Este documento descreve a evolução do movimento negro no Brasil ao longo do século XX, desde as primeiras entidades na década de 1930 até os movimentos dos anos 1980 e 1990. Aborda temas como o surgimento da consciência negra, a luta contra o mito da democracia racial e a consolidação do movimento em diferentes estados brasileiros.
PRÉDIOS HISTÓRICOS DE ASSARÉ Prof. Francisco Leite.pdf
Movimento Negro.pptx
1.
2. UMA ABORDAGEM
DO MOVIMENTO
NEGRO NA
SOCIEDADE
BRASILEIRA
PALESTRA REALIZADA NO SEMINÁRIO HISTÓRIA DO MOVIMENTO
NEGRO NO BRASIL – PÓS-GRADUAÇÃO EM SOCIOLOGIA DA
UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE (1999)
3.
4. O MOVIMENTO NEGRO
RESPOSTA X PROPOSTA
(ENTIDADES, CONQUISTAS E RELAÇÕES COM A
SOCIEDADE)
Será que nossa resposta surtiu efeito?
José Rufino dos Santos / duas dimensões:
1. Sentido Estrito ( entidades e militantes)
2. Sentido Amplo ( luta e resistência da população)
Dimensões do mesmo movimento
Os militantes dificilmente se dão conta do que estão
criando.
5. A trajetória da auto-instituição do
Movimento Negro
Século XX – insatisfação e luta pela igualdade
“Campeão da Ordem” (Florestan Fernandes)
Os militantes de São Paulo: conflitos agudos
Imigração x Imprensa Negra
“Alevantamento moral, econômico e cultural da raça”
A via cultural: escolas de samba(Rio); Candomblé, Afoxés e
Capoeira(Bahia), O frevo (Pernambuco); A casa das minas
(Maranhão).
“a população afro-brasileira mostrou-se irredutível na vivência
dos modos culturais e existenciais de ser...parecia não deitar
exclusividade” (p.91)
6. Anomia e a Frente Negra
Brasileira (SP, 1931)
O movimento negro mostrou que aquilo que Florestan
Fernandes chamou de Anomia da população afro-
brasileira , nas grandes cidades, nos inícios do século
XX, era uma questão de tempo, de ajustes e de
oportunidade. (p.92)
Duzentos mil filiados / Partido político / 1934
1937 – fechada por decreto do Estado Novo
O fenômeno da emergência de uma nova consciência
e posturas se dava em âmbito nacional, possivelmente
com bastante influência do que acontecia no eixo Rio-
São Paulo.
7. Exemplos
1945 - Comitê Democrático Afro-brasileiro por uma nova
constituição.(Rio)
Convenção Nacional do Negro Brasileiro (SP)
Teatro Experimental do Negro – Abdias do Nascimento
Teatro Popular Negro –Solano Trindade (1940- 50)
Conferência Nacional do Negro (Rio, 1949)
1950 – Congresso Nacional do Negro
Clubes: Renascença (RJ) e Aristocrata (SP)
10. O negro passa ter voz
Claro que não era a voz da população afro-brasileira como um todo
(penso mesmo que isso não existe); não era também assimilada por
todos os setores da sociedade e no âmbito do sistema de poder
com a mesma “boa vontade”; não era, sobretudo, uma voz – ainda
– capaz de questionar os fundamentos das desigualdades raciais e
sociais; mas foi o suficiente para obrigar uma certa progressão nas
maneiras tradicionais de se lidar com a questão racial (p.94)
1933 – Casa Grande e Senzala
Raça= cultura
Inferioridade biológica= estado cultural
Exótico e específico tinha que ser valorizado
11. A transformação (até 1970)
1. De um lado, uma militância negra...
2. Do outro, um sistema de poder e valores hegemônicos... racismo
na legislação de imigração (CIC)
Concessões: o destaque dos negros nas artes e esportes
Entre os espaços...surge o mito da democracia racial
Elites intelectualizadas e racistas: ideologia da dominação?
Joel Rufino: senso comum nas circunstâncias históricas
As vantagens do sistema de poder para desmobilizar a luta
Mas havia uma pulga trás da orelha dos afro-brasileiros
Interrogar as razões da tal cumplicidade?
12. As razões da partilha e difusão do
mito da democracia racial
1930 - Lei dos 2/3
Publicização da escola e do ensino
1935 – Desfiles das escolas de Samba(DF) c/ apoio da prefeitura
As agremiações podiam se legalizar na polícia
Não existem monopólios de significações sobre eles e seus
desdobramentos e consequências.
13. A superação
Décadas de 1970-1980
O ressurgimento do Movimento Negro causa choque
Isso não existe em nosso país! Vcs vão trazer esse problema
pra cá? Iriam dividir o proletariado!
Éder Sader e a crítica à leitura das condições objetiva em
detrimento dos “imaginários próprios”.
1978 - Ato Público /criação do MNU
Integração com outros movimentos sociais
14. Orgulho racial
Militância não fazia questão de ser “campeã da ordem”
O cenário internacional era particularmente motivadora (p.98)
Herlon Chaves e Wilson Simonal: “Sim, sou negro de cor. Meu
Irmão da minha cor. O que te peço é luta sim, luta mais, Que a
luta está no fim...
Malcom X, Muhamad Ali, dos Panteras Negras e, acima de todos,
Martin Luther King! E o Nelson Mandela?
Orgulho racial entre os negros brasileiros
Os movimentos a-políticos ganhavam espaço e se tornaram
símbolos da nacionalidade, pelo regime interesseiro.
15. A segunda onda de
Emprego
O milagre brasileiro
Várias oportunidades de ensino técnico
Abertura para Universidades privadas.
Os negros migram e o conflitos se agudizam
Millor Fernandes: No Brasil não temos problema
racial. Os negros sabem muito bem qual é o seu lugar.
(p.100)
Juventude negra e a Soul Music / Black Rio
Blacks e o James Brown / valores da raça, união
Soul Grand Prix – equipe de som / linchamento verbal.
16. J. Silvestre
O entrevistador J Silvestre colocou-se todo o tempo
como paladino da “boa” consciência social
brasileiraque, segundo ele, estaria sendo
achincalhada, conspurcada, por aquele movimento
estranho e ridículo, que desmerecia as tradições
culturais e de bom comportamento social da raça
negra. (p.101)
Negro bom era aquele que aceitava, agradecido, o
reconhecimento da “boa” sociedade.
O fantástico enterrando o moviemento
17. A ilusão da democracia
racial
Não havia democracia racial. Acreditar nela ajudava
porque tal idealização é intrinsecamente carregada de
positividade; mas também se tornava um empecilho
ao gerar acomodação naqueles que pensavam ter
chegado ao paraíso racial (p.101)
Nada rompe com equilíbrio
Sem radicalidade daquela militância
Um novo clima reivindicativo e mobilizador
Discurso com “a força da tradição”
Superação da Inércia – colocar na defensiva o
conservadorismo e os estudos acadêmicos
18. Pesquisas
Contra o Mito da democracia racial
Profunda desigualdade entre brancos e negros
Escolaridade
Mercado de trabalho
Direitos humanos
Qualidade de vida
MNU não conseguiu unir os movimentos raciais
Desagregação da SINBA / IPCN mais viável
Na Bahia o YLÊ AYÊ despontava com o OLODUM
Rio Grande do Sul o Grupo Palmares se esvazia
Revista Tição durou apenas dois números
19. O movimento nos Estados
Minas Gerais – Casa Dandara - Centro José do
Patrocínio
Espírito Santo - CECUN
BSB – CEAB resistia deste 1970
Maranhão – CCN torna-se referência com MNRQ
Pará – CEDENPA no rádio, educação e meio ambiente.
Amapá – Alma Negra perdendo força (MOAN)
80 – GRUCON (padres, freiras e leigos)
ANP – Agentes de Pastorais Negros
1993 – Frei Davi Movimento de Pré-vestibular para
Negros e Carentes
20. Movimentos
1989 - 10º Encontro de Negros Norte-Nordeste
I Encontro de Negros do Centro-Oeste
2º encontro de Negro Sul-Sudeste
1991 - I ENEN – Encontro Nacional de Entidades
Negras: 700 delegados, mais de 300 entidades
negras, de 21 estados.
Uma prática muito mais consequente, de mobilização
da maioria dos negros.
21. A metástase
Tornar um movimento por todo o tecido social
Alianças no âmbito da sociedade
Diálogo
Não a flexibilização
Construção do meio de campo
22. Do lado da nova militância...
(p.107)
Criação de suas próprias entidades, bases físicas, fora
das manifestações culturais... O novo lugar-de-negro
Nova visão dos problemas raciais
A qualificação da militância (formação de quadros)
Garimpagem de recursos materiais
Jornais da Imprensa Negra (p.108)
23. ANOS 80 e 90
Nos anos 80, o Movimento Negro foi se instituindo por
dois caminhos não contraditórios, cujos agentes
interagiam, atuavam eventualmente de maneiras
complementares e até trocavam de lugar (p.109)
Os anos 1990dois setores passam a se definir
melhor: 1. Progressistas por um movimento social;
2. Os mais “habilidosos: conquistas de poder /
lideranças políticas, administração pública.
24. O lado das forças democráticas e
anti-racista
Os movimentos sociais: Teologia da
Libertação, Movimento de Mulheres,
Movimento comunitário, estudiosos da
questão racial, e outros mais sensíveis
...(p.109)
Havia militantes negros cabreiros
Embaixadores da questão racial
25. No âmbito da política
conservadora (p.110)
Resistência e afronta ao mito da democracia racial
Políticos tradicionais cuidavam melhor do seu discurso
Legendas e cargos para negros
O tema gera IBOPE
Os anos 80 - engajamentos pessoais (motivos
íntimos, histórias de vida e outras razões)
26. Era um momento crucial para
a nova militância (p.111)
Ou radicalizava sua posições ou seria engolida pela
inércia social.
Capaz de integrar o negro em seu lugar de
subalternidade.
As massas entrarem na história
Não negar os problemas sociais, políticos,
econômicos e culturais decorrentes do preconceito.
Escravidão versus lutas contra a escravidão
Práxis anti-racista ou Cultura da Consciência Negra
27. Para quem partilha a construção da noiva Cultura da Consciência
Negra, Zumbi de Palmares e os Quilombos saltaram das
resumidas linhas de uns poucos livros escolares para a condição
de símbolos de luta pela liberdade (p.112)
A capoeira tornou-se esporte nacional. (estigma)
Não se trata de levar a contribuição do negro a desaguar numa
corrente principal, a matriz civilizatória européia – nem sempre
ingenuamente idealizada, capaz de assimilar todos em seu seio!!!
O universalismo não pode estar pronto ...é tão essencial à
democracia , que não pode ser imposto, tem de ser
permanentemente construído.
Quem sabe a flor amorosa das três raças não venha ser a sua
edificação maior?
Notas do Editor
Exige a legislação do trabalho brasileiro que em cada estabelecimento com três ou mais empregados seja mantida uma proporção de 2/3 de brasileiros para 1/3 de estrangeiros. ... Hoje, incorporada à Consolidação das Leis do Trabalho, em vigor desde 1943, a matéria recebe a nomenclatura geral de “nacionalização do trabalho”.
Exige a legislação do trabalho brasileiro que em cada estabelecimento com três ou mais empregados seja mantida uma proporção de 2/3 de brasileiros para 1/3 de estrangeiros. ... Hoje, incorporada à Consolidação das Leis do Trabalho, em vigor desde 1943, a matéria recebe a nomenclatura geral de “nacionalização do trabalho”.
Milagre econômico brasileiro é a denominação dada à época de crescimento econômico elevado durante o Regime Militar no Brasil, entre 1969 e 1973, também conhecido como "anos de chumbo". Nesse período do desenvolvimento brasileiro, a taxa de crescimento do PIB saltou de 9,8% a.a. em 1968 para 14% a.a em 1973, e a inflação passou de 19,46% em 1968, para 34,55% em 1974. Paradoxalmente, houve aumento da concentração de renda e da desigualdade.[4]
Sociedade de Intercâmbio Brasil África
Instituto de Pesquisas das Culturas Negras
CECUN – centro de estudos de cultura negra
CEAB – Centros de Estudos Afro-brasileiros
CCN Centro de Cultura Negra
MNRQ – Movimento Nacional de Remanescentes Quilombolas
CEDENPA – CENTRO DE DESENVOLVIMENTO DO NEGRO NO PARÁ
Grupo de união e consciência negra