1. As causas que favoreceram ao golpe militar Brasil no ano de1964 brasileira. Ainda durante o
período imperial, quando Dom Pedro II era quem governava o país, os militares demonstraram sua
insatisfação com as condições vividas pelas Forças Armadas Brasileira. Com o fim da Guerra do
Paraguai brasileiro permanecia sem prestígio na sociedade e na política. A pressão que os militares
exerceram foi tão grande que integraram o grupo republicano responsável pela queda do regime
monárquico no Brasil, sendo que os dois primeiros presidentes da república recém nascida foram
militares.
Ao longo da República Velha políticanovamente, mas os responsáveis pelo movimento eram pertencentes
de um escalão intermediário da hierarquia militar, por esse motivo o acontecimento ficou conhecido
como Tenentismo. De toda forma, serviu para colocar novamente os militares na cena política nacional e
seria um dos fatores republicanos que engrossaria mais tarde a capacidade política dos militares de
promoverem um golpe. O governo de Juscelino Kubitschek seria atacado por tentativas de golpe em
1955, mas quem sofreria o impacto maior mesmo seriaJoão Goulart em 1964.
No final do segundo governo de Getúlio Vargas, que se encerrou por ocasião de seu suicídio em 1954, a
situação política brasileira estava muito instável, a crise havia fragmentado os destinos da nação. Os
militares formavam o grupo que defendia a entrada do capital estrangeiro no país, quando se deu o
processo eleitoral para sucessão de Getúlio Vargas tentaram arquitetar um golpe, que não foi bem
sucedido e Juscelino Kubitschek assumiu a presidência. Como seu governo foi bem aceito pela população,
teve respaldo suficiente para superar os ataques políticos e chegar ao final do mandato.
O sucessor de Juscelino Kubitschek é quem causaria problemas no destino político brasileiro. Jânio
Quadros foi eleito com grande maioria dos votos, com tamanho apoio popular o então presidente
acreditou que o povo estaria do seu lado de toda forma e elaborou um plano para que seus poderes
aumentassem. O presidente Janio Quadros anunciou sua renúncia pelo rádio em 1961 esperando que a
notícia causasse espanto no Congresso e na população, se corresse como o esperado Janio Quadros
imaginava que seria procurado para voltar ao poder e não causar instabilidade política e então o ex-presidente
aceitaria a proposta de retornar ao cargo somente se lhe fosse dado plenos poderes para
governar. Entretanto, o plano de Janio Quadros passou longe do esperado, sua renúncia foi aceita e nada
foi feito para que voltasse ao poder.
O vice de Janio Quadros era João Goulart, político que surgiu durante o segundo governo de Getúlio
Vargas e que por isso tinha fortes identificações com o presidente suicida, causando desagrado nos
políticos de direito. João Goulart já era encarado como um político de tendências de esquerda e para
piorar quando recebeu a notícia da renúncia do presidente estava na China comunista. A direita política
tentou de todas as formas fazer com que o vice não assumisse quando retornasse ao Brasil, mas Leonel
Brizola, cunhado de João Goulart, era o governador do Rio Grande do Sul e deu o sustento necessário
para que o vice voltasse ao país e assumisse o cargo que agora lhe era de direito.
Ao assumir a presidência, Jango, como era popularmente chamado, enfrentou sérias oposições. A política
de Jango tinha claras influências de esquerda, pretendia fazer reformas de base e especialmente reforma
agrária. A solução encontrada pelos opositores para impedir o governo de Jango foi instalar o
parlamentarismo no Brasil, deste modo haveria presidente, mas as decisões seriam efetivamente
tomadas pelo Primeiro Ministro. O parlamentarismo foi aplicado e as decisões do Estado ficaram por
conta de três Primeiros Ministros:Tancredo Neves, Francisco de Paula Brochado da Rocha e Hermes Lima.
Em 1962 os políticos contrários ao parlamentarismo conseguiram que fosse realizado um plebiscito no
qual a população escolhesse entre o presidencialismo e o parlamentarismo. O presidencialismo ganhou e
Jango tentou finalmente governar conciliando suas reformas de base com os interesses conservadores.
Houve então um desarranjo na situação brasileira, a inflação cresceu aceleradamente, as medidas
econômicas causaram insatisfação política e a situação só foi piorando. Estudantes chegaram a organizar
movimentos em defesa das ideologias de esquerda, o que só criaria motivos para a perseguição militar
mais a frente.
O presidente João Goulart e seus aliados criaram políticas que só causaram insatisfação nos
conservadores de direita. Leonel Brizola criou o “grupo dos onze” para fiscalizar parlamentares e militares
e pressionar o Congresso para aprovar as reformas de base. As contestações cresceram, a imprensa deu
início a uma campanha contra o radicalismo ideológico de Jango, alertando para o caminho escolhido pelo
presidente de levar o Brasil para um regime comunista. Estouraram várias revoltas e greves pelas ruas
do país, levando Jango a pedir o Estado de Sítio, que foi revogado pelo Congresso.
O grande estopim que colocaria os militares em cena e determinados a tomar o poder através de um
golpe seria o discurso de João Goulart e Leonel Brizola feito no dia 13 de março de 1964 na Central do
2. Brasil, Rio de Janeiro. Nesse, os dois anunciavam as reformas de base, reforma agrária, um novo
plebiscito para aprovar uma nova constituição e a nacionalização das refinarias estrangeiras de petróleo.
Os militares sabiam que o povo apoiaria o projeto e então não perderam tempo, aliaram-se aos políticos
da UDN e ao governo norte-americano para deflagrar o golpe. A igreja católica iniciou o apoio contra a
ameaça da esquerda mobilizando o povo através da Marcha da família com Deus pela Liberdade contra o
governo e para dar legitimidade ao golpe militar. A queda foi inevitável e os militares permaneceram com
o poder no Brasil de 1964 até 1985.
3. O Golpe Militar de 1964 designa o conjunto de eventos ocorridos em 31 de março de
1964 no Brasil, e que culminaram no dia 1 de abril de 1964 em um golpe de estado.
Todavia, para a maioria dos militares, chamar o golpe de Revolução de 1964 estaria
associado à ideia de futuro, de esperança e de um tempo melhor, algo prometido para a
população, devido ao Estado de corrupção que existia no Brasil. Esse golpe encerrou o
governo do presidente João Belchior Marques Goulart, também conhecido como Jango,
que havia sido democraticamente eleito vice-presidente pelo Partido Trabalhista Brasileiro
(PTB) – na mesma eleição que conduziu Jânio da Silva Quadros à presidência pela União
Democrática Nacional (UDN).
Jânio renunciou ao mandato no mesmo ano de sua posse (1961) e quem deveria
substituí-lo automaticamente e assumir a Presidência era João Goulart, segundo a
Constituição vigente à época, promulgada em 1946. Porém este se encontrava em uma
viagem diplomática na República Popular da China. Militantes então acusaram Jango de
ser comunista e o impediram de assumir seu lugar como mandatário no regime
presidencialista.
Depois de muita negociação, lideradas principalmente pelo cunhado de Jango, Leonel de
Moura Brizola, na época governador do Rio Grande do Sul, os apoiadores de Jango e a
oposição acabaram fazendo um acordo político pelo qual se criaria o regime
parlamentarista, passando então João Goulart a ser chefe-de-Estado.
O Golpe de 1964 submeteu o Brasil a um regime alinhado politicamente aos Estados
Unidos da América. O regime militar durou até 1985, quando, indiretamente, foi eleito o
primeiro presidente civil desde as eleições de 1960, Tancredo Neves.
O Golpe Militar de 1964 designa o conjunto de eventos ocorridos em 31 de março de
1964 no Brasil, e que culminaram no dia 1 de abril de 1964 em um golpe de estado.
Todavia, para a maioria dos militares, chamar o golpe de Revolução de 1964 estaria
associado à ideia de futuro, de esperança e de um tempo melhor, algo prometido para a
população, devido ao Estado de corrupção que existia no Brasil. Esse golpe encerrou o
governo do presidente João Belchior Marques Goulart, também conhecido como Jango,
que havia sido democraticamente eleito vice-presidente pelo Partido Trabalhista Brasileiro
(PTB) – na mesma eleição que conduziu Jânio da Silva Quadros à presidência pela União
Democrática Nacional (UDN).
Jânio renunciou ao mandato no mesmo ano de sua posse (1961) e quem deveria
substituí-lo
Depois de muita negociação, lideradas principalmente pelo cunhado de Jango, Leonel de
Moura Brizola, na época governador do Rio Grande do Sul, os apoiadores de Jango e a
oposição acabaram fazendo um acordo político pelo qual se criaria o regime
parlamentarista, passando então João Goulart a ser chefe-de-Estado.
Em 1963, porém, houve um plebiscito, e o povo optou pela volta do regime
presidencialista. João Goulart, finalmente, assumiu a presidência da República com
amplos poderes, e durante seu governo tornaram-se aparentes vários problemas
estruturais na politica brasileira, acumulados nas décadas que precederam o golpe e
disputas de natureza internacional, no âmbito da Guerra Fria, que desestabilizaram o seu
governo.
O Golpe de 1964 submeteu o Brasil a um regime alinhado politicamente aos Estados
Unidos da América. O regime militar durou até 1985, quando, indiretamente, foi eleito o
primeiro presidente civil desde as eleições de 1960, Tancredo Neves.
Etimologia
O historiador político italiano Norberto Bobbio define "revolução" como "a tentativa,
acompanhada do uso da violência, de derrubar as autoridades políticas
Em 1964 houve um movimento de reação, por parte de setores conservadores da
4. sociedade brasileira - notadamente as Forças Armadas, a sociedade civil e o alto clero da
Igreja Católica, apoiados fortemente pela potência dominante da época, os Estados
Unidos da América - ao temor de que o Brasil viria a se transformar em uma ditadura
socialista similar à praticada em Cuba, após a falha do Plano Trienal do governo de João
Goulart de estabilizar a economia, seguido da acentuação do discurso de medidas vistas
como comunistas na época, as quais incluíam a reforma agrária e a reforma urbana. Na
época, falar em pobreza, distribuição de renda e saúde significava ser tachado de
comunista, mesmo quando não fosse o caso.[1]
No dia 13 de março daquele ano, data da realização de comício em frente à Estação
Central do Brasil, no Rio de Janeiro, perante trezentas mil pessoas, Jango decreta a
nacionalização das refinarias privadas de petróleo e desapropriação, segundo ele para a
reforma agrária, de propriedades às margens de ferrovias,
Por isso, e pela falta de mobilização de setores mais baixos da sociedade, a extensa
maioria dos críticos do movimento de março e abril de 1964 qualifica-no como um golpe
de estado.[2]
Em 1981 o general Ernesto Geisel, quarto presidente do regime militar, revelou para o
jornalista Elio Gaspari sua opinião sobre o assunto:
"O que houve em 1964 não foi uma revolução. As revoluções fazem-se por uma idéia, em
favor de uma doutrina. Nós simplesmente fizemos um movimento para derrubar João
Goulart. Foi um movimento contra, e não por alguma coisa. Era contra a subversão,
contra a corrupção. Em primeiro lugar, nem a subversão nem a corrupção acabam. Você
pode reprimi-las, mas não as destruirá. Era algo destinado a corrigir, não a construir algo
novo, e isso não é revolução".
Características gerais do novo regime e objetivos
Regime militar no Brasil (1964-1985)
O golpe de Estado conduziu à época da história do Brasil que foi denominada de Regime
Militar de 1964. Esta época foi caracterizada economicamente por um grande
desenvolvimento do país, por meio de financiamento norte-americano em grande escala,
justificado em parte pelo
Porém, tal desenvolvimento econômico foi acompanhado de uma violenta repressão
política e aumento da dívida externa, especialmente durante as décadas de 1960 e 1970
sob a égide da Lei de Segurança Nacional como justificativa de manter a sociedade
politicamente estável no sentido de evitar a influência de idéias comunistas em um mundo
dividido entre dois regimes, mas que também atuava contra qualquer um que discordasse
publicamente da atuação do regime ou que pudesse provocar tal discordância.
Além da limitação de várias liberdades (como as de expressão, imprensa e organização),
naquela época tornaram-se comuns os interrogatórios, prisões e tortura daqueles
considerados opositores políticos do regime militar, especialmente os que fossem
considerados simpatizantes de idéias comunistas, incluindo-se muitos estudantes,
jornalistas e professores. Para além das prisões, estima-se que cerca de 300 dissidentes
perderam a vida. Segundo a versão defendida pelos militares, a maioria dessas mortes
teria ocorrido em combate com as Forças Armadas. Entretanto, os grupos de defesa dos
direitos humanos e organizações de sobreviventes da ditadura militar, estimam que este
número seja muito maior.
Este fato inicial foi denominado pelos militares que o executaram bem como o regime
Vendo os movimentos de esquerda crescendo e pela influência da propaganda dos
movimentos comunistas, foi iniciado um movimento de contra-propaganda conhecido
como perigo vermelho, ou perigo comunista
Segundo relatos publicados pelo Departamento de Documentação Histórica da Fundação
Getúlio Vargas:
(sic)…Os militares envolvidos no golpe de 1964 justificaram sua ação afirmando que o
objetivo era restaurar a disciplina e a hierarquia nas Forças Armadas e deter a "ameaça
5. comunista" que, segundo eles, pairava sobre o Brasil.
Uma idéia fundamental para os golpistas era que a principal ameaça à ordem capitalista e
à segurança do país não viria de fora, através de uma guerra tradicional contra exércitos
estrangeiros; ela viria de dentro do próprio país, através de brasileiros que atuariam como
"inimigos internos" - para usar uma expressão da época.
Esses "inimigos internos" procurariam implantar o comunismo no país pela via
revolucionária, através da "subversão" da ordem existente - daí serem chamados pelos
militares de "subversivos".
Segundo a FGV, havia alguns fatores históricos que posicionavam as Forças Armadas do
Brasil contra o comunismo,
A percepção de um "perigo comunista" no Brasil passou por um processo de crescente
"concretização", até atingir seu clímax com a Revolta de 1935. Assim, após a Revolução
Russa de 1917, tiveram lugar no país a criação do Partido Comunista do Brasil (depois
Partido Comunista Brasileiro – PCB) em 1922; a conversão do líder "tenentista" Luís
Carlos Prestes ao comunismo, em maio de 1930, e sua ida para a União Soviética, no
ano seguinte; e o surgimento, em março de 1935, da Aliança Nacional Libertadora,
dominada pelos comunistas. Se em 1917 o comunismo no Brasil era visto ainda como um
perigo remoto, "alienígena" e "exótico", aos poucos ele foi se tornando mais próximo.
A frustrada revolta comunista de novembro de 1935 foi um evento-chave que
desencadeou um processo de institucionalização da ideologia anticomunista no interior
das Forças Armadas. Os comunistas brasileiros foram acusados de serem elementos "a
serviço de Moscou" e, portanto, traidores da Pátria. Os militares que tomaram parte na
revolta foram, em particular, acusados de uma dupla traição: não só do país como da
própria instituição militar, ferida em seus dois pilares - a hierarquia e a disciplina. Foram
também rotulados de covardes, devido principalmente à acusação, até hoje controversa,
de que no levante do Rio teriam assassinado colegas de farda ainda dormindo.
O ritual de rememoração dos mortos leais ao governo, repetido a cada
Situação da época
Situação internacional
Guerra Fria
A Guerra Fria estava espalhando o temor pelo rápido avanço do chamado, pela extrema
direita, perigo vermelho.
As esquerdas espelhavam-se nos regimes socialistas implantados em Cuba, China e
União Soviética. O temor ao comunismo influenciou a eclosão de uma série de golpes
militares na América Latina, seguidos por ditaduras militares de orientação ideológica à
direita, com o suposto aval de sucessivos governos dos Estados Unidos da América, que
consideravam a América Latina como sua área de influência.
Cuba e China passaram financiar grupos de esquerda na América Latina, iniciando um
movimento para implantar o comunismo na região, o que de certa forma influenciou na
eclosão de uma série de golpes militares apoiados e financiados pelos Estados Unidos,
que temiam o avanço comunista no Continente. Os EUA não admitiam que os
movimentos igualitários e de desenvolvimento regionais fossem contaminados pela
doutrina comunista de caráter stalinista ou maoista.
Com a polarização das ideologias houve a eclosão de inúmeros golpes de estado
financiados pelos governos
Guerra Fria
A origem da Guerra Fria remonta da rivalidade entre os Estados Unidos e a União
Soviética ocorrida em meados da Segunda Guerra Mundial.
Embora muitos afirmem existirem raízes mais profundas provindas do início do século XX,
a partir do fim da década de 1940 as desavenças entre os dois blocos acirrou-se, pois,
6. ambos afirmavam que os seus sistemas eram os vencedores da guerra que varreu o
planeta na época.
É sabido que devidos esforços de guerra, acabaram por surgir as duas superpotências
militares, que seguiam ideologias antagônicas, acirrando ainda mais as desavenças em
todos os campos do conhecimento, da tecnologia e da cultura.
Os comunistas, através de um sistema socialista autoritário, detinham o poder do bloco
através de sistemas ditatoriais, os capitalistas mantinham o poder através do controle
econômico, cuja estrutura também financiava ditaduras de direita, que também eram
sistemas autoritários.
Na América Latina não eram raros os governos dirigidos por caudilhos que poderiam
pender para o bloco que bem lhes conviesse. Neste panorama, todos se diziam
democratas.
Desta forma, o mundo estava em plena guerra fria, a maioria dos países ocidentais se
diziam democráticos e afirmavam manter a livre expressão.
Dizem alguns que existiam algumas exceções às liberdades democráticas como as
ditaduras na América Latina. É sabido porém, que os Estados Unidos aceitavam,
financiavam e apoiavam ditaduras
Situação nacional
No Brasil, o golpe de 1964 e a conseqüente tomada do poder pelos militares contou com
o apoio do grande empresariado brasileiro, temeroso que as medidas reformistas do
presidente João Goulart desencadeassem um golpe comunista, particularmente devido às
nacionalizações.
A população, no início confusa e receosa, depois desinformada pela repressão à
imprensa, acabou se acomodando à medida que a economia, aparentemente, melhorava.
Bipolarização
Durante a eclosão do golpe de 1964 havia duas correntes ideológicas no Brasil, sendo
uma de esquerda e outra de direita. Aquelas correntes tinham movimentos populares de
ambas facções, acredita-se financiados com capital externo. Além da polarização, existia
também um forte sentimento antigetulista, motivador do movimento militar que derrubou
Jango.
Fatores políticos
Fator desestabilizador
O golpe não foi algo repentino, ele foi amadurecendo aos poucos. O motivo alegado era o
comunismo. O contexto, porém, era bem mais complexo: a estatização promovida por
Jango e as visões conflitantes entre a política e a economia de ambas as correntes de
pensamento, particularmente da extrema direita e extrema esquerda, vinham se
contrapondo desde o início do século XX, sendo as alternativas mistas ainda em
O golpe militar de 1964 começou a ocorrer dez anos antes, em 1954. Um movimento
político-militar conservador descontente com Getúlio Vargas e sua condição de ex-ditador,
além de denuncias de corrupção, aliados aos Estados Unidos da América, tentou derrubar
o então presidente Getúlio Vargas, que abafou o golpe terminando com sua própria vida
num suicídio. A repercussão da carta-testamento de Getúlio Vargas conteve quaisquer
movimentações e desestabilizou profundamente a estrutura política do Brasil.
Passados o impacto e a comoção social que se seguiram ao suicídio, em 1955 opositores
de Vargas tentaram impedir as eleições sabendo de sua provável derrota.
Houve assim uma tentativa de golpe, impedida pela ação firme e corajosa do marechal
Henrique Batista Duffles Teixeira Lott, que garantiu a eleição e a posterior posse de
Juscelino Kubitschek.
Jânio e a tentativa de um autogolpe
Jânio Quadros
1961, quando Jânio Quadros renunciou, assumiu a presidência o então vice-presidente
7. João Goulart, e houve suposições de um autogolpe fracassado.
Goulart era visto como sucessor político de Getúlio Vargas e era, também, cunhado do
governador do Rio Grande do Sul, Leonel Brizola, que defendia a realização de reformas
de base no Brasil, incluindo a reforma agrária e a reforma urbana.
As reformas de base desagradavam os setores conservadores, a classe média, e
dirigentes de multinacionais, que vendo seus negócios em risco no Brasil
Por influência de grupos mais moderados, houve um acordo político estabelecendo o
regime parlamentarista, o que significaria que Goulart seria chefe de estado, mas não
chefe de governo - desta forma teria poderes reduzidos, mas permaneceria no governo.
Jango chegou ao poder através de uma eleição que levou Jânio Quadros à presidência
pela UDN e o próprio João Goulart à vice-presidência pelo PTB. Ou seja presidente e
vice-presidente eram inimigos políticos. Esta situação foi possível devido a uma legislação
eleitoral que permitia que se votasse no presidente de uma chapa e no vice-presidente de
outra.
Devido às forças políticas atuantes no país, em 1962 foi convocado um plebiscito para
escolher qual a forma de governo o Brasil adotaria: ou retornava ao presidencialismo ou
permanecia no parlamentarismo. O povo optou maciçamente pelo presidencialismo, com
9,5 milhões de votos contra 2 milhões dados ao parlamentarismo. Goulart começou a
governar tentando conciliar os interesses do seu governo com os interesses políticos dos
mais conservadores e também dos políticos progressistas no Congresso Nacional.
Devido a boicotes de ambas as correntes, houve uma grande demora em implantar as
reformas de base. Os setores mais à esquerda, inclusive dentro do próprio PTB,
Assim, os setores mais à esquerda e os mais à direita movimentaram-se e
desestabilizaram a política e a economia.
Em 4 outubro de 1963 Goulart solicita o estado de sítio ao Congresso Nacional pelo prazo
de 30 dias. A justificativa do Ministério da Justiça é que o governo necessitaria de poderes
especiais para impedir a comoção de "guerra civil" que punha em perigo as instituições
democráticas. A manobra foi repelida inclusive pela esquerda, e a iniciativa foi vista como
uma tentativa de golpe por parte de Jango.
Houve também uma importante guinada em direção a reformas de base de inspiração
socialista. Junta-se à tensão política a pressão do declínio econômico.
Revolta dos marinheiros
A revolta dos marinheiros foi um motim realizado pelos marinheiros da Marinha do Brasil
que se sucedeu em 25 de março de 1964. Constituiu-se em uma assembléia de mais de
dois mil marinheiros de baixa patente (marinheiros e taifeiros), que se realizou no prédio
do sindicato dos metalúrgicos, no Rio de Janeiro. Os
O então ministro da marinha, Sílvio Mota ordenou a prisão dos líderes amotinados,
enviando destacamento dos fuzileiros navais, comandados pelo almirante Cândido
Aragão. Ao final os fuzileiros juntam-se ao movimento.
Pouco depois da recusa do comandante Aragão em debelar o movimento, Jango expediu
ordens proibindo qualquer invasão da assembléia e exonerou o ministro Mota. No dia
seguinte, 26 de março, o ministro do trabalho Amauri negociou um acordo, e os
marinheiros concordaram em deixar o prédio pacificamente.
Logo em seguida, os líderes do movimento foram presos pelos militares, por motim.
Goulart concedeu perdão aos amotinados, criando um forte constrangimento entre os
militares diante da imprensa e sociedade. Logo depois, dia 30 de março, véspera do
golpe, Goulart procurou apoio pelo seu governo junto a alguns sargentos.[7]
As estatizações e as supostas fraudes financeiras
As recentes estatizações feitas por Leonel Brizola nas companhias telefônica e de energia
do Rio Grande do Sul, ambas pertencentes a grupos dos EUA, criaram um clima tenso
entre Brasil e Estados Unidos.
Brizola denunciou um acordo de indenização fraudulenta feito com as companhias dos
8. EUA, antigas proprietárias das estatais recém
Os sargentos, os estudantes e os Grupos dos Onze
Paralelamente, havia o movimento dos sargentos ideologicamente ligados ao governador
Brizola. Estes pleiteavam o direito de serem eleitos, já que suas posses haviam sido
impedidas pelo Supremo Tribunal Federal. O movimento estudantil, de orientação
esquerdista, realizava protestos nas ruas.
O efeito da organização de sargentos e cabos em grupos políticos não pode ser
subestimado em relação ao descontentamento dos militares com o governo de Jango,
principalmente pela ligação destes com Brizola, que era cunhado do Presidente, pois
subvertia a hierarquia militar, um dos preceitos mais importantes e talvez a própria alma
das Forças Armadas.
Brizola criou o movimento chamado de Grupos dos Onze, que consistia na organização
popular em grupos de onze pessoas, para fiscalizar parlamentares e militares (já
prevendo tentativas de golpes) e pressionar o governo e o congresso pelas reformas de
base.
Reação da direita
Os políticos do PSD, mais conservadores, temendo uma radicalização à esquerda deixam
de apoiar o governo. A situação política de Goulart se torna insustentável, pois não tinha
apoio total do PTB e nem dos comunistas. Não consegue governar de forma conciliatória.
A UDN e o PSD temiam pelo crescimento do PTB, já que Leonel Brizola era o favorito
para as eleições presidenciais que
Criou-se o medo de que Goulart levaria o país a um golpe de estado com a implantação
de um regime político nos moldes de Cuba e China. Era o "perigo comunista", que serviria
depois como justificativa para o golpe.
Comício da Central do Brasil e a eclosão do golpe
João Goulart.
O comício de Goulart e Brizola, na Central do Brasil, em 13 de março de 1964, foi a chave
para dar início ao golpe. Ficou conhecido como Comício da Central.[8]
Brizola e Goulart anunciavam as reformas de base, incluindo um plebiscito pela
convocação de nova constituinte, a reforma agrária e a nacionalização das refinarias
particulares de petróleo.[9]
Os políticos da UDN e do PSD sabiam que Brizola era favorito para as eleições
presidenciais e que o povo apoiaria o seu projeto, logo, a aliança UDN-Militares-Estados
Unidos iniciou sua mobilização definitiva em direção ao golpe.
Desde 1961 o IPES estava mobilizando a classe média. Sendo o Brasil de maioria
católica, a sociedade cristã foi mobilizada para a Marcha da Família com Deus Pela
Liberdade, reunindo 500 mil pessoas.[10]
O uso da religião
Na Marcha da Família com Deus Pela Liberdade participaram quinhentas mil pessoas no
dia 19 de março de 1964. Os manifestantes foram da praça da República e seguiram em
direção à praça da Sé, onde foi rezada uma missa para aquilo que foi chamado de
"salvação da democracia". O padre Patrick Peyton, conhecido por sua campanha
anticomunista, rezou a
A marcha teve seu amplo sucesso garantido por Adhemar de Barros e Carlos Lacerda. A
finalidade desta era mobilizar a maior quantidade possível de participantes para dar
respaldo popular e facilitar aos militares a organização da derrubada de Goulart com o
apoio dos políticos e da sociedade organizada.[11]
Na época, setores conservadores de outras igrejas também se juntaram ao apoio às
cruzadas "anticomunistas". A Igreja Metodista, por exemplo, encontrava-se dividida, com
setores simpáticos às reformas de Jango, e outros fortemente alinhados aos movimentos
golpistas. Cabe lembrar aqui que, mais tarde, ocorreu o fechamento da Faculdade de
Teologia desta Igreja, ao final de 1968, em sintonia com o AI-5.[12][13] Muitos pastores
9. das Igrejas Metodista, Luterana e Presbiteriana foram perseguidos. Alguns afastados da
vida eclesiástica e compulsoriamente aposentados. Essas igrejas estavam claramente
divididas entre os favoráveis ao golpe e os contrários ligados às comunidades
eclesiásticas de base.[14]
A movimentação popular foi financiada pelo IPES.[15]
Apoio logístico dos EUA
Reunião de Kennedy com Lincoln Gordon
Entre 11h55m e 12h20m, de 30 de julho de 1962, ocorreu na Casa Branca uma reunião
que já apontava a influência que teriam os Estados Unidos no golpe que viria a ocorrer no
Brasil dois anos mais tarde. Na presença do subsecretário de Estado para Assuntos
Interamericanos, Richard Goodwin e do assessor especial para Assuntos de
(Kennedy): - Então, o que vamos fazer ? Eu digo, quem vamos escolher? Nós temos que
mandar para lá alguém que possa estabelecer ligações muito rápidas... e tem de falar em
português. (Goodwin): - Por que não falamos com o Ros Gilpatric ou alguém... (Kennedy):
- Ótimo, mas isto tem de ser feito hoje. (Quinze segundos suprimidos como documento
classificado.)
— John Kennedy, Lincoln Gordon,Richard Goodwin [16]
Financiamento eleitoral
O presidente norte americano John Kennedy através do intervencionismo político no
Brasil, ordenou o financiamento das campanhas. Segundo o ex-agente da CIA, Philip
Agee, os fundos provenientes de fontes estrangeiras foram utilizados na campanha de
oito candidatos aos governos dos 11 estados onde houve eleições . Houve também o
apoio a 15 candidatos ao Senado, a 250 candidatos à Câmara e a mais de quinhentos
candidatos às Assembléias Legislativas.
Foram feitas doações através do IBAD. Como a bancada de esquerda aumentou, as
doações de campanha resultaram numa CPI, que apurou sua procedência. Veio através
dos bancos Royal Bank of Canada, Bank of Boston e First National City
Pedido de apoio de Lacerda
Lacerda havia pedido uma intervenção dos EUA na política brasileira, conforme entrevista
ao correspondente no Brasil do Los Angeles Times, Julien Hart. Sua atitude causou uma
crise política com os ministros militares solicitando o estado de sítio e a prisão de
Lacerda.
O estado de sítio foi recusado pelo congresso, com a esquerda suspeitando que fosse
uma armadilha dos militares para prender os líderes de esquerda como Brizola e Miguel
Arraes.
Operações de logística
Como os arquivos do governo de Lyndon Johnson comprovariam, vinte anos mais tarde,
foi feita uma operação militar chamada Operação Brother Sam para atuar no Brasil em
apoio à Operação Popeye dos militares.
Somente no ano de 1962, quase cinco mil cidadãos americanos entraram no Brasil,
número muito superior à média histórica conforme estudo de Jorge Ferreira em Rev. Bras.
Hist. vol.24 no.47, São Paulo 2004, "A estratégia do confronto: a frente de mobilização
popular".
Ainda: (sic) "…o deputado José Joffily, do partido Social-Democrático (PSD), denunciou a
"penetration" e, no princípio de 1963, o jornalista José Frejat, através de "O Semanário",
revelou que mais de 5.000 militares norte-americanos, "fantasiados de civis",
desenvolviam, no Nordeste, intenso trabalho de
Darcy Ribeiro citou ainda que "foi desencadeado com forte contingente armado, postado
no Porto de Vitória, com instruções de marchar sobre Belo Horizonte.".
10. A "Brother Sam" objetivava abastecer com combustível e armas os militares golpistas. O
porta-aviões americano USS Forrestal (CVA-59) e destróieres foram enviados à costa
brasileira e ficaram próximos do porto de Vitória (ES).
Correntes de pensamento da época
Jango, por sua natureza populista seguia a tradição de Getúlio Vargas, além de influência
da esquerda. Os militares impunham a segurança e o desenvolvimento conforme doutrina
da Escola Superior de Guerra, cuja orientação filosófica seguia a política do National War
College desde o final da Segunda Guerra Mundial e início da Guerra Fria.
Cronologia do golpe
No dia 28 de março de 1964, na cidade de Juiz de Fora, os generais Olímpio Mourão
Filho e Odílio Denys se reuniram com o Governador de Minas Gerais o banqueiro
Magalhães Pinto. Pinto foi um dos principais financiadores do IPES.
A finalidade da reunião era o estabelecimento de uma data para o início da mobilização
que culminaria com o golpe militar de 1964.
As datas
A data estabelecida para o início das operações militares para o golpe foi o dia 4 de abril
de 1964. Conforme descrito pelos jornais O Estado de S. Paulo[19] e Folha de S.
Paulo[20], o general Carlos Guedes, da Infantaria, afirmou que não
Em 31 de março de 1964 o general Olímpio Mourão resolveu intempestivamente partir
com suas tropas para o Rio de Janeiro às três horas da manhã. Este ato, segundo os
jornais, foi considerado impulsivo pelo marechal Humberto de Alencar Castello Branco.
Castello Branco, ao saber da partida de Olímpio Mourão, telefonou para Magalhães Pinto
com o intuito de segurar o levante. Consta que o Marechal considerava o movimento
prematuro e intempestivo.
Pinto argumentou que uma vez iniciado o desenlace, seria um erro parar, pois alertaria as
forças legalistas podendo agravar a situação.
Anos mais tarde o Deputado Armando Falcão perguntou ao general Olímpio Mourão o
porquê da atitude precipitada. A resposta do militar divulgada pela imprensa foi: "Em
matéria de política sou uma vaca fardada."
Segundo analistas, a precipitação foi um ato temerário de falta de visão estratégica que
foi largamente discutido por historiadores e pela imprensa no sentido de que se houvesse
reação poderia ter causado uma guerra civil no Brasil. Para tal bastaria que Goulart
tivesse uma parcela de apoio de outros segmentos das Forças Armadas leais à
Constituição Brasileira, entre elas o General Armando de Moraes Âncora.
A Imprensa
Antes da ditadura, jornais
Em 31 de março, a maioria da imprensa apoiava o fim do governo João Goulart:
"Seria rematada loucura continuarem as forças democráticas desunidas e inoperantes,
enquanto os inimigos do regime vão, paulatinamente, fazendo ruir tudo aquilo que os
impede de atingir o poder. Como dissemos muitas vezes, a democracia não deve ser um
regime suicida, que dê a seus adversários o direito de trucidá-la, para não incorrer no
risco de ferir uma legalidade que seus adversários são os primeiros a desrespeitar" - O
Globo de 31 de março de 1964.
"(...) Além de que os lamentáveis acontecimentos foram o resultado de um plano
executado com perfeição e dirigido por um grupo já identificado pela Nação Brasileira
como interessado na subversão geral do País, com características nitidamente
comunistas". - Correio do Povo de 31 de março de 1964.
"O Exército e os desmandos do Presidente. Se a rebelião dos sargentos da Aeronáutica
fora suficiente para anular praticamente a eficiência da Arma, a subversão da ordem na
Marinha assumia as dimensões de um verdadeiro desastre nacional." - O Estado de S.
Paulo de 31 de março de 1964.
"Aquilo que os inimigos externos nunca conseguiram, começa a ser alcançado por
11. elementos que atuam internamente, ou
"Basta! Não é possível continuar neste caos em todos os setores. Tanto no lado
administrativo como no lado econômico e financeiro". - Correio da Manhã de 31 de março
de 1964.
"É cedo para falar dos programas administrativos, da Revolução. Mas é incontestável que
um clima de ordem substituiu o que dominava o País, onde nem mesmo nas Forças
Armadas se mantinham nos princípios de rígida disciplina hierárquica que as
caracterizam". - Folha de S. Paulo de 31 de março de 1964.
Segundo o jornalista Fernando Molica: "A grande maioria dos jornais era favorável à
derrubada do governo João Goulart e festejou o golpe…"[21]
Segundo Mino Carta, "a Folha de S. Paulo não só nunca foi censurada, como emprestava
a sua C-14,(popular Chevrolet Veraneio), usado para transportar o jornal, para recolher
torturados ou pessoas que iriam ser torturadas na Oban, Operação Bandeirante".
A seqüência do golpe
Em seguida à marcha seguida por Olímpio Mourão Filho, o general Âncora havia recebido
ordem de João Goulart para prender Castello Branco, porém não a cumpriu.
Comandando o Destacamento Sampaio para interceptar o Destacamento Tiradentes
comandado pelo general Murici, o general Âncora, embora com tropa muito mais
Se as forças se enfrentassem no Vale do Paraíba, onde se encontraram, com certeza se
iniciaria uma guerra civil, e, segundo os cronistas da imprensa, era tudo que os militares
não queriam.
A união das tropas
Ao se encontrarem, ao invés de haver enfrentamento as tropas uniram-se e marcharam
em direção ao Rio de Janeiro. Às dezessete horas do dia 31 de março de 1964, fez-se o
golpe.
O Segundo Exército era comandado pelo general Amauri Kruel, que, em contato
telefônico com o presidente, recebeu um pedido de apoio para pôr fim ao avanço.
Kruel impôs a condição do fechamento do CGT e a prisão de seus dirigentes para apoiar
Jango, no que teve a negativa do Governante, então suas tropas se dirigiram para o Rio
de Janeiro pela Via Dutra, onde foram interceptadas pelo general Emílio Garrastazu
Médici, que estava com os cadetes das Agulhas Negras à sua frente.
No dia 1 de abril de 1964 houve uma reunião entre Âncora e Kruel que, convencidos por
Médici, uniram-se de fato aos demais militares. Durante as negociações foi decidida a
união das tropas.
A prisão de Miguel Arraes e João Dória
Enquanto isto, no Nordeste, Miguel Arraes, governador de Pernambuco, e João Dória,
governador de Sergipe, eram presos como traidores da nação.
Jango se refugia no Rio Grande do Sul
O Quarto Exército comandado pelo General Justino Bastos
Enquanto era perseguido pelos golpistas, Goulart reuniu-se com o general Nicolau Fico,
comandante militar de Brasília, e o general Assis Brasil, chefe da Casa Militar.
Preparou um comunicado à nação, informando que iria para o Rio Grande do Sul para se
unir às forças do III Exército, sob o comando do general Ladário Teles, informando sobre
o golpe e conclamando a população a lutar pela legalidade.
Darcy Ribeiro e Waldir Pires falaram à população na televisão. O governo ainda
controlava os meios de comunicação em Brasília. O presidente tentou viajar para Porto
Alegre em avião de carreira, porém a decolagem foi sabotada por golpistas. Jango voou
então no avião presidencial, arriscando-se a ser abatido por militares.
Apesar do acordo com o general Nicolau Fico estabelecer que as tropas ficariam nos
quartéis em Brasília, os militares ocuparam as imediações do Congresso para impedir
manifestações populares. Estas estavam previstas se os congressistas se reunissem para
votar o impedimento do presidente.
12. O motivo seria o fato do chefe da nação ter se ausentado do país.
A ação do Congresso
O senador Auro Soares de Moura Andrade, presidente do Congresso Nacional, apesar de
o presidente da República estar no País, declarou vaga a presidência. Alegou que o
presidente havia saído do Brasil e que o comunicado de Darcy Ribeiro era mentiroso.
Andrade empossou o presidente da Câmara Ranieri Mazzilli como governante provisório,
ato considerado anos depois por juristas como irregular. Em seguida mandou desligar os
microfones e as luzes rapidamente, sob protestos de Tancredo Neves.
Os participantes do Congresso Brasileiro criaram assim condições para o golpe militar e a
ditadura que se seguiria.
Jango vai embora do Brasil
Consta que Darcy Ribeiro tentou convencer o presidente a resistir, como explicou em
depoimento.[22]
Darcy considerava que o governo deveria resistir usando a aviação comandada pelo
brigadeiro Teixeira para conter as tropas de Olímpio Mourão, composta de recrutas
desarmados, e os fuzileiros comandados por almirante Aragão, que poderiam então
prender Carlos Lacerda e Castello Branco.
Goulart se recusou a resistir pois foi informado que os golpistas tinham o apoio da armada
americana que estava se encaminhando para o Brasil, o que poderia conflagrar uma
guerra civil. João Goulart tinha o apoio do Terceiro Exército comandado pelo general
Ladário Teles, e de
O general Argemiro de Assis Brasil foi figura determinante na fuga de Jango do país
durante o golpe, pois protegeu-o e à sua família, guiando-o em segurança para o Uruguai.
Ao se apresentar às autoridades que assumiram ao poder, o general foi preso,
processado e sua carreira profissional interrompida sendo considerado traidor. Perante o
Exército Brasileiro o general Assis Brasil passou a ser considerado morto, perdendo assim
todos os seus direitos e os anos dedicados àquela arma.
Consolidação do regime militar
O jornal Última Hora e a sede da UNE foram destruídos por militantes de Lacerda, muitas
das organizações que apoiavam Jango tiveram seus líderes presos e perseguidos pela
ditadura.
À medida em que o golpe militar foi avançando as liberdades individuais da população
brasileira foram sendo extintas com o endurecimento do regime.
A imposição de um estado de exceção com a ruptura dos direitos civis da população e
uma ditadura militar com o alinhamento político-econômico sob tutela e proteção dos
Estados Unidos da América, segundo aqueles, era primordial para a modernização do
Brasil, e, havia a doutrina propagandeada de que "o que era bom para os Estados Unidos
era bom para o Brasil".
Base de apoio militar
O movimento político militar de 1964 foi um golpe de estado, portanto
Segundo os arquivos, para o presidente Lyndon Johnson o que estava em jogo era o
confronto global entre o comunismo soviético e a democracia. Por essa razão Johnson
estava disposto a fazer o que fosse preciso para ajudar o movimento que derrubou João
Goulart.
A embaixada e os consulados norte americanos no Brasil, tinham agentes da CIA
encarregados de levantar informações sobre as atividades de comunistas e militares no
Brasil.
Segundo a revista Veja, na edição 1 848, de 7 de abril de 2004, "os militares e
empresários que conspiravam contra Jango tinham o hábito de pedir apoio aos
americanos para suas aspirações golpistas, revela um relatório de Lincoln Gordon de 27
de março de 1964 (…) Uma nova leva de papéis publicada na semana passada no site do
National Security Archive".
13. A quebra da hierarquia
Uma justificativa apresentada à opinião
O golpe de 1964 se transformou numa sucessão de atos institucionais, mas também de
construções de grandes obras. A modernização elevou o país como uma das grandes
economias mundiais. As dívidas geradas pelas famosas "Obras Faraônicas", ao final da
ditadura, geraram uma inflação galopante que levaram o Brasil a um período chamado
posteriormente por alguns setores da Imprensa como "A década perdida".
As promessas
No início houve a promessa à elite, à classe média e à população em geral (noticiada
fartamente no rádio, na televisão e na imprensa em geral), que a Constituição de 1946, a
normalidade democrática e as eleições seriam preservadas e restabelecidas rapidamente
(em 1966, no mais tardar), logo ao final do mandato de Jango, que estaria sendo
preenchido pelos interventores militares.
Segundo a Fundação
(sic)…o golpe militar foi saudado por importantes setores da sociedade brasileira. Grande
parte do empresariado, da imprensa, dos proprietários rurais, da Igreja católica, vários
governadores de estados importantes (como Carlos Lacerda, da Guanabara, Magalhães
Pinto, de Minas Gerais, e Ademar de Barros, de São Paulo) e amplos setores de classe
média pediram e estimularam a intervenção militar, como forma de pôr fim à ameaça de
esquerdização do governo e de controlar a crise econômica.
No pensamento vigente da época, o Brasil estava perdido em greves, "baderna",
corrupção, "roubalheira" e inflação, portanto haveria que ser feito algo urgente para
restabelecer uma suposta ordem democrática.
A propaganda institucional (ver IPES) era farta. A sociedade estava dividida pela
ideologia.
É alegado que qualquer que fosse a direção tomada, fatalmente o Brasil seria uma
ditadura, ou de esquerda, ao estilo soviético, chinês, ou cubano, ou de direita, como
tantas outras que floresceram na América Latina.
Assim, houve a ditadura de direita, alinhando-se ao bloco liderado e financiado pelos
Estados Unidos.
Após o golpe de 1964
Logo após o golpe de 1964, em seus primeiros 4 anos, a ditadura foi endurecendo e
fechando o regime aos poucos. Vieram os Atos Institucionais, artificialismos criados para
dar legitimidade jurídica a ações políticas contrárias à Constituição Brasileira de 1946,
culminando numa ditadura. O período compreendido
Dezoito milhões de eleitores brasileiros sofreram das restrições impostas por seguidos
Atos Institucionais que ignoravam e cancelavam a validade da Constituição Brasileira,
criando um estado de exceção, suspendendo a democracia.
Querendo impor um modelo sócio, político e econômico para o Brasil, a ditadura militar no
entanto tentou forjar um ambiente democrático, e não se destacou por um governante
definido ou personalista. Durante sua vigência, a ditadura militar não era oficialmente
conhecida por este nome, mas pelo nome de "Revolução" e seus governos eram
considerados "revolucionários". A visão crítica do regime só começou a ser permitida a
partir de 1974, quando o general Ernesto Geisel determinou a abertura lenta e gradual da
vida sócio-política do país.
O golpe também foi recebido com alívio pelo governo norte-americano, satisfeito de ver
que o Brasil não seguia o mesmo caminho de Cuba, onde a guerrilha liderada por Fidel
Castro havia conseguido tomar o poder. Os Estados Unidos acompanharam de perto a
conspiração e o desenrolar dos acontecimentos, principalmente através de seu
embaixador no Brasil, Lincoln Gordon, e do adido militar, Vernon Walters, e haviam
decidido, através da secreta "Operação Brother Sam", dar apoio logístico aos militares
golpistas, caso estes enfrentassem uma longa resistência por parte de forças leais a
14. Jango.
Segundo o tenente-coronel de Infantaria e Estado-Maior do Exército Brasileiro Manuel
Soriano Neto, em palestra comemorativa proferida na AMAN em 12 de setembro de 1985,
em homenagem ao centenário do marechal José Pessoa:
"Com as desavenças que grassavam na corrente outubrista, o tenentismo vem a se
desintegrar. Tal fato se dá após a Revolução de 1932, mormente durante o ano de 1933,
quando se formava a Assembléia Nacional Constituinte. Parcelas das Forças Armadas se
desgarraram para a esquerda e para a direita, incorporando-se à Aliança Nacional
Libertadora e à Ação Integralista Brasileira, que apregoavam ideologias importadas, não
condizentes com a idiossincrasia de nosso povo."
Portanto, dentro das forças armadas brasileiras, existia uma grave cisão interna de ordem
ideológica e, ainda havia outra divisão entre os moderados e a linha dura.
Porém havia também o sentimento patriótico autêntico que manteve ocultas da população
todas as desavenças internas.
Os grupos concorrentes entre si defendiam pontos de vistas diferentes:
Um grupo defendia medidas rápidas diretas e concretas contra os chamados subversivos,
ou inimigos internos, estes militares apoiavam sua permanência no poder pelo maior
tempo possível.
Ao contrário do grupo anterior, o segundo era formado por militares que tinham por
doutrina a tradição de intervenções moderadoras. Estes procuravam permanecer no
poder somente o tempo necessário
Doutrina da segurança nacional
Para os dois grupos era necessário salvaguardar o Brasil contra o poder do comunismo
internacional (além do anti-getulismo, leia-se populismo).
Segundo a doutrina dos militares, o inimigo devia ser extirpado a todo custo e os
governos populistas seriam uma porta de entrada para a desordem, subversão e
propiciariam a entrada de ideologias nocivas à nação.
As facções contrárias internamente nas forças armadas acabaram se unindo apesar da
não concordância metodológica. Desta forma, os militares mais radicais se aglutinaram ao
general Costa e Silva, e os mais estratégicos ao general Humberto de Alencar Castelo
Branco.
Muitos militares da época afirmam que se a orientação filosófico-ideológica das forças
armadas fosse para a esquerda, estas defenderiam da mesma forma a linha de
pensamento, somente o inimigo que mudaria de lado, o que importava era a segurança
da Nação.
Beneficiados
Entre os que apoiariam o golpe militar, havia muitos especuladores de capital, banqueiros,
grandes latifundiários, setores da indústria mecânica, construção civil, e principalmente
políticos oportunistas que trocavam de partido independente da sua orientação ideológica.
Os maiores financiadores do golpe foram notadamente as grandes oligarquias do
Veja também:
IPES:Os maiores financiadores do IPES foram cinco empresas: Refinaria União, Light,
Cruzeiro do Sul, Icomi, Listas Telefônicas Brasileiras, além de trezentas empresas norte
americanas de menor porte. O Instituto foi fundado pelo general Golbery do Couto e Silva,
logo após pedir para passar para a reserva do Exército Brasileiro, em 2 de Fevereiro de
1962.
Localizava-se no edifício Avenida Central, no Rio de Janeiro, vigésimo sétimo andar, com
treze salas.
Propaganda
Propaganda institucional
Publicidade do regime militar de 1964
Milagre econômico
15. Ver artigo principal: Milagre brasileiro
O surto de crescimento econômico que ocorreu em seguida ao golpe militar, chamado de
Milagre brasileiro, caracterizado pela modernização da indústria e pelas grandes obras,
estava de fato ocorrendo. Porém, também havia os interesses de grandes grupos
econômicos e a especulação do capital. Estes tinham interesse nos lucros advindos da
ditadura forçando a construção de grandes obras de infra-estrutura.
Naquela época, fortunas gigantescas foram ganhas às custas de empréstimos externos.
Dizem alguns que o retorno do investimento das empresas e grupos multinacionais era
necessário, o montante aplicado no golpe foi imenso. O problema não equacionado foi
custo social do retorno.
O Brasil cresceu, mas endividou-se exponencialmente, apesar de ser
Ao primeiro sinal de crise, entre 1973 e 1974, o capital especulativo volátil se foi para
outras praças mais seguras, deixando o país num beco sem saída. Os empréstimos a juro
barato se extinguiram, o crescimento desacelerou, o país entrou em grandes dificuldades
de caixa e principalmente de liquidez. Muitas obras pararam ou tiveram sua qualidade
diminuída em função da falta de dinheiro para um término adequado, outras foram
inauguradas às pressas.
A aceleração inflacionária começou lenta, gradual e constante. A economia de
aproximadamente 67% da massa populacional (em torno de 40 milhões de pessoas) teve
uma redução abrupta, o povo empobreceu e se endividou rapidamente junto ao sistema
financeiro, o que gerou escassez de capital e aumentou a impressão de papel-moeda,
que realimentou a inflação, que por sua vez alimentou a escassez.
A pressão social foi aumentando exponencialmente, todos começavam a maldizer o
governo, inclusive os próprios servidores públicos, apesar disso ser proibido.
O governo militar, prevendo aonde isso poderia chegar, viu-se forçado a mudar de
estratégia. Já em meados de 1976, iniciou um lento processo de abertura democrática e
adequação social. Este processo não poderia ser rápido demais, pois poderia haver uma
explosão social, nem muito lento, pois a recessão advinda poderia destruir a economia do
país.
Ato Institucional Número Um
Em 9 de abril de 1964 foi publicado o Ato
Segue o texto do primeiro paragrafo do AI-1:
"... É indispensável fixar o conceito do movimento civil e militar que acaba de abrir ao
Brasil uma nova perspectiva sobre o seu futuro. O que houve e continuará a haver neste
momento, não só no espírito e no comportamento das classes armadas, como na opinião
pública nacional, é uma autêntica revolução."
"A revolução se distingue de outros movimentos armados pelo fato de que nela se traduz
não o interesse e a vontade de um grupo, mas o interesse e a vontade da Nação."
"A revolução vitoriosa se investe no exercício do Poder Constituinte. Este se manifesta
pela eleição popular ou pela revolução. Esta é a forma mais expressiva e mais radical do
Poder Constituinte. Assim, a revolução vitoriosa, como Poder Constituinte, se legitima por
si mesma."
Como observado no texto, os militares acreditavam da necessidade urgente de legitimar o
governo.
Muitos ainda discutem que se fosse de fato um "movimento popular legítimo em nome da
democracia", alguns meses depois da "revolução" deveria ser feito um plebiscito, para se
saber da verdadeira
Ainda hoje é cobrada pelos mais antigos a necessidade de se mandarem cumprir
dezesseis atos institucionais.
Alegam outros que no início houve o desejo de entregar a democracia o mais
rapidamente possível à Nação. Ainda dizem que o presidente Castello Branco foi bastante
claro quanto ao seu desejo, pois ele era um intelectual.
16. Dizem ainda que houve uma radicalização principalmente da linha dura dos militares, que
não aceitavam de forma alguma um governo de tendências esquerdistas
democraticamente eleito novamente. Segundo o grupo mais radical, se isso acontecesse,
poderia haver uma entrada das esquerdas no Brasil e, em consequência, o país explodiria
em conflitos agrários e urbanos, com muito mais violência do que se eles permanecessem
no poder.
Lista dos principais movimentos da época
Direita
Instituto de Pesquisas e Estudos Sociais (IPES)
Instituto Brasileiro de Ação Democrática (Ibad)
Campanha da Mulher pela Democracia (Camde, financiada pelo Ipes)
União Cívica Feminina (UCF, sob orientação do Ipes)
Associação dos Dirigentes Cristãos de Empresas (Adce, ligada ao Ipes)
Movimento Anticomunista (MAC, formado por universitários)
Frente da Juventude Democrática (formada por estudantes anticomunistas radicais)
Comando de Caça aos Comunistas (formado por estudantes anticomunistas radicais,
conhecido como CCC)
Esquadrões da Morte (formados por policiais para o assassinato de opositores)