CUARTO GRADOactivIDADES CUENTO  lobo esta  CUENTO CUARTO GRADO
activIDADES CUENTO lobo esta CUENTO CUARTO GRADOcarolinacespedes23
 
COMPETÊNCIA 1 DA REDAÇÃO DO ENEM - REDAÇÃO ENEM
COMPETÊNCIA 1 DA REDAÇÃO DO ENEM - REDAÇÃO ENEMCOMPETÊNCIA 1 DA REDAÇÃO DO ENEM - REDAÇÃO ENEM
COMPETÊNCIA 1 DA REDAÇÃO DO ENEM - REDAÇÃO ENEMVanessaCavalcante37
 
02. Informática - Windows 10 apostila completa.pdf
02. Informática - Windows 10 apostila completa.pdf02. Informática - Windows 10 apostila completa.pdf
02. Informática - Windows 10 apostila completa.pdfJorge Andrade
 

Último (20)

Modelos de Desenvolvimento Motor - Gallahue, Newell e Tani
Modelos de Desenvolvimento Motor - Gallahue, Newell e TaniModelos de Desenvolvimento Motor - Gallahue, Newell e Tani
Modelos de Desenvolvimento Motor - Gallahue, Newell e Tani
 
Orientação Técnico-Pedagógica EMBcae Nº 001, de 16 de abril de 2024
Orientação Técnico-Pedagógica EMBcae Nº 001, de 16 de abril de 2024Orientação Técnico-Pedagógica EMBcae Nº 001, de 16 de abril de 2024
Orientação Técnico-Pedagógica EMBcae Nº 001, de 16 de abril de 2024
 
ABRIL VERDE.pptx Slide sobre abril ver 2024
ABRIL VERDE.pptx Slide sobre abril ver 2024ABRIL VERDE.pptx Slide sobre abril ver 2024
ABRIL VERDE.pptx Slide sobre abril ver 2024
 
Grupo Tribalhista - Música Velha Infância (cruzadinha e caça palavras)
Grupo Tribalhista - Música Velha Infância (cruzadinha e caça palavras)Grupo Tribalhista - Música Velha Infância (cruzadinha e caça palavras)
Grupo Tribalhista - Música Velha Infância (cruzadinha e caça palavras)
 
A Arte de Escrever Poemas - Dia das Mães
A Arte de Escrever Poemas - Dia das MãesA Arte de Escrever Poemas - Dia das Mães
A Arte de Escrever Poemas - Dia das Mães
 
Época Realista y la obra de Madame Bovary.
Época Realista y la obra de Madame Bovary.Época Realista y la obra de Madame Bovary.
Época Realista y la obra de Madame Bovary.
 
D9 RECONHECER GENERO DISCURSIVO SPA.pptx
D9 RECONHECER GENERO DISCURSIVO SPA.pptxD9 RECONHECER GENERO DISCURSIVO SPA.pptx
D9 RECONHECER GENERO DISCURSIVO SPA.pptx
 
CRÔNICAS DE UMA TURMA - TURMA DE 9ºANO - EASB
CRÔNICAS DE UMA TURMA - TURMA DE 9ºANO - EASBCRÔNICAS DE UMA TURMA - TURMA DE 9ºANO - EASB
CRÔNICAS DE UMA TURMA - TURMA DE 9ºANO - EASB
 
AD2 DIDÁTICA.KARINEROZA.SHAYANNE.BINC.ROBERTA.pptx
AD2 DIDÁTICA.KARINEROZA.SHAYANNE.BINC.ROBERTA.pptxAD2 DIDÁTICA.KARINEROZA.SHAYANNE.BINC.ROBERTA.pptx
AD2 DIDÁTICA.KARINEROZA.SHAYANNE.BINC.ROBERTA.pptx
 
Bullying - Atividade com caça- palavras
Bullying   - Atividade com  caça- palavrasBullying   - Atividade com  caça- palavras
Bullying - Atividade com caça- palavras
 
UFCD_10392_Intervenção em populações de risco_índice .pdf
UFCD_10392_Intervenção em populações de risco_índice .pdfUFCD_10392_Intervenção em populações de risco_índice .pdf
UFCD_10392_Intervenção em populações de risco_índice .pdf
 
XI OLIMPÍADAS DA LÍNGUA PORTUGUESA -
XI OLIMPÍADAS DA LÍNGUA PORTUGUESA      -XI OLIMPÍADAS DA LÍNGUA PORTUGUESA      -
XI OLIMPÍADAS DA LÍNGUA PORTUGUESA -
 
Simulado 2 Etapa - 2024 Proximo Passo.pdf
Simulado 2 Etapa  - 2024 Proximo Passo.pdfSimulado 2 Etapa  - 2024 Proximo Passo.pdf
Simulado 2 Etapa - 2024 Proximo Passo.pdf
 
CINEMATICA DE LOS MATERIALES Y PARTICULA
CINEMATICA DE LOS MATERIALES Y PARTICULACINEMATICA DE LOS MATERIALES Y PARTICULA
CINEMATICA DE LOS MATERIALES Y PARTICULA
 
Em tempo de Quaresma .
Em tempo de Quaresma                            .Em tempo de Quaresma                            .
Em tempo de Quaresma .
 
William J. Bennett - O livro das virtudes para Crianças.pdf
William J. Bennett - O livro das virtudes para Crianças.pdfWilliam J. Bennett - O livro das virtudes para Crianças.pdf
William J. Bennett - O livro das virtudes para Crianças.pdf
 
ANTIGUIDADE CLÁSSICA - Grécia e Roma Antiga
ANTIGUIDADE CLÁSSICA - Grécia e Roma AntigaANTIGUIDADE CLÁSSICA - Grécia e Roma Antiga
ANTIGUIDADE CLÁSSICA - Grécia e Roma Antiga
 
activIDADES CUENTO lobo esta CUENTO CUARTO GRADO
activIDADES CUENTO  lobo esta  CUENTO CUARTO GRADOactivIDADES CUENTO  lobo esta  CUENTO CUARTO GRADO
activIDADES CUENTO lobo esta CUENTO CUARTO GRADO
 
COMPETÊNCIA 1 DA REDAÇÃO DO ENEM - REDAÇÃO ENEM
COMPETÊNCIA 1 DA REDAÇÃO DO ENEM - REDAÇÃO ENEMCOMPETÊNCIA 1 DA REDAÇÃO DO ENEM - REDAÇÃO ENEM
COMPETÊNCIA 1 DA REDAÇÃO DO ENEM - REDAÇÃO ENEM
 
02. Informática - Windows 10 apostila completa.pdf
02. Informática - Windows 10 apostila completa.pdf02. Informática - Windows 10 apostila completa.pdf
02. Informática - Windows 10 apostila completa.pdf
 

Educomunicação: Educomunicador depois de Kaplún

  • 1. IV  Encontro  Brasileiro  de  Educomunicação São  Paulo,  SP  –  25  a  27  de  outubro  de  2012     1 O EDUCOMUNICADOR DEPOIS DE KAPLÚN 2 Fábio Rogério NEPOMUCENO Universidade de São Paulo, São Paulo, SP RESUMO Há alguns cursos informais e formais, inclusive em nível de graduação, sobre educomunicação. Imaginamos que estes cursos formarão ou capacitarão educomunicadores. Mas o que é um educomunicador? Voltaremos à primeira definição de educomunicador, proposta por Mario Kaplún em sua obra O Comunicador Popular, afim de compará-la com a atualização da definição, feita pelo Professor Ismar de Oliveira Soares. O campo chamado educomunicação, na interface entre educação e comunicação, foi identificado a partir de estudos do Núcleo de Comunicação e Educação da ECA/ USP, e recebeu este nome porque Kaplún denominou os atores desta área como educomunicadores. Tentando entender qual é hoje a efetiva prática deste profissional ou deste ativista proponho analisarmos os perfis de alguns educomunicadores atuantes. PALAVRAS-CHAVE: educomunicação; educomunicador; kaplun; perfil. O EDUCOMUNICADOR DEPOIS DE KAPLÚN Há um outro tipo de comunicação possível. Há um outro tipo de educação possível. O que há de errado com o que temos? Há realmente motivo para querer fazer diferente? Existiu e existe quem reclame urgência e até há que busque unir Educação e Comunicação. Como disse Paulo Freire (1985, p. 46), “Educação é comunicação”. Pensando nos instrumentos contemporâneos de comunicação, nossa referência primeira é Célestin Freinet3, na França, ainda na década de 20 do século XX. Freinet usou o que havia de mais moderno na sua época, o limógrafo, tipo de impressora, junto com ideias originais como a aula-passeio, uso de correspondências entre escolas, entrevistas, auto-avaliação, as fichas de estudo e mais para desenvolver uma pedagogia de projetos, ainda hoje considerada inovadora. Inspirado em Freinet, e pensando a partir da prática de jornalismo comunitário de sua época, o professor, jornalista e 1 Paper com abordagem teórica relativa ao campo da Educomunicação 2 Aluno de Licenciatura em Educomunicação na ECA/USP e Professor de Língua Portuguesa de Ensino Fundamental e Médio na Prefeitura de São Paulo. Licenciado em Letras pela FFLCH/USP. 3 ver http://pt.wikipedia.org/wiki/C%C3%A9lestin_Freinet e http://es.scribd.com/doc/6837499/Tecnicas-Freinet 1 de 14
  • 2. IV  Encontro  Brasileiro  de  Educomunicação São  Paulo,  SP  –  25  a  27  de  outubro  de  2012     radialista Mario Kaplún (1923-1998) escreveu sobre este outro tipo de comunicação educativa. E ele chamou aqueles que a praticam de educomunicadores. O termo “educomunicadores” aparece sem destaque no livro Una Pedagogia de La Comunicación (1998, p. 88 e outras). Mas esse livro é uma atualização de El Comunicador Popular (1985). Em ambos, Kaplún descreve esse ator social (o educomunicador) detalhando sua atuação, mas no livro mais antigo ele é chamado apenas de “facilitador”. Nenhum dos livros de Kaplún foi editado em português, mas o Coletivo de Comunicadores Populares4 está traduzindo O Comunicador Popular: fato bem de acordo com o tipo de iniciativa que Kaplún tinha e incentivava, de acesso ao conhecimento. Claro está que Kaplún não inventou o educomunicador. Talvez tenha inventado o neologismo. A rigor, Freinet já era um. Mas o próprio Kaplún era um educomunicador e, nas duas obras citadas, explica a prática que ele viu e ajudou a construir. É a reflexão de Kaplún sobre sua prática que estamos visitando e que busca mosto comparar com a atualização proposta pelo professor Ismar de Oliveira Soares (SOARES, 2011). Além disso, busca- se fazer referência a alguns educomunicadores atuantes hoje em dia. Pesquisa temática coordenada pelo NCE e financiada pela FAPESP, entre os anos de 1997 a 1999, denominada de “A Inter-relação Comunicação e Educação no Âmbito da Cultura Latino-Americana” (O Perfil dos Pesquisadores e Especialistas na Área), confirmou exatamente o surgimento de um novo campo do saber: a inter-relação Comunicação-Educação, também conhecida como Educomunicação. (MELO, 1999). Esse novo campo foi chamado de educomunicação por causa do termo “educomunicador” inventado por Kaplún. Depois de Kaplún, também Jesús Martín-Barbero e a UNESCO usaram o termo educomunicação, mas no sentido de leitura crítica das mídias. Posteriormente, pesquisas do NCE/ECA/USP atribuíram sentido mais amplo ao termo, chegando ao significado atual desse campo. A ênfase da educomunicação não é o uso das mídias, mas o foco no processo de comunicação, mais do que na conteúdo da mensagem, mais do que nos recursos utilizados e do que nos efeitos pretendidos. Diz o professor Ismar de Oliveira Soares: Com relação às tecnologias, o que importa não é a ferramenta disponibilizada, mas o tipo de mediação que elas podem favorecer para ampliar os diálogos sociais e educativos. (SOARES, 2011). Pensar apenas no uso, privilegiando os meios técnicos disponíveis, reduz demais o potencial educativo dos “ecossistemas comunicativos”, conceito usado por Martín-Barbero (cf. SARTORI, 2005). Importa ressaltar que a utilização dos meios de comunicação de massa para fins educativos (com intenções positivas) não é um fenômeno novo e continua em voga. Alguns comunicadores, em suas respectivas épocas, tiveram propostas modernas e tentaram ensinar conteúdos relevantes e críticos. Cita-se, por exemplo, Roquette Pinto e sua rádio educativa. No entanto, focar apenas no efeito pretendido ou numa eventual boa intenção, também pode não ser suficiente, por não empoderar o público consumidor da mídia e continuar, de alguma forma, reproduzindo o sistema de comunicação e a divisão econômica vigentes. 4 http://comunicadorespopulares.org/ 2 de 14
  • 3. IV  Encontro  Brasileiro  de  Educomunicação São  Paulo,  SP  –  25  a  27  de  outubro  de  2012     Pensar no processo e dar espaço para a participação de todos abre potência para a inovação, a diversidade e a horizontalidade que podemos traduzir por democracia participativa. Aqui reside um dos alicerces da educomunicação: a perspectiva colaborativa, dialógica, que estimula o protagonismo. Resumidamente, é esta distinção entre três tipos de comunicação - que são também três diferentes tipos de educação - que inicia os dois livros citados de Kaplún. Sua tese é: “A CADA TIPO DE EDUCACIÓN CORRESPONDE UNA DETERMINADA CONCEPCIÓN Y UNA DETERMINADA PRÁCTICA DE LA COMUNICACIÓN”. (KAPLÚN, 1998, p. 17). Em O Comunicador Popular (1985, p. 14) Kaplún diz que sua análise dos meios de comunicação usados sugerem que “comunicar é impor condutas, conseguir acatamento”. A única maneira de relativizar esta imposição é abrindo o diálogo, permitindo que todos participem da comunicação de forma mais ativa. Kaplún associa esta comunicação focada no processo com a educação libertadora, proposta por Paulo Freire no livro Pedagogia do Oprimido (1987) e defende esse modelo por ser o único capaz de transformar as relações e condições sociais. Obviamente, é preciso organização para permitir esta participação de todos. Na era do rádio e do jornal impresso, em que Kaplún atuou e escreveu, havia uma série de limitações técnicas. O próprio acesso ao recurso básico de veiculação de mídia era difícil e caro. Uma das ideias que ele teve para abrir o diálogo entre grupos e comunidades foi a troca de fitas K7 áudios gravados, equipamento popular na época. Uma ideia genial, que antecipa, por exemplo, o que hoje chamamos de podcast. Um ato para driblar a dificuldade que era ter acesso à antena transmissora de rádio. No contexto atual, a popularização dos computadores e da internet abre novas perspectivas que certamente fascinariam Kaplún. Mas o fato de haver novos canais abertos ou mais recursos disponíveis não garante o diálogo criativo e transformador. Antes, o desenvolvimento da técnica pede novos mediadores. Uma nova categoria de educadores. O livro Q & A de Vikas Swarup e sua versão cinematográfica “Quem quer ser um milionário?” (Slumdog Millionaire, 2008), de Danny Boyle, especulam de forma muito interessante sobre uma sociedade aprendente. A nossa sociedade. Onde as pessoas podem aprender o tempo todo e a figura do professor ou o tempo do estudo concentrado não seria tão necessário quanto foi um dia. Em certa medida, talvez algum sentido. Mas, para favorecer a diminuição das diferenças de acesso ao conhecimento e às oportunidades de ascensão social a figura do professor ainda é indispensável. Para ajudar num uso mais funcional e funcional dos recursos tecnológicos disponíveis, nossa sociedade ainda precisa de mediação. Alguém que oriente e ajude os grupos a se organizarem. Sem prejuízo, esse orientador poderia e pode ser também um professor. Mas não necessariamente. O educomunicador, segundo a proposta der Kaplún, não carece obrigatoriamente de formação universitária. Isso porque a principal competência do educomunicador, como percebe BONA (2007) em sua leitura de Kaplún, é a empatia com sua comunidade. Mais do que colocar-se no lugar do destinatário, empatia significa “querer, valorizar aqueles com quem tratamos de estabelecer uma comunicação” (Kaplún, 1998, p. 99); BONA (2007). Assim, a percepção das demandas (o que Kaplún chama de “pré-alimentação”) e o esforço para favorecer o pensamento autônomo e o senso crítico podem ser facilitados por essa empatia com a comunidade, o que não necessariamente exige formação universitária. Permitir que as pessoas pensem por elas mesmas é o grande ato educativo, que só é possível num modelo comunicativo e 3 de 14
  • 4. IV  Encontro  Brasileiro  de  Educomunicação São  Paulo,  SP  –  25  a  27  de  outubro  de  2012     educativo com foco no processo, conforme citamos. Mais uma vez, afirma-se: o fato de as pessoas estarem ali, fazendo juntas, é mais importante que a qualidade do produto final apresentado. Esse produto é, sobretudo, uma forma e um fruto de um diálogo entre as pessoas que o produziram e é um meio de estabelecer diálogo com outras pessoas e outros grupos. “Los educomunicadores tenemos que ser eficaces. Preocuparnos de nuestros mensages lleguen” (Kaplún, 1998, p. 88) Ter conhecimento técnico é importante para estabelecer esta mediação. No livro O Comunicador Popular, Kaplún deixa isso explícito, fornecendo, em forma de manual muitas pistas para esta formação. É importante, mas não obrigatório. Mesmo não possuindo um elevado conhecimento técnico, um educomunicador pode orientar com muito êxito um grupo, desde que favoreça a participação de todos, de forma que haja liberdade para o compartilhamento dos diversos saberes presentes no próprio grupo. A grande potência está no trabalho coletivo e colaborativo. Ainda sobre a formação do educomunicador, há cursos livres (formais e informais) que ensinam educomunicação. Geralmente são oferecidos como oficinas práticas: jornal mural, podcast, rádio, blog, uso de mídias sociais, imprensa jovem, captação e edição de vídeo, teatro, grafite, outras artes... Alguns exemplos de cursos com certificação: o da ONG Viração Educomunicação (que edita a revista Viração) e o projeto Cala-Boca Já Morreu, do Instituo Gens. A Prefeitura de São Paulo, que tem a educomunicação como um de seus eixos de trabalho, oferece formais na área de educomunicação para seus professores e pioneiramente contrata educomunicadores - com este nome mesmo, para aplicarem esta formação. O professor Ismar (SOARES, 2011, p. 19) , no entanto, alerta que uma formação “oficineira”, sem aprofundamento teórico, pode não ser suficiente para promover a capacitação necessária em educomunicação, tal a complexidade deste campo de conhecimento. Para além da formação básica ou de oficinas, há várias faculdades particulares oferecendo disciplinas ou propostas de seminários com o nome educomunicação e algumas ofertam até cursos de pós-graduação lato sensu em educomunicação em diferentes regiões do Brasil. Já entre as instituições públicas de ensino superior, a Universidade Federal de Campina Grande (UFCG) oferece educomunicação como uma habilitação da graduação de Comunicação Social desde 2010. Em 2011, outra instituição pública – a ECA/USP – passou a oferecer a graduação de Licenciatura em Educomunicação. Em 2012, a ECA/USP passou a oferecer também a especialização (pós- graduação lato sensu) em educomunicação. Ou seja, o conceito deixou de ser apenas objeto de estudo para ser formação de nível universitário. Isso não significa necessariamente que todos aqueles formados por esses cursos, formais ou informais, de nível básico ou superior, sejam educomunicadores. É positivo que haja essa formação técnica e/ou acadêmica, mas se o essencial realmente não é a técnica, não seria possível formar um educomunicador com esse tipo de estudo. Acredita-se, porém, que educomunicação é algo que se aprende e se ensina. Por exemplo: pode-se falar em “inclinação” à arte ou à educomunicação, mas não em artista ou educomunicador nato, pois da mesma forma que ninguém nasce artista, ninguém nasce educomunicador. 4 de 14
  • 5. IV  Encontro  Brasileiro  de  Educomunicação São  Paulo,  SP  –  25  a  27  de  outubro  de  2012     A criança é um tanto artista, sempre criando; é muito cientista, cheia de curiosidade para descobrir o mundo que a cerca; mas muitas vezes tem seus talentos podados seja por um sistema educacional limitante ou estrutura social e familiar fragilizada. Talvez o tipo de comunicação usada nos vários espaços sociais – inclusive na escola – nem sempre favoreça o desabrochar de novos educomunicadores. Essa lacuna permite e até exige formação adicional e/ou posterior em educomunicação (desde oficinas até o ensino superior). Convém lembrar como Kaplún percebeu que existia esse ator, o educomunicador. Foi, sobretudo, dentro de grupos de mobilização social. Alguns deles publicando jornais impressos, outros produzindo programas em rádios comunitárias, sempre à margem da grande mídia produzida ou patrocinada pelos donos do capital. Educomunicador ou facilitador era aquele que organizava as atividades de grupos alternativos, como sindicatos, escolas, associações de bairro, igrejas, etc. Ele favorecia que todos tivessem voz, todos participassem. Nesta ação, o mediador não precisava ser sempre ele o orientador; pois outros se formavam, as funções giravam, ou seja, se formavam novos educomunicadores na própria prática educomunicativa. Não é educação para os meios, é educação por nós mesmos, nos meios. Ou ainda: Educação nos meios por nós mesmos. O curso de Licenciatura em Educomunicação da ECA/USP, formado por docentes que pesquisam comunicação e educomunicação, lançou uma atividade pioneira para permitir que os alunos do curso se tornem educomunicadores: a imersão. Nela, tanto o aluno pode participar de experiências educomunicativas em locais fora da universidade, quanto ele mesmo pode oferecer oficinas aos seus pares, numa troca horizontalizada de saberes. Assim, reforça-se o diálogo entre os próprios alunos e destes com outros grupos. O diálogo que integra e educa. Ao promover o diálogo num grupo, o educomunicador promove o diálogo deste grupo com outros. A educomunicação se abre para o mundo. Um dos critérios para avaliar a experiência educomunicativa é a replicação: o diálogo deve formar novos educomunicadores. A ação educomunicativa, a proposta, deve poder ser reproduzida por outras pessoas, adaptada em outros contextos. A educomunicação -enquanto teia de relações (ecossistema) inclusivas, democráticas, midiáticas e criativas- não emerge espontaneamente num dado ambiente. Precisa ser construída intencionalmente. (SOARES, 2011, p. 37). Veremos breves casos de educomunicadores. Sobre alguns, temos certeza de que são educomunicadores; outros, embora exijam análise mais detida, parecem sê-lo. 5 de 14
  • 6. IV  Encontro  Brasileiro  de  Educomunicação São  Paulo,  SP  –  25  a  27  de  outubro  de  2012     ISADORA FABER E FACEBOOK DIÁRIO DE CLASSE EM SC, COM RÁPIDA COMPARAÇÃO COM RENE SILVA DO RJ Começo por uma dúvida: Isadora (13 anos) causou um certo frisson na mídia neste ano de 2012, com sua página Diário de Classe a verdade5 montada no Facebook em julho. Em princípio, parecia um mero espaço para denúncias sobre os problemas da escola onde ela estuda, mas demonstrou outras pretensões: melhorar a educação, divulgar opiniões e interferir no desenvolvimento de políticas públicas. Cristiane Parente6, Gilberto Dilmensteins7 e outros educomunicadores escreveram com muita animação sobre a proposta da jovem e concordo com eles. Usando o ecossistema comunicativo do Facebook, Isadora abriu um diálogo interessante com seus colegas de escola, pais e com a sociedade em geral, chamou a atenção da mídia e conseguiu retorno prático, interferindo positivamente na sua realidade. Com poucos meses de atuação quase todos os problemas apontados por ela foram de alguma forma resolvidos ou encaminhados para discussão pelos responsáveis. Parece altamente educomunicativa a proposta feita por Isadora de replicar o projeto, incentivando e orientando outros estudantes a montarem páginas semelhantes; inclusive de forma anônima se for o caso: Isso porque seu percurso não foi fácil. Houve grande resistência e a aluna alegou até ter sido vítima de perseguição em sua escola; uma das suas professoras, sentindo-se ofendida, fez uma denúncia por calúnia; e há críticas também porque um professor foi demitido por causa de postagens na página. Pode-se questionar até que ponto isso foi justo e a questão não está fechada. E há outros problemas, porque apesar de ter a participação de milhares de pessoas curtindo e comentando, a página aparentemente é gerenciada somente pela própria Isabela. Neste aspecto, não há um trabalho colaborativo e compartilhado. Algumas opiniões postadas pela protagonista exigem uma discussão delicada, como, por exemplo, o apoio dela ao uso de câmeras na escola, inclusive na sala de aula. Alguns atribuirão isso à pouca idade de Isadora, mas há postagens ainda mais discutíveis na página pessoal da mãe da garota. Talvez falte mais orientações, no plural, e o desenvolvimento de um projeto descentralizado, com a participação de um coletivo de estudantes, para tornar essa proposta educomunicativa. A disseminação de opiniões muito conservadoras, controladoras e individualistas não ajuda na educação ética nem na melhoria da sociedade, que deve ser o objetivo primeiro de um 5 http://www.facebook.com/DiariodeClasseSC 6 https://www.institutoclaro.org.br/blog/dois-jovens-uma-historia-de-midia-e-cidadania-/ 7 http://portal.aprendiz.uol.com.br/2012/08/28/isadora-indelicada/ 6 de 14
  • 7. IV  Encontro  Brasileiro  de  Educomunicação São  Paulo,  SP  –  25  a  27  de  outubro  de  2012     educomunicador. Talvez os outros Diários de Classe que estão surgindo, como por exemplo o de Cotia8, sejam mais abertos neste sentido. Poderíamos, por exemplo, comparar a atuação de Isadora com a proposta de Rene Silva (18 anos), criador do jornal Voz da Comunidade no Rio de Janeiro. É fato que Rene se tornou uma celebridade e conseguiu contratos até com a Rede globo, mas sua proposta de trabalho é coletiva e totalmente aberta para sua comunidade. Interessante observar que a ideia de montar o jornal veio da experiência que Rene adquiriu com atividades em sua própria escola e sua intervenção não se resume à mídia, ele também organiza eventos e festas para ajudar a comunidade do Complexo do Alemão. Sua atuação é bastante social. Diferente de Isadora, ele não teve problemas na escola onde estuda; ao contrário, encontrou muito apoio, conforme se deduz a partir das mensagens lidas no twitter @Rene_Silva_RJ. MAURO E O MUTIRÃO CULTURAL IMARGEM NO GRAJAÚ Tal como Kaplún, o artista plástico Mauro Sérgio Neri da Silva (nascido em 1981) gosta dos neologismos juntando termos que se relacionam de forma sutil. Imagens da Margem deu o projeto “Imargem”. Uma intervenção para grafitar e embelezar uma comunidade é chamada de” ManiFestão”. Tudo ação dos Agentes Marginais, com a palavra “marginal” também cheia de sentidos, estando na periferia, na margem do sistema e próximos da represa. Um nome que representa vários grupos de artistas e ativistas da região de Grajaú, zona sul de São Paulo. Alguns interpretam o grafite como uma arte reacionária, que em vez de esperar pacificamente ser buscada nos museus e livros, se oferece obrigatoriamente nos espaços. Invade os muros. A proposta do projeto Imargem esta bem longe desta violência. Aliás, apresenta-se como diálogo com as comunidades, e por isso, pode ser considerada educomunicativa. Além de levar beleza grátis para as pessoas das ruas e das comunidades, seus grafite e esculturas buscam resgatar memórias do espaço e disseminar mensagens educativas, principalmente sobre ecologia e meio ambiente. O professor ISMAR (2011, p. 47) identifica algumas “áreas de intervenção” para a prática educomunicativa: educação para a comunicação; mediação tecnológica nos espaços educativos; pedagogia da comunicação, gestão da comunicação nos espaços educativos, reflexão epistemológica e expressão comunicativa através das artes. Nesta sexta área de intervenção, está totalmente inserida a proposta do coletivo Imargem. 8 http://www.facebook.com/DiarioDeClasseCotiaSp 7 de 14
  • 8. IV  Encontro  Brasileiro  de  Educomunicação São  Paulo,  SP  –  25  a  27  de  outubro  de  2012     Outro critério totalmente educomunicativo atendido pelo projeto Imargem: “multiplicação dos agentes culturais” (expressão usada no vídeo9 teaser do projeto). Além de dialogar, promove a formação de outros artistas e outros grupos de intervenção usando as ideias de arte, estética, intervenção, convivência, cultura, comunicação, educação, sustentabilidade, economia, preservação, memória e ecologia. No vídeo citado, há o depoimento de um jovem que aprendeu técnicas para fazer esculturas usando o barro da margem da represa Billings. Claro que técnica é importante, já dizia Kaplún. Mas mais importante é esse tipo de mobilização social, que o artista Mauro propõe. Por isso, ele e seus companheiros do projeto Imargem são educomunicadores e formam educomunicadores. Alguns participantes do Imargem possuem outras funções sociais, fazendo praticamente um trabalho voluntário no grupo. O próprio Mauro, que criou o projeto, é também professor de artes. Mas parte realmente sobrevive de sua arte, conseguindo verbas de editais públicos, como o VAI da Prefeitura de São Paulo e leis de fomento federais. Assim, conhecimento sobre editais, leis e captação de recursos também são competências exigidas do educomunicador, ou é preciso contar com a assessoria de pessoas que tenham este conhecimento, para garantir a sustentabilidade econômica do coletivo. EVELYN KAZAN E CLICK UM OLHAR CURIOSO EM PIRITUBA Evelyn Medeiros Kazan é aluna da primeira turma de Licenciatura em Educomunicação da ECA/USP. Em seu percurso, teve contato com o projeto Idade Mídia, desenvolvido por Alexandre Sayad no Colégio Bandeirante, e já relatado em livro10. Mas a ação da aluna Evelyn que chama atenção por sua característica de replicação. Moradora do bairro de Pirituba, na periferia de São Paulo, ela teve contato com a proposta de uso de mídias na educação de Sayad em oficinas desenvolvidas nos CEUs da rede municipal de educação. Gostou tanto da proposta que resolveu continuar estudando o tema e entrou no recém- criado curso de educomunicação da USP. Buscou orientação para conseguir financiamento do programa VAI da Prefeitura de São Paulo e criar seu próprio projeto de jornalismo comunitário: o Click Um Olhar Curioso sobre o Mundo11. 9 https://vimeo.com/49051661 10 http://livroidademidia.colband.blog.br/ 11 conferir o site http://www.clickumolhar.com/ 8 de 14
  • 9. IV  Encontro  Brasileiro  de  Educomunicação São  Paulo,  SP  –  25  a  27  de  outubro  de  2012     Com alunos de escolas públicas e particulares de ensino médio de Pirituba, o grupo edita o jornal impresso Pirituba Acontece12, promove oficinas de mídia para outros alunos, faz campanhas em comunidades, participa de programas de uma rádio comunitária e atualmente está montando uma rádio escolar numa escola estadual do bairro. Quando se participa de alguns encontros de formação do grupo, é perceptível o tipo de relacionamento estabelecido entre os jovens e a maneira como novos educomunicadores estão sendo formados. Tanto que, quando os jovens cogitam qual profissão vão buscar no vestibular, há aqueles interessados em estudar comunicação, como aconteceu com Lara Deus, que fez parte da primeira turma do Click, continua como colaboradora e em 2012 se tornou aluna do curso de jornalismo da ECA/USP. JOSÉ SORÓ E COLETIVO QUILOMBAQUE DO BAIRRO PERUS José Queiroz, 48 anos, conhecido por Soró, é consultor de desenvolvimento institucional, já tendo participado de projetos educacionais para adolescentes, usando a arte contra a violência. O grupo Quilombaque foi formado em 2005 pelos irmãos Dedê, Clevinho e Fofão, e quando Soró encontrou o grupo em 2007: “Aderi imediatamente. Eles possuíam um senso de autonomia, de conhecimento de suas raízes, forte sentimento de identidade, criativos, com uma impressionante capacidade gregária. E a surpresa, apesar de mal saberem, a Firmeza Permanente dos Queixadas, ali, vivas. Um original quilombo urbano. O orgasmo do Paulo Freire13” (SORÓ, 2012) Preocupado em garantir a sustentabilidade da proposta dos jovens, organizou o grupo para responder às exigências institucionais e buscar financiamentos no poder público. Hoje o Quilombaque é muito maior, agregando centenas de jovens participantes de vários grupos, envolvidos em projetos de intervenção urbana usando a arte, teatro, saraus, educação ambiental e resgate da memória do bairro, com destaque especial para a luta sindical dos Queixadas e a transformação da abandonada Fábrica de Cimento Portland de Perus num Centro Cultural do Trabalhador. 12 http://www.clickumolhar.com/p/pirituba-acontece.html 13 Depoimento de José Soró, disponível em http://bit.ly/UrXXos 9 de 14
  • 10. IV  Encontro  Brasileiro  de  Educomunicação São  Paulo,  SP  –  25  a  27  de  outubro  de  2012     CARLOS LIMA E O PROGRAMA NAS ONDAS DO RÁDIO DA SECRETARIA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO DE SP Professor Carlos Alberto Mendes Lima foi radialista, como Kaplún, antes de ser professor de inglês em escolas de ensino fundamental da Prefeitura de São Paulo, na região de São Miguel e Itaim Paulista. Nas escolas onde trabalhou desenvolveu projetos de rádio escolar e protagonismo juvenil para promover uma cultura de paz, isso ainda antes do curso Educom.Rádio desenvolvido pelo NCE / USP entre 2002 e 2003. Após o curso, empenhou-se na manutenção do projeto, que se transformou no Programa Nas Ondas do Rádio, do qual é o coordenador, trabalhando no DOT: Diretoria de Orientações Técnicas da Secretaria de Educação. O Nas Ondas do Radio foi pioneiro numa série de propostas que buscam mudar as atividades das escolas públicas do município, ensinar os professores a usarem tecnologias na escola e empoderar os alunos. Há, por exemplo, o projeto Imprensa Jovem, em que alunos de ensino fundamental viram repórteres e transformam os laboratórios de informática em agências de mídia. Ainda hoje o uso do rádio escolar é indicado pelo Programa como recurso de comunicação que favorece a aprendizagem e a cultura de paz na escola; no entanto o professor Carlos avançou a proposta, fazendo parceria com os professores da rede que exercem a função de POIE: Orientador de Informática Educativa. A ideia de juntar a linguagem jornalística e a educomunicação às TICs (tecnologias de informação e comunicação) foi tão eficiente que os gestores do programa de informática educativa desenvolveram sua própria proposta educomunicativa, em parceria com o portal Educarede da Telefônica e o Museu da Pessoa. O projeto, desenvolvido em 2008, se chamava Memórias em Rede14. Outros projetos surgiram posteriormente na área de TICs, como o Minha Terra, com coordenação de Claudemir Viana, ainda em parceria com o Educarede, e mais recentemente o Minha escola é notícia, já sem a parceria. Carlos também se empenhou na implementação da Lei Educom (lei municipal nº 13.941, de 28 de dezembro de 2004), que instituiu a educomunicação como política pública na cidade, independente de qualquer governo, e viabilizou a abertura de edital para contratar especialistas educomunicadores; contratados com este nome mesmo em sua função; para ajudar na formação dos professores da rede municipal, tanto no uso da tecnologias, quanto no desenvolvimento de projetos educomunicativos. 14 http://www.educared.org/educa/index.cfm?pg=materialdeestudo.ds_home&id_comunidade=32 10 de 14
  • 11. IV  Encontro  Brasileiro  de  Educomunicação São  Paulo,  SP  –  25  a  27  de  outubro  de  2012     Aqui levanto apenas uma pista, mas a importância do professor Carlos é notória, justamente por ter feito aquilo que mais caracteriza o educomunicador: propor o diálogo e mediar as relações entre as pessoas e entre as pessoas e as tecnologias. Lembro que participei de uma oficina de formação para usar podcasts (ou rádio web) ministrada por ele, isso em 2007; e ali foi o estalo que me motivou a reativar o kit rádio da minha escola na época, EMEF Fernando Gracioso, o que mobilizou meus alunos a participarem do projeto Imprensa Jovem, que começou efetivamente em 2008 e posteriormente me fez descobrir o conceito educomunicação. Minha curiosidade e animação com a proposta foi tanta que em 2010 prestei outro vestibular FUVEST, ingressando em 2011 na primeira turma do curso de Licenciatura em Educomunicação da ECA MAIS EDUCOMUNICAÇÃO POR FAVOR Há várias experiências educomunicativas que podemos abordar e pesquisar. Há, por exemplo, a proposta de utilizar a educomunicação na educação a distância: ou seja, o tutor seria um educomunicador. Mas escolhi conversar um pouco sobre educomunicadores que se aproximam daquilo que Kaplún explica em sua obra, levando em conta a atualização feita pelo professor Ismar de Oliveira Soares. Faltou tempo e espaço, por exemplo, para analisar experiências como a de Alemberg Quindins da Fundação Casa Grande; Tião Rocha e o Centro Cultural de Cultura e Desenvolvimento; as iniciativas sociais e diálogos estabelecidos pela música de Marcelo Yuka da banda F.UR.TO (frente urbana de trabalhos organizados); as apresentações do professor Luli Radfahrer, inovadoras ao proporem novos debates sobre educação, a proposta de Ana Luisa Anker15 de criar animações de forma totalmente colaborativa. Com minhas limitações, procurei levantar um debate sobre como se forma o educomunicador, olhando alguns casos interessantes. Citei atores relevantes por seu ativismo, alguns reconhecidos em vários espaços por seus méritos, outros ainda em fase de consolidação de seus trabalhos, ou seja, ainda em formação. QUEM É EDUCOMUNICADOR@? Quem educa comunicando e usa todos os recursos possíveis de comunicação com a intenção primeira de promover aprendizagem significativa e crítica. Quem prioriza sempre o processo, em vez da intenção, da ferramenta e do produto final. Quem organiza relações inclusivas, democráticas, midiáticas e criativas dentro de um ecossistema comunicativo. Quem, possuindo ou não alguma formação acadêmica, tem conhecimentos que sabe compartilhar e sempre esta aberto(a) a aprender com aqueles que esta ensinando ou orientando. Quem valoriza aqueles com quem estabelece comunicação e estimula que também se tornem protagonistas e gestores no processo, ou seja, forma novos educomunicadores. Quem desperta novos educomunicadores. 15 Exemplo de imersão com alunos do curso Licenciatura em Educomunicação http://youtu.be/G5uqnjXJRls 11 de 14
  • 12. IV  Encontro  Brasileiro  de  Educomunicação São  Paulo,  SP  –  25  a  27  de  outubro  de  2012     Agradeço a Antonio Batista da Silva Oliveira (Tom), colega do curso Licenciatura em Educomunicação, pela leitura atenta e sugestões de mudanças. As incorreções que restaram são por minha exclusiva teimosia. Agradeço a José Queiroz (Soró) e Carlos Lima da SME/SP por responderem tão prontamente meus questionamentos. 16 17 Havia entrevistado anteriormente Evelyn Kazan ,Mauro e meus alunos do Programa Nas Ondas do Rádio 18 entrevistaram Rene Silva ; no entanto não tive tempo para fazer novas entrevistas e contactar os demais educomunicadores citados nesta obra. Peço desculpas por isso e pelos erros que sobraram. 7 de outubro de 2012 contato: ekalafabio@gmail.com (11) 99609-3458 16 Click um olhar - Minidoc - http://youtu.be/-Ia_FpG0ygk 17 Glória Gordo, aluna do curso Licenciatura em Educomunicação, conversa com Mauro http://youtu.be/pxvKMn4P4tY 18 Rene Silva na Campus Party BR 2011 http://youtu.be/IXJdCbAsvL0 12 de 14
  • 13. IV  Encontro  Brasileiro  de  Educomunicação São  Paulo,  SP  –  25  a  27  de  outubro  de  2012     REFERÊNCIAS BONA, Nívea Canalli et ali. Kaplún e a Comunicação Popular. Anuário Unesco/Metodista de Comunicação Regional, Ano 11 n.11, 169-184, jan/dez. (2007). Disponível em: https://www.metodista.br/revistas/revistas-ims/index.php/AUM/article/view/931/990 CARACRISTI, Maria de Fátima A.. As idéias de MARIO KAPLÚN: “fenômeno latino da comunicação educativa”. Disponível em: http://www2.metodista.br/unesco/PCLA/revista4/perfis%204-2.htm FREIRE, Paulo. Extensão ou Comunicação?; São Paulo: Paz e Terra, 8ª edição (1985). Consultado em: http://www.bonato.kit.net/Extensao_ou_Comunicacao.pdf FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido; São Paulo: Paz e Terra, 17ª edição (1987). Consultado em: http://portal.mda.gov.br/portal/saf/arquivos/view/ater/livros/Pedagogia_do_Oprimido.pdf KAPLUN, Mario. O Comunicador Popular (1985); Tradução coletiva realizada pelo Coletivo de Comunicadores Populares: http://www.camaracom.com.br/coletivo Disponível em: http://www.4shared.com/document/Syw2RxG2/O_COMUNICADOR_POPULAR_MarioKap.html. ______________. El comunicador popular. Quito: CIESPAL (1985); Disponível em: http://es.scribd.com/doc/101042075/El-Comunicador-Popular ______________. Una Pedagogia de La Comunicación. Madri: Ediciones de La Torre (1998 ). Disponível em: http://ebookbrowse.com/una-pedagogia-de-la-comunicacion-por-mario-kaplun-pdf-d277467717 MELO, Luci Ferraz de. EAD e interatividade - conceitos em evolução. Artigo. (2009). Disponível em: http://www3.usp.br/rumores/artigos2.asp?cod_atual=145 SARTORI, Ademilde Silveira e PRADO SOARES, Maria Salete. CONCEPÇÃO DIALÓGICA E AS NTIC: A EDUCOMUNICAÇÃO E OS ECOSSISTEMAS COMUNICATIVOS. Artigo. Disponível em: http://www.scribd.com/doc/81445957/CONCEPCAO-DIALOGICA-E-AS-NTICS-A- EDUCOMUNICACAO-E-OS-ECOSSISTEMAS-COMUNICATIVOS SOARES, Ismar de Oliveira. Educomunicação, o conceito, o profissional, a aplicação. São Paulo: Paulinas (2011). SOBREIRO, Marco Aurélio. Célestin Freinet e Janusz Korczak, precursores do jornal escolar. Artigo. Disponível em: http://www.bemtv.org.br/portal/educomunicar/pdf/FreinetEKorkzak_Precursores_do_jornalescolar_MarcoA urelioSobreiro.pdf OUTROS LINKS Alemberg Quindins. Perfil no portal Almanaque Brasil. http://www.almanaquebrasil.com.br/personalidades-cultura/7476-qo-que-falta-aos-meninos-do-sertao-e-do- brasil-e-conteudo-quando-ha-conteudo-ha-respeito-e-constanciaq.html Meninada do Sertão. Matéria do jornal Folha de São Paulo. Disponível em: http://migre.me/aXmjC Imargem - http://imagemdamargem.blogspot.com.br/ - vídeo teaser: https://vimeo.com/49051661 Click um olhar - http://www.clickumolhar.com/ Voz da Comunidade - http://www.vozdascomunidades.com.br/ 13 de 14
  • 14. IV  Encontro  Brasileiro  de  Educomunicação São  Paulo,  SP  –  25  a  27  de  outubro  de  2012     Dois jovens, uma história de mídia e cidadania - Cristiane Parente - https://www.institutoclaro.org.br/blog/dois-jovens-uma-historia-de-midia-e-cidadania-/ Isadora Indelicada - Gilberto Dilmenstein - http://portal.aprendiz.uol.com.br/2012/08/28/isadora-indelicada/ Quilombaque: a arte de resistir comemora sete anos - Tamires Santana - http://aodcnoticias.blogspot.com.br/2012/09/quilombaque-arte-de-resistir-comemora.html Comunidade Quilombaque - http://comunidadequilombaque.blogspot.com.br/2009/09/mapeamento-perus-e-regiao.html Depoimento do educomunicador José Soró e sua relação com a Comunidade Quilombaque: http://bit.ly/UrXXos Programa Nas Ondas do Rádio de Educomunicação da Prefeitura de São Paulo - http://portalsme.prefeitura.sp.gov.br/Projetos/ondas/Default.aspx Projeto Memórias em Rede - http://www.educared.org/educa/index.cfm?id_comunidade=32 Projeto Minha Terra - http://www.educared.org/educa/?id_comunidade=171 Blog Rádio Graciosa de Perus da escola EMEF Fernando Gracioso - http://radiograciosa.multiply.com Animação O Resgate desenvolvida de forma educomunicativa com orientação de Ana Luisa Anker - http://youtu.be/G5uqnjXJRls Luli Radfahrer - http://www.luli.com.br/ Célestin Freinet. - http://pt.wikipedia.org/wiki/C%C3%A9lestin_Freinet e http://es.scribd.com/doc/6837499/Tecnicas-Freinet http://www.slideshare.net/marciodveras/celestin-freinet-13215507 14 de 14