Este documento apresenta a história de vida de Anayde Beiriz, uma professora e escritora paraibana do início do século XX. Ela desafiava os padrões patriarcais da época ao usar roupas curtas, andar sozinha e ter um romance apaixonado com João Dantas, adversário político do então governador da Paraíba. Após a morte de Dantas, Anayde foi difamada e se suicidou, vítima do conservadorismo da sociedade paraibana da época.

1. Universidade Estadual da Paraíba (UEPB)
Centro de Educação (CEDUC)
Departamento de História
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência - PIBID/CAPES
Escola Estadual de Ensino Fundamental Senador Humberto Lucena
Série: 9º Ano/B/Ensino Fundamental II
Data: 26/10/2017 Carga horária: 01 aula de 45 minutos
Professor Supervisor: Thiago Acácio Raposo
Bolsistas: Donizete Emanoel de Couto Rodrigues; Marília Cristina de Queiroz; Mylla
Christtie Montenegro Bezerra; Tissiane Emanuella Albuquerque Gomes; Valdeir Alves
dos Santos.
HISTÓRIA DE VIDA
Anayde Beiriz – Mulher macho numa Paraíba retrógada.
Anayde da Costa Beiriz, nasceu em 18 de fevereiro de 1905, em João Pessoa e,
morreu em 22 de outubro 1930. Professora, escritora e poetisa paraibana, tem seu nome
ligado diretamente com a história da Paraíba, por seu envolvimento amoroso com João
Duarte Dantas, assassino de João Pessoa. Uma mulher à frente do seu tempo, moderna e
destruidora do conservadorismo, lutou uma árdua batalha para se firmar como mulher
que sabe o que quer e que corre atrás dos seus objetivos. Viveu um amor fervoroso e
por ele acabou morrendo.
Mulher, mestiça, de classe média baixa, Anayde era triplamente desqualificada
pela sociedade paraibana em que vivia. Não aceitava os padrões patriarcais em que lhes
eram impostos. Possuía diploma de professora – o que era reservado as mulheres da
aristocracia, andava desacompanhada pelas ruas de João Pessoa – isto não era permitido

2. as mulheres na década de 20, usava cabelos curtos à la garçonne e abandonara as saias
que se arrastavam pelo chão – símbolo da subordinação das mulheres.
Frequentadora assídua dos saraus literários organizados pelo médico José
Maciel, é num desses encontros em que Anayde conhece João Dantas, advogado,
jornalista, solteiro e adversário do então presidente do Estado da Paraíba, João Pessoa.
Depois que se conheceram, só a morte conseguiu os separar. Aranha Afirma:
Anayde conheceu os ardores de uma paixão amorosa que a conduziram à
morte. Por amor, viu-se envolvida na tragédia política que causou a morte do
governador da Parahyba, João Pessoa, e também a do seu amado, João
Dantas. Seu nome, sua reputação, sua vida privada foram arrastados pela
violenta maré de ódio e sangue que abalou a Paraíba naquele ano. Segundo
Lau Siqueira, poeta gaúcho adotado pela Paraíba, “Anayde foi “assassinada”
naqueles 22 de setembro... pela hipocrisia, pela decadência e pelas mentiras
do nosso tempo” (ARANHA, 2005 p. 40 apud Silva, 2016, p.128).
Atordoados pelos conflitos políticos que a Paraíba enfrentava, também
ocasionados pela Guerra de Princesa Isabel – PB, João Dantas se refugia em Recife –
PE, porém, sempre mantém contato com Anayde, por meio de cartas, para além do
romance, existia também muito erotismo, escritos em poesia, versos e prosas. Com a
morte de João Dantas e o descobrimento das cartas, que se encontravam escondidas no
cofre na casa do mesmo. Anayde se sente julgada pela sociedade, censurada
publicamente por ter sua vida amorosa exposta para o público.
Marcada publicamente como a “prostituta do bandido que matou o presidente da
Paraíba”, acuada, desesperada, sem ter para onde ir, se suicida em 22 de outubro de
1930, sendo enterrada como indigente.
Mulher forte, guerreira, determinada, enfrentou a sociedade patriarcal, machista
e preconceituosa em que vivia, por vezes não fora considerada uma mulher “descente”,
viveu com ousadia em um tempo em que não era permitido nada a mulher, se apaixonou
e viveu com intensidade o amor com João Dantas. E por seu amor intenso, morreu.
Referências
SILVA, Aureni Maria da. Anayde Beiriz: mulher moderna numa Paraíba antiga. Revista de
Ciências humanas, Viçosa, v.16, n.1, p. 117-135, jan./jun. 2016.