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JOSUÉJOSUÉ
SÉRGIO ZILOCHI
Quem escreveu Josué, Juizes, Samuel e Reis e a maneira
como escreveu são aspectos que têm suscitado um debate
animado nos últimos cinquenta anos. Nesse debate tem
havido dois grupos: os que acham que os livros foram
escritos por um único autor que cuidadosamente redigiu
uma história ininterrupta mediante o emprego de fontes
acuradas e os que acreditam que os textos foram
compostos por dois, três ou mais editores cuidadosos, que
escreveram em momentos diferentes da história de Israel.
Esses comentaristas incluem uma variedade de dados em
suas análises, mas geralmente concentram-se em dados
encontrados nos próprios livros.
Embora seja impossível ter certeza absoluta a respeito disso,
este volume pressupõe que um único indivíduo, anônimo,
analisou fontes disponíveis, ajuntou cuidadosamente os dados
relevantes e moldou esse material num relato consecutivo que
cobre o período de Josué a Reis. Essa pessoa completou o
trabalho por volta de 550 a.C. A narrativa em si é um relato
generalizador da trágica perda, por Israel, da terra que lhe fora
prometida no Pentateuco
Devido a obediência, pode-se esperar que Deus lute por Israel de
uma maneira semelhante à dos milagres do êxodo (v. Dt 27 e 28).
 
O cânon não trata da morte dos cananeus de forma arbitrária ou com
pouco caso. Pelo contrário, a partir de Gênesis 15-16 prepara o leitor
para esse material difícil. Ali o texto dá a Israel quatrocentos anos no
Egito para que os amorreus mudem seu estilo de vida. Levítico 18.24-
30 dá-se ao trabalho de dizer que o povo de Canaã está envolvido em
práticas imorais e repulsivas, as quais obrigam Yahweh a julgá-lo. O
que acontece não é uma missão odiosa mandada por Deus. É, sim,
juízo divino para o pecado que Deus relutantemente tem castigado
desde o Jardim do Éden. Deuteronômio 27—28 deixou mais do que
claro que, se Israel pecar de forma parecida, também sentirá os
efeitos da ira do Senhor. Nesses relatos Israel não possui qualquer
carta branca moral. É apenas o instrumento humano de intervenção
divina nos negócios humanos e está nessa missão com base numa
revelação acontecida na história, da parte de Deus por intermédio de
Moisés.
Como fizeram em Números 13, os israelitas enviam espiões para determinar
a natureza de seu objetivo (2.1). Quase capturados, os espiões escapam com
a ajuda de uma prostituta chamada Raabe (2.2-7). Essa mulher cananéia faz
um acordo para salvar a vida, contudo ela age assim baseada
 
Encorajado, Josué conduz Israel na travessia do no Jordão, uma barreira que
veio a simbolizar mais do que a mera fronteira física (3.1). Deus trouxe-os à
Terra Prometida. Já não estão mais além do Jordão (Dt 1.1), já não mais no
lugar de castigo. John Gray escreve: “Teologicamente e no presente
contexto, a travessia do Jordão assinala um momento decisivo, proclamando
a consumação dos atos graciosos de Deus no cumprimento da promessa de
se instalar numa terra, isto é, ‘descanso’ no linguajar deuteronomístico”.
Como aconteceu no milagre do mar Vermelho, o povo tem o privilégio de
atravessar em terra seca, um milagre que associa o êxodo à situação
histórica vigente. De forma semelhante a obra de Deus prossegue num
contexto novo e distinto. J. Alberto Soggin declara que as semelhanças entre
o milagre do mar Vermelho e a situação aqui descrita “não tiram nada do
milagre, o qual não é reduzido nem a um fenômeno normal nem a uma
‘rotina, mas, pelo contrário, recebe na prática um contexto histórico, fora de
toda a esfera mítica”.9 Yahweh está junto com o povo, em momentos
históricos e estratégicos concretos, de uma forma tão poderosa quanto no
passado.
Como acontece com a confissão de fé por Raabe, o texto destaca a
reputação divina. Na conquista nenhuma outra questão é tão
relevante quanto a glorificação do Criador perante os povos da terra,
de sorte que uma vez mais vem à tona a obrigação de Israel abençoar
outros.
Os inimigos de Israel estão apavorados com as notícias da travessia
milagrosa do Jordão (5.1), mas assim mesmo o Senhor não envia
imediatamente o exército para a guerra. Em vez disso, ordenam-se
mais dois eventos preparatórios, sendo que ambos, à semelhança da
travessia a seco para entrar na terra, ligando a nação aos melhores
dias do seu relacionamento com Yahweh. Primeiro, Deus ordena que
os homens sejam circuncidados, uma tradição que teve início com
Abraão em Gênesis 17.9-14 e ressalta a aliança de Israel com o
Senhor. Esse momento ritual específico também sinaliza que todos os
homens que desobedeceram em Números 13 e 14 morreram e agora
o exército pode avançar na conquista (5.2-5; v. Dt 2.16).!0 Deus tem
renovado a nação e tem-na preparado para a nova tarefa na nova
terra.
Segundo, os israelitas comemoram a Páscoa (5.10), que
associa-os a seu livramento do Egito. Em Deuteronômio
Moisés explicou cuidadosamente que cada acontecimento do
passado de Israel causa o mesmo impacto como se tivesse
acontecido com cada um deles e que a aliança feita no Sinai
foi verdadeiramente feita com essa nova geração de israelitas
(v. Dt 5.3). Essa observância da Páscoa afirma esse ensino. O
que Deus fez por eles no Egito é o que Deus faz por eles em
Canaã. Dessa forma sua compreensão da história afeta suas
atividades no presente. Após a Páscoa o maná acaba (5.10-
12). Agora a provisão de Yahweh muda do maná miraculoso
para o milagre de viver da abundância da Terra Prometida.
Os israelitas recebem o fruto da terra como prelúdio do
recebimento das cidades da terra.11 O povo de Deus agora
certamente sabe que experimentou um novo começo, uma
oportunidade totalmente nova de ser a nação santa do
Senhor.
Como se todos os eventos preparatórios ainda não fossem
suficientes para expressar a intenção divina de dar a terra a
Josué, acontece um último encontro revelatório. Numa
experiência de chamado semelhante à de Moisés, Josué já foi
chamado para substituí-lo. Agora o líder dos exércitos de Deus
encontra-se com o comandante do exército de Yahweh, um
encontro que, segundo o texto, exige que Josué tire as
sandálias, por acontecer em “lugar santo” (5.15), uma
referência inconfundível a Êxodo 3.1-6.
Deus está de fato com Josué assim como esteve com Moisés (v.
Js 1.1-9). Tendo Josué se desincumbido de suas
responsabilidades em cada obrigação pactuai relevante para a
situação do povo, a obediência dele é aprovada e declarada sem
ressalvas por Deus. A nação santa está pronta para a guerra
santa.
O Deus que divide a herança: Josué 13—21
Os planos de Deus para a nação não se encerram com a mera
presença de Israel na terra. Esboçaram-se em Deuteronômio 1.38 e
Deuteronômio 3.28 bem como em Números 27.18-23; 32.17 e 34.17
os planos detalhados de Moisés para o povo se instalar em áreas
específicas, separar cidades levíticas e estabelecer cidades de
refúgio.23 Dividir a terra é a única parte do chamado de Josué que
ainda não foi realizada (v. Js 1.6; Dt 31.7).24 Destarte, é necessário
para os propósitos de Deus, de Moisés e de Josué que divida-se entre
os herdeiros a herança que Yahweh dá a Israel. O término da
conquista também significará que o povo santo fez sua parte no
cumprimento da aliança. Esses capítulos descrevem esse processo de
encerramento ao descrever a divisão geral da terra por tribos,
alocações específicas de terra e ocasiões em que o povo está ou não
ansioso por fazer sua parte no completamento da tarefa militar. A
medida que o livro se desenrola, surgem temas significativos, como a
importância da obediência aos planos de Deus, a coragem de
combater os cananeus, a igualdade de todas as tribos, o conceito da
terra como herança e a base de uma teologia canônica da história.
Deus confere a Josué a tarefa de dividir a Terra Prometida (13.1-8), de
modo que a obediência é, desde o começo, uma questão importante.
Há muito tempo comentaristas têm-se debruçado sobre 13.1, que
parece contradizer 11.23. Aquela primeira passagem fala que toda a
terra foi conquistada, ao passo que esta última indica que ainda existe
terra não conquistada. Com base na crítica das fontes, têm-se
apresentado muitas soluções possíveis, mas o problema é também
teológico. Em Josué 1—12 Deus luta por Israel e então, em Josué 13—
21, exorta o povo a lutar. Na primeira seção Josué lidera Israel na
guerra, capturando cada objetivo que ataca, e então, na segunda seção,
exorta o povo a completar o trabalho por si mesmo. As principais
cidades foram tomadas, e rompidos importantes tratados, mas
localidades individuais são deixadas para que cada tribo as conquiste.
Assim como a obediência de Israel à revelação de Deus conclui a
aliança, de igual forma a reação de Israel às vitórias de Yahweh conclui
a conquista. O esforço humano deve cooperar com a iniciativa divina.
A obediência deve acompanhar o milagre.
Inseridos entre as listas de terra existem três relatos que
demonstram que nesse contexto pode-se expressar
obediência apenas mediante a demonstração de coragem na
guerra. Calebe, contemporâneo de Josué tanto na idade
quanto na fé, exige a oportunidade de lutar pelo território
mais difícil de conquistar (14.6-15). Todo o povo precisa de
um espírito como o de Calebe. A tribo de José queixa-se de
não ter espaço suficiente e ouve então Josué dizer-lhe para
que ataque posições inimigas difíceis (17.14- 18). De novo
espera-se determinação e coragem. Semelhantemente Josué
diz a sete tribos que elas esperaram tempo demais para
obter sua herança (18.1-10). Deus dá terra ao povo (18.10),
mas este deve apoderar-se da herança de modo semelhante
a Calebe.
Alocações especiais de terra feitas para Josué (19.49-51),
para cidades de refúgio (20.1-9) e para os levitas (21.1-8)
ressaltam que a terra é herança divina. Deus possui a terra
(25.23) e, por isso, pode dividi-la. A divisão de solo sagrado é
um chamado a Israel para respeitar a terra, não venden- do-a
como bem entender nem agindo na terra de acordo com sua
vontade. Ter uma porção da terra de Deus exige reverência
para com o propósito e valor dessa mesma terra.25 Fazer
alocações específicas mostra respeito pelas instruções
pactuais explícitas acerca tanto das cidades de refúgio quanto
dos levitas (v. Nm 35.6-3; Dt 4.41-43; 19.1-14; Nm 35.1-5).
Permitir que Josué tenha um pedaço de terra em particular é
reconhecimento de sua posição de líder escolhido de Deus.
Mesmo o gesto de lançar sortes para decidir onde cada tribo
viverá (e.g., Js 18.10,11) reflete a crença de que pode-se
confiar que Deus colocará cada família no local adequado.
A divisão da Terra Prometida

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A divisão da Terra Prometida

  • 2. Quem escreveu Josué, Juizes, Samuel e Reis e a maneira como escreveu são aspectos que têm suscitado um debate animado nos últimos cinquenta anos. Nesse debate tem havido dois grupos: os que acham que os livros foram escritos por um único autor que cuidadosamente redigiu uma história ininterrupta mediante o emprego de fontes acuradas e os que acreditam que os textos foram compostos por dois, três ou mais editores cuidadosos, que escreveram em momentos diferentes da história de Israel. Esses comentaristas incluem uma variedade de dados em suas análises, mas geralmente concentram-se em dados encontrados nos próprios livros.
  • 3. Embora seja impossível ter certeza absoluta a respeito disso, este volume pressupõe que um único indivíduo, anônimo, analisou fontes disponíveis, ajuntou cuidadosamente os dados relevantes e moldou esse material num relato consecutivo que cobre o período de Josué a Reis. Essa pessoa completou o trabalho por volta de 550 a.C. A narrativa em si é um relato generalizador da trágica perda, por Israel, da terra que lhe fora prometida no Pentateuco
  • 4. Devido a obediência, pode-se esperar que Deus lute por Israel de uma maneira semelhante à dos milagres do êxodo (v. Dt 27 e 28).   O cânon não trata da morte dos cananeus de forma arbitrária ou com pouco caso. Pelo contrário, a partir de Gênesis 15-16 prepara o leitor para esse material difícil. Ali o texto dá a Israel quatrocentos anos no Egito para que os amorreus mudem seu estilo de vida. Levítico 18.24- 30 dá-se ao trabalho de dizer que o povo de Canaã está envolvido em práticas imorais e repulsivas, as quais obrigam Yahweh a julgá-lo. O que acontece não é uma missão odiosa mandada por Deus. É, sim, juízo divino para o pecado que Deus relutantemente tem castigado desde o Jardim do Éden. Deuteronômio 27—28 deixou mais do que claro que, se Israel pecar de forma parecida, também sentirá os efeitos da ira do Senhor. Nesses relatos Israel não possui qualquer carta branca moral. É apenas o instrumento humano de intervenção divina nos negócios humanos e está nessa missão com base numa revelação acontecida na história, da parte de Deus por intermédio de Moisés.
  • 5. Como fizeram em Números 13, os israelitas enviam espiões para determinar a natureza de seu objetivo (2.1). Quase capturados, os espiões escapam com a ajuda de uma prostituta chamada Raabe (2.2-7). Essa mulher cananéia faz um acordo para salvar a vida, contudo ela age assim baseada   Encorajado, Josué conduz Israel na travessia do no Jordão, uma barreira que veio a simbolizar mais do que a mera fronteira física (3.1). Deus trouxe-os à Terra Prometida. Já não estão mais além do Jordão (Dt 1.1), já não mais no lugar de castigo. John Gray escreve: “Teologicamente e no presente contexto, a travessia do Jordão assinala um momento decisivo, proclamando a consumação dos atos graciosos de Deus no cumprimento da promessa de se instalar numa terra, isto é, ‘descanso’ no linguajar deuteronomístico”. Como aconteceu no milagre do mar Vermelho, o povo tem o privilégio de atravessar em terra seca, um milagre que associa o êxodo à situação histórica vigente. De forma semelhante a obra de Deus prossegue num contexto novo e distinto. J. Alberto Soggin declara que as semelhanças entre o milagre do mar Vermelho e a situação aqui descrita “não tiram nada do milagre, o qual não é reduzido nem a um fenômeno normal nem a uma ‘rotina, mas, pelo contrário, recebe na prática um contexto histórico, fora de toda a esfera mítica”.9 Yahweh está junto com o povo, em momentos históricos e estratégicos concretos, de uma forma tão poderosa quanto no passado.
  • 6. Como acontece com a confissão de fé por Raabe, o texto destaca a reputação divina. Na conquista nenhuma outra questão é tão relevante quanto a glorificação do Criador perante os povos da terra, de sorte que uma vez mais vem à tona a obrigação de Israel abençoar outros. Os inimigos de Israel estão apavorados com as notícias da travessia milagrosa do Jordão (5.1), mas assim mesmo o Senhor não envia imediatamente o exército para a guerra. Em vez disso, ordenam-se mais dois eventos preparatórios, sendo que ambos, à semelhança da travessia a seco para entrar na terra, ligando a nação aos melhores dias do seu relacionamento com Yahweh. Primeiro, Deus ordena que os homens sejam circuncidados, uma tradição que teve início com Abraão em Gênesis 17.9-14 e ressalta a aliança de Israel com o Senhor. Esse momento ritual específico também sinaliza que todos os homens que desobedeceram em Números 13 e 14 morreram e agora o exército pode avançar na conquista (5.2-5; v. Dt 2.16).!0 Deus tem renovado a nação e tem-na preparado para a nova tarefa na nova terra.
  • 7. Segundo, os israelitas comemoram a Páscoa (5.10), que associa-os a seu livramento do Egito. Em Deuteronômio Moisés explicou cuidadosamente que cada acontecimento do passado de Israel causa o mesmo impacto como se tivesse acontecido com cada um deles e que a aliança feita no Sinai foi verdadeiramente feita com essa nova geração de israelitas (v. Dt 5.3). Essa observância da Páscoa afirma esse ensino. O que Deus fez por eles no Egito é o que Deus faz por eles em Canaã. Dessa forma sua compreensão da história afeta suas atividades no presente. Após a Páscoa o maná acaba (5.10- 12). Agora a provisão de Yahweh muda do maná miraculoso para o milagre de viver da abundância da Terra Prometida. Os israelitas recebem o fruto da terra como prelúdio do recebimento das cidades da terra.11 O povo de Deus agora certamente sabe que experimentou um novo começo, uma oportunidade totalmente nova de ser a nação santa do Senhor.
  • 8. Como se todos os eventos preparatórios ainda não fossem suficientes para expressar a intenção divina de dar a terra a Josué, acontece um último encontro revelatório. Numa experiência de chamado semelhante à de Moisés, Josué já foi chamado para substituí-lo. Agora o líder dos exércitos de Deus encontra-se com o comandante do exército de Yahweh, um encontro que, segundo o texto, exige que Josué tire as sandálias, por acontecer em “lugar santo” (5.15), uma referência inconfundível a Êxodo 3.1-6. Deus está de fato com Josué assim como esteve com Moisés (v. Js 1.1-9). Tendo Josué se desincumbido de suas responsabilidades em cada obrigação pactuai relevante para a situação do povo, a obediência dele é aprovada e declarada sem ressalvas por Deus. A nação santa está pronta para a guerra santa.
  • 9. O Deus que divide a herança: Josué 13—21 Os planos de Deus para a nação não se encerram com a mera presença de Israel na terra. Esboçaram-se em Deuteronômio 1.38 e Deuteronômio 3.28 bem como em Números 27.18-23; 32.17 e 34.17 os planos detalhados de Moisés para o povo se instalar em áreas específicas, separar cidades levíticas e estabelecer cidades de refúgio.23 Dividir a terra é a única parte do chamado de Josué que ainda não foi realizada (v. Js 1.6; Dt 31.7).24 Destarte, é necessário para os propósitos de Deus, de Moisés e de Josué que divida-se entre os herdeiros a herança que Yahweh dá a Israel. O término da conquista também significará que o povo santo fez sua parte no cumprimento da aliança. Esses capítulos descrevem esse processo de encerramento ao descrever a divisão geral da terra por tribos, alocações específicas de terra e ocasiões em que o povo está ou não ansioso por fazer sua parte no completamento da tarefa militar. A medida que o livro se desenrola, surgem temas significativos, como a importância da obediência aos planos de Deus, a coragem de combater os cananeus, a igualdade de todas as tribos, o conceito da terra como herança e a base de uma teologia canônica da história.
  • 10. Deus confere a Josué a tarefa de dividir a Terra Prometida (13.1-8), de modo que a obediência é, desde o começo, uma questão importante. Há muito tempo comentaristas têm-se debruçado sobre 13.1, que parece contradizer 11.23. Aquela primeira passagem fala que toda a terra foi conquistada, ao passo que esta última indica que ainda existe terra não conquistada. Com base na crítica das fontes, têm-se apresentado muitas soluções possíveis, mas o problema é também teológico. Em Josué 1—12 Deus luta por Israel e então, em Josué 13— 21, exorta o povo a lutar. Na primeira seção Josué lidera Israel na guerra, capturando cada objetivo que ataca, e então, na segunda seção, exorta o povo a completar o trabalho por si mesmo. As principais cidades foram tomadas, e rompidos importantes tratados, mas localidades individuais são deixadas para que cada tribo as conquiste. Assim como a obediência de Israel à revelação de Deus conclui a aliança, de igual forma a reação de Israel às vitórias de Yahweh conclui a conquista. O esforço humano deve cooperar com a iniciativa divina. A obediência deve acompanhar o milagre.
  • 11. Inseridos entre as listas de terra existem três relatos que demonstram que nesse contexto pode-se expressar obediência apenas mediante a demonstração de coragem na guerra. Calebe, contemporâneo de Josué tanto na idade quanto na fé, exige a oportunidade de lutar pelo território mais difícil de conquistar (14.6-15). Todo o povo precisa de um espírito como o de Calebe. A tribo de José queixa-se de não ter espaço suficiente e ouve então Josué dizer-lhe para que ataque posições inimigas difíceis (17.14- 18). De novo espera-se determinação e coragem. Semelhantemente Josué diz a sete tribos que elas esperaram tempo demais para obter sua herança (18.1-10). Deus dá terra ao povo (18.10), mas este deve apoderar-se da herança de modo semelhante a Calebe.
  • 12. Alocações especiais de terra feitas para Josué (19.49-51), para cidades de refúgio (20.1-9) e para os levitas (21.1-8) ressaltam que a terra é herança divina. Deus possui a terra (25.23) e, por isso, pode dividi-la. A divisão de solo sagrado é um chamado a Israel para respeitar a terra, não venden- do-a como bem entender nem agindo na terra de acordo com sua vontade. Ter uma porção da terra de Deus exige reverência para com o propósito e valor dessa mesma terra.25 Fazer alocações específicas mostra respeito pelas instruções pactuais explícitas acerca tanto das cidades de refúgio quanto dos levitas (v. Nm 35.6-3; Dt 4.41-43; 19.1-14; Nm 35.1-5). Permitir que Josué tenha um pedaço de terra em particular é reconhecimento de sua posição de líder escolhido de Deus. Mesmo o gesto de lançar sortes para decidir onde cada tribo viverá (e.g., Js 18.10,11) reflete a crença de que pode-se confiar que Deus colocará cada família no local adequado.