Este documento discute a importância da arte na caminhada das Comunidades Eclesiais de Base (CEBs). Apresenta exemplos de como a arte tem sido usada para educação, expressão cultural e terapia. Também destaca desafios como a valorização dos artistas e a dicotomia entre "arte sacra" e "arte profana". Defende que as CEBs devem ocupar um espaço para debater esses temas e construir um projeto de arte.
1. CEBs - Informação e Formação para animadores 1
Lá vem o Trem das CEBs...
Formação e Informação para animadores
Diocese de São José dos Campos - SP - Informativo das CEBs - Ano VII - Abril de 2011 - Nº 66
Foto: Cerezo Barredo: Mural da Igreja de Ribeirão Cascalheira (Santuário dos Mártires) - Prelazia São Félix do Araguaia - MT
INDICE
2 - Palavra do Assessor 4/5 - Leitura Orante da Bíblia 7 - Aconteceu
3 - Arte na Caminhada 6 - Religiosidade Popular 8 - Grito dos Excluídos
2. 2 CEBs - Informação e Formação para animadores
PALAVRA DO ASSESSOR MÍDIAS SOCIAIS
Foto: Bernadete Mota
Animador(a) das CEBs, jejum e a abstinência que pra- geme e sofre dores de parto.
olá! ticamos, quebrando nosso or- Façamos nossa parte com gestos sim-
Chama-nos a atenção gulho, nos convidam a imitar ples e diretos, diminuindo práticas que
as Orações Eucarísticas vossa misericórdia, repartindo destroem a vida em todos os sentidos... Baixe os hinos e cânticos dos encon-
que a Igreja faz neste tem- o pão com os necessitados”. Participemos de iniciativas em defesa da
tros, no Blog das CEBs:
po de quaresma, que ilu- Se vivermos verdadeira- natureza e do ser humano... Busquemos
mente estas orações, torna- mudança de mentalidade e de atitudes http://tremdascebs.blogspot.com/
mina nosso modo de ser e
agir em prol à construção remo-nos mais responsáveis diante da realidade de morte que encon-
de um mundo mais justo e pelo bem de todos (seres hu- tramos dentro e ao redor de nós...
fraterno. A Campanha da manos, animais, elementos Sobriedade é a palavra chave: ser só-
Fraternidade vivida na liturgia e nos en- naturais, seres viventes - a natureza, a brio no modo de usar os bens naturais e Siga nos no Twitter:
contros diversos é reflexão/resposta ao ecologia). Somos convocados a sermos materiais, de consumir, de vestir-se, de
https://twitter.com/tremdascebs
convite de conversão. Eis dois exemplos mais humanos, ou seja, humanos de ver- comprar, de relacionar-se com os outros,
destas orações: “Para renovar, na santi- dade, no respeito e na defesa da criação. de comer, de cuidar de si e do outro...
dade, o coração dos vossos filhos e filhas, Destaco a expressão “outras paixões de- Assim a Páscoa de Cristo se faz Pás-
instituístes este tempo de graça e salva- sordenadas”. De fato, impulsos humanos coa em nós e no universo!
ção. Libertando-nos do egoísmo e das egoístas e desmedidos levam à desor-
dem da convivência humana e cósmica, e Pe. Ronildo Aparecido da Rosa Assista aos videos dos principais acontecimentos
outras paixões desordenadas, superamos
das CEBs, dos encontros de comunidades nas
o apego às coisas da terra”, e ainda, “O quem sai perdendo é toda a criação, que Assessor Diocesano das CEBs
paróquias, das Regiões Pastorais...
ESPAÇO DO ANIMADOR http://www.youtube.com/user/ber-
nadetecebs
“A Palavra de Deus na Vida do Povo”
Fotos: Bernadete Mota
Enxergando com os olhos da Fé e da Vida
Sou participante das CEBs da Paró- oftalmológico, por iniciativa da comuni- cumprida, para construir a casa sobre a
quia Coração de Jesus há muitos anos, e dade também levamos uma cesta básica rocha (leitura proposta do dia em nossa http://www.facebook.com/profile.
já vivenciei muitas experiências de fé e e encaminhamos a família para os Vicen- reunião nas CEBs) não permitindo que php?id=100001269450280
compromisso. tinos. Fomos muito bem recebidos pela a natureza (morte) nos surpreenda en-
Com a realização do quinto encontro família do Sr. José. Nossa colaboração quanto temos ainda tempo.
das CEBs, com o tema “Ser discípulo de foi emocionalmente e muito agradecida, Sentimos o fascinante gosto da emo-
Jesus é colocar em prática sua Palavra”, finalizando com as palavras: “Deus lhes ção em servir na liberdade evangélica.
no dia 2 de março de 2011, na casa do pague a todos”. Com a presença de Jesus, carinhosa e Albuns de fotos:
Sr.José, concluímos a primeira fase de Para realizar o nosso gesto concre- transcendente, nossa comunidade teve
cinco encontros do tempo comum, no to foram necessários dois momentos a oportunidade de ser providência divi- http://picasaweb.google.com/CEBs-
qual meditamos e partilhamos as leitu- importantes: ouvir a Palavra de Deus na para um irmão. Maria
ras do evangelho de São Mateus refe- colocando-a em prática e conhecer a ne- Obrigado Senhor por esse momento
rente ao “Sermão da Montanha”. cessidade do outro. de graça em nossa comunidade, te lou-
Concretizamos nosso compromisso Unimo-nos na solidariedade ao sa- vamos e agradecemos, bendito os olhos
assumido de juntos ajudarmos nosso ber da necessidade e quisemos fazer a que enxergam além do que vêem.
irmão Sr. José que está precisando de diferença com amor e temor, ouvindo
quem lhe dê a mão. Com a colaboração o grito silencioso do nosso coração que Maria Helena da Costa Manso
de nossa comunidade arrecadamos um dizia: o maior deve ser aquele que serve Comunidade da Av. Ouro Fino - Setor 13
valor em dinheiro, que contribuiu no e honra na alegria. Amar a Deus e ao Paróquia Coração de Jesus
pagamento de seu tratamento médico próximo, uma ordem que precisa ser
3. CEBs - Informação e Formação para animadores 3
Arte nA cAminhAdA dAs comunidAdes
eclesiAis de bAse: desAfios e propostAs
Foto Divulgação
*Zé Vicente 15 anos estamos apostamos na arte,nos vezes, quando aconte-
Poeta e cantor cuidados com a saúde e na sensibilização ce algum convite para
e educação ambiental. criarmos ou apresen-
No dia 28 de janeiro de 2011, estive Após esse relato, perguntei para as tarmos nossas artes em
presente na Ampliada das CEBs reunida pessoas presentes o que é arte, nas suas Igrejas ou outros espa-
no Centro de Expansão da Diocese de experiências de vida e missão. “Beleza, ços coordenados por
Crato, Ceará, para organizar os passos encanto, mística, inspiração da alma, for- pessoas vindas das Co-
rumo ao 13º Intereclesial planejado para ça de animação das lutas, cultura, dança, munidades e Movimen-
acontecer, em janeiro de 2014, em Crato pintura, poesia, alegria, expressão de tos Populares, que tudo
e Juazeiro. Fui convidado pelo Secretaria- nossa identidade...” foram algumas das parece mais exigente e
do do 13º, para uma tarefa bem específi- palavras vindas dos corações presentes. difícil. Há situações em
ca: motivar a discussão sobre a importân- Seguindo a reflexão, procurei resumir que nos pedem para
cia de um Projeto de Arte na Caminhada minha percepção e experiência com arte atuar voluntariamente,
das CEBs, tema sentido, como urgente, em suas dimensões: em eventos beneficen-
por muitos de nós, principalmente da a) Arte-educação – quantas belas tes, mas nos mesmos
área artística e sempre recorrente por experiências existem por aí, sensibili- eventos, contratam
ocasião dos grandes eventos. zando e capacitando pessoas para um artistas ou bandas co-
Durante pouco mais de uma hora, olhar contemplativo e de encanto sobre merciais e pagam seus
conduzimos nossa conversa, temperada o mundo e a história, para a criação da cachês.
com músicas e testemunhos em três ní- beleza, para novos comportamentos pro- Há situações mais
veis: féticos, abertos ao diálogo e convívio nas graves em que paga-
• Nossa percepção do que é a Arte diferenças, para construção de Culturas mos pra trabalhar, pois tes e seus (as) artistas?
para nós; de Vida e Paz; nem somos perguntados(as) se tivemos Como encaramos a dicotomia impos-
• Memória e Missão da Arte na Cami- b) Arte-profissão – quando em 1988, alguma despesa de viagem. Vale fazer- ta pelos setores mais reacionários entre o
nhada das Comunidades; fiz a opção de sobreviver da música e da mos uma alusão ao descaso com a me- que classificam como “arte sacra”, aquela
• Projeto de Arte na Caminhada – de- poesia, não foi fácil, não era conhecido mória dos nomes e dos direitos autorais, criada e usada dentro das Igrejas, versus
safios e possibilidades. e fui alertado, por Dom Fragoso, então nas obras postas e circuladas entre nós. “Arte mundana ou, profana”,a que circula
O QUE É ARTE PARA NÓS? bispo de Crateús, com quem convivia e Não será essa uma questão de justiça, im- no âmbito da sociedade civil?
Iniciei com um breve testemunho, trabalhava, de que poderia enfrentar di- portante e em sintonia com tema do pró- Como estamos percebendo os mo-
em que compartilhei com as pessoas da ficuldades. Fui descobrindo que o artista ximo intereclesial a estarmos atentos? vimentos do mercado crescente e lucra-
Ampliada, um pouco de minha história, pode sim, viver do suor de sua arte. Aqui c) Arte-terapia – muitas experiências, tivo nesse campo da arte sacra? Assim
desde os primeiros passos na comuni- relembro uma frase do poeta nicaragüen- em muitos lugares, nesse campo do cui- como existe hoje o agro-hidro-negócio,
dade onde nasci, o Sítio Aroeiras, muni- se, Carlos Fonseca, impressa numa nota dado e até da cura de graves problemas estamos vendo crescer também o “sacro-
cípio de Orós/CE, bebendo nas tradições de dinheiro: “não somos peixes para vi- de saúde, através da arte que desperta, -negócio”. Temos estudado muito pouco
das novenas e benditos de Mãe Suzana ver da água, não somos aves para viver motiva, eleva o ser humano, para a sua o fenômeno dos padres cantores e outras
e, quando na década de 1970, criamos o no ar, somos homens para viver da terra”, vocação e missão holística! Tais experi- expressões, infladas pela grande mídia.
primeiro Grupo do Dia do Senhor, para aqui vale a adaptação: “somos artistas, ências – dança,teatro,hip-hop,pintura... As CEBs, a meu ver, vem mantendo
celebrações da Palavra aos domingos, já para vivermos da arte”. estão notadamente nas periferias das certo retraimento sobre construção de
recorrendo à arte,através das dramatiza- Na época em que criamos o MARCA cidades, onde a arte está oferecendo al- um projeto de arte, não ocupando um
ções do evangelho, histórias populares e – Movimento de Artistas da Caminhada, ternativas de vida e saúde humana para espaço importante, para trazermos a
músicas, passando pelo período em que um desafio pouco trabalhado foi exata- as crianças e jovens em situação de risco, discussão sobre os conteúdos, a nossa
morei na cidade de Iguatu, onde funda- mente a diferença entre artistas de pro- pelo tráfico de drogas e a cultura da vio- relação com Teologia da Libertação, com
mos o TAI (Teatro de Amadores de Igua- fissão e artistas com outras profissões. lência. as Culturas atuais e com as categorias ar-
tu), ensaiando os primeiros passos com a Chamávamos de “artistas militantes” e d) Arte-sacra, celebrativa –está pre- tísticas.
literatura de Cordel. “militantes artistas”. Hoje é possível e ne- sente com todas as suas linguagens, des-
Contei do tempo em que morei em cessária uma melhor abordagem, incluin- de os tempos mais remotos, nos templos *Zé vicente é natural de Orós,
Crateús e Estudei Teologia em Recife, do aí nas leituras de conjunturas e estu- e nos mais diferentes rituais. Quantos(as) Ceará, poeta, lavrador,
quando entrei no campo das composi- dos, o tema das produções e do mercado artistas e movimentos, existiram, que compositor, cantor.
ções musicais (entre 1981 a 1990). de arte, em todos os campos: música, mesmo tendo que sobreviver com as cha- Contato: zvi@uol.com.br
Neste ano de 2011, estou celebran- moda, culinária, feiras, festas, produções madas encomendas e censuras, deixaram
do os 30 anos da primeira música: “Povo visuais etc. as suas marcas proféticas na Caminhada NO PRóxiMO
Novo”, espalhada pela PJMP (Pastoral da Como esse tema se faz presente na da humanidade. iNFORMAtivO iREMOS
Juventude do Meio Popular). Atualmen- chamada Economia Solidária? Temos la- Hoje, nas celebrações populares, ro-
te, além das viagens, temos o Projeto Ser- mentado, quando nos reunimos, sobre marias, liturgias, como estamos perce- PuBliCAR A SEguNDA
tão Vivo, na roça de Orós, que por quase as dificuldades encontradas; não raras bendo e refletindo sobre o papel das ar- PARtE DESSE ARtigO.
4. 4 CEBs - Informação e Formação para animadores
FORMAÇÃO PARA ANIMAD
Fotos: Bernadete Mota
Leitura Orante e o
*Maristela Tezza o seu objetivo e o que representava para giado de encontro e oração, uma espécie ser ativa e constante (ITs 5,1-11; Mc 13,
a realidade daquela época. Só depois 1-37; Lc 21,5-38).
A Leitura Orante é uma metodologia de compreender o sentido do texto na Os capítulos 24
(um caminho) que nos ajuda a aprofun- época em que foi escrito é que podemos e 25 apresentam
dar a oração a partir do texto bíblico. atualizá-lo, ou seja, perguntar o que quer como deve ser a
Compreende os seguintes passos: LEITU- dizer nos dias de hoje. Se não respeitar- “espera ativa”. Ob-
RA (Verdade: o que diz a Palavra?), ME- mos esse passo, corremos o risco de fazer servem como o
DITAÇÃO (Caminho: o que a Palavra diz uma leitura fundamentalista ou “espiritu- texto se estrutura:
para nós hoje?), ORAÇÃO (Vida: o que a alizante” do texto. Consequentemente, introdução (24,1-
Palavra nos leva a dizer a Deus?) e CON- nossa ação e nossa oração seguirão na 2); guerras e perse-
TEMPLAÇÃO (Missão e compromisso: mesma direção. guições (24,4-14);
qual nosso olhar a partir da Palavra? Qual Para entendermos melhor o primei- juízo sobre Judá
nossa missão para esta semana, a par- ro passo da Leitura Orante, vamos fazer (24,15-22); adver-
tir da Palavra? O que podemos assumir a experiência com o texto de Mateus 25, tências contra fal-
como compromisso?). 31-46. sos profetas (24,23-
Um dos desafios dessa metodologia Em Mt 25,31-46 temos o discurso so- 28); sinais cósmicos
se encontra no primeiro passo: a leitura bre o dia do julgamento final. Este discur- (24,29-31); sinal do
do texto e de seu contexto. Deste passo so só aparece no evangelho de Mateus. de centro comunitário. Um bom número fim (24,32-44) e três parábolas (24,45-
depende todo o restante da oração. É Isto já nos chama a atenção: Por que das sinagogas fora de Jerusalém era co- 25,30). O bloco termina com a visão
necessário, pois, fazer uma leitura atenta esta comunidade teve a necessidade de ordenado pelos fariseus, que passaram a do julgamento final (25,31-46). Em Mt
escrever sobre o exigir com mais rigor o cumprimento de 25,31-47, a comunidade descreve como
julgamento? Quais todas as Leis para ser aceito nas mesmas será o julgamento e qual será o critério
os critérios que ela e ter direito à participação plena. A co- de Jesus para separar “ovelhas de cabri-
estabelece para o munidade dos seguidores de Jesus vivia tos”.
dia do julgamento? as Leis de forma diferente (Mt 5, 17-19). Na primeira cena, Jesus recebe o tí-
A comunidade Com isso, o conflito entre os seguidores tulo de Filho do Homem, que, descendo
de Mateus escre- de Jesus e os fariseus tornou-se mui- com toda a sua glória e com seus anjos,
veu seu evangelho to forte na comunidade de Mateus (Mt
provavelmente nos 23,1-36).
anos 80/85 d.C. na O texto de Mt 25,31-46 foi escrito
região de Antio- em meio a este conflito. No conjunto
quia-Síria. A comu- do evangelho, ele está inserido no bloco
nidade é formada maior chamado de “discurso escatológi-
em sua grande co”, que compreende os capítulos 24 e
maioria por judeus 25. O tema destes capítulos é a expectati-
do texto, uma, duas, três vezes. Observar cristãos e por pessoas pobres (Mt 5,1-11. va da Segunda Vinda de Jesus – a Parusia.
os personagens, as palavras que mais se 47), que estão sofrendo a expulsão gra- Desde as primeiras comunidades, a Se-
repetem, a forma como o texto foi cons- dativa das sinagogas (Mt 10,17-23) por gunda Vinda de Jesus era aguardada para
truído e a sua estrutura. Depois, trazer à interpretarem a Lei e toda a tradição de breve (ITs 4,15-17; 5,1-11). Como Jesus
memória o que sabemos sobre a realida- forma diferente (Mt 5-7). Além isso, pro- tardava em voltar, cresceram as dúvidas
de da comunidade que está por trás das fessam que Jesus é o Messias (Mt 1,22- e a descrença. Então, passou-se a pregar
palavras: quando foi escrito o texto, quais 23). que Jesus voltaria sem hora marcada.
os conflitos a enfrentar, qual a proposta Após os anos 70 d.C., quando a cida- Alguns acontecimentos poderiam ser-
de superação. de e o templo de Jerusalém foram des- vir de aviso, mas o importante era estar
Conhecendo melhor a comunidade truídos no desfecho da Guerra Judaica, preparado/a, pois ele poderia chegar a
que escreveu o texto, é possível perceber as sinagogas tornaram-se espaço privile- qualquer momento. A espera precisava
5. CEBs - Informação e Formação para animadores 5
DORES DE COMUNIDADES
Evangelho de Mateus
sentará num tro- A realidade vivida pela comunida- propõe como critério de julgamento prá-
no e dali proferirá de de Mateus não é muito diferente da ticas concretas que modifiquem realida-
o julgamento de época de Isaías: empobrecimento, fome, des opressoras e construam uma socie-
todos os povos e sede, nudez, exclusão. E mais: pessoas dade justa (Mt 13,1-33).
nações. A comuni- são expulsas das sinagogas e presas por Aprofundamos somente o primeiro
dade descreve este acreditarem em Jesus e seguirem as leis passo da Leitura Orante, e podemos per-
julgamento usando de forma diferente. Então, os/as exclu- ceber muitas coisas novas. Conhecer a
imagens apocalíp- ídos/as e marginalizados/as se tornam realidade que está por trás do texto nos
ticas e memórias o critério do julgamento. “As exigências permite ampliar nossa capacidade de di-
de outros textos do para estar do lado do Filho do Homem álogo. Preparação, leitura, estudo, tudo
Antigo Testamento. são éticas, e quem receber qualquer ne- isso, à primeira vista, pode parecer difí-
Por exemplo, Filho cessitado, crente ou não, recebe o Filho cil, mas, aos poucos, nos familiarizamos
do Homem é um do Homem” (PIXLEY). Essas pessoas pas- com o método. Rezando sozinhos/as po-
atributo que apa- sam a representar o próprio Juiz. demos até desanimar, mas se rezarmos
rece em Dn 7,9-14, Ser fiel à lei, às tradições, ao Reino é em comunidade crescemos ainda mais,
e representa o pró- serão chamados de benditos porque “de- ter práticas de inclusão que podem até nos fortalecemos e consolidamos nosso
prio Daniel e sua comunidade em condi- ram de comer, deram de beber, vestiram nem estar nas leis ou serem proibidas compromisso com as pessoas mais ne-
ções de lutar contra as forças do opressor o nu, acolheram o estrangeiro, visitaram por elas, “ser fiel é a solidariedade com cessitadas de um modo mais coerente,
Antíoco IV. Em nosso texto, Jesus, compa- o preso e o doente”. Mas parece que as os mais necessitados” (PIXLEY). Estar vigi- audacioso e fiel a Jesus e toda a sua vida.
rado à figura do Filho do Homem, é o juiz, pessoas justas (“ovelhas da direita”) não lante para a espera
ou seja, aquele que tem o poder de fazer entendem as palavras de Jesus e pergun- da Vinda do Filho
o julgamento porque foi fiel ao Reino. tam: Quando foi que fizemos isso? Jesus do Homem é reali-
Na segunda cena, temos a imagem responde: “cada vez que o fizestes a um zar obras de justiça
do pastor que separa o seu rebanho: à desses meus irmãos pequeninos, a mim que superam a dos
direita as ovelhas e à esquerda os cabri- o fizestes”. escribas e fariseus
tos. Da mesma maneira acontecerá com A comunidade de Mateus apresenta (Mt 5-7).
os homens: os que estiverem à direita, o critério do julgamento: “cada vez que Quanto mais
o fizestes a um desses meus irmãos pe- inclusão geramos,
queninos, a mim o fizestes”. Este critério quanto mais que-
aparece duas vezes (v.40.45), revelando a bramos preconcei-
sua importância em nosso texto. tos, quanto mais
Para os judeus deste período o que destruímos os fun-
lhes garantia um bom julgamento final damentalismos,
era o cumprimento das práticas e dos mais tornamos o Filho do Homem vivo O Espírito nos ajuda, mas também conta
preceitos da Lei. Isso lhes dava o atribu- em nosso meio. Pois são essas pessoas conosco. E de nossa parte, no primeiro
to de pessoas justas. O problema é que que serão juízes/as no julgamento. passo da Leitura Orante, cabe-nos apro-
a fidelidade à Lei não implicava a prática A comunidade de Mateus rompe com fundar os estudos bíblicos.
da solidariedade, da justiça e da miseri- o formalismo da lei, o ritualismo vazio e
córdia (Mt 5,20-6-18), como já denuncia-
vam os profetas (Is 58). A comunidade de
Referências:
Mateus utiliza os mesmos critérios que o CARtER, Warren. O Evangelho de Mateus: comentário sociopolítico e religioso a partir das margens.
profeta Isaías utilizou para questionar a São Paulo: Paulus, 2002. CNBB. Ele está no meio de nós!: o semeador do Reino.
São Paulo: Paulinas, 1998. PixlEY, Jorge. O Fim do Mundo Mt 24-25. Revista de Estudos Bíblicos
religião de sua época (400 a.C): uma re- latino-Americana- RiBlA. Petrópolis: vozes, no. 27/1997, p.84-97.
ligião marcada pelo cumprimento da Lei,
mas sem ações de justiça, misericórdia e *Maristela tezza possui graduação em Filosofia pelo Centro universitário Assunção- uNi-FAi (2004),
graduação em teologia pelo instituto teológico São Paulo - itESP (1998) e Mestrado em Ciências da
solidariedade. Mero formalismo no cum- Religião pela universidade Católica de goiás - uCg (2006). Atualmente é coordenadora do instituto de
primento de leis e normas. teologia da Região Sé - itElSÉ, assessora do Centro Bíblico verbo - CBv.
6. 6 CEBs - Informação e Formação para animadores
VOCAÇÃO
Foto: Bernadete Mota
“O amor de Cristo nos impulsiona” cf. 2Cor 5, 14
de Rogério S. Lemes
liz na paróquia Nossa Senhora do Bonsu- fevereiro. Estive presente, junto com o
“Que os homens nos considerem, amigo ajuda bastante. É o que foi o Pa-
cesso, e agradeço a Deus por tudo que lá Padre Afonso, para a celebração da Euca-
pois, como simples operários de Cristo.” dre Dirceu, um amigo e um pároco que
vivi, pude ser, e também puderam ser por ristia, que abriu o encontro. Estava tudo
(1Cor 4, 1). É assim que me vejo em mi- me deu a liberdade de trabalhar em qual-
mim. Uma paróquia, um povo e amigos muito bonito e com uma significativa
nha vida pastoral por onde passei e onde quer pastoral e de ser também amigo dos
“tops de linha”. participação das paróquias. Era visível no
estou. Nada mais do que um simples paroquianos.
Hoje estou na paróquia São José Ope- rosto das pessoas a alegria, característica
operário do Se- Na paróquia
rário em Jacareí, junto com o Padre Afon- das CEBs, estampada no sorriso de cada
nhor, como todo Nossa Senhora
so, amigo e companheiro. Onde também um. Foi uma manhã muito importante de
o povo de Deus do Bonsuces-
sou muito feliz, podendo ser o mesmo formação sobre a leitura orante da bíblia,
é. O fato de ser so pude estar
que fui em Monteiro Lobato, carregado que com certeza terá um reflexo positivo
seminarista, não mais próximo
de boas expectativas para este ano e o nos encontros com as famílias em nossas
me torna melhor, da juventude,
próximo em que estarei por lá. E pelo comunidades.
nem superior a do grupo de co-
pouco tempo em que estou na Cidade Parabenizo as CEBs das regiões 6
alguém, mas sim, roinhas, da cate-
Salvador/Jacareí, já posso dizer: é uma e 7 pela participação e empenho na evan-
uma pessoa com quese e pastoral
paróquia e um povo, “muito jóia, de pri- gelização do povo e construção de uma
maiores respon- vocacional, mas
meira qualidade”. Igreja viva, orante e atuante na socieda-
sabilidades, pelo sempre à dispo-
A experiência pastoral é muito de. Deus abençoe e fortaleça a todos.
exemplo de vida sição de quem
importante na vida de nós seminaristas, “Tamo junto!”
que devo dar e precisasse. Po-
mais trabalhos, rém, o que mais pois podemos estar mais próximos da-
queles que um dia serão confiados ao Seminarista Rogério S. lemes
já que de certa me marcou fo-
nosso pastoreio, além do impulso, incen- 3º ano de filosofia
forma sou um líder junto da comunidade, ram as procissões. Momentos em que
tivo dado à nossa vocação pelo carinho e Paróquia São José Operário - Jacareí.
o que me faz ter que trabalhar mais e não podia fazer festa com o povo, além das
menos do que os outros. pregações, sempre oportunas e carrega- amizade do povo de Deus. Somos muito
Minha experiência pastoral como se- das do contentamento das pessoas que gratos pelas orações das
minarista se iniciou na Paróquia Nossa elogiavam e incentivavam a fazê-las. pessoas, pois é uma das
Senhora do Bonsucesso, em Monteiro Por dois anos que estive como semi- bases que sustentam a
Lobato, onde fiquei por dois anos (2009 narista na paróquia de Monteiro Lobato, nossa caminhada. Con-
– 2010). Creio que algumas das maiores pude ter um crescimento espiritual e tinuem rezando pela
preocupações que bate na gente quando pessoal, e a aprendizagem de que mui- gente, e por novas vo-
se chega num novo lugar é a de saber se to mais do que um simples seminarista cações, já que estas são
vamos nos adaptar bem ao novo ambien- na comunidade é preciso ser um amigo frutos de um povo oran-
te, se vamos fazer boas amizades e se va- presente na vida das pessoas. A resposta te, e contem sempre
mos conseguir desempenhar bem o nos- positiva desse “ser um amigo” é as pes- com as nossas preces.
so trabalho. Confesso que em Monteiro soas fazerem da gente mais um membro Aproveitando
Lobato foi um pouco difícil no começo, de suas famílias, concretizando assim a o espaço, quero escre-
pela timidez e pelo fato de ter que me promessa que o Senhor nos faz: “Quem ver sobre o encontro da
acostumar com uma realidade pastoral deixa casas, irmãos, mães, pais, filhos e CEBs das Regiões Pasto-
diferente da minha paróquia de origem, campos por causa de mim e do evange- rais 6 e 7, realizado na
São Bento. Contudo, o carinho do povo lho, recebe cem vezes mais estas coisas capela São Francisco de
sempre faz a gente se sentir em casa. durante esta vida.” (Mc 10, 29-30). Assis, no Jardim Califór-
Também, um pároco que se faz nosso Afirmo, sem receios, que fui muito fe- nia/Jacareí, no dia 27 de
30 ANOS DA DIOCESE DE SÃO JOSÉ DOS CAMPOS
A Diocese de São José dos Campos convida todos diocesanos para
a Missa em Ação de Graças pelos 30 anos de sua criação:
Dia 1º de maio de 2011 - Horário: 15 horas
Local: Pavilhão Gaivotas - Parque da Cidade - São José dos Campos - SP
Faça sua caravana paroquial, traga suas faixas e venha participar deste momento de
louvor a Deus pelos 30 anos de caminhada da Diocese de São José dos Campos!
7. CEBs - Informação e Formação para animadores 7
ACONTECEU
Formação nas regiões Pastorais
Leitura orante da BíBLia
RPs 1 e 2
Foto: Celso Correia
RPs 3 e 4
Foto: Bernadete Mota
RP 5
Foto: Bernadete Mota
Via Sacra naS comunidadeS - Comunidade São Francisco de Assis - Paróquia N. Sra. Perpétuo Socorro
Foto: José Hamilton
8. 8 CEBs - Informação e Formação para animadores
ACONTECEU
Foto: Bernadete Mota
Formação Pastoral da Pessoa Idosa e CEBs
Aconteceu no dia 13 de março, na Pa- coordenadora diocesana Wânia de Arau-
róquia Coração de Jesus, um encontro de jo Coelho, que explicou qual é a missão
formação para os futuros líderes da Pas- da Pastoral da Pessoa Idosa.
toral da Pessoa Idosa, em parceria com as “Para a Pastoral acontecer na Paró-
CEBs. Estavam presentes os animadores quia Coração de Jesus, o caminho são as
(as) das CEBs (Comunidades Eclesiais de CEBs”, disse Padre Rogério Felix, que pas-
Base), Catequese e outras pastorais. sou pelo encontro.
Essa capacitação foi ministrada pela
Padre Comblin morre aos 88 anos
Foto: Maria Matsutacke
DIA 15 DE MAIO, XI ROMARIA ESTADUAL DAS CEBs
no interior da Bahia
REGIONAL SUL 1
Foto Divulgação
O teólogo pa- dades”, lamenta padre Beozzo.
Santuário Nacional de Nossa Senhora Aparecida dre José Comblin, Nascido em Bruxelas, na Bélgica, em
de 88 anos, mor- 1923, Comblin foi ordenado padre em
Estar diante da imagem milagrosa da VOCê ORGANIZA A ROMARIA reu na manhã des- 1947. Fez doutorado em teologia pela
Virgem Aparecida encontrada nas águas ESTADUAL DAS CEBs? te domingo, 27, no Universidade Católica de Louvaina e che-
do Rio Paraíba, acender uma vela ou ofe- interior da Bahia gou ao Brasil em 1958. Em Recife, a con-
recer um objeto em forma de agradeci- Você animador e animadora das
onde assessorava vite de dom Helder Câmara, foi professor
mento. CEBs, que organiza sua romaria, nos con-
te como é visitar a Casa da Mãe Apareci- grupos de base. no Instituto de Teologia do Recife.
Não importa o motivo que leva o ro-
da! Se tiver foto de sua romaria, envie- Segundo padre Expulso do Brasil em 1971 pelo regi-
meiro à Aparecida, o que importa é a fé.
São nesses pequenos gestos, nas lágri- -nos por carta: Av. Ouro Fino, nº 1840, José Oscar Beo- me militar, padre Comblin exilou-se no
mas derramadas durante as celebrações CEP 12233-401, ou mande para o e-mail: zzo, padre Comblin Chile durante oito anos, de onde também
ou no silêncio de uma oração que o devo- tremdascebs@diocesesjc.org.br. levantou-se cedo, foi expulso, em 1980, pelo general Pino-
to exprime sua devoção. tomou banho, aprontou-se, mas não chet. Voltando ao Brasil, passa a morar
É a piedade popular, a devoção de Estamos aguardando! apareceu para a oração da manhã. Pro- na Paraíba, em Serra Redonda. É autor de
tantas pessoas que enchem o Santuario curam-no e o encontraram-no sentado uma vasta obra.
Nacional. Estamos na 11ª Romaria Estadu- Maria Matsutacke no quarto e já morto. Padre Comblin morava, atualmente,
Equipe de Comunicação das CEBs “Perdemos um mestre e um guia em Barra, na Bahia. “Comblin dedicou
al das CEBs do Estado de São Paulo, são
várias comunidades de todo o estado, que inquieto e exigente como os velhos pro- praticamente toda sua vida ao povo e
se organizam para irem em romaria à Apa- fetas, denunciando sempre nossas inco- à Igreja da América Latina, no Brasil, no
recida. São pessoas de inúmeros lugares erências na fidelidade aos preferidos de Chile e no Equador e em centenas de as-
e com objetivos comuns, para agradecer Deus: o pobre, o órfão, a viúva, o estran- sessorias por todos os países”, recorda
e pedir as bênçãos de Deus, por meio da geiro. Trabalhou por uma Igreja profética padre Beozzo.
intercessão de Nossa Senhora. a serviço destes últimos nas nossas socie- Fonte:CNBB
Animadores(as) organize a sua comu-
nidade e vamos juntos participar desse GRITO DOS EXCLUÍDOS 2011
momento tão forte das Comunidades
Eclesiais de Base em Aparecida. O TEMA SERá “PELA VIDA, GRITA A TERRA.
POR DIREITOS, TODOS NÓS”!
PROGRAMAÇÃO:
Reunião no dia 02 de maio (segunda- cesana da Caridade, Justiça e Paz, e das
6h - Concentração no Porto de Itaguaçu, partilha e oração -feira), às 19h30, ao lado da Igreja Cate- pastorais diocesanas da Acolhida, Juven-
6h30 - Caminhada rumo ao Santuário Nacional dral, em preparação para o Grito dos Ex- tude, Liturgia, Comunicação, além da Rá-
7h30 - Chegada à Basílica cluídos que acontecerá em nossa Diocese dio Mensagem e do Conselho de Leigos.
8h - Celebração Eucarística no Santuário Nacional, no dia 07 de setembro, 2011.
com transmissão ao vivo pela TV Aparecida e TV Cultura As CEBs contam com a presença de Pe. Ronildo
todos que compõem a Comissão Dio- Asessor Diocesano das CEBs
Expediente: Publicação Mensal das Comunidades Eclesiais de Base (CEBs) da Diocese de São José dos Campos – Diretor: Dom Moacir Silva – Diretor Técnico:
Pe.Ronildo Aparecido da Rosa - Jornalista Responsável: Ana Lúcia Zombardi - Mtb 28496 – Equipe de Comunicação: Coordenador: Luis Mario Marinho - Inte-
grantes: Celso Corrêa e Maria Aparecida Matsutacke - Colaboradora: Madalena das Graças Mota - Diagramação: Maria Bernadete de Paula Mota Oliveira - Cor-
reção: Sandra Memari Trava - Revisão: Pe. Ronildo - Arte Final, Editoração e Impressão: Katú Editora Gráfica - Tiragem: 6.200 Exemplares
Sugestões, críticas, artigos, envie para Bernadete.
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