O documento discute a história e cultura da África e dos negros no Brasil. Ele aborda reinos africanos pré-coloniais, escravidão, quilombos como Palmares, figuras de resistência como Zumbi, e desenvolvimento cultural como a capoeira. O texto também reflete sobre o significado de ser negro no Brasil hoje e a necessidade de combater o racismo estrutural.
1. Sobre o Dia 20 de novembro
Dia da Consciência Negra
original de 2006 reeditado para SEMANA DANDARA da EMEF
Luiz David Sobrinho em 2020 - DRE Pirituba - São Paulo
4. Reinos
●Antes de sofrer com o colonialismo europeu,
vários reinos progrediam no continente africano.
Entre eles o Reino do Congo: localizado no
sudoeste de África no território que hoje
corresponde ao noroeste de Angola, a Cabinda,
à República do Congo, à parte ocidental da
República Democrática do Congo e à parte
centro-sul do Gabão. Importante destacar que
não estamos falando de tribos, mas reinos com
relações comerciais complexas.
6. Reinos
●O continente africano possui uma história
vastíssima, extremamente complexa e de
fundamental importância para a humanidade.
●Muitos estudos dizem que a humanidade
surgiu na África. Os mais antigos fósseis de
hominídeos encontrados em África têm cerca
de cinco milhões de anos.
●A escrita, a matemática, as ciências…
apareceram primeiro em África
8. Reinos
●O Egito foi provavelmente o primeiro estado a
constituir-se em África, há cerca de 5000
anos, mas muitos outros reinos ou cidades-
estados se foram sucedendo neste continente,
ao longo dos séculos. Para além disso, a
África foi, desde a antiguidade, procurada por
povos doutros continentes, que buscavam as
suas riquezas, por vezes ocupando partes do
“Continente Negro” por largos períodos.
9. Capoeira
●Os escravizados começaram a ser
desembarcados no Brasil por volta de 1548 e,
nos três séculos seguintes, seriam predominante
do tronco lingüístico banto, do qual faz parte a
língua Quimbundo. Esse grupo englobava
angolas, benguelas, Moçambique, canbindas e
congos... No Brasil, esses grupos étnicos, antes
rivais, se uniram pela escravidão formando uma
cultura africana que plantou bases muito fortes na
cultura brasileira, de dança, música e técnicas de
corpo, como a capoeira".
11. Capoeira
●Não existe na historiografia recente do Brasil, nenhum
dado que possa afirmar que a capoeira é proveniente da
África. Os registros indicam que ela foi desenvolvida por
escravizados no Brasil. Portanto, a capoeira é legítima e
genuinamente brasileira.
●Os registros que determinam datas para seu surgimento,
utilizam datas que variam entre 1578 e 1632. Sabe-se
que a capoeira realmente surgiu como instrumento de
libertação contra um sistema opressor.
13. QUILOMBO
●Dessa forma, o surgimento da capoeira se
confunde com a história da resistência dos
negros no Brasil. Eis porque a maioria dos
autores que escrevem sobre a questão
associam o aparecimento da capoeira ao
surgimento dos primeiros quilombos; alguns
chegam a se referir especificamente ao
Quilombo de Palmares (que foi o que reuniu
um número maior de pessoas, cerca de 25 mil,
e foi destruído em 1694) como sendo o berço
da capoeira.
16. Zambi, também chamado
capitão Zumbi dos Palmares,
também chamado Francisco.
●A grande figura do quilombo dos Palmares,
símbolo da resistência afro-brasileira contra a
escravidão e toda forma de opressão.
Considerado um dos inventores da antiga
capoeira. Segundo alguns relatos hoje tidos
como lendários era casado com DANDARA.
Julga-se que era sobrinho de GANGA ZUMBA,
rei de Palmares.
●Foi assassinado em 20 de novembro de 1695,
que agora é lembrado como Dia da Consciência
Negra.
18. Aquilombar a escola
●Quero aproveitar para citar aqui, nessa
rara oportunidade, o militante e
estudioso Abdias Nascimento. Ele
denunciava o “genocídio do negro
brasileiro”(nome de um de seus livros,
que pode dialogar com o conceito mais
recente de #NECROPOLÍTICA de
*Achille Mbembe), mas Abdias
também tem uma proposta construtiva
com seu conceito cientificamente
construído de #QUILOMBISMO.
19. Aquilombar a escola
●Quilombismo se caracteriza por ser “formas
associativas” visando o auxílio mútuo. Pode ser
inclusive: igrejas, grupos beneficentes, clubes, rodas de
capoeira, pequenas empresas ou escolas comuns, como
as nossas.
●Abdias Nascimento deixa claro que o #Quilombo não
significa escravizado fugido, “Quilombo quer dizer
reunião fraterna e livre, solidariedade, convivência,
comunhão existencial” (cito da página 226 de seu livro O
Quilombismo).
20. Aquilombar a escola
●A escola talvez tenha problemas com esse conceito
renascido porque precisa respeitar a organização legal
de padrão eurocêntrico e temos nossas próprias regras
como órgão público regulamentado, mas boa parte da
nossa comunidade como ex-alunos e a maioria dos pais,
mães e responsáveis, que não fazem parte da APM-
associação de pais e mestres e do Conselho de Escola,
não cabem nesses limites legais.
●Mas continuam fazendo parte do grande grupo Escola.
21. Aquilombar a escola
●Como costumo dizer, a escola também é o prédio com todos os seus
problemas estruturais e seus funcionários diretos e obrigações legais e
colaboradores terceirizados, mas a Escola existe além do prédio. É uma
instituição que não pode ser resumida. Muitas vezes a única referência
de presença estatal ao qual boa parte da população pode recorrer é a
Escola.
●Mas a Escola também pode ser esse novo quilombo, um polo de
resistência contra o genocídio do povo negro, promotor da igualdade
social, defensor dos direitos humanos, educador da igualdade de
tratamento, divulgadora das ciências, criadora de artes e culturas,
abridora de novos horizontes… Isso só é possível com gestão
democrática e voz ativa da comunidade.
28. Palavras do geógrafo
Milton Santos:
●“Há uma frequente indagação sobre como é
ser negro em outros lugares, forma de
perguntar, também, se isso é diferente de ser
negro no Brasil...
●(...) a opinião pública foi, por cinco séculos,
treinada para desdenhar e, mesmo, não
tolerar manifestações de inconformidade,
vistas como um injustificável complexo de
inferioridade, já que o Brasil, segundo a
doutrina oficial, jamais acolhera nenhuma
forma de discriminação ou preconceito.”
30. Palavras do geógrafo
Milton Santos:
●“(...) Ser negro no Brasil é, pois, com
frequência, ser objeto de um olhar
enviesado. A chamada boa sociedade
parece considerar que há um lugar
predeterminado, lá em baixo, para os negros
e assim tranquilamente se comporta. Logo,
tanto é incômodo haver permanecido na
base da pirâmide social quanto haver "subido
na vida". “
31. Palavras do geógrafo
Milton Santos:
●“Pode-se dizer, como fazem os que se
deliciam com jogos de palavras, que aqui
não há racismo (à moda sul-africana ou
americana) ou preconceito ou discriminação,
mas não se pode esconder que há
diferenças sociais e econômicas estruturais e
seculares, para as quais não se buscam
remédios. A naturalidade com que os
responsáveis encaram tais situações é
indecente, mas raramente é adjetivada dessa
32. Palavras do geógrafo
Milton Santos:
●“Trata-se, na realidade, de uma forma do
apartheid à brasileira, contra a qual é urgente
reagir se realmente desejamos integrar a
sociedade brasileira de modo que, num futuro
próximo, ser negro no Brasil seja, também,
ser plenamente brasileiro no Brasil.”
●Artigo escrito por Milton Santos, geógrafo, professor
emérito da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências
Humanas da USP, falecido em 2001.
●Fonte: Folha de S.Paulo – caderno Mais - brasil 501 d.c. -
07 de maio de 2000
33. COMEÇO DA SEMANA
DANDARA
Em 2017 a escola EMEF
Professor Luiz David Sobrinho
participou de um ciclo de
apresentações piloto para o
curso de Africanidades do
Professor Natanael dos
Santos, de Campinas. Além
disso desde pelo menos 2015
(portanto bem antes da atual
gestão, que começou em
2017) os professores estavam
pesquisando diversidade e
igualdade no projeto de Estudo
Coletivo dá escola.
34. SEMANA DO ESTUDANTE
Outro modelo importante, e já tradicional na nossa escola, é
a tradição da SEMANA DO ESTUDANTE, desenvolvida pelo
Grêmio da escola com orientação e acompanhamento do
professor de educação física Adenilto Pereira e pela
Coordenação Pedagógica da escola com apoio de todos os
professores. Essa proposta acontece na escola também
desde 2015, com presença de ex-alunos, professores de
outras escolas e artistas convidados com atividades que
ampliam os horizontes. Essa proposta é tão interessante
que virou projeto de Lei da Mayara da Silva Tavares para o
Parlamento Jovem. Mais informações em:
https://ekalafabio.wordpress.com/2017/08/16/semanaestuda
nte/
35. 1a SEMANA DANDARA
A primeira edição da Semana
Dandara efetivamente aconteceu em
2018, após uma mãe de aluno solicitar
no Conselho de Escola ações mais
efetivas contra o Racismo, que muitas
vezes aparece disfarçado como
bullying. A proposta foi literalmente
feita de uma semana para a outra,
convidando colegas professores e
militantes. O cartaz foi feito pelo
sistema CANVA (que usamos até
hoje) aproveitando uma arte de Aline
Valek para livro infantil de Jarid
Arraes.
36. REGISTRO DA SEMANA DANDARA
Essa primeira edição está bem
documentada nesse artigo de blog:
http://gg.gg/semanadandara2018
37. 2a SEMANA DANDARA
A segunda edição aconteceu em
2019, e dessa vez de forma ousada
foi na própria semana do 20 de
Novembro. O nome foi atualizado
para SEMANA DANDARA DE ARTE,
CULTURA, BELEZA E
CONSCIÊNCIA NEGRA, pois nessa
edição além da questão do turbante
tivemos também desfile de beleza
graças a colaboração da equipe dá
nossa aluna Estéfani Queiroz, que é
modelo. Veja fotos desse registro
em: http://gg.gg/semanadandara2019
39. 3a SEMANA DANDARA - 2020
Cartaz original novamente foi feito por
mim com Canva, aproveitando foto de
Alberto Henschel (1827-1882),
imagem que geralmente é associada
com Luisa Mahin (mas que não é ela).
Demais cartazes para divulgar os
convidados palestrantes foram feitos
pela poed Luciana Boaventura.
Infelizmente a situação da
PANDEMIA COVID19 nos obrigou a
realizar uma atividade a distância, da
mesma forma que fizemos com a
Semana do Estudante nesse ano.
53. BIBLIOGRAFIA
●http://bibliotecavirtual.clacso.org.ar/ar/libros/anpocs/nieme.rtf
●Pesquisas: google e wikipedia
●Sites sugeridos: www.acordacultura.org.br;
https://www.geledes.org.br/
●Edição de cartazes: https://www.canva.com
●Slide original usado como base:
https://pt.slideshare.net/ekalafabio/dia-da-consciencia-negra
●Apresentação / artigo “Aquilombar a escola”:
https://ekalafabio.wordpress.com/2020/06/27/serdiretor2/
●Sobre o Quilombismo: https://filosofiapop.com.br/podcast/080-
quilombismo-com-ricardo-matheus-benedicto/
BAIXE ESSA APRESENTAÇÃO E TENHA ACESSO AOS LINKS:
http://gg.gg/slidesemanadandara2020
Fabio Nepomuceno. Contato: diretor@escolaluizdavid.com