1) O documento discute lesões musculares em corredores, classificando-as em lesões intrínsecas ou extrínsecas e abordando os tipos de lesão como estiramentos musculares.
2) A prevenção inclui alongamento e fortalecimento muscular, enquanto o tratamento envolve gelo, repouso, anti-inflamatórios e fisioterapia para recuperação em até 5 semanas.
3) Lesões musculares são comuns em treinos intervalados e de velocidade e fatores como fadiga e les
1. Lesões musculares: diagnóstico, prevenção e
tratamento
Por Dr. Neto | 28/07/2010 - Atualizada às 15:29
No último artigo publicado nesta coluna abordei o tema da fadiga muscular e algumas de suas
principais características, como as situações distintas em que pode ocorrer e os mecanismos
fisiológicos correspondentes. Desta vez, darei continuidade ao tema e assim tratarei das lesões
musculares, conseqüência possível do processo de fadiga muscular, sobretudo em corredores de
longa distância.
De uma maneira geral, as lesões resultantes de atividades esportivas podem ser classificadas em
dois grupos básicos:1
1 - Lesões intrínsecas: causadas por fatores individuais e biológicos (fatores antropométricos,
história pregressa do atleta, nível de condicionamento).
2 - Lesões extrínsecas: causadas por fatores externos e do meio ambiente (piso de corrida,
equipamento esportivo, condições climáticas).
As corridas de longa distância, esporte considerado sem contato físico, normalmente geram lesões
intrínsecas1. As mais comuns incluem tendinopatias, bursites, fasciites, fraturas de stress e lesões
musculares. As lesões musculares afetam os corredores principalmente durante os treinos de
velocidade, incluindo os tiros e intervalados. Os atletas de elite podem apresentar maior
predisposição a este tipo de lesão pela alta intensidade de seus treinamentos.
A literatura atual classifica estas lesões em diretas ou indiretas (mecanismo de ação), parciais ou
totais (resultado da lesão), e traumáticas ou atraumáticas (presença ou ausência de contato físico)1.
Tipos de lesões - O estiramento muscular é uma lesão indireta frequente entre os corredores. É
causado por um alongamento das fibras musculares além de sua capacidade normal de trabalho,
decorrente de ciclos intensos de contração e relaxamento do músculo envolvido. Ocorre geralmente
na junção músculo-tendínea, área de menor resistência do músculo, ou também na inserção do
tendão ao osso, em situações em que o músculo não está adequadamente alongado, portanto
despreparado para aquele esforço físico.
Durante treinamentos que envolvem velocidade, como os intervalados ou tiros, lesões musculares
são frequentes. Os treinos intervalados predispõem a estes tipos de lesões, pois a musculatura
exerce um esforço forte e contínuo durante os intervalos pré-determinados do treino, o músculo
pode contrair excessivamente e perder parte de sua capacidade de se alongar. Dessa forma, o atleta
está predisposto a sofrer uma lesão nas sessões seguintes ou ao final do treino.
Fatores como fadiga muscular e lesões prévias são importantes considerações a serem feitas na
prevenção de estiramentos musculares. A fadiga muscular, característica presente principalmente no
final das sessões de treinos de velocidade, provoca uma alteração no automatismo do movimento de
corrida do atleta e, portanto, se torna um fator predisponente para a ocorrência de lesões. As lesões
prévias induzem à formação de fibrose (tecido cicatricial) nas áreas afetadas que não apresentarão a
mesma capacidade de alongamento e força que tecidos não lesados, portanto constituindo um local
propício para o surgimento de novas lesões.
2. Prevenção e tratamento - A atividade adequada de toda a musculatura dos membros inferiores,
seguida de exercícios de alongamento, são condições que auxiliam na preparação desta musculatura
e, consequentemente, reduzem os riscos de estiramentos. No caso de corredores, as regiões mais
afetadas são: região posterior (atrás) da coxa, os chamados músculos ísquios-tibiais e a panturrilha
(batata da perna).
O sintoma clínico característico referido pelo atleta é uma fisgada no músculo, seguida de dor e
comprometimento da função muscular a ponto de interromper o treinamento ou a competição.
Parada a atividade física, deve-se aplicar gelo na região acometida em ciclos de 10 a 15 minutos,
com bolsa envolvida por tecido para proteção da pele e feita uma bandagem para a compressão do
local. O membro deve permanecer elevado e em repouso, porém a imobilização deve ser evitada ao
máximo a fim de minimizar a perda de força muscular e a propriocepção (sensibilidade do
movimento).
Medicamentos a serem usados incluem os anti-inflamatórios não-hormonais (ibuprofeno ou
meloxicam) e os analgésicos (paracetamol). Estas condutas, que objetivam a diminuição da dor e o
controle do processo inflamatório, podem ser seguidas pelas próximas 24-48 horas. Após este
período, são introduzidas as medidas fisioterápicas que incluem a utilização de ultra-som pulsado
para o auxílio da regeneração dos tecidos. Na terceira semana, devem ser iniciados os exercícios
para o ganho de força desta musculatura e amplitude de movimento das articulações envolvidas.
O objetivo do tratamento deve ser o retorno ao esporte em cinco semanas. Persistindo a dor, é
necessária uma nova consulta com um médico especialista em medicina esportiva para a correta
reavaliação da lesão e condução do tratamento mais adequado. É importante salientar que a
reabilitação adequada das lesões musculares depende de um diagnóstico médico preciso, tratamento
fisioterápico completo e colaboração total do atleta.
Referência Bibliográfica: 1. Cohen, M., Abdalla, R., Lesões nos Esportes – diagnóstico,
prevenção, tratamento Revinter, 2003