2. Josué (hebr.: Yehoshu‘a) significa
“Javé salva, liberta, auxilia, socorre”.
A forma aramaica de Yehoshu‘a é
Yeshu‘a (Jesus).
Significado do nome “Josué”
3. 2020 – Livro do Deuteronômio
Abre tua mão para teu irmão
2021 – Carta aos Gálatas
Pois todos vós sois um só em Cristo Jesus
2022 – Livro de Josué
O Senhor, teu Deus, está contigo por onde
quer que andes (Js 1,9)
2023 – Carta aos Efésios
Mês da Bíblia nos últimos anos
5. Os pobres possuirão a terra
e deleitar-se-ão com paz abundante.
(Sl 37,11)
Felizes os mansos porque possuirão a terra.
(Mt 5,4)
A bem-aventurança para quem não tem terra
Terra e terra partilhada é o tema central do Livro de
Josué, é o centro do projeto do Reino de Deus
6. Ai dos que juntam casa a casa, dos que acrescentam campo
a campo até que não haja mais espaço disponível, até serem
eles os únicos dominadores da terra. (Is 5,8)
Ouvi isto, vós que esmagais o indigente e quereis eliminar os
pobres da terra. (Am 8,4)
Ai daqueles que planejam iniquidade e que tramam o mal
em seus leitos! Ao amanhecer, eles o praticam, porque está
no poder de sua mão. Se cobiçam campos, eles os roubam,
se casas, eles as tomam; eles oprimem o varão e sua casa, o
homem e sua herança. (Mq 2,1-2)
O movimento profético denunciou os reis que viviam em cidades
fortificadas e oprimiam a terra e o povo que nela trabalhava.
O Livro de Josué registra memórias antigas, recordando as
façanhas de libertação da terra das mãos dos reis citadinos no
início da história de Israel.
7. 3 Confia em Javé e faze o bem, habita na terra e vive
tranquilo.
9b Quem espera em Javé possuirá a terra.
11 Os pobres vão possuir a terra e deleitar-se com paz
abundante.
18 Javé conhece os dias dos íntegros e sua herança
permanecerá para sempre.
22a Os que ele abençoa vão possuir a terra.
27 Evita o mal e pratica o bem, e para sempre terás habitação.
29 Os justos vão possuir a terra e nela habitarão para sempre.
34 Espera por Javé e observa o seu caminho; ele te exaltará,
para que possuas a terra.
Sl 37: O Salmo de quem não possui terra
8. Salmo 44,2.4 (cf. Js 24,12)
2 Ó Deus,
4 não foi pela espada que conquistaram a terra,
nem foi o braço deles que lhes trouxe a vitória;
e sim a tua direita e o teu braço,
e a luz da tua face, porque os amavas.
11. A primeira edição do Livro de Josué foi no séc. VII a.C., para
fazer propaganda da reforma do rei Josias
12. A segunda e a terceira edições foram no Exílio
(séc. VI a.C.) e no pós-Exílio (séc. V a.C.)
13. Js-Jz 1-2Sm 1-2Rs
História
Deuteronomista
1ª edição
de Josué
2ª edição
de Josué
3ª edição
de Josué
BH(*) = Profetas
Anteriores
(*) BH = Bíblia Hebraica
Na BH, o Livro de Josué é o primeiro livro dos Profetas Anteriores (Js,
Jz, 1-2Sm, 1-2Rs), que fazem uma leitura crítica do reinado idolátrico,
a fim de explicar a tragédia do Exílio como castigo de Deus
14. O núcleo teológico da História
Deuteronomista (HD) está em Dt 12–26
Os conceitos fundamentais da teologia da
história dos deuteronomistas pretendem
inculcar a ideia de unidade:
- Um Deus: Javé;
- Um Povo: o povo eleito;
- Uma Lei: a Torah (= Orientação, lei. É a
expressão da vontade de Deus);
- Uma Terra: a terra prometida por Javé;
- Um Templo: o de Jerusalém;
- Um Rei: da família de Davi.
15. Outros são citados como “homens de Deus” (cf. Js 14,6;
Jz 6,7-10; 13,6; 1Rs 13; 20,13.22.28; 2Rs 23,16) e
videntes (2Rs 17,13).
Profetas nomeados na HD
- Moisés (Dt 34,10; Js 14,6) - Jeú, filho de Hanani (1Rs 16,7)
- Josué (Eclo 46,1) - Elias (1Rs 18,36)
- Débora (Jz 4,4) - Miqueias, filho de Jemla (1Rs 22,7-8)
- Samuel (1Sm 3,20) - Eliseu (2Rs 9,1)
- Natã (2Sm 7,2) - Jonas, filho de Amati (2Rs 13,25)
- Gad (2Sm 24,11) - Isaías (2Rs 19,2)
- Aías de Silo (1Rs 11,29) - Hulda (2Rs 22,14)
- Semeías (1Rs 12,22)
Na HD, são vários os “profetas” e as “profetisas”
que recebem nome:
16. [1] para avaliar profeticamente o reinado
(cf. Dt 17,14-20; Jz 9,7-15; 1Sm 8,10-18;
1Rs 11,1-25; 2Rs 17,7-23) e
[2] para explicar a tragédia do Exílio como
castigo de Deus por causa da infidelidade
do povo.
A teologia da HD serve de espelho:
17. A HD (Js-Jz, 1-2Sm, 1-2Rs) não pretende narrar a história
da organização tribal ou dos reis em Israel e em Judá. A
tradição judaica chamou a HD de “Profetas Anteriores”,
indicando que ela é, acima de tudo, literatura profética da
história. É, portanto, narrativa teológica e não crônica dos
fatos.
Comparar: Js 11,23 com 13,1-6.
Livro de Josué Jz 1
Uma liturgia de conquista em uma
guerra relâmpago, vinda de fora de
Canaã, em conjunto de todas as 12
tribos comandadas por Josué.
As tribos
conquistam
separadamente
seus territórios
Essas e várias outras contradições no texto revelam
que não podemos lê-lo ao pé da letra, mas precisamos
buscar o sentido teológico, a partir da fé.
Não podemos ler o Livro de Josué ao pé da letra
18. Por fim, lembramos que:
Os reis com seus exércitos bem armados e
equipados com carros de guerra (11,4.6.9;
17,16.18; 24,6) são todos eliminados. Não sobra
um sequer.
No entanto, do lado dos israelitas, armados com
espadas e com arcos e flechas (1,14; 4,12-13;
24,12), há somente a morte de 36 homens, por
causa da ira de Deus, uma vez que Acã não
cumpriu a lei do anátema (Js 7,1.5). Sua família
também foi morta. (vv. 24-25)
Portanto, Josué é uma teologia em narrativa épica,
é história religiosa de heróis, e assim deve ser lido.
19. [1] denuncia a infidelidade do povo à Aliança,
interpretando a tragédia do Exílio como
castigo por causa da idolatria;
[2] apela para a conversão;
[3] anuncia nova entrada na terra da
promessa, um novo Êxodo.
Em forma de teologia narrativa, isto é, de história
religiosa, de fé, a História Deuteronomista
(HD: Js, Jz, 1-2Sm, 1-2Rs):
20. A passagem pelo Rio Jordão (Js 3–5)
Memória do Êxodo (Ex 14)
21. .
Sinai?
Sinai?
Moab
Monte Nebo
Jerusalém
Jericó
Garizim
Ebal
Nazaré
Monte Carmelo
Cafarnaum
S
L O
N
O profeta Moisés profere os discursos do Deuteronômio nas estepes de Moab, defronte
do Monte Nebo na altura de Jericó (Nm 33,47-48; 36,13; Dt 1,5; 2,8-9.18; 28,69; 32,48-49;
34,1-8). Assim, os editores finais do Deuteronômio apresentaram a renovação da Aliança
do profeta Moisés em Moab como releitura do Código da Aliança do Sinai/Horeb (Ex 20–23)
em um novo momento histórico. Hoje, os franciscanos mantêm um santuário no local.
22. O povo atravessou o Jordão defronte de Jericó (Js 3,16)
Vista desde o norte para o sul: Lago da Galileia, Vale do Jordão,
Mar Morto, Vale da Arabá, Golfo de Ácaba, Mar Vermelho.
Margem esquerda do Jordão e da Arabá: Jordânia
Margem direita: Palestina e Israel
29. Paralelo entre o Êxodo liderado por Moisés
e o novo Êxodo protagonizado por Josué
30. O Êxodo de Moisés e o Êxodo de Josué. Este é “imitador” daquele
Moisés Josué
Javé aparece a Moisés (Ex 3,1-6). Ele é o
herói que enfrenta o faraó, rei do Egito.
Josué também recebe uma teofania (Js 5,13-15).
É o herói que enfrenta os reis de Canaã.
Há granizo (Ex 9,18-26)
Envia 12 exploradores, Josué entre eles (Nm
13; cf. v. 8).
Também há chuva de pedras (Js 10,11)
Envia 2 exploradores do território (Js 2).
Moisés celebra a Páscoa (Ex 12,1-14.43-50), há
circuncisão (4,24-26; 12,44-49) e aparece o
maná (16).
Josué também celebra a Páscoa (Js 5,10-12), há
circuncisão (5,2-9) e o maná cessa (Js 5,12).
Moisés abre as águas do Mar dos Juncos (Ex
13–14).
[Elias abre as águas do Jordão (2Rs 2,7-8)].
Josué abre as águas do Rio Jordão (Js 4–5).
[Eliseu também (2Rs 2,14)].
(Ali, JB e Jesus anunciam o Reinado de Deus).
Moisés estende as mãos e a vara (Ex 17,9.11). Josué estende a mão e a lança (Js 8,18-19.26).
Moisés suplica misericórdia a Javé (Ex 32,11-
14; Nm 14,13-19).
Josué também intercede por perdão (Js 7,6-9).
Deus estabelece Aliança com Israel (Ex 24). Josué renova a Aliança (Js 24,25-28).
Moisés renova a Aliança (Ex 24; 34) Josué também renova a Aliança (Js 8,30-35; 24)
31. Moisés recebe a promessa de Deus feita aos
pais (Ex 3,7-10; 32,13).
Em Josué, Deus realiza sua promessa (Js 21,45;
23,14).
O Êxodo de Moisés e o Êxodo de Josué. Este é “imitador” daquele
Moisés Josué
Presença do Anjo Exterminador como
personificação de Javé (Ex 1223.27; 14,19;
23,20.23; 32,34)
O “anjo”, personificação de Javé, chefe do
exército exterminador (Js 5,13-15)
Moisés deixa seu testamento (Dt 31–33). Josué também faz seu discurso de despedida
(Js 23).
Para os editores da HD, Josué é modelo de liderança.
Como o rei Josias, não recebe uma única crítica (cf. 2Rs 23,25).
Cumprida a missão, ainda se retira para seu sítio (24,29; 19,49-
50).
Aliás, como o nome Jesus, também Josué e Josias têm o mesmo
significado: Javé salva, Javé liberta, Javé auxilia, Javé socorre.
33. Originalmente, Js e Jz formavam um rolo. Seu
tema é o mesmo: a terra.
Jz é continuidade de Js. Jz 1 está em Js, e Js 24
é retomado em Jz 2,6-10.
Unidades literárias de Js-Jz:
Js 1–12: A libertação da terra
Js 13,1–Jz 2,10: A distribuição da terra
Jz 2,11–16,31: A luta para manter a terra livre
Jz 17–21: Apêndices.
34. Estrutura do Livro de Josué
1,1-9 23–24
Investidura
de Josué
Testamento
de Josué;
Renovação
da Aliança;
Morte de
Josué
35. Estrutura do Livro de Josué
1,1-9 23–24
1,10-18 Tratam
mesmo
do
tema
22
Investidura
de Josué
Ordem às
tribos do
Além-Jordão
Volta das
tribos do
Além-Jordão
Testamento
de Josué;
Renovação
da Aliança;
Morte de
Josué
36. Estrutura do Livro de Josué
1,1-9 23–24
1,10-18 22
2–12 13–21
Investidura
de Josué
Ordem às
tribos do
Além-Jordão
Travessia
do Jordão;
Libertação
da terra
Repartição
da terra;
Herança
de cada
tribo
Volta das
tribos do
Além-Jordão
Testamento
de Josué;
Renovação
da Aliança;
Morte de
Josué
37.
38. A violência em nome de Deus
Herem (hebr.)
Anátema (gr.)
(Interdito, proibição, destruição)
39. Textos como estes nos chocam:
Então, consagraram como anátema tudo que havia
na cidade: homens e mulheres, crianças e velhos,
assim como os bois, ovelhas e jumentos,
passando-os ao fio da espada. (Js 6,21)
Josué não retirou a mão que estendera com a
lança até que tivesse dedicado ao anátema todos
os habitantes de Hai. (Js 8,26)
Por isso, é importante compreender a teologia da
“Guerra Santa”.
40. Principais fundamentos da “Guerra Santa”
1 - Deus está junto, combate ao lado do povo (Js
23,3-5; 10,14.42; 23,10; 24,11-13) e garante a
vitória, na medida em que se é fiel a ele.
2 - Os inimigos estão destinados à derrota (Js 6).
3 - As ações bélicas devem ser precedidas por
adequada preparação de oferenda cultual (Js 5).
Parece estar incluída a abstinência sexual (1Sm
21,6; 2Sm 11,11).
4 - Todo erro ou falta nesse sentido seria punido
com insucesso (Js 7) – Teologia da Retribuição
(Quando se cumpre a Lei, então há bênção;
quando se é infiel à Lei, então há maldição)
5 - (segue)
41. 5 - O fruto da vitória pertence a Deus e a ele é
oferecido, sendo votado ao herem (hebr.),
ao anátema (gr.), ao interdito, à proibição, à
destruição, isto é, ritualmente consagrado a
Deus como sacrifício (Js 6,20-21).
Não se pode enriquecer com ele (Js 6,18).
Os metais eram separados, consagrados a
Deus, indo parar no tesouro de Javé no
Templo (Js 6,19).
42. Anátema (gr.; em hebraico: herem)
Na Bíblia Hebraica (BH):
- Herem [BH = 28X (13X em Js – 46,42%)]:
anátema, interdito, ato de destinar à destruição,
à execração, ao banimento, à consagração a
Deus, à separação para Deus.
- HaRaM [BH = 53X (14X em Js – 26,41%)]:
anatematizar, destruir, dedicar/consagrar a Deus
por meio de destruição.
Js 2,10 (verbo); 6,17.18.18.18.18.21; 7,1.1.11.12.12.13.13.15;
8,26; 10,1.28.35.37.39.40; 11,11.12.20.21; 22,20.
43. Siquém, montes Ebal e Garizim
- Renovação da Aliança (8,30-35)
- Aliança em Siquém (24,1-28)
53. - Seu pai chamava-se Num (Ex 33,11; Nm 11,28; Dt 32,44; 34,9; Js 1,1);
- Da tribo de Efraim, de Tamnat-Serah (Nm 13,8; Js 24,30; Jz 2,9);
- Chamava-se Oseias, e Moisés o renomeia (Nm 13,16);
- Josué (hebr.: Yehoshu‘a) significa “Javé salva, liberta,
socorre, auxilia”.
A forma aramaica de Yehoshu‘a é Yeshu‘a (Jesus).
Mais que uma pessoa, Josué representa um projeto:
“Javé liberta, tomando a terra dos poderosos e a dando aos
sem terra;
- Guerreio, líder militar (Ex 17,9-14; Js 1–12; cf. 1,12-18; 4,12-13:
“levanta-te” (Js 1,2; 7,10.13; 8,1), “sê forte e corajoso” (1,6.7.9.18; cf. 10,25),
“não temas” (1,9; 8,1; 10,8; 11,6; 10,8; 11,6; cf. 10,25); “Javé estará com
Josué” (1,5.9.17; 3,7; 6,27).
- Guardião da Tenda de Reunião (Ex 33,11).
Identidade de Josué – 1 –
54. - Auxiliar de Moisés (Ex 24,13; 33,11; Nm 11,28; Js 1,1) e,
como Moisés (20X), servo (‘ebed) de Javé [5,14; 24,29;
cf. 1,1.2.7.13.15);
- Um dos exploradores do território (Nm 13,1-24.30);
- Escolhido por Deus para ser o sucessor de Moisés (Nm 27,12-23);
- Imitador (slide seguinte) e sucessor de Moisés (Ex 17,9;
24,13; 33,11; Nm 11,28; 13,8.16; 14,5-6.30.38; 27,15-23; 34,17;
Dt 1,38; 3,21.28; 31,3-8.14-15.23; 34,9; Js 1,1-9).
Moisés, porém, é superior: promulga leis em nome de
Deus, dá ordens a Josué e tem mais intimidade com Deus.
- Modelo de fidelidade à Lei (1,7-8), de combate à idolatria (24,1-28);
- O Espírito repousa sobre ele (Nm 27,8);
- Em Eclo 46,1-8, recebe o título de profeta.
- Morre aos “110” anos (Js 24,29; Jz 2,8; Moisés havia
morrido aos “120” anos: Dt 34,7).
- Como chefe único, é figura o rei na monarquia.
Identidade de Josué – 2 –
56. [1] O projeto dos palácios, dos reis, dos
donos das terras (cf. Js 12).
Em Josué, o conflito não é entre povos, entre
Israel e os cananeus. É entre os reis, os
senhores(*), com suas cidades fortificadas e o
povo marginalizado.
(*) ba‘ais = senhores, donos, proprietários;
cf. 24,11; a Bíblia de Jerusalém traduz por
“chefes”).
Dois projetos estão em disputa
57. Cidade (150 X em Js): Js 6 (16X; cf. v. 20); 8 (23X);
10 (7X; cf. v. 20); 11 (5X).
Rei (108 X): Js 2,2.3.10; 10 (39X); 11 (12X); 12 (36X).
Reino (7 X): 8,10; 13,12.21.
Reinar (3 X): 13,21.
(Ver Rei/Reino/Reinar em 13,21).
58. [1] O projeto dos palácios, dos reis, dos donos das
terras (slides anteriores);
[2] O projeto da “casa” liberta a terra das
mãos dos reis e moradores da cidades:
- casa dos clãs/famílias pobres das
cidades (Raab; 2; 6,22-25);
- casa dos clãs/famílias camponeses
oprimidos por cidades (Canaã) e
impérios (Egito);
- casa dos clãs/famílias de pastores nas
estepes e desertos.
Dois projetos estão em disputa
59. O conflito entre as divindades representa, na
verdade, a luta entre dois projetos de
sociedade.
Javé é o garantidor do acesso dos pobres à
terra, de todas as pessoas a um pedaço de
chão para viver com dignidade (cf. Sl 37,11).
Enquanto isso, os ídolos são as divindades
manipuladas a serviço do projeto dos
palácios. Afastar-se das divindades
estrangeiras é libertar-se da dependência, é
ser independente, autônomo.
62. No séc. VII a.C., sob o rei Josias (640-609 a.C.), temos a 1ª
edição, contendo diferentes relatos de conquista em Js 1–12,
especialmente tradições da tribo de Benjamin em torno de
Guilgal (Js 2–9; cf. 4,19-24; 5,9-10; 9,6; 10,6; 14,6; 1Sm
11,15), e alguns documentos administrativos com as listas de
cidades e de fronteiras em 13–21.
A lista de 12 tribos (13–19) e a referência aos doze distritos
de Salomão têm em vista a tributação no reinado, conforme o
modelo dos faraós no Egito (1Rs 4,7-20; cf. 3,1-3), e que o rei
Josias, queria retomar ao anexar o antigo Reino de Israel.
Os autores (funcionários da corte) apresentam Josué como
chefe militar, um herói nacional em uma guerra épica (1,1-7).
O Livro de Josué serve como propaganda para a reforma do
rei Josias junto ao povo do Reino de Judá.
Primeira edição do Livro de Josué
63. A 2ª edição é do Exílio, depois da destruição da
dinastia de Davi, de Jerusalém e do Templo pelos
babilônios (597-539 a.C.), quando a euforia nacional
da época da reforma de Josias caíra por terra.
É a revisão deuteronomista. Josué e Juízes são
inseridos no início da HD, e 2Rs 24–25, descrição da
tragédia como castigo de Deus, é acrescentado.
As releituras e acréscimos querem explicar, para os
exilados e remanescentes, o porquê do Exílio (castigo
por causa da infidelidade à Aliança). Querem também
chamar à fidelidade unicamente a Javé (Js 23,15-16;
1Sm 7,3; 2Rs 17,13; 23,25; 1Rs 8,46-51).
Segunda edição do Livro de Josué
64. A 2ª edição é do Exílio, depois da destruição da dinastia
de Davi, de Jerusalém e do Templo pelos babilônios
(597-539 a.C.), quando a euforia nacional da época da
reforma de Josias caíra por terra.
As releituras e acréscimos querem explicar, para os
exilados e remanescentes, o porquê do Exílio (castigo
por causa da infidelidade à Aliança). Querem também
chamar à fidelidade unicamente a Javé (Js 23,15-16;
1Sm 7,3; 2Rs 17,13; 23,25; 1Rs 8,46-51).
Essa narrativa teológica, essa descrição da história a
partir da fé é conhecida como Teologia Deuteronomista.
É uma Teologia da Retribuição.
Segunda edição do Livro de Josué
65. Teologia deuteronomista (cf. Jz 3,7-11):
[1] O povo abandona Javé (v. 7);
[2] Javé abandona o povo, amaldiçoa (v. 8);
[3] O povo clama a Javé (v. 9a);
[4] Javé se arrepende e abençoa, enviando juízes
libertadores (vv. 9b-11).
66. Versão pós-exílica: séc. V sob a teologia do Templo
de Jerusalém na época de Esdras (+ 400 a.C.).
Josué é apresentado como um escriba respeitoso da
monolatria contida no “Livro da Lei de Moisés” (1,7-8;
8,31.34; 22,5; 23,6-7.16), que é o “Livro da Lei de
Deus” (24,26). Tudo sob a obediência da Lei. A Torah
é tema central para os deuteronomistas e para a
teologia pós-exílica. Agora, a posse da terra depende
menos da “conquista” e mais da observância da Torah.
São inseridos 1,10-18, além dos capítulos 20–22 e 24.
As listas de fronteiras e de cidades em Js 13–19, são
ampliadas, apresentando um Israel idealizado (//Ez
40–48) para a comunidade judaica repatriada.
Terceira edição do Livro de Josué
67. Nesse tempo, o movimento de mulheres,
autoras dos livros de Rute (moabita) e
Cantares (+ 400 a.C.), pode ter inserido os
relatos sobre a cananeia Raab (2; 6,17.22-25;
cf. Mt 1,5; Hb 11,31; Tg 2,25), a edomita Acsa
(15,16-19) e as manassitas Maala, Noa,
Hegla, Melca e Tersa (cf. 17,3-6).
O protagonismo de mulheres
69. 1 - Deus é fiel aos pobres e conduz a história. Na Torah,
ele prometeu (Gn 12,7; 13,15; 15,18; 26,4; Ex 3,7-10;
32,13; Dt 8,7-10). Em Josué, ele cumpriu a promessa
(Js 21,45; 23,14). Da terra da escravidão à liberdade
em terra repartida.
Javé é o protagonista principal nas narrativas. Josué
é instrumento nas mãos de Deus.
É o Deus da Aliança (8,30-35; 24,1-28).
A Arca da Aliança é o sinal da presença de Deus
(cf. 3,3.6.8.11.13.14.15.17; 4,5.7.9.10.11.16.18;
6,4.6.7.8.9.11.12.13; 7,6; 8,33).
Temas centrais do Livro de Josué – 1 –
70. 2 - Também o povo deve ser fiel. A posse
da terra está condicionada à fidelidade.
Haverá bênção se houver integridade e
fidelidade (24,14) do povo unicamente à Lei
de Javé, (1,7-8; 8,31-34; 22,5; 23,6.16; 24,26),
o Deus que dá a terra.
[“servir a Javé” (22,5.27; 24,14-31) e “não servir
aos ídolos” (23,7.16; 24,2.14.15.15.16.20.23)].
Temas centrais do Livro de Josué – 2 –
71. 3 - A terra é tema central em Josué como, de resto,
em toda a Bíblia.
A terra: (109X: 1,2.4.6.11.13.14.15.15) não pertence aos
senhores deste mundo (24,11: ba‘ais: donos,
proprietários), fortemente armados com exércitos
equipados com carros de guerra (cf. 11,4.6.9; 17,16.18; 24,6).
Ela pertence exclusivamente a Deus (3,11.13; 2,11;
Ex 19,5; Lv 25,23; Dt 10,14; Sl 24,1-2; 97,5; Is 66,1-2).
É terra boa (23,13.15.16), onde corre leite e mel (5,6).
Visa o bem viver, na paz e na segurança.
É terra sagrada, como “santuário de Javé”, em que se
entra com os pés descalços (5,15; Ex 3,5; cf. Js 24,26).
Temas centrais do Livro de Josué – 3 –
(Sobre a “terra”, ver próximos slides)
72. Como narrativa teológica, Js 13 a 19
contém um projeto profético de justa
partilha da terra.
Seguem as principais características da
partilha da terra segundo o projeto de
Deus no Livro de Josué.
73. - A terra é graça, é dom, é presente (Deus a dá) a seu
povo (39X: 1,2.6.11.13.14.15.15).
Javé toma a terra dos ajuntam campo a campo, casa
a casa até serem os únicos donos do país (cf. Is 5,8;
Js 8,1; 10,42; 12,1.6.7; cf. 11,23) e a dá a grupos
sem terra (cf. Sl 37,11; Mt 5,4).
Tudo é feito com a presença da Arca, de sacerdotes
e “diante de Javé” (18,6.8.10).
- É também conquista do povo (segue)
A terra pertence a Deus, é dom e conquista – 1 –
74. - A terra é graça, é dom, é presente (slide anterior)
- É também conquista do povo (1,5-6.9).
Requer coragem, superar o medo, a falta de confiança
em si e na presença de Javé libertador (1,5-6.9.17; 8,1;
10,8).
O povo não pode ficar de braços cruzados, mas
participar ativamente da partilha da terra (18,3-10).
A terra é dom na conquista, com uso de estratégias e
táticas [espionagem (2; 7,2), emboscada
(8),enganações (9,3-18), alianças (9), solidariedade
(Raab e tribos do Além Jordão)...].
75. - É herança, propriedade, posse, quinhão (50X:
13,6.7.8.14.14.23.28.33.33; 18,2.4.7.7.20.28; 21,3)
Herdar, repartir a herança: 1,6; 13,32; 14,1.1; 16,4;
Lote/parte/porção: 14,4; 15,13; 18,5.6.7.9; 19,9.
A herança é terra de trabalho, não é mercadoria
para ser vendida, comercializada, pois é presente
de Deus (1Rs 21,3; Lv 25,23; Nm 36,7).
---------
[Os sacerdotes levitas não podem ter terra, pois sua
herança é Javé (13,33.33; cf. Nm 18,20; Dt 18,2), é
o sacerdócio (18,7), são as cidades para morar e as
pastagens para seus rebanhos (14,4; 21,3)].
A terra pertence a Deus, é dom e conquista – 2 –
76. - A terra é posse compartilhada, é usufruto coletivo:
(é agricultura familiar coletiva, clânica).
- da tribo [91X: shébeth e mathéh]:
Shébeth (33X): 1,12; 3,12.12.
Mathéh (também significa clã; 58X): 7,1.18.
- do clã/família/parentela (47X: 6,23; 7,14.14.17.17.17)
e da “casa” (12X): 2,12.18; 6,25)
(VER Js 7,14.18, onde aparecem essas quatro palavras).
A terra pertence a Deus, é dom e conquista – 3 –
77. - É terra partilhada (dividir, repartir, partilhar: 13,7;
14,5; 18,2.5.10; 19,51; 22,8) segundo as necessidades [Nm
26,53-56 (7X conforme o “número”)].
“segundo seus clãs” (34 vezes):
- tribos: Js 13,15.23.24.28.29.31; 15,1.12.20; 16,5.8; 17,2.2;
18,11.20.21.28.; 19,1.8.10.16.17.23.24.31.32.39.40.48;
- levitas: 21,5.6.7.33.40:
(cf. Js 14,1-5; 13,31; 18,10-11)
A terra pertence a Deus, é dom e conquista – 4 –
78. - É partilha feita por sorteio/sorte, não é mercadoria
para negociar.
O sorteio é expressão da soberania de Javé sobre
a terra, assegurando a justiça e a paz na
distribuição e no uso da terra. É indicação de Deus.
Sorteio/sorte/parte/quinhão/lote:
Sorteio: 14,2; 18,51; 21,4.4.5.6.8.10.20.40; 23,4.
A terra pertence a Deus, é dom e conquista – 5 –
79. - A grandeza política não é mais o reinado,
mas são as tribos.
No novo projeto, não há lugar para reis, que são
substituídos por:
- Josué;
- Ancião (7,6; 8,10.33; 9,11; 20,4; 23,2; 24,1);
- Chefe/cabeça (14,1; 19,51; 21,1.1);
- Juiz (8,33; 23,2; 24,1);
- Oficial/escriba (1,10; 3,2; 8,33; 23,2; 24,1);
- Chefe/líder/notável (9,15.18.18.19.21.21; 17,4);
- Sacerdote (3,3.6.8.13.14.15.17).
______
VER: 8,33; 22,30; 23,2; 24,1, onde aparecem essas palavras.
A terra pertence a Deus, é dom e conquista – 6 –
80. - As decisões são tomadas em assembleia, reunião,
comunidade, congregação.
Assembleia: 8,35; (congregar, reunir: 18,1; 22,12).
Comunidade: 9,15.18.18.19.21.27; 18,1; 20,6.9.
Três assembleias de renovação da Aliança: [8,32-35; 23;
24; (“Servir a Javé”: 24,14.14.15.15.18.19.21.22.24.31)]
e mais uma assembleia para fazer a reforma agrária
(18,1-10).
A terra pertence a Deus, é dom e conquista – 7 –
81. - Terminologia para vilas/aldeias, cidades e fronteiras:
1) Cidade – 157 X: 13,9.10.16.17.21.23.25.28.30.31.
2) Vila/aldeia – 32 X:
15,32.36.41.44.45.46.47.47.51.54.57.59.60.62.
3) “Filhas” – 10 X (cidades não muradas e
dependentes): 17,11.11.11.11.11.11.16.
4) Fronteira, divisa, limite, costa, território – 80 X
13,3.4.10.11.16.23.23.25.26.27.30.
A terra pertence a Deus, é dom e conquista – 8 –
82. - Duas instâncias estabelecem os tamanhos e
limites dos lotes de terra:
1) Locais limítrofes, fronteiras entre as tribos
(cf. 15,1-12);
2) Vilas e cidades (cf. 15,21-63; 18,21-28).
Cidades libertas e abertas (sem muralhas)
são integradas na terra e distribuídas entre
as tribos. Não oprimem mais o campo.
A terra pertence a Deus, é dom e conquista – 9 –
84. Siquém é um santuário antigo frequentado por
Abraão (Gn 12,6-7) e por Jacó (Gn 33,18-20).
Ali, Jacó lançou fora os deuses trazidos da
Mesopotâmia (Gn 35,2-4; cf. Js 24,14-15.23).
Nos vv. 2-13, temos uma “confissão de fé” de
diferentes tradições no mesmo Deus que deu
terra aos “pais” e libertou os hebreus no Êxodo
(cf. Dt 6,20-24; 26,5-9). É um Deus que liberta
pessoas escravizadas, toma a terra dos
senhores (ba‘ais), os reis e latifundiários, e a dá
a marginalizados (Js 24,11-13).
85. Nos vv. 14-24, está a tomada de posição coletiva
para servir a Javé (24,14.14.15.15.18.19.21.22.24.31),
o Deus libertador e doador de terra; e não servir
aos ídolos manipulados pelos reis para enganar
o povo, e que devem ser lançados fora (vv.
15.23).
Por fim, nos vv. 25-28, está a renovação da
Aliança de Javé com seu povo, que é registrada
no Livro da Lei de Deus. Um carvalho e uma
estela (pedra ereta) servirão como testemunhos.
87. Javé enfrenta os opressores ao lado dos marginalizados.
A terra livre e partilhada não conhece reis; é clânica/tribal.
As cidades abertas são partilhadas e integradas na
sociedade tribal.
A tribo substitui o reinado como grandeza política; ela tem
suas fronteiras bem definidas para evitar o domínio de
uma sobre a outra.
O acesso à terra é garantido para as famílias e clãs
congregados em tribos.
A terra partilhada é doação de Javé repartida por sorteio;
é herança que não pode ser negociada como mercadoria.
A primeira edição do Livro de Josué, no entanto, tinha
pretensões expansionistas das elites de Judá.
89. Não imitar Josué (aparece 160 vezes no livro) no que
diz respeito à centralização de poder (Jz 1 descreve a
conquista da terra de forma descentralizada, por
tribos).
Não usar Josué para legitimar guerras de conquista,
genocídios, escravização de povos e de suas culturas.
É narrativa de herói nacional e assim deve ser lida.
Josué, uma liderança fiel a Javé, o Deus dos pobres.
Além de não receber nenhuma crítica no livro, ele se
retira para seu sítio, uma vez concluída sua missão.
Luzes e forças do Livro de Josué para nossos dias – 1 –
90. Não à proibição da diversidade, da divergência, de
modo que o pensamento único possa ser questionado
e a diversidade respeitada.
Acolher o diferente: mulheres, crianças, estrangeiros,
sem terra, pobres.
Estimular a autoestima, infundir coragem, confiança
no Emanuel, incentivar a resistência.
A terra é dom para todas as pessoas e não é objeto
de mercantilização.
Como é um direito dado por Deus, a luta pela terra é
justa, e sua liberdade precisa ser conquistada.
Luzes e forças do Livro de Josué para nossos dias – 2 –
91. Cuidado com a terra (Gn 2,15).
Não deixar-se contaminar pela ideologia dos
opressores.
Valer-se de estratégias e táticas através do diálogo, da
solidariedade entre os pobres na luta por seus direitos
(Raab e Gabaonitas).
Hoje, as muralhas a serem derrubadas são as cercas
dos latifúndios, os sistemas que garantem a violência
institucional, jurídica, midiática, política, religiosa,
policial etc. Os violentos acusam de violenta a
resistência das vítimas da violência, a fim de praticarem
mais violência...
Luzes e forças do Livro de Josué para nossos dias – 3 –
92. Protagonismo das mulheres: Raab, Acsa e filhas de
Salfaad, que influenciaram mudanças na sociedade.
“Guerra santa” como resistência religiosa dos pobres,
como luta contra os deuses manipulados pelos
poderosos.
Ler o que está por trás das palavras, nas entrelinhas.
Resgatar a análise da conjuntura da sociedade a partir
da luta de classes.
Luzes e forças do Livro de Josué para nossos dias – 4 –
93. Os filhos de Israel não tiveram mais o maná,
mas comeram do fruto da terra de Canaã (Js 5,12)
Javé deu-lhes tranquilidade em todas as suas fronteiras (Js 21,44)