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As causas que favoreceram ao golpe militar Brasil no ano de1964 brasileira. Ainda durante o 
período imperial, quando Dom Pedro II era quem governava o país, os militares demonstraram sua 
insatisfação com as condições vividas pelas Forças Armadas Brasileira. Com o fim da Guerra do 
Paraguai brasileiro permanecia sem prestígio na sociedade e na política. A pressão que os militares 
exerceram foi tão grande que integraram o grupo republicano responsável pela queda do regime 
monárquico no Brasil, sendo que os dois primeiros presidentes da república recém nascida foram 
militares. 
Ao longo da República Velha políticanovamente, mas os responsáveis pelo movimento eram pertencentes 
de um escalão intermediário da hierarquia militar, por esse motivo o acontecimento ficou conhecido 
como Tenentismo. De toda forma, serviu para colocar novamente os militares na cena política nacional e 
seria um dos fatores republicanos que engrossaria mais tarde a capacidade política dos militares de 
promoverem um golpe. O governo de Juscelino Kubitschek seria atacado por tentativas de golpe em 
1955, mas quem sofreria o impacto maior mesmo seriaJoão Goulart em 1964. 
No final do segundo governo de Getúlio Vargas, que se encerrou por ocasião de seu suicídio em 1954, a 
situação política brasileira estava muito instável, a crise havia fragmentado os destinos da nação. Os 
militares formavam o grupo que defendia a entrada do capital estrangeiro no país, quando se deu o 
processo eleitoral para sucessão de Getúlio Vargas tentaram arquitetar um golpe, que não foi bem 
sucedido e Juscelino Kubitschek assumiu a presidência. Como seu governo foi bem aceito pela população, 
teve respaldo suficiente para superar os ataques políticos e chegar ao final do mandato. 
O sucessor de Juscelino Kubitschek é quem causaria problemas no destino político brasileiro. Jânio 
Quadros foi eleito com grande maioria dos votos, com tamanho apoio popular o então presidente 
acreditou que o povo estaria do seu lado de toda forma e elaborou um plano para que seus poderes 
aumentassem. O presidente Janio Quadros anunciou sua renúncia pelo rádio em 1961 esperando que a 
notícia causasse espanto no Congresso e na população, se corresse como o esperado Janio Quadros 
imaginava que seria procurado para voltar ao poder e não causar instabilidade política e então o ex-presidente 
aceitaria a proposta de retornar ao cargo somente se lhe fosse dado plenos poderes para 
governar. Entretanto, o plano de Janio Quadros passou longe do esperado, sua renúncia foi aceita e nada 
foi feito para que voltasse ao poder. 
O vice de Janio Quadros era João Goulart, político que surgiu durante o segundo governo de Getúlio 
Vargas e que por isso tinha fortes identificações com o presidente suicida, causando desagrado nos 
políticos de direito. João Goulart já era encarado como um político de tendências de esquerda e para 
piorar quando recebeu a notícia da renúncia do presidente estava na China comunista. A direita política 
tentou de todas as formas fazer com que o vice não assumisse quando retornasse ao Brasil, mas Leonel 
Brizola, cunhado de João Goulart, era o governador do Rio Grande do Sul e deu o sustento necessário 
para que o vice voltasse ao país e assumisse o cargo que agora lhe era de direito. 
Ao assumir a presidência, Jango, como era popularmente chamado, enfrentou sérias oposições. A política 
de Jango tinha claras influências de esquerda, pretendia fazer reformas de base e especialmente reforma 
agrária. A solução encontrada pelos opositores para impedir o governo de Jango foi instalar o 
parlamentarismo no Brasil, deste modo haveria presidente, mas as decisões seriam efetivamente 
tomadas pelo Primeiro Ministro. O parlamentarismo foi aplicado e as decisões do Estado ficaram por 
conta de três Primeiros Ministros:Tancredo Neves, Francisco de Paula Brochado da Rocha e Hermes Lima. 
Em 1962 os políticos contrários ao parlamentarismo conseguiram que fosse realizado um plebiscito no 
qual a população escolhesse entre o presidencialismo e o parlamentarismo. O presidencialismo ganhou e 
Jango tentou finalmente governar conciliando suas reformas de base com os interesses conservadores. 
Houve então um desarranjo na situação brasileira, a inflação cresceu aceleradamente, as medidas 
econômicas causaram insatisfação política e a situação só foi piorando. Estudantes chegaram a organizar 
movimentos em defesa das ideologias de esquerda, o que só criaria motivos para a perseguição militar 
mais a frente. 
O presidente João Goulart e seus aliados criaram políticas que só causaram insatisfação nos 
conservadores de direita. Leonel Brizola criou o “grupo dos onze” para fiscalizar parlamentares e militares 
e pressionar o Congresso para aprovar as reformas de base. As contestações cresceram, a imprensa deu 
início a uma campanha contra o radicalismo ideológico de Jango, alertando para o caminho escolhido pelo 
presidente de levar o Brasil para um regime comunista. Estouraram várias revoltas e greves pelas ruas 
do país, levando Jango a pedir o Estado de Sítio, que foi revogado pelo Congresso. 
O grande estopim que colocaria os militares em cena e determinados a tomar o poder através de um 
golpe seria o discurso de João Goulart e Leonel Brizola feito no dia 13 de março de 1964 na Central do
Brasil, Rio de Janeiro. Nesse, os dois anunciavam as reformas de base, reforma agrária, um novo 
plebiscito para aprovar uma nova constituição e a nacionalização das refinarias estrangeiras de petróleo. 
Os militares sabiam que o povo apoiaria o projeto e então não perderam tempo, aliaram-se aos políticos 
da UDN e ao governo norte-americano para deflagrar o golpe. A igreja católica iniciou o apoio contra a 
ameaça da esquerda mobilizando o povo através da Marcha da família com Deus pela Liberdade contra o 
governo e para dar legitimidade ao golpe militar. A queda foi inevitável e os militares permaneceram com 
o poder no Brasil de 1964 até 1985.
O Golpe Militar de 1964 designa o conjunto de eventos ocorridos em 31 de março de 
1964 no Brasil, e que culminaram no dia 1 de abril de 1964 em um golpe de estado. 
Todavia, para a maioria dos militares, chamar o golpe de Revolução de 1964 estaria 
associado à ideia de futuro, de esperança e de um tempo melhor, algo prometido para a 
população, devido ao Estado de corrupção que existia no Brasil. Esse golpe encerrou o 
governo do presidente João Belchior Marques Goulart, também conhecido como Jango, 
que havia sido democraticamente eleito vice-presidente pelo Partido Trabalhista Brasileiro 
(PTB) – na mesma eleição que conduziu Jânio da Silva Quadros à presidência pela União 
Democrática Nacional (UDN). 
Jânio renunciou ao mandato no mesmo ano de sua posse (1961) e quem deveria 
substituí-lo automaticamente e assumir a Presidência era João Goulart, segundo a 
Constituição vigente à época, promulgada em 1946. Porém este se encontrava em uma 
viagem diplomática na República Popular da China. Militantes então acusaram Jango de 
ser comunista e o impediram de assumir seu lugar como mandatário no regime 
presidencialista. 
Depois de muita negociação, lideradas principalmente pelo cunhado de Jango, Leonel de 
Moura Brizola, na época governador do Rio Grande do Sul, os apoiadores de Jango e a 
oposição acabaram fazendo um acordo político pelo qual se criaria o regime 
parlamentarista, passando então João Goulart a ser chefe-de-Estado. 
O Golpe de 1964 submeteu o Brasil a um regime alinhado politicamente aos Estados 
Unidos da América. O regime militar durou até 1985, quando, indiretamente, foi eleito o 
primeiro presidente civil desde as eleições de 1960, Tancredo Neves. 
O Golpe Militar de 1964 designa o conjunto de eventos ocorridos em 31 de março de 
1964 no Brasil, e que culminaram no dia 1 de abril de 1964 em um golpe de estado. 
Todavia, para a maioria dos militares, chamar o golpe de Revolução de 1964 estaria 
associado à ideia de futuro, de esperança e de um tempo melhor, algo prometido para a 
população, devido ao Estado de corrupção que existia no Brasil. Esse golpe encerrou o 
governo do presidente João Belchior Marques Goulart, também conhecido como Jango, 
que havia sido democraticamente eleito vice-presidente pelo Partido Trabalhista Brasileiro 
(PTB) – na mesma eleição que conduziu Jânio da Silva Quadros à presidência pela União 
Democrática Nacional (UDN). 
Jânio renunciou ao mandato no mesmo ano de sua posse (1961) e quem deveria 
substituí-lo 
Depois de muita negociação, lideradas principalmente pelo cunhado de Jango, Leonel de 
Moura Brizola, na época governador do Rio Grande do Sul, os apoiadores de Jango e a 
oposição acabaram fazendo um acordo político pelo qual se criaria o regime 
parlamentarista, passando então João Goulart a ser chefe-de-Estado. 
Em 1963, porém, houve um plebiscito, e o povo optou pela volta do regime 
presidencialista. João Goulart, finalmente, assumiu a presidência da República com 
amplos poderes, e durante seu governo tornaram-se aparentes vários problemas 
estruturais na politica brasileira, acumulados nas décadas que precederam o golpe e 
disputas de natureza internacional, no âmbito da Guerra Fria, que desestabilizaram o seu 
governo. 
O Golpe de 1964 submeteu o Brasil a um regime alinhado politicamente aos Estados 
Unidos da América. O regime militar durou até 1985, quando, indiretamente, foi eleito o 
primeiro presidente civil desde as eleições de 1960, Tancredo Neves. 
Etimologia 
O historiador político italiano Norberto Bobbio define "revolução" como "a tentativa, 
acompanhada do uso da violência, de derrubar as autoridades políticas 
Em 1964 houve um movimento de reação, por parte de setores conservadores da
sociedade brasileira - notadamente as Forças Armadas, a sociedade civil e o alto clero da 
Igreja Católica, apoiados fortemente pela potência dominante da época, os Estados 
Unidos da América - ao temor de que o Brasil viria a se transformar em uma ditadura 
socialista similar à praticada em Cuba, após a falha do Plano Trienal do governo de João 
Goulart de estabilizar a economia, seguido da acentuação do discurso de medidas vistas 
como comunistas na época, as quais incluíam a reforma agrária e a reforma urbana. Na 
época, falar em pobreza, distribuição de renda e saúde significava ser tachado de 
comunista, mesmo quando não fosse o caso.[1] 
No dia 13 de março daquele ano, data da realização de comício em frente à Estação 
Central do Brasil, no Rio de Janeiro, perante trezentas mil pessoas, Jango decreta a 
nacionalização das refinarias privadas de petróleo e desapropriação, segundo ele para a 
reforma agrária, de propriedades às margens de ferrovias, 
Por isso, e pela falta de mobilização de setores mais baixos da sociedade, a extensa 
maioria dos críticos do movimento de março e abril de 1964 qualifica-no como um golpe 
de estado.[2] 
Em 1981 o general Ernesto Geisel, quarto presidente do regime militar, revelou para o 
jornalista Elio Gaspari sua opinião sobre o assunto: 
"O que houve em 1964 não foi uma revolução. As revoluções fazem-se por uma idéia, em 
favor de uma doutrina. Nós simplesmente fizemos um movimento para derrubar João 
Goulart. Foi um movimento contra, e não por alguma coisa. Era contra a subversão, 
contra a corrupção. Em primeiro lugar, nem a subversão nem a corrupção acabam. Você 
pode reprimi-las, mas não as destruirá. Era algo destinado a corrigir, não a construir algo 
novo, e isso não é revolução". 
Características gerais do novo regime e objetivos 
Regime militar no Brasil (1964-1985) 
O golpe de Estado conduziu à época da história do Brasil que foi denominada de Regime 
Militar de 1964. Esta época foi caracterizada economicamente por um grande 
desenvolvimento do país, por meio de financiamento norte-americano em grande escala, 
justificado em parte pelo 
Porém, tal desenvolvimento econômico foi acompanhado de uma violenta repressão 
política e aumento da dívida externa, especialmente durante as décadas de 1960 e 1970 
sob a égide da Lei de Segurança Nacional como justificativa de manter a sociedade 
politicamente estável no sentido de evitar a influência de idéias comunistas em um mundo 
dividido entre dois regimes, mas que também atuava contra qualquer um que discordasse 
publicamente da atuação do regime ou que pudesse provocar tal discordância. 
Além da limitação de várias liberdades (como as de expressão, imprensa e organização), 
naquela época tornaram-se comuns os interrogatórios, prisões e tortura daqueles 
considerados opositores políticos do regime militar, especialmente os que fossem 
considerados simpatizantes de idéias comunistas, incluindo-se muitos estudantes, 
jornalistas e professores. Para além das prisões, estima-se que cerca de 300 dissidentes 
perderam a vida. Segundo a versão defendida pelos militares, a maioria dessas mortes 
teria ocorrido em combate com as Forças Armadas. Entretanto, os grupos de defesa dos 
direitos humanos e organizações de sobreviventes da ditadura militar, estimam que este 
número seja muito maior. 
Este fato inicial foi denominado pelos militares que o executaram bem como o regime 
Vendo os movimentos de esquerda crescendo e pela influência da propaganda dos 
movimentos comunistas, foi iniciado um movimento de contra-propaganda conhecido 
como perigo vermelho, ou perigo comunista 
Segundo relatos publicados pelo Departamento de Documentação Histórica da Fundação 
Getúlio Vargas: 
(sic)…Os militares envolvidos no golpe de 1964 justificaram sua ação afirmando que o 
objetivo era restaurar a disciplina e a hierarquia nas Forças Armadas e deter a "ameaça
comunista" que, segundo eles, pairava sobre o Brasil. 
Uma idéia fundamental para os golpistas era que a principal ameaça à ordem capitalista e 
à segurança do país não viria de fora, através de uma guerra tradicional contra exércitos 
estrangeiros; ela viria de dentro do próprio país, através de brasileiros que atuariam como 
"inimigos internos" - para usar uma expressão da época. 
Esses "inimigos internos" procurariam implantar o comunismo no país pela via 
revolucionária, através da "subversão" da ordem existente - daí serem chamados pelos 
militares de "subversivos". 
Segundo a FGV, havia alguns fatores históricos que posicionavam as Forças Armadas do 
Brasil contra o comunismo, 
A percepção de um "perigo comunista" no Brasil passou por um processo de crescente 
"concretização", até atingir seu clímax com a Revolta de 1935. Assim, após a Revolução 
Russa de 1917, tiveram lugar no país a criação do Partido Comunista do Brasil (depois 
Partido Comunista Brasileiro – PCB) em 1922; a conversão do líder "tenentista" Luís 
Carlos Prestes ao comunismo, em maio de 1930, e sua ida para a União Soviética, no 
ano seguinte; e o surgimento, em março de 1935, da Aliança Nacional Libertadora, 
dominada pelos comunistas. Se em 1917 o comunismo no Brasil era visto ainda como um 
perigo remoto, "alienígena" e "exótico", aos poucos ele foi se tornando mais próximo. 
A frustrada revolta comunista de novembro de 1935 foi um evento-chave que 
desencadeou um processo de institucionalização da ideologia anticomunista no interior 
das Forças Armadas. Os comunistas brasileiros foram acusados de serem elementos "a 
serviço de Moscou" e, portanto, traidores da Pátria. Os militares que tomaram parte na 
revolta foram, em particular, acusados de uma dupla traição: não só do país como da 
própria instituição militar, ferida em seus dois pilares - a hierarquia e a disciplina. Foram 
também rotulados de covardes, devido principalmente à acusação, até hoje controversa, 
de que no levante do Rio teriam assassinado colegas de farda ainda dormindo. 
O ritual de rememoração dos mortos leais ao governo, repetido a cada 
Situação da época 
Situação internacional 
Guerra Fria 
A Guerra Fria estava espalhando o temor pelo rápido avanço do chamado, pela extrema 
direita, perigo vermelho. 
As esquerdas espelhavam-se nos regimes socialistas implantados em Cuba, China e 
União Soviética. O temor ao comunismo influenciou a eclosão de uma série de golpes 
militares na América Latina, seguidos por ditaduras militares de orientação ideológica à 
direita, com o suposto aval de sucessivos governos dos Estados Unidos da América, que 
consideravam a América Latina como sua área de influência. 
Cuba e China passaram financiar grupos de esquerda na América Latina, iniciando um 
movimento para implantar o comunismo na região, o que de certa forma influenciou na 
eclosão de uma série de golpes militares apoiados e financiados pelos Estados Unidos, 
que temiam o avanço comunista no Continente. Os EUA não admitiam que os 
movimentos igualitários e de desenvolvimento regionais fossem contaminados pela 
doutrina comunista de caráter stalinista ou maoista. 
Com a polarização das ideologias houve a eclosão de inúmeros golpes de estado 
financiados pelos governos 
Guerra Fria 
A origem da Guerra Fria remonta da rivalidade entre os Estados Unidos e a União 
Soviética ocorrida em meados da Segunda Guerra Mundial. 
Embora muitos afirmem existirem raízes mais profundas provindas do início do século XX, 
a partir do fim da década de 1940 as desavenças entre os dois blocos acirrou-se, pois,
ambos afirmavam que os seus sistemas eram os vencedores da guerra que varreu o 
planeta na época. 
É sabido que devidos esforços de guerra, acabaram por surgir as duas superpotências 
militares, que seguiam ideologias antagônicas, acirrando ainda mais as desavenças em 
todos os campos do conhecimento, da tecnologia e da cultura. 
Os comunistas, através de um sistema socialista autoritário, detinham o poder do bloco 
através de sistemas ditatoriais, os capitalistas mantinham o poder através do controle 
econômico, cuja estrutura também financiava ditaduras de direita, que também eram 
sistemas autoritários. 
Na América Latina não eram raros os governos dirigidos por caudilhos que poderiam 
pender para o bloco que bem lhes conviesse. Neste panorama, todos se diziam 
democratas. 
Desta forma, o mundo estava em plena guerra fria, a maioria dos países ocidentais se 
diziam democráticos e afirmavam manter a livre expressão. 
Dizem alguns que existiam algumas exceções às liberdades democráticas como as 
ditaduras na América Latina. É sabido porém, que os Estados Unidos aceitavam, 
financiavam e apoiavam ditaduras 
Situação nacional 
No Brasil, o golpe de 1964 e a conseqüente tomada do poder pelos militares contou com 
o apoio do grande empresariado brasileiro, temeroso que as medidas reformistas do 
presidente João Goulart desencadeassem um golpe comunista, particularmente devido às 
nacionalizações. 
A população, no início confusa e receosa, depois desinformada pela repressão à 
imprensa, acabou se acomodando à medida que a economia, aparentemente, melhorava. 
Bipolarização 
Durante a eclosão do golpe de 1964 havia duas correntes ideológicas no Brasil, sendo 
uma de esquerda e outra de direita. Aquelas correntes tinham movimentos populares de 
ambas facções, acredita-se financiados com capital externo. Além da polarização, existia 
também um forte sentimento antigetulista, motivador do movimento militar que derrubou 
Jango. 
Fatores políticos 
Fator desestabilizador 
O golpe não foi algo repentino, ele foi amadurecendo aos poucos. O motivo alegado era o 
comunismo. O contexto, porém, era bem mais complexo: a estatização promovida por 
Jango e as visões conflitantes entre a política e a economia de ambas as correntes de 
pensamento, particularmente da extrema direita e extrema esquerda, vinham se 
contrapondo desde o início do século XX, sendo as alternativas mistas ainda em 
O golpe militar de 1964 começou a ocorrer dez anos antes, em 1954. Um movimento 
político-militar conservador descontente com Getúlio Vargas e sua condição de ex-ditador, 
além de denuncias de corrupção, aliados aos Estados Unidos da América, tentou derrubar 
o então presidente Getúlio Vargas, que abafou o golpe terminando com sua própria vida 
num suicídio. A repercussão da carta-testamento de Getúlio Vargas conteve quaisquer 
movimentações e desestabilizou profundamente a estrutura política do Brasil. 
Passados o impacto e a comoção social que se seguiram ao suicídio, em 1955 opositores 
de Vargas tentaram impedir as eleições sabendo de sua provável derrota. 
Houve assim uma tentativa de golpe, impedida pela ação firme e corajosa do marechal 
Henrique Batista Duffles Teixeira Lott, que garantiu a eleição e a posterior posse de 
Juscelino Kubitschek. 
Jânio e a tentativa de um autogolpe 
Jânio Quadros 
1961, quando Jânio Quadros renunciou, assumiu a presidência o então vice-presidente
João Goulart, e houve suposições de um autogolpe fracassado. 
Goulart era visto como sucessor político de Getúlio Vargas e era, também, cunhado do 
governador do Rio Grande do Sul, Leonel Brizola, que defendia a realização de reformas 
de base no Brasil, incluindo a reforma agrária e a reforma urbana. 
As reformas de base desagradavam os setores conservadores, a classe média, e 
dirigentes de multinacionais, que vendo seus negócios em risco no Brasil 
Por influência de grupos mais moderados, houve um acordo político estabelecendo o 
regime parlamentarista, o que significaria que Goulart seria chefe de estado, mas não 
chefe de governo - desta forma teria poderes reduzidos, mas permaneceria no governo. 
Jango chegou ao poder através de uma eleição que levou Jânio Quadros à presidência 
pela UDN e o próprio João Goulart à vice-presidência pelo PTB. Ou seja presidente e 
vice-presidente eram inimigos políticos. Esta situação foi possível devido a uma legislação 
eleitoral que permitia que se votasse no presidente de uma chapa e no vice-presidente de 
outra. 
Devido às forças políticas atuantes no país, em 1962 foi convocado um plebiscito para 
escolher qual a forma de governo o Brasil adotaria: ou retornava ao presidencialismo ou 
permanecia no parlamentarismo. O povo optou maciçamente pelo presidencialismo, com 
9,5 milhões de votos contra 2 milhões dados ao parlamentarismo. Goulart começou a 
governar tentando conciliar os interesses do seu governo com os interesses políticos dos 
mais conservadores e também dos políticos progressistas no Congresso Nacional. 
Devido a boicotes de ambas as correntes, houve uma grande demora em implantar as 
reformas de base. Os setores mais à esquerda, inclusive dentro do próprio PTB, 
Assim, os setores mais à esquerda e os mais à direita movimentaram-se e 
desestabilizaram a política e a economia. 
Em 4 outubro de 1963 Goulart solicita o estado de sítio ao Congresso Nacional pelo prazo 
de 30 dias. A justificativa do Ministério da Justiça é que o governo necessitaria de poderes 
especiais para impedir a comoção de "guerra civil" que punha em perigo as instituições 
democráticas. A manobra foi repelida inclusive pela esquerda, e a iniciativa foi vista como 
uma tentativa de golpe por parte de Jango. 
Houve também uma importante guinada em direção a reformas de base de inspiração 
socialista. Junta-se à tensão política a pressão do declínio econômico. 
Revolta dos marinheiros 
A revolta dos marinheiros foi um motim realizado pelos marinheiros da Marinha do Brasil 
que se sucedeu em 25 de março de 1964. Constituiu-se em uma assembléia de mais de 
dois mil marinheiros de baixa patente (marinheiros e taifeiros), que se realizou no prédio 
do sindicato dos metalúrgicos, no Rio de Janeiro. Os 
O então ministro da marinha, Sílvio Mota ordenou a prisão dos líderes amotinados, 
enviando destacamento dos fuzileiros navais, comandados pelo almirante Cândido 
Aragão. Ao final os fuzileiros juntam-se ao movimento. 
Pouco depois da recusa do comandante Aragão em debelar o movimento, Jango expediu 
ordens proibindo qualquer invasão da assembléia e exonerou o ministro Mota. No dia 
seguinte, 26 de março, o ministro do trabalho Amauri negociou um acordo, e os 
marinheiros concordaram em deixar o prédio pacificamente. 
Logo em seguida, os líderes do movimento foram presos pelos militares, por motim. 
Goulart concedeu perdão aos amotinados, criando um forte constrangimento entre os 
militares diante da imprensa e sociedade. Logo depois, dia 30 de março, véspera do 
golpe, Goulart procurou apoio pelo seu governo junto a alguns sargentos.[7] 
As estatizações e as supostas fraudes financeiras 
As recentes estatizações feitas por Leonel Brizola nas companhias telefônica e de energia 
do Rio Grande do Sul, ambas pertencentes a grupos dos EUA, criaram um clima tenso 
entre Brasil e Estados Unidos. 
Brizola denunciou um acordo de indenização fraudulenta feito com as companhias dos
EUA, antigas proprietárias das estatais recém 
Os sargentos, os estudantes e os Grupos dos Onze 
Paralelamente, havia o movimento dos sargentos ideologicamente ligados ao governador 
Brizola. Estes pleiteavam o direito de serem eleitos, já que suas posses haviam sido 
impedidas pelo Supremo Tribunal Federal. O movimento estudantil, de orientação 
esquerdista, realizava protestos nas ruas. 
O efeito da organização de sargentos e cabos em grupos políticos não pode ser 
subestimado em relação ao descontentamento dos militares com o governo de Jango, 
principalmente pela ligação destes com Brizola, que era cunhado do Presidente, pois 
subvertia a hierarquia militar, um dos preceitos mais importantes e talvez a própria alma 
das Forças Armadas. 
Brizola criou o movimento chamado de Grupos dos Onze, que consistia na organização 
popular em grupos de onze pessoas, para fiscalizar parlamentares e militares (já 
prevendo tentativas de golpes) e pressionar o governo e o congresso pelas reformas de 
base. 
Reação da direita 
Os políticos do PSD, mais conservadores, temendo uma radicalização à esquerda deixam 
de apoiar o governo. A situação política de Goulart se torna insustentável, pois não tinha 
apoio total do PTB e nem dos comunistas. Não consegue governar de forma conciliatória. 
A UDN e o PSD temiam pelo crescimento do PTB, já que Leonel Brizola era o favorito 
para as eleições presidenciais que 
Criou-se o medo de que Goulart levaria o país a um golpe de estado com a implantação 
de um regime político nos moldes de Cuba e China. Era o "perigo comunista", que serviria 
depois como justificativa para o golpe. 
Comício da Central do Brasil e a eclosão do golpe 
João Goulart. 
O comício de Goulart e Brizola, na Central do Brasil, em 13 de março de 1964, foi a chave 
para dar início ao golpe. Ficou conhecido como Comício da Central.[8] 
Brizola e Goulart anunciavam as reformas de base, incluindo um plebiscito pela 
convocação de nova constituinte, a reforma agrária e a nacionalização das refinarias 
particulares de petróleo.[9] 
Os políticos da UDN e do PSD sabiam que Brizola era favorito para as eleições 
presidenciais e que o povo apoiaria o seu projeto, logo, a aliança UDN-Militares-Estados 
Unidos iniciou sua mobilização definitiva em direção ao golpe. 
Desde 1961 o IPES estava mobilizando a classe média. Sendo o Brasil de maioria 
católica, a sociedade cristã foi mobilizada para a Marcha da Família com Deus Pela 
Liberdade, reunindo 500 mil pessoas.[10] 
O uso da religião 
Na Marcha da Família com Deus Pela Liberdade participaram quinhentas mil pessoas no 
dia 19 de março de 1964. Os manifestantes foram da praça da República e seguiram em 
direção à praça da Sé, onde foi rezada uma missa para aquilo que foi chamado de 
"salvação da democracia". O padre Patrick Peyton, conhecido por sua campanha 
anticomunista, rezou a 
A marcha teve seu amplo sucesso garantido por Adhemar de Barros e Carlos Lacerda. A 
finalidade desta era mobilizar a maior quantidade possível de participantes para dar 
respaldo popular e facilitar aos militares a organização da derrubada de Goulart com o 
apoio dos políticos e da sociedade organizada.[11] 
Na época, setores conservadores de outras igrejas também se juntaram ao apoio às 
cruzadas "anticomunistas". A Igreja Metodista, por exemplo, encontrava-se dividida, com 
setores simpáticos às reformas de Jango, e outros fortemente alinhados aos movimentos 
golpistas. Cabe lembrar aqui que, mais tarde, ocorreu o fechamento da Faculdade de 
Teologia desta Igreja, ao final de 1968, em sintonia com o AI-5.[12][13] Muitos pastores
das Igrejas Metodista, Luterana e Presbiteriana foram perseguidos. Alguns afastados da 
vida eclesiástica e compulsoriamente aposentados. Essas igrejas estavam claramente 
divididas entre os favoráveis ao golpe e os contrários ligados às comunidades 
eclesiásticas de base.[14] 
A movimentação popular foi financiada pelo IPES.[15] 
Apoio logístico dos EUA 
Reunião de Kennedy com Lincoln Gordon 
Entre 11h55m e 12h20m, de 30 de julho de 1962, ocorreu na Casa Branca uma reunião 
que já apontava a influência que teriam os Estados Unidos no golpe que viria a ocorrer no 
Brasil dois anos mais tarde. Na presença do subsecretário de Estado para Assuntos 
Interamericanos, Richard Goodwin e do assessor especial para Assuntos de 
(Kennedy): - Então, o que vamos fazer ? Eu digo, quem vamos escolher? Nós temos que 
mandar para lá alguém que possa estabelecer ligações muito rápidas... e tem de falar em 
português. (Goodwin): - Por que não falamos com o Ros Gilpatric ou alguém... (Kennedy): 
- Ótimo, mas isto tem de ser feito hoje. (Quinze segundos suprimidos como documento 
classificado.) 
— John Kennedy, Lincoln Gordon,Richard Goodwin [16] 
Financiamento eleitoral 
O presidente norte americano John Kennedy através do intervencionismo político no 
Brasil, ordenou o financiamento das campanhas. Segundo o ex-agente da CIA, Philip 
Agee, os fundos provenientes de fontes estrangeiras foram utilizados na campanha de 
oito candidatos aos governos dos 11 estados onde houve eleições . Houve também o 
apoio a 15 candidatos ao Senado, a 250 candidatos à Câmara e a mais de quinhentos 
candidatos às Assembléias Legislativas. 
Foram feitas doações através do IBAD. Como a bancada de esquerda aumentou, as 
doações de campanha resultaram numa CPI, que apurou sua procedência. Veio através 
dos bancos Royal Bank of Canada, Bank of Boston e First National City 
Pedido de apoio de Lacerda 
Lacerda havia pedido uma intervenção dos EUA na política brasileira, conforme entrevista 
ao correspondente no Brasil do Los Angeles Times, Julien Hart. Sua atitude causou uma 
crise política com os ministros militares solicitando o estado de sítio e a prisão de 
Lacerda. 
O estado de sítio foi recusado pelo congresso, com a esquerda suspeitando que fosse 
uma armadilha dos militares para prender os líderes de esquerda como Brizola e Miguel 
Arraes. 
Operações de logística 
Como os arquivos do governo de Lyndon Johnson comprovariam, vinte anos mais tarde, 
foi feita uma operação militar chamada Operação Brother Sam para atuar no Brasil em 
apoio à Operação Popeye dos militares. 
Somente no ano de 1962, quase cinco mil cidadãos americanos entraram no Brasil, 
número muito superior à média histórica conforme estudo de Jorge Ferreira em Rev. Bras. 
Hist. vol.24 no.47, São Paulo 2004, "A estratégia do confronto: a frente de mobilização 
popular". 
Ainda: (sic) "…o deputado José Joffily, do partido Social-Democrático (PSD), denunciou a 
"penetration" e, no princípio de 1963, o jornalista José Frejat, através de "O Semanário", 
revelou que mais de 5.000 militares norte-americanos, "fantasiados de civis", 
desenvolviam, no Nordeste, intenso trabalho de 
Darcy Ribeiro citou ainda que "foi desencadeado com forte contingente armado, postado 
no Porto de Vitória, com instruções de marchar sobre Belo Horizonte.".
A "Brother Sam" objetivava abastecer com combustível e armas os militares golpistas. O 
porta-aviões americano USS Forrestal (CVA-59) e destróieres foram enviados à costa 
brasileira e ficaram próximos do porto de Vitória (ES). 
Correntes de pensamento da época 
Jango, por sua natureza populista seguia a tradição de Getúlio Vargas, além de influência 
da esquerda. Os militares impunham a segurança e o desenvolvimento conforme doutrina 
da Escola Superior de Guerra, cuja orientação filosófica seguia a política do National War 
College desde o final da Segunda Guerra Mundial e início da Guerra Fria. 
Cronologia do golpe 
No dia 28 de março de 1964, na cidade de Juiz de Fora, os generais Olímpio Mourão 
Filho e Odílio Denys se reuniram com o Governador de Minas Gerais o banqueiro 
Magalhães Pinto. Pinto foi um dos principais financiadores do IPES. 
A finalidade da reunião era o estabelecimento de uma data para o início da mobilização 
que culminaria com o golpe militar de 1964. 
As datas 
A data estabelecida para o início das operações militares para o golpe foi o dia 4 de abril 
de 1964. Conforme descrito pelos jornais O Estado de S. Paulo[19] e Folha de S. 
Paulo[20], o general Carlos Guedes, da Infantaria, afirmou que não 
Em 31 de março de 1964 o general Olímpio Mourão resolveu intempestivamente partir 
com suas tropas para o Rio de Janeiro às três horas da manhã. Este ato, segundo os 
jornais, foi considerado impulsivo pelo marechal Humberto de Alencar Castello Branco. 
Castello Branco, ao saber da partida de Olímpio Mourão, telefonou para Magalhães Pinto 
com o intuito de segurar o levante. Consta que o Marechal considerava o movimento 
prematuro e intempestivo. 
Pinto argumentou que uma vez iniciado o desenlace, seria um erro parar, pois alertaria as 
forças legalistas podendo agravar a situação. 
Anos mais tarde o Deputado Armando Falcão perguntou ao general Olímpio Mourão o 
porquê da atitude precipitada. A resposta do militar divulgada pela imprensa foi: "Em 
matéria de política sou uma vaca fardada." 
Segundo analistas, a precipitação foi um ato temerário de falta de visão estratégica que 
foi largamente discutido por historiadores e pela imprensa no sentido de que se houvesse 
reação poderia ter causado uma guerra civil no Brasil. Para tal bastaria que Goulart 
tivesse uma parcela de apoio de outros segmentos das Forças Armadas leais à 
Constituição Brasileira, entre elas o General Armando de Moraes Âncora. 
A Imprensa 
Antes da ditadura, jornais 
Em 31 de março, a maioria da imprensa apoiava o fim do governo João Goulart: 
"Seria rematada loucura continuarem as forças democráticas desunidas e inoperantes, 
enquanto os inimigos do regime vão, paulatinamente, fazendo ruir tudo aquilo que os 
impede de atingir o poder. Como dissemos muitas vezes, a democracia não deve ser um 
regime suicida, que dê a seus adversários o direito de trucidá-la, para não incorrer no 
risco de ferir uma legalidade que seus adversários são os primeiros a desrespeitar" - O 
Globo de 31 de março de 1964. 
"(...) Além de que os lamentáveis acontecimentos foram o resultado de um plano 
executado com perfeição e dirigido por um grupo já identificado pela Nação Brasileira 
como interessado na subversão geral do País, com características nitidamente 
comunistas". - Correio do Povo de 31 de março de 1964. 
"O Exército e os desmandos do Presidente. Se a rebelião dos sargentos da Aeronáutica 
fora suficiente para anular praticamente a eficiência da Arma, a subversão da ordem na 
Marinha assumia as dimensões de um verdadeiro desastre nacional." - O Estado de S. 
Paulo de 31 de março de 1964. 
"Aquilo que os inimigos externos nunca conseguiram, começa a ser alcançado por
elementos que atuam internamente, ou 
"Basta! Não é possível continuar neste caos em todos os setores. Tanto no lado 
administrativo como no lado econômico e financeiro". - Correio da Manhã de 31 de março 
de 1964. 
"É cedo para falar dos programas administrativos, da Revolução. Mas é incontestável que 
um clima de ordem substituiu o que dominava o País, onde nem mesmo nas Forças 
Armadas se mantinham nos princípios de rígida disciplina hierárquica que as 
caracterizam". - Folha de S. Paulo de 31 de março de 1964. 
Segundo o jornalista Fernando Molica: "A grande maioria dos jornais era favorável à 
derrubada do governo João Goulart e festejou o golpe…"[21] 
Segundo Mino Carta, "a Folha de S. Paulo não só nunca foi censurada, como emprestava 
a sua C-14,(popular Chevrolet Veraneio), usado para transportar o jornal, para recolher 
torturados ou pessoas que iriam ser torturadas na Oban, Operação Bandeirante". 
A seqüência do golpe 
Em seguida à marcha seguida por Olímpio Mourão Filho, o general Âncora havia recebido 
ordem de João Goulart para prender Castello Branco, porém não a cumpriu. 
Comandando o Destacamento Sampaio para interceptar o Destacamento Tiradentes 
comandado pelo general Murici, o general Âncora, embora com tropa muito mais 
Se as forças se enfrentassem no Vale do Paraíba, onde se encontraram, com certeza se 
iniciaria uma guerra civil, e, segundo os cronistas da imprensa, era tudo que os militares 
não queriam. 
A união das tropas 
Ao se encontrarem, ao invés de haver enfrentamento as tropas uniram-se e marcharam 
em direção ao Rio de Janeiro. Às dezessete horas do dia 31 de março de 1964, fez-se o 
golpe. 
O Segundo Exército era comandado pelo general Amauri Kruel, que, em contato 
telefônico com o presidente, recebeu um pedido de apoio para pôr fim ao avanço. 
Kruel impôs a condição do fechamento do CGT e a prisão de seus dirigentes para apoiar 
Jango, no que teve a negativa do Governante, então suas tropas se dirigiram para o Rio 
de Janeiro pela Via Dutra, onde foram interceptadas pelo general Emílio Garrastazu 
Médici, que estava com os cadetes das Agulhas Negras à sua frente. 
No dia 1 de abril de 1964 houve uma reunião entre Âncora e Kruel que, convencidos por 
Médici, uniram-se de fato aos demais militares. Durante as negociações foi decidida a 
união das tropas. 
A prisão de Miguel Arraes e João Dória 
Enquanto isto, no Nordeste, Miguel Arraes, governador de Pernambuco, e João Dória, 
governador de Sergipe, eram presos como traidores da nação. 
Jango se refugia no Rio Grande do Sul 
O Quarto Exército comandado pelo General Justino Bastos 
Enquanto era perseguido pelos golpistas, Goulart reuniu-se com o general Nicolau Fico, 
comandante militar de Brasília, e o general Assis Brasil, chefe da Casa Militar. 
Preparou um comunicado à nação, informando que iria para o Rio Grande do Sul para se 
unir às forças do III Exército, sob o comando do general Ladário Teles, informando sobre 
o golpe e conclamando a população a lutar pela legalidade. 
Darcy Ribeiro e Waldir Pires falaram à população na televisão. O governo ainda 
controlava os meios de comunicação em Brasília. O presidente tentou viajar para Porto 
Alegre em avião de carreira, porém a decolagem foi sabotada por golpistas. Jango voou 
então no avião presidencial, arriscando-se a ser abatido por militares. 
Apesar do acordo com o general Nicolau Fico estabelecer que as tropas ficariam nos 
quartéis em Brasília, os militares ocuparam as imediações do Congresso para impedir 
manifestações populares. Estas estavam previstas se os congressistas se reunissem para 
votar o impedimento do presidente.
O motivo seria o fato do chefe da nação ter se ausentado do país. 
A ação do Congresso 
O senador Auro Soares de Moura Andrade, presidente do Congresso Nacional, apesar de 
o presidente da República estar no País, declarou vaga a presidência. Alegou que o 
presidente havia saído do Brasil e que o comunicado de Darcy Ribeiro era mentiroso. 
Andrade empossou o presidente da Câmara Ranieri Mazzilli como governante provisório, 
ato considerado anos depois por juristas como irregular. Em seguida mandou desligar os 
microfones e as luzes rapidamente, sob protestos de Tancredo Neves. 
Os participantes do Congresso Brasileiro criaram assim condições para o golpe militar e a 
ditadura que se seguiria. 
Jango vai embora do Brasil 
Consta que Darcy Ribeiro tentou convencer o presidente a resistir, como explicou em 
depoimento.[22] 
Darcy considerava que o governo deveria resistir usando a aviação comandada pelo 
brigadeiro Teixeira para conter as tropas de Olímpio Mourão, composta de recrutas 
desarmados, e os fuzileiros comandados por almirante Aragão, que poderiam então 
prender Carlos Lacerda e Castello Branco. 
Goulart se recusou a resistir pois foi informado que os golpistas tinham o apoio da armada 
americana que estava se encaminhando para o Brasil, o que poderia conflagrar uma 
guerra civil. João Goulart tinha o apoio do Terceiro Exército comandado pelo general 
Ladário Teles, e de 
O general Argemiro de Assis Brasil foi figura determinante na fuga de Jango do país 
durante o golpe, pois protegeu-o e à sua família, guiando-o em segurança para o Uruguai. 
Ao se apresentar às autoridades que assumiram ao poder, o general foi preso, 
processado e sua carreira profissional interrompida sendo considerado traidor. Perante o 
Exército Brasileiro o general Assis Brasil passou a ser considerado morto, perdendo assim 
todos os seus direitos e os anos dedicados àquela arma. 
Consolidação do regime militar 
O jornal Última Hora e a sede da UNE foram destruídos por militantes de Lacerda, muitas 
das organizações que apoiavam Jango tiveram seus líderes presos e perseguidos pela 
ditadura. 
À medida em que o golpe militar foi avançando as liberdades individuais da população 
brasileira foram sendo extintas com o endurecimento do regime. 
A imposição de um estado de exceção com a ruptura dos direitos civis da população e 
uma ditadura militar com o alinhamento político-econômico sob tutela e proteção dos 
Estados Unidos da América, segundo aqueles, era primordial para a modernização do 
Brasil, e, havia a doutrina propagandeada de que "o que era bom para os Estados Unidos 
era bom para o Brasil". 
Base de apoio militar 
O movimento político militar de 1964 foi um golpe de estado, portanto 
Segundo os arquivos, para o presidente Lyndon Johnson o que estava em jogo era o 
confronto global entre o comunismo soviético e a democracia. Por essa razão Johnson 
estava disposto a fazer o que fosse preciso para ajudar o movimento que derrubou João 
Goulart. 
A embaixada e os consulados norte americanos no Brasil, tinham agentes da CIA 
encarregados de levantar informações sobre as atividades de comunistas e militares no 
Brasil. 
Segundo a revista Veja, na edição 1 848, de 7 de abril de 2004, "os militares e 
empresários que conspiravam contra Jango tinham o hábito de pedir apoio aos 
americanos para suas aspirações golpistas, revela um relatório de Lincoln Gordon de 27 
de março de 1964 (…) Uma nova leva de papéis publicada na semana passada no site do 
National Security Archive".
A quebra da hierarquia 
Uma justificativa apresentada à opinião 
O golpe de 1964 se transformou numa sucessão de atos institucionais, mas também de 
construções de grandes obras. A modernização elevou o país como uma das grandes 
economias mundiais. As dívidas geradas pelas famosas "Obras Faraônicas", ao final da 
ditadura, geraram uma inflação galopante que levaram o Brasil a um período chamado 
posteriormente por alguns setores da Imprensa como "A década perdida". 
As promessas 
No início houve a promessa à elite, à classe média e à população em geral (noticiada 
fartamente no rádio, na televisão e na imprensa em geral), que a Constituição de 1946, a 
normalidade democrática e as eleições seriam preservadas e restabelecidas rapidamente 
(em 1966, no mais tardar), logo ao final do mandato de Jango, que estaria sendo 
preenchido pelos interventores militares. 
Segundo a Fundação 
(sic)…o golpe militar foi saudado por importantes setores da sociedade brasileira. Grande 
parte do empresariado, da imprensa, dos proprietários rurais, da Igreja católica, vários 
governadores de estados importantes (como Carlos Lacerda, da Guanabara, Magalhães 
Pinto, de Minas Gerais, e Ademar de Barros, de São Paulo) e amplos setores de classe 
média pediram e estimularam a intervenção militar, como forma de pôr fim à ameaça de 
esquerdização do governo e de controlar a crise econômica. 
No pensamento vigente da época, o Brasil estava perdido em greves, "baderna", 
corrupção, "roubalheira" e inflação, portanto haveria que ser feito algo urgente para 
restabelecer uma suposta ordem democrática. 
A propaganda institucional (ver IPES) era farta. A sociedade estava dividida pela 
ideologia. 
É alegado que qualquer que fosse a direção tomada, fatalmente o Brasil seria uma 
ditadura, ou de esquerda, ao estilo soviético, chinês, ou cubano, ou de direita, como 
tantas outras que floresceram na América Latina. 
Assim, houve a ditadura de direita, alinhando-se ao bloco liderado e financiado pelos 
Estados Unidos. 
Após o golpe de 1964 
Logo após o golpe de 1964, em seus primeiros 4 anos, a ditadura foi endurecendo e 
fechando o regime aos poucos. Vieram os Atos Institucionais, artificialismos criados para 
dar legitimidade jurídica a ações políticas contrárias à Constituição Brasileira de 1946, 
culminando numa ditadura. O período compreendido 
Dezoito milhões de eleitores brasileiros sofreram das restrições impostas por seguidos 
Atos Institucionais que ignoravam e cancelavam a validade da Constituição Brasileira, 
criando um estado de exceção, suspendendo a democracia. 
Querendo impor um modelo sócio, político e econômico para o Brasil, a ditadura militar no 
entanto tentou forjar um ambiente democrático, e não se destacou por um governante 
definido ou personalista. Durante sua vigência, a ditadura militar não era oficialmente 
conhecida por este nome, mas pelo nome de "Revolução" e seus governos eram 
considerados "revolucionários". A visão crítica do regime só começou a ser permitida a 
partir de 1974, quando o general Ernesto Geisel determinou a abertura lenta e gradual da 
vida sócio-política do país. 
O golpe também foi recebido com alívio pelo governo norte-americano, satisfeito de ver 
que o Brasil não seguia o mesmo caminho de Cuba, onde a guerrilha liderada por Fidel 
Castro havia conseguido tomar o poder. Os Estados Unidos acompanharam de perto a 
conspiração e o desenrolar dos acontecimentos, principalmente através de seu 
embaixador no Brasil, Lincoln Gordon, e do adido militar, Vernon Walters, e haviam 
decidido, através da secreta "Operação Brother Sam", dar apoio logístico aos militares 
golpistas, caso estes enfrentassem uma longa resistência por parte de forças leais a
Jango. 
Segundo o tenente-coronel de Infantaria e Estado-Maior do Exército Brasileiro Manuel 
Soriano Neto, em palestra comemorativa proferida na AMAN em 12 de setembro de 1985, 
em homenagem ao centenário do marechal José Pessoa: 
"Com as desavenças que grassavam na corrente outubrista, o tenentismo vem a se 
desintegrar. Tal fato se dá após a Revolução de 1932, mormente durante o ano de 1933, 
quando se formava a Assembléia Nacional Constituinte. Parcelas das Forças Armadas se 
desgarraram para a esquerda e para a direita, incorporando-se à Aliança Nacional 
Libertadora e à Ação Integralista Brasileira, que apregoavam ideologias importadas, não 
condizentes com a idiossincrasia de nosso povo." 
Portanto, dentro das forças armadas brasileiras, existia uma grave cisão interna de ordem 
ideológica e, ainda havia outra divisão entre os moderados e a linha dura. 
Porém havia também o sentimento patriótico autêntico que manteve ocultas da população 
todas as desavenças internas. 
Os grupos concorrentes entre si defendiam pontos de vistas diferentes: 
Um grupo defendia medidas rápidas diretas e concretas contra os chamados subversivos, 
ou inimigos internos, estes militares apoiavam sua permanência no poder pelo maior 
tempo possível. 
Ao contrário do grupo anterior, o segundo era formado por militares que tinham por 
doutrina a tradição de intervenções moderadoras. Estes procuravam permanecer no 
poder somente o tempo necessário 
Doutrina da segurança nacional 
Para os dois grupos era necessário salvaguardar o Brasil contra o poder do comunismo 
internacional (além do anti-getulismo, leia-se populismo). 
Segundo a doutrina dos militares, o inimigo devia ser extirpado a todo custo e os 
governos populistas seriam uma porta de entrada para a desordem, subversão e 
propiciariam a entrada de ideologias nocivas à nação. 
As facções contrárias internamente nas forças armadas acabaram se unindo apesar da 
não concordância metodológica. Desta forma, os militares mais radicais se aglutinaram ao 
general Costa e Silva, e os mais estratégicos ao general Humberto de Alencar Castelo 
Branco. 
Muitos militares da época afirmam que se a orientação filosófico-ideológica das forças 
armadas fosse para a esquerda, estas defenderiam da mesma forma a linha de 
pensamento, somente o inimigo que mudaria de lado, o que importava era a segurança 
da Nação. 
Beneficiados 
Entre os que apoiariam o golpe militar, havia muitos especuladores de capital, banqueiros, 
grandes latifundiários, setores da indústria mecânica, construção civil, e principalmente 
políticos oportunistas que trocavam de partido independente da sua orientação ideológica. 
Os maiores financiadores do golpe foram notadamente as grandes oligarquias do 
Veja também: 
IPES:Os maiores financiadores do IPES foram cinco empresas: Refinaria União, Light, 
Cruzeiro do Sul, Icomi, Listas Telefônicas Brasileiras, além de trezentas empresas norte 
americanas de menor porte. O Instituto foi fundado pelo general Golbery do Couto e Silva, 
logo após pedir para passar para a reserva do Exército Brasileiro, em 2 de Fevereiro de 
1962. 
Localizava-se no edifício Avenida Central, no Rio de Janeiro, vigésimo sétimo andar, com 
treze salas. 
Propaganda 
Propaganda institucional 
Publicidade do regime militar de 1964 
Milagre econômico
Ver artigo principal: Milagre brasileiro 
O surto de crescimento econômico que ocorreu em seguida ao golpe militar, chamado de 
Milagre brasileiro, caracterizado pela modernização da indústria e pelas grandes obras, 
estava de fato ocorrendo. Porém, também havia os interesses de grandes grupos 
econômicos e a especulação do capital. Estes tinham interesse nos lucros advindos da 
ditadura forçando a construção de grandes obras de infra-estrutura. 
Naquela época, fortunas gigantescas foram ganhas às custas de empréstimos externos. 
Dizem alguns que o retorno do investimento das empresas e grupos multinacionais era 
necessário, o montante aplicado no golpe foi imenso. O problema não equacionado foi 
custo social do retorno. 
O Brasil cresceu, mas endividou-se exponencialmente, apesar de ser 
Ao primeiro sinal de crise, entre 1973 e 1974, o capital especulativo volátil se foi para 
outras praças mais seguras, deixando o país num beco sem saída. Os empréstimos a juro 
barato se extinguiram, o crescimento desacelerou, o país entrou em grandes dificuldades 
de caixa e principalmente de liquidez. Muitas obras pararam ou tiveram sua qualidade 
diminuída em função da falta de dinheiro para um término adequado, outras foram 
inauguradas às pressas. 
A aceleração inflacionária começou lenta, gradual e constante. A economia de 
aproximadamente 67% da massa populacional (em torno de 40 milhões de pessoas) teve 
uma redução abrupta, o povo empobreceu e se endividou rapidamente junto ao sistema 
financeiro, o que gerou escassez de capital e aumentou a impressão de papel-moeda, 
que realimentou a inflação, que por sua vez alimentou a escassez. 
A pressão social foi aumentando exponencialmente, todos começavam a maldizer o 
governo, inclusive os próprios servidores públicos, apesar disso ser proibido. 
O governo militar, prevendo aonde isso poderia chegar, viu-se forçado a mudar de 
estratégia. Já em meados de 1976, iniciou um lento processo de abertura democrática e 
adequação social. Este processo não poderia ser rápido demais, pois poderia haver uma 
explosão social, nem muito lento, pois a recessão advinda poderia destruir a economia do 
país. 
Ato Institucional Número Um 
Em 9 de abril de 1964 foi publicado o Ato 
Segue o texto do primeiro paragrafo do AI-1: 
"... É indispensável fixar o conceito do movimento civil e militar que acaba de abrir ao 
Brasil uma nova perspectiva sobre o seu futuro. O que houve e continuará a haver neste 
momento, não só no espírito e no comportamento das classes armadas, como na opinião 
pública nacional, é uma autêntica revolução." 
"A revolução se distingue de outros movimentos armados pelo fato de que nela se traduz 
não o interesse e a vontade de um grupo, mas o interesse e a vontade da Nação." 
"A revolução vitoriosa se investe no exercício do Poder Constituinte. Este se manifesta 
pela eleição popular ou pela revolução. Esta é a forma mais expressiva e mais radical do 
Poder Constituinte. Assim, a revolução vitoriosa, como Poder Constituinte, se legitima por 
si mesma." 
Como observado no texto, os militares acreditavam da necessidade urgente de legitimar o 
governo. 
Muitos ainda discutem que se fosse de fato um "movimento popular legítimo em nome da 
democracia", alguns meses depois da "revolução" deveria ser feito um plebiscito, para se 
saber da verdadeira 
Ainda hoje é cobrada pelos mais antigos a necessidade de se mandarem cumprir 
dezesseis atos institucionais. 
Alegam outros que no início houve o desejo de entregar a democracia o mais 
rapidamente possível à Nação. Ainda dizem que o presidente Castello Branco foi bastante 
claro quanto ao seu desejo, pois ele era um intelectual.
Dizem ainda que houve uma radicalização principalmente da linha dura dos militares, que 
não aceitavam de forma alguma um governo de tendências esquerdistas 
democraticamente eleito novamente. Segundo o grupo mais radical, se isso acontecesse, 
poderia haver uma entrada das esquerdas no Brasil e, em consequência, o país explodiria 
em conflitos agrários e urbanos, com muito mais violência do que se eles permanecessem 
no poder. 
Lista dos principais movimentos da época 
Direita 
Instituto de Pesquisas e Estudos Sociais (IPES) 
Instituto Brasileiro de Ação Democrática (Ibad) 
Campanha da Mulher pela Democracia (Camde, financiada pelo Ipes) 
União Cívica Feminina (UCF, sob orientação do Ipes) 
Associação dos Dirigentes Cristãos de Empresas (Adce, ligada ao Ipes) 
Movimento Anticomunista (MAC, formado por universitários) 
Frente da Juventude Democrática (formada por estudantes anticomunistas radicais) 
Comando de Caça aos Comunistas (formado por estudantes anticomunistas radicais, 
conhecido como CCC) 
Esquadrões da Morte (formados por policiais para o assassinato de opositores)

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Galileu

  • 1. As causas que favoreceram ao golpe militar Brasil no ano de1964 brasileira. Ainda durante o período imperial, quando Dom Pedro II era quem governava o país, os militares demonstraram sua insatisfação com as condições vividas pelas Forças Armadas Brasileira. Com o fim da Guerra do Paraguai brasileiro permanecia sem prestígio na sociedade e na política. A pressão que os militares exerceram foi tão grande que integraram o grupo republicano responsável pela queda do regime monárquico no Brasil, sendo que os dois primeiros presidentes da república recém nascida foram militares. Ao longo da República Velha políticanovamente, mas os responsáveis pelo movimento eram pertencentes de um escalão intermediário da hierarquia militar, por esse motivo o acontecimento ficou conhecido como Tenentismo. De toda forma, serviu para colocar novamente os militares na cena política nacional e seria um dos fatores republicanos que engrossaria mais tarde a capacidade política dos militares de promoverem um golpe. O governo de Juscelino Kubitschek seria atacado por tentativas de golpe em 1955, mas quem sofreria o impacto maior mesmo seriaJoão Goulart em 1964. No final do segundo governo de Getúlio Vargas, que se encerrou por ocasião de seu suicídio em 1954, a situação política brasileira estava muito instável, a crise havia fragmentado os destinos da nação. Os militares formavam o grupo que defendia a entrada do capital estrangeiro no país, quando se deu o processo eleitoral para sucessão de Getúlio Vargas tentaram arquitetar um golpe, que não foi bem sucedido e Juscelino Kubitschek assumiu a presidência. Como seu governo foi bem aceito pela população, teve respaldo suficiente para superar os ataques políticos e chegar ao final do mandato. O sucessor de Juscelino Kubitschek é quem causaria problemas no destino político brasileiro. Jânio Quadros foi eleito com grande maioria dos votos, com tamanho apoio popular o então presidente acreditou que o povo estaria do seu lado de toda forma e elaborou um plano para que seus poderes aumentassem. O presidente Janio Quadros anunciou sua renúncia pelo rádio em 1961 esperando que a notícia causasse espanto no Congresso e na população, se corresse como o esperado Janio Quadros imaginava que seria procurado para voltar ao poder e não causar instabilidade política e então o ex-presidente aceitaria a proposta de retornar ao cargo somente se lhe fosse dado plenos poderes para governar. Entretanto, o plano de Janio Quadros passou longe do esperado, sua renúncia foi aceita e nada foi feito para que voltasse ao poder. O vice de Janio Quadros era João Goulart, político que surgiu durante o segundo governo de Getúlio Vargas e que por isso tinha fortes identificações com o presidente suicida, causando desagrado nos políticos de direito. João Goulart já era encarado como um político de tendências de esquerda e para piorar quando recebeu a notícia da renúncia do presidente estava na China comunista. A direita política tentou de todas as formas fazer com que o vice não assumisse quando retornasse ao Brasil, mas Leonel Brizola, cunhado de João Goulart, era o governador do Rio Grande do Sul e deu o sustento necessário para que o vice voltasse ao país e assumisse o cargo que agora lhe era de direito. Ao assumir a presidência, Jango, como era popularmente chamado, enfrentou sérias oposições. A política de Jango tinha claras influências de esquerda, pretendia fazer reformas de base e especialmente reforma agrária. A solução encontrada pelos opositores para impedir o governo de Jango foi instalar o parlamentarismo no Brasil, deste modo haveria presidente, mas as decisões seriam efetivamente tomadas pelo Primeiro Ministro. O parlamentarismo foi aplicado e as decisões do Estado ficaram por conta de três Primeiros Ministros:Tancredo Neves, Francisco de Paula Brochado da Rocha e Hermes Lima. Em 1962 os políticos contrários ao parlamentarismo conseguiram que fosse realizado um plebiscito no qual a população escolhesse entre o presidencialismo e o parlamentarismo. O presidencialismo ganhou e Jango tentou finalmente governar conciliando suas reformas de base com os interesses conservadores. Houve então um desarranjo na situação brasileira, a inflação cresceu aceleradamente, as medidas econômicas causaram insatisfação política e a situação só foi piorando. Estudantes chegaram a organizar movimentos em defesa das ideologias de esquerda, o que só criaria motivos para a perseguição militar mais a frente. O presidente João Goulart e seus aliados criaram políticas que só causaram insatisfação nos conservadores de direita. Leonel Brizola criou o “grupo dos onze” para fiscalizar parlamentares e militares e pressionar o Congresso para aprovar as reformas de base. As contestações cresceram, a imprensa deu início a uma campanha contra o radicalismo ideológico de Jango, alertando para o caminho escolhido pelo presidente de levar o Brasil para um regime comunista. Estouraram várias revoltas e greves pelas ruas do país, levando Jango a pedir o Estado de Sítio, que foi revogado pelo Congresso. O grande estopim que colocaria os militares em cena e determinados a tomar o poder através de um golpe seria o discurso de João Goulart e Leonel Brizola feito no dia 13 de março de 1964 na Central do
  • 2. Brasil, Rio de Janeiro. Nesse, os dois anunciavam as reformas de base, reforma agrária, um novo plebiscito para aprovar uma nova constituição e a nacionalização das refinarias estrangeiras de petróleo. Os militares sabiam que o povo apoiaria o projeto e então não perderam tempo, aliaram-se aos políticos da UDN e ao governo norte-americano para deflagrar o golpe. A igreja católica iniciou o apoio contra a ameaça da esquerda mobilizando o povo através da Marcha da família com Deus pela Liberdade contra o governo e para dar legitimidade ao golpe militar. A queda foi inevitável e os militares permaneceram com o poder no Brasil de 1964 até 1985.
  • 3. O Golpe Militar de 1964 designa o conjunto de eventos ocorridos em 31 de março de 1964 no Brasil, e que culminaram no dia 1 de abril de 1964 em um golpe de estado. Todavia, para a maioria dos militares, chamar o golpe de Revolução de 1964 estaria associado à ideia de futuro, de esperança e de um tempo melhor, algo prometido para a população, devido ao Estado de corrupção que existia no Brasil. Esse golpe encerrou o governo do presidente João Belchior Marques Goulart, também conhecido como Jango, que havia sido democraticamente eleito vice-presidente pelo Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) – na mesma eleição que conduziu Jânio da Silva Quadros à presidência pela União Democrática Nacional (UDN). Jânio renunciou ao mandato no mesmo ano de sua posse (1961) e quem deveria substituí-lo automaticamente e assumir a Presidência era João Goulart, segundo a Constituição vigente à época, promulgada em 1946. Porém este se encontrava em uma viagem diplomática na República Popular da China. Militantes então acusaram Jango de ser comunista e o impediram de assumir seu lugar como mandatário no regime presidencialista. Depois de muita negociação, lideradas principalmente pelo cunhado de Jango, Leonel de Moura Brizola, na época governador do Rio Grande do Sul, os apoiadores de Jango e a oposição acabaram fazendo um acordo político pelo qual se criaria o regime parlamentarista, passando então João Goulart a ser chefe-de-Estado. O Golpe de 1964 submeteu o Brasil a um regime alinhado politicamente aos Estados Unidos da América. O regime militar durou até 1985, quando, indiretamente, foi eleito o primeiro presidente civil desde as eleições de 1960, Tancredo Neves. O Golpe Militar de 1964 designa o conjunto de eventos ocorridos em 31 de março de 1964 no Brasil, e que culminaram no dia 1 de abril de 1964 em um golpe de estado. Todavia, para a maioria dos militares, chamar o golpe de Revolução de 1964 estaria associado à ideia de futuro, de esperança e de um tempo melhor, algo prometido para a população, devido ao Estado de corrupção que existia no Brasil. Esse golpe encerrou o governo do presidente João Belchior Marques Goulart, também conhecido como Jango, que havia sido democraticamente eleito vice-presidente pelo Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) – na mesma eleição que conduziu Jânio da Silva Quadros à presidência pela União Democrática Nacional (UDN). Jânio renunciou ao mandato no mesmo ano de sua posse (1961) e quem deveria substituí-lo Depois de muita negociação, lideradas principalmente pelo cunhado de Jango, Leonel de Moura Brizola, na época governador do Rio Grande do Sul, os apoiadores de Jango e a oposição acabaram fazendo um acordo político pelo qual se criaria o regime parlamentarista, passando então João Goulart a ser chefe-de-Estado. Em 1963, porém, houve um plebiscito, e o povo optou pela volta do regime presidencialista. João Goulart, finalmente, assumiu a presidência da República com amplos poderes, e durante seu governo tornaram-se aparentes vários problemas estruturais na politica brasileira, acumulados nas décadas que precederam o golpe e disputas de natureza internacional, no âmbito da Guerra Fria, que desestabilizaram o seu governo. O Golpe de 1964 submeteu o Brasil a um regime alinhado politicamente aos Estados Unidos da América. O regime militar durou até 1985, quando, indiretamente, foi eleito o primeiro presidente civil desde as eleições de 1960, Tancredo Neves. Etimologia O historiador político italiano Norberto Bobbio define "revolução" como "a tentativa, acompanhada do uso da violência, de derrubar as autoridades políticas Em 1964 houve um movimento de reação, por parte de setores conservadores da
  • 4. sociedade brasileira - notadamente as Forças Armadas, a sociedade civil e o alto clero da Igreja Católica, apoiados fortemente pela potência dominante da época, os Estados Unidos da América - ao temor de que o Brasil viria a se transformar em uma ditadura socialista similar à praticada em Cuba, após a falha do Plano Trienal do governo de João Goulart de estabilizar a economia, seguido da acentuação do discurso de medidas vistas como comunistas na época, as quais incluíam a reforma agrária e a reforma urbana. Na época, falar em pobreza, distribuição de renda e saúde significava ser tachado de comunista, mesmo quando não fosse o caso.[1] No dia 13 de março daquele ano, data da realização de comício em frente à Estação Central do Brasil, no Rio de Janeiro, perante trezentas mil pessoas, Jango decreta a nacionalização das refinarias privadas de petróleo e desapropriação, segundo ele para a reforma agrária, de propriedades às margens de ferrovias, Por isso, e pela falta de mobilização de setores mais baixos da sociedade, a extensa maioria dos críticos do movimento de março e abril de 1964 qualifica-no como um golpe de estado.[2] Em 1981 o general Ernesto Geisel, quarto presidente do regime militar, revelou para o jornalista Elio Gaspari sua opinião sobre o assunto: "O que houve em 1964 não foi uma revolução. As revoluções fazem-se por uma idéia, em favor de uma doutrina. Nós simplesmente fizemos um movimento para derrubar João Goulart. Foi um movimento contra, e não por alguma coisa. Era contra a subversão, contra a corrupção. Em primeiro lugar, nem a subversão nem a corrupção acabam. Você pode reprimi-las, mas não as destruirá. Era algo destinado a corrigir, não a construir algo novo, e isso não é revolução". Características gerais do novo regime e objetivos Regime militar no Brasil (1964-1985) O golpe de Estado conduziu à época da história do Brasil que foi denominada de Regime Militar de 1964. Esta época foi caracterizada economicamente por um grande desenvolvimento do país, por meio de financiamento norte-americano em grande escala, justificado em parte pelo Porém, tal desenvolvimento econômico foi acompanhado de uma violenta repressão política e aumento da dívida externa, especialmente durante as décadas de 1960 e 1970 sob a égide da Lei de Segurança Nacional como justificativa de manter a sociedade politicamente estável no sentido de evitar a influência de idéias comunistas em um mundo dividido entre dois regimes, mas que também atuava contra qualquer um que discordasse publicamente da atuação do regime ou que pudesse provocar tal discordância. Além da limitação de várias liberdades (como as de expressão, imprensa e organização), naquela época tornaram-se comuns os interrogatórios, prisões e tortura daqueles considerados opositores políticos do regime militar, especialmente os que fossem considerados simpatizantes de idéias comunistas, incluindo-se muitos estudantes, jornalistas e professores. Para além das prisões, estima-se que cerca de 300 dissidentes perderam a vida. Segundo a versão defendida pelos militares, a maioria dessas mortes teria ocorrido em combate com as Forças Armadas. Entretanto, os grupos de defesa dos direitos humanos e organizações de sobreviventes da ditadura militar, estimam que este número seja muito maior. Este fato inicial foi denominado pelos militares que o executaram bem como o regime Vendo os movimentos de esquerda crescendo e pela influência da propaganda dos movimentos comunistas, foi iniciado um movimento de contra-propaganda conhecido como perigo vermelho, ou perigo comunista Segundo relatos publicados pelo Departamento de Documentação Histórica da Fundação Getúlio Vargas: (sic)…Os militares envolvidos no golpe de 1964 justificaram sua ação afirmando que o objetivo era restaurar a disciplina e a hierarquia nas Forças Armadas e deter a "ameaça
  • 5. comunista" que, segundo eles, pairava sobre o Brasil. Uma idéia fundamental para os golpistas era que a principal ameaça à ordem capitalista e à segurança do país não viria de fora, através de uma guerra tradicional contra exércitos estrangeiros; ela viria de dentro do próprio país, através de brasileiros que atuariam como "inimigos internos" - para usar uma expressão da época. Esses "inimigos internos" procurariam implantar o comunismo no país pela via revolucionária, através da "subversão" da ordem existente - daí serem chamados pelos militares de "subversivos". Segundo a FGV, havia alguns fatores históricos que posicionavam as Forças Armadas do Brasil contra o comunismo, A percepção de um "perigo comunista" no Brasil passou por um processo de crescente "concretização", até atingir seu clímax com a Revolta de 1935. Assim, após a Revolução Russa de 1917, tiveram lugar no país a criação do Partido Comunista do Brasil (depois Partido Comunista Brasileiro – PCB) em 1922; a conversão do líder "tenentista" Luís Carlos Prestes ao comunismo, em maio de 1930, e sua ida para a União Soviética, no ano seguinte; e o surgimento, em março de 1935, da Aliança Nacional Libertadora, dominada pelos comunistas. Se em 1917 o comunismo no Brasil era visto ainda como um perigo remoto, "alienígena" e "exótico", aos poucos ele foi se tornando mais próximo. A frustrada revolta comunista de novembro de 1935 foi um evento-chave que desencadeou um processo de institucionalização da ideologia anticomunista no interior das Forças Armadas. Os comunistas brasileiros foram acusados de serem elementos "a serviço de Moscou" e, portanto, traidores da Pátria. Os militares que tomaram parte na revolta foram, em particular, acusados de uma dupla traição: não só do país como da própria instituição militar, ferida em seus dois pilares - a hierarquia e a disciplina. Foram também rotulados de covardes, devido principalmente à acusação, até hoje controversa, de que no levante do Rio teriam assassinado colegas de farda ainda dormindo. O ritual de rememoração dos mortos leais ao governo, repetido a cada Situação da época Situação internacional Guerra Fria A Guerra Fria estava espalhando o temor pelo rápido avanço do chamado, pela extrema direita, perigo vermelho. As esquerdas espelhavam-se nos regimes socialistas implantados em Cuba, China e União Soviética. O temor ao comunismo influenciou a eclosão de uma série de golpes militares na América Latina, seguidos por ditaduras militares de orientação ideológica à direita, com o suposto aval de sucessivos governos dos Estados Unidos da América, que consideravam a América Latina como sua área de influência. Cuba e China passaram financiar grupos de esquerda na América Latina, iniciando um movimento para implantar o comunismo na região, o que de certa forma influenciou na eclosão de uma série de golpes militares apoiados e financiados pelos Estados Unidos, que temiam o avanço comunista no Continente. Os EUA não admitiam que os movimentos igualitários e de desenvolvimento regionais fossem contaminados pela doutrina comunista de caráter stalinista ou maoista. Com a polarização das ideologias houve a eclosão de inúmeros golpes de estado financiados pelos governos Guerra Fria A origem da Guerra Fria remonta da rivalidade entre os Estados Unidos e a União Soviética ocorrida em meados da Segunda Guerra Mundial. Embora muitos afirmem existirem raízes mais profundas provindas do início do século XX, a partir do fim da década de 1940 as desavenças entre os dois blocos acirrou-se, pois,
  • 6. ambos afirmavam que os seus sistemas eram os vencedores da guerra que varreu o planeta na época. É sabido que devidos esforços de guerra, acabaram por surgir as duas superpotências militares, que seguiam ideologias antagônicas, acirrando ainda mais as desavenças em todos os campos do conhecimento, da tecnologia e da cultura. Os comunistas, através de um sistema socialista autoritário, detinham o poder do bloco através de sistemas ditatoriais, os capitalistas mantinham o poder através do controle econômico, cuja estrutura também financiava ditaduras de direita, que também eram sistemas autoritários. Na América Latina não eram raros os governos dirigidos por caudilhos que poderiam pender para o bloco que bem lhes conviesse. Neste panorama, todos se diziam democratas. Desta forma, o mundo estava em plena guerra fria, a maioria dos países ocidentais se diziam democráticos e afirmavam manter a livre expressão. Dizem alguns que existiam algumas exceções às liberdades democráticas como as ditaduras na América Latina. É sabido porém, que os Estados Unidos aceitavam, financiavam e apoiavam ditaduras Situação nacional No Brasil, o golpe de 1964 e a conseqüente tomada do poder pelos militares contou com o apoio do grande empresariado brasileiro, temeroso que as medidas reformistas do presidente João Goulart desencadeassem um golpe comunista, particularmente devido às nacionalizações. A população, no início confusa e receosa, depois desinformada pela repressão à imprensa, acabou se acomodando à medida que a economia, aparentemente, melhorava. Bipolarização Durante a eclosão do golpe de 1964 havia duas correntes ideológicas no Brasil, sendo uma de esquerda e outra de direita. Aquelas correntes tinham movimentos populares de ambas facções, acredita-se financiados com capital externo. Além da polarização, existia também um forte sentimento antigetulista, motivador do movimento militar que derrubou Jango. Fatores políticos Fator desestabilizador O golpe não foi algo repentino, ele foi amadurecendo aos poucos. O motivo alegado era o comunismo. O contexto, porém, era bem mais complexo: a estatização promovida por Jango e as visões conflitantes entre a política e a economia de ambas as correntes de pensamento, particularmente da extrema direita e extrema esquerda, vinham se contrapondo desde o início do século XX, sendo as alternativas mistas ainda em O golpe militar de 1964 começou a ocorrer dez anos antes, em 1954. Um movimento político-militar conservador descontente com Getúlio Vargas e sua condição de ex-ditador, além de denuncias de corrupção, aliados aos Estados Unidos da América, tentou derrubar o então presidente Getúlio Vargas, que abafou o golpe terminando com sua própria vida num suicídio. A repercussão da carta-testamento de Getúlio Vargas conteve quaisquer movimentações e desestabilizou profundamente a estrutura política do Brasil. Passados o impacto e a comoção social que se seguiram ao suicídio, em 1955 opositores de Vargas tentaram impedir as eleições sabendo de sua provável derrota. Houve assim uma tentativa de golpe, impedida pela ação firme e corajosa do marechal Henrique Batista Duffles Teixeira Lott, que garantiu a eleição e a posterior posse de Juscelino Kubitschek. Jânio e a tentativa de um autogolpe Jânio Quadros 1961, quando Jânio Quadros renunciou, assumiu a presidência o então vice-presidente
  • 7. João Goulart, e houve suposições de um autogolpe fracassado. Goulart era visto como sucessor político de Getúlio Vargas e era, também, cunhado do governador do Rio Grande do Sul, Leonel Brizola, que defendia a realização de reformas de base no Brasil, incluindo a reforma agrária e a reforma urbana. As reformas de base desagradavam os setores conservadores, a classe média, e dirigentes de multinacionais, que vendo seus negócios em risco no Brasil Por influência de grupos mais moderados, houve um acordo político estabelecendo o regime parlamentarista, o que significaria que Goulart seria chefe de estado, mas não chefe de governo - desta forma teria poderes reduzidos, mas permaneceria no governo. Jango chegou ao poder através de uma eleição que levou Jânio Quadros à presidência pela UDN e o próprio João Goulart à vice-presidência pelo PTB. Ou seja presidente e vice-presidente eram inimigos políticos. Esta situação foi possível devido a uma legislação eleitoral que permitia que se votasse no presidente de uma chapa e no vice-presidente de outra. Devido às forças políticas atuantes no país, em 1962 foi convocado um plebiscito para escolher qual a forma de governo o Brasil adotaria: ou retornava ao presidencialismo ou permanecia no parlamentarismo. O povo optou maciçamente pelo presidencialismo, com 9,5 milhões de votos contra 2 milhões dados ao parlamentarismo. Goulart começou a governar tentando conciliar os interesses do seu governo com os interesses políticos dos mais conservadores e também dos políticos progressistas no Congresso Nacional. Devido a boicotes de ambas as correntes, houve uma grande demora em implantar as reformas de base. Os setores mais à esquerda, inclusive dentro do próprio PTB, Assim, os setores mais à esquerda e os mais à direita movimentaram-se e desestabilizaram a política e a economia. Em 4 outubro de 1963 Goulart solicita o estado de sítio ao Congresso Nacional pelo prazo de 30 dias. A justificativa do Ministério da Justiça é que o governo necessitaria de poderes especiais para impedir a comoção de "guerra civil" que punha em perigo as instituições democráticas. A manobra foi repelida inclusive pela esquerda, e a iniciativa foi vista como uma tentativa de golpe por parte de Jango. Houve também uma importante guinada em direção a reformas de base de inspiração socialista. Junta-se à tensão política a pressão do declínio econômico. Revolta dos marinheiros A revolta dos marinheiros foi um motim realizado pelos marinheiros da Marinha do Brasil que se sucedeu em 25 de março de 1964. Constituiu-se em uma assembléia de mais de dois mil marinheiros de baixa patente (marinheiros e taifeiros), que se realizou no prédio do sindicato dos metalúrgicos, no Rio de Janeiro. Os O então ministro da marinha, Sílvio Mota ordenou a prisão dos líderes amotinados, enviando destacamento dos fuzileiros navais, comandados pelo almirante Cândido Aragão. Ao final os fuzileiros juntam-se ao movimento. Pouco depois da recusa do comandante Aragão em debelar o movimento, Jango expediu ordens proibindo qualquer invasão da assembléia e exonerou o ministro Mota. No dia seguinte, 26 de março, o ministro do trabalho Amauri negociou um acordo, e os marinheiros concordaram em deixar o prédio pacificamente. Logo em seguida, os líderes do movimento foram presos pelos militares, por motim. Goulart concedeu perdão aos amotinados, criando um forte constrangimento entre os militares diante da imprensa e sociedade. Logo depois, dia 30 de março, véspera do golpe, Goulart procurou apoio pelo seu governo junto a alguns sargentos.[7] As estatizações e as supostas fraudes financeiras As recentes estatizações feitas por Leonel Brizola nas companhias telefônica e de energia do Rio Grande do Sul, ambas pertencentes a grupos dos EUA, criaram um clima tenso entre Brasil e Estados Unidos. Brizola denunciou um acordo de indenização fraudulenta feito com as companhias dos
  • 8. EUA, antigas proprietárias das estatais recém Os sargentos, os estudantes e os Grupos dos Onze Paralelamente, havia o movimento dos sargentos ideologicamente ligados ao governador Brizola. Estes pleiteavam o direito de serem eleitos, já que suas posses haviam sido impedidas pelo Supremo Tribunal Federal. O movimento estudantil, de orientação esquerdista, realizava protestos nas ruas. O efeito da organização de sargentos e cabos em grupos políticos não pode ser subestimado em relação ao descontentamento dos militares com o governo de Jango, principalmente pela ligação destes com Brizola, que era cunhado do Presidente, pois subvertia a hierarquia militar, um dos preceitos mais importantes e talvez a própria alma das Forças Armadas. Brizola criou o movimento chamado de Grupos dos Onze, que consistia na organização popular em grupos de onze pessoas, para fiscalizar parlamentares e militares (já prevendo tentativas de golpes) e pressionar o governo e o congresso pelas reformas de base. Reação da direita Os políticos do PSD, mais conservadores, temendo uma radicalização à esquerda deixam de apoiar o governo. A situação política de Goulart se torna insustentável, pois não tinha apoio total do PTB e nem dos comunistas. Não consegue governar de forma conciliatória. A UDN e o PSD temiam pelo crescimento do PTB, já que Leonel Brizola era o favorito para as eleições presidenciais que Criou-se o medo de que Goulart levaria o país a um golpe de estado com a implantação de um regime político nos moldes de Cuba e China. Era o "perigo comunista", que serviria depois como justificativa para o golpe. Comício da Central do Brasil e a eclosão do golpe João Goulart. O comício de Goulart e Brizola, na Central do Brasil, em 13 de março de 1964, foi a chave para dar início ao golpe. Ficou conhecido como Comício da Central.[8] Brizola e Goulart anunciavam as reformas de base, incluindo um plebiscito pela convocação de nova constituinte, a reforma agrária e a nacionalização das refinarias particulares de petróleo.[9] Os políticos da UDN e do PSD sabiam que Brizola era favorito para as eleições presidenciais e que o povo apoiaria o seu projeto, logo, a aliança UDN-Militares-Estados Unidos iniciou sua mobilização definitiva em direção ao golpe. Desde 1961 o IPES estava mobilizando a classe média. Sendo o Brasil de maioria católica, a sociedade cristã foi mobilizada para a Marcha da Família com Deus Pela Liberdade, reunindo 500 mil pessoas.[10] O uso da religião Na Marcha da Família com Deus Pela Liberdade participaram quinhentas mil pessoas no dia 19 de março de 1964. Os manifestantes foram da praça da República e seguiram em direção à praça da Sé, onde foi rezada uma missa para aquilo que foi chamado de "salvação da democracia". O padre Patrick Peyton, conhecido por sua campanha anticomunista, rezou a A marcha teve seu amplo sucesso garantido por Adhemar de Barros e Carlos Lacerda. A finalidade desta era mobilizar a maior quantidade possível de participantes para dar respaldo popular e facilitar aos militares a organização da derrubada de Goulart com o apoio dos políticos e da sociedade organizada.[11] Na época, setores conservadores de outras igrejas também se juntaram ao apoio às cruzadas "anticomunistas". A Igreja Metodista, por exemplo, encontrava-se dividida, com setores simpáticos às reformas de Jango, e outros fortemente alinhados aos movimentos golpistas. Cabe lembrar aqui que, mais tarde, ocorreu o fechamento da Faculdade de Teologia desta Igreja, ao final de 1968, em sintonia com o AI-5.[12][13] Muitos pastores
  • 9. das Igrejas Metodista, Luterana e Presbiteriana foram perseguidos. Alguns afastados da vida eclesiástica e compulsoriamente aposentados. Essas igrejas estavam claramente divididas entre os favoráveis ao golpe e os contrários ligados às comunidades eclesiásticas de base.[14] A movimentação popular foi financiada pelo IPES.[15] Apoio logístico dos EUA Reunião de Kennedy com Lincoln Gordon Entre 11h55m e 12h20m, de 30 de julho de 1962, ocorreu na Casa Branca uma reunião que já apontava a influência que teriam os Estados Unidos no golpe que viria a ocorrer no Brasil dois anos mais tarde. Na presença do subsecretário de Estado para Assuntos Interamericanos, Richard Goodwin e do assessor especial para Assuntos de (Kennedy): - Então, o que vamos fazer ? Eu digo, quem vamos escolher? Nós temos que mandar para lá alguém que possa estabelecer ligações muito rápidas... e tem de falar em português. (Goodwin): - Por que não falamos com o Ros Gilpatric ou alguém... (Kennedy): - Ótimo, mas isto tem de ser feito hoje. (Quinze segundos suprimidos como documento classificado.) — John Kennedy, Lincoln Gordon,Richard Goodwin [16] Financiamento eleitoral O presidente norte americano John Kennedy através do intervencionismo político no Brasil, ordenou o financiamento das campanhas. Segundo o ex-agente da CIA, Philip Agee, os fundos provenientes de fontes estrangeiras foram utilizados na campanha de oito candidatos aos governos dos 11 estados onde houve eleições . Houve também o apoio a 15 candidatos ao Senado, a 250 candidatos à Câmara e a mais de quinhentos candidatos às Assembléias Legislativas. Foram feitas doações através do IBAD. Como a bancada de esquerda aumentou, as doações de campanha resultaram numa CPI, que apurou sua procedência. Veio através dos bancos Royal Bank of Canada, Bank of Boston e First National City Pedido de apoio de Lacerda Lacerda havia pedido uma intervenção dos EUA na política brasileira, conforme entrevista ao correspondente no Brasil do Los Angeles Times, Julien Hart. Sua atitude causou uma crise política com os ministros militares solicitando o estado de sítio e a prisão de Lacerda. O estado de sítio foi recusado pelo congresso, com a esquerda suspeitando que fosse uma armadilha dos militares para prender os líderes de esquerda como Brizola e Miguel Arraes. Operações de logística Como os arquivos do governo de Lyndon Johnson comprovariam, vinte anos mais tarde, foi feita uma operação militar chamada Operação Brother Sam para atuar no Brasil em apoio à Operação Popeye dos militares. Somente no ano de 1962, quase cinco mil cidadãos americanos entraram no Brasil, número muito superior à média histórica conforme estudo de Jorge Ferreira em Rev. Bras. Hist. vol.24 no.47, São Paulo 2004, "A estratégia do confronto: a frente de mobilização popular". Ainda: (sic) "…o deputado José Joffily, do partido Social-Democrático (PSD), denunciou a "penetration" e, no princípio de 1963, o jornalista José Frejat, através de "O Semanário", revelou que mais de 5.000 militares norte-americanos, "fantasiados de civis", desenvolviam, no Nordeste, intenso trabalho de Darcy Ribeiro citou ainda que "foi desencadeado com forte contingente armado, postado no Porto de Vitória, com instruções de marchar sobre Belo Horizonte.".
  • 10. A "Brother Sam" objetivava abastecer com combustível e armas os militares golpistas. O porta-aviões americano USS Forrestal (CVA-59) e destróieres foram enviados à costa brasileira e ficaram próximos do porto de Vitória (ES). Correntes de pensamento da época Jango, por sua natureza populista seguia a tradição de Getúlio Vargas, além de influência da esquerda. Os militares impunham a segurança e o desenvolvimento conforme doutrina da Escola Superior de Guerra, cuja orientação filosófica seguia a política do National War College desde o final da Segunda Guerra Mundial e início da Guerra Fria. Cronologia do golpe No dia 28 de março de 1964, na cidade de Juiz de Fora, os generais Olímpio Mourão Filho e Odílio Denys se reuniram com o Governador de Minas Gerais o banqueiro Magalhães Pinto. Pinto foi um dos principais financiadores do IPES. A finalidade da reunião era o estabelecimento de uma data para o início da mobilização que culminaria com o golpe militar de 1964. As datas A data estabelecida para o início das operações militares para o golpe foi o dia 4 de abril de 1964. Conforme descrito pelos jornais O Estado de S. Paulo[19] e Folha de S. Paulo[20], o general Carlos Guedes, da Infantaria, afirmou que não Em 31 de março de 1964 o general Olímpio Mourão resolveu intempestivamente partir com suas tropas para o Rio de Janeiro às três horas da manhã. Este ato, segundo os jornais, foi considerado impulsivo pelo marechal Humberto de Alencar Castello Branco. Castello Branco, ao saber da partida de Olímpio Mourão, telefonou para Magalhães Pinto com o intuito de segurar o levante. Consta que o Marechal considerava o movimento prematuro e intempestivo. Pinto argumentou que uma vez iniciado o desenlace, seria um erro parar, pois alertaria as forças legalistas podendo agravar a situação. Anos mais tarde o Deputado Armando Falcão perguntou ao general Olímpio Mourão o porquê da atitude precipitada. A resposta do militar divulgada pela imprensa foi: "Em matéria de política sou uma vaca fardada." Segundo analistas, a precipitação foi um ato temerário de falta de visão estratégica que foi largamente discutido por historiadores e pela imprensa no sentido de que se houvesse reação poderia ter causado uma guerra civil no Brasil. Para tal bastaria que Goulart tivesse uma parcela de apoio de outros segmentos das Forças Armadas leais à Constituição Brasileira, entre elas o General Armando de Moraes Âncora. A Imprensa Antes da ditadura, jornais Em 31 de março, a maioria da imprensa apoiava o fim do governo João Goulart: "Seria rematada loucura continuarem as forças democráticas desunidas e inoperantes, enquanto os inimigos do regime vão, paulatinamente, fazendo ruir tudo aquilo que os impede de atingir o poder. Como dissemos muitas vezes, a democracia não deve ser um regime suicida, que dê a seus adversários o direito de trucidá-la, para não incorrer no risco de ferir uma legalidade que seus adversários são os primeiros a desrespeitar" - O Globo de 31 de março de 1964. "(...) Além de que os lamentáveis acontecimentos foram o resultado de um plano executado com perfeição e dirigido por um grupo já identificado pela Nação Brasileira como interessado na subversão geral do País, com características nitidamente comunistas". - Correio do Povo de 31 de março de 1964. "O Exército e os desmandos do Presidente. Se a rebelião dos sargentos da Aeronáutica fora suficiente para anular praticamente a eficiência da Arma, a subversão da ordem na Marinha assumia as dimensões de um verdadeiro desastre nacional." - O Estado de S. Paulo de 31 de março de 1964. "Aquilo que os inimigos externos nunca conseguiram, começa a ser alcançado por
  • 11. elementos que atuam internamente, ou "Basta! Não é possível continuar neste caos em todos os setores. Tanto no lado administrativo como no lado econômico e financeiro". - Correio da Manhã de 31 de março de 1964. "É cedo para falar dos programas administrativos, da Revolução. Mas é incontestável que um clima de ordem substituiu o que dominava o País, onde nem mesmo nas Forças Armadas se mantinham nos princípios de rígida disciplina hierárquica que as caracterizam". - Folha de S. Paulo de 31 de março de 1964. Segundo o jornalista Fernando Molica: "A grande maioria dos jornais era favorável à derrubada do governo João Goulart e festejou o golpe…"[21] Segundo Mino Carta, "a Folha de S. Paulo não só nunca foi censurada, como emprestava a sua C-14,(popular Chevrolet Veraneio), usado para transportar o jornal, para recolher torturados ou pessoas que iriam ser torturadas na Oban, Operação Bandeirante". A seqüência do golpe Em seguida à marcha seguida por Olímpio Mourão Filho, o general Âncora havia recebido ordem de João Goulart para prender Castello Branco, porém não a cumpriu. Comandando o Destacamento Sampaio para interceptar o Destacamento Tiradentes comandado pelo general Murici, o general Âncora, embora com tropa muito mais Se as forças se enfrentassem no Vale do Paraíba, onde se encontraram, com certeza se iniciaria uma guerra civil, e, segundo os cronistas da imprensa, era tudo que os militares não queriam. A união das tropas Ao se encontrarem, ao invés de haver enfrentamento as tropas uniram-se e marcharam em direção ao Rio de Janeiro. Às dezessete horas do dia 31 de março de 1964, fez-se o golpe. O Segundo Exército era comandado pelo general Amauri Kruel, que, em contato telefônico com o presidente, recebeu um pedido de apoio para pôr fim ao avanço. Kruel impôs a condição do fechamento do CGT e a prisão de seus dirigentes para apoiar Jango, no que teve a negativa do Governante, então suas tropas se dirigiram para o Rio de Janeiro pela Via Dutra, onde foram interceptadas pelo general Emílio Garrastazu Médici, que estava com os cadetes das Agulhas Negras à sua frente. No dia 1 de abril de 1964 houve uma reunião entre Âncora e Kruel que, convencidos por Médici, uniram-se de fato aos demais militares. Durante as negociações foi decidida a união das tropas. A prisão de Miguel Arraes e João Dória Enquanto isto, no Nordeste, Miguel Arraes, governador de Pernambuco, e João Dória, governador de Sergipe, eram presos como traidores da nação. Jango se refugia no Rio Grande do Sul O Quarto Exército comandado pelo General Justino Bastos Enquanto era perseguido pelos golpistas, Goulart reuniu-se com o general Nicolau Fico, comandante militar de Brasília, e o general Assis Brasil, chefe da Casa Militar. Preparou um comunicado à nação, informando que iria para o Rio Grande do Sul para se unir às forças do III Exército, sob o comando do general Ladário Teles, informando sobre o golpe e conclamando a população a lutar pela legalidade. Darcy Ribeiro e Waldir Pires falaram à população na televisão. O governo ainda controlava os meios de comunicação em Brasília. O presidente tentou viajar para Porto Alegre em avião de carreira, porém a decolagem foi sabotada por golpistas. Jango voou então no avião presidencial, arriscando-se a ser abatido por militares. Apesar do acordo com o general Nicolau Fico estabelecer que as tropas ficariam nos quartéis em Brasília, os militares ocuparam as imediações do Congresso para impedir manifestações populares. Estas estavam previstas se os congressistas se reunissem para votar o impedimento do presidente.
  • 12. O motivo seria o fato do chefe da nação ter se ausentado do país. A ação do Congresso O senador Auro Soares de Moura Andrade, presidente do Congresso Nacional, apesar de o presidente da República estar no País, declarou vaga a presidência. Alegou que o presidente havia saído do Brasil e que o comunicado de Darcy Ribeiro era mentiroso. Andrade empossou o presidente da Câmara Ranieri Mazzilli como governante provisório, ato considerado anos depois por juristas como irregular. Em seguida mandou desligar os microfones e as luzes rapidamente, sob protestos de Tancredo Neves. Os participantes do Congresso Brasileiro criaram assim condições para o golpe militar e a ditadura que se seguiria. Jango vai embora do Brasil Consta que Darcy Ribeiro tentou convencer o presidente a resistir, como explicou em depoimento.[22] Darcy considerava que o governo deveria resistir usando a aviação comandada pelo brigadeiro Teixeira para conter as tropas de Olímpio Mourão, composta de recrutas desarmados, e os fuzileiros comandados por almirante Aragão, que poderiam então prender Carlos Lacerda e Castello Branco. Goulart se recusou a resistir pois foi informado que os golpistas tinham o apoio da armada americana que estava se encaminhando para o Brasil, o que poderia conflagrar uma guerra civil. João Goulart tinha o apoio do Terceiro Exército comandado pelo general Ladário Teles, e de O general Argemiro de Assis Brasil foi figura determinante na fuga de Jango do país durante o golpe, pois protegeu-o e à sua família, guiando-o em segurança para o Uruguai. Ao se apresentar às autoridades que assumiram ao poder, o general foi preso, processado e sua carreira profissional interrompida sendo considerado traidor. Perante o Exército Brasileiro o general Assis Brasil passou a ser considerado morto, perdendo assim todos os seus direitos e os anos dedicados àquela arma. Consolidação do regime militar O jornal Última Hora e a sede da UNE foram destruídos por militantes de Lacerda, muitas das organizações que apoiavam Jango tiveram seus líderes presos e perseguidos pela ditadura. À medida em que o golpe militar foi avançando as liberdades individuais da população brasileira foram sendo extintas com o endurecimento do regime. A imposição de um estado de exceção com a ruptura dos direitos civis da população e uma ditadura militar com o alinhamento político-econômico sob tutela e proteção dos Estados Unidos da América, segundo aqueles, era primordial para a modernização do Brasil, e, havia a doutrina propagandeada de que "o que era bom para os Estados Unidos era bom para o Brasil". Base de apoio militar O movimento político militar de 1964 foi um golpe de estado, portanto Segundo os arquivos, para o presidente Lyndon Johnson o que estava em jogo era o confronto global entre o comunismo soviético e a democracia. Por essa razão Johnson estava disposto a fazer o que fosse preciso para ajudar o movimento que derrubou João Goulart. A embaixada e os consulados norte americanos no Brasil, tinham agentes da CIA encarregados de levantar informações sobre as atividades de comunistas e militares no Brasil. Segundo a revista Veja, na edição 1 848, de 7 de abril de 2004, "os militares e empresários que conspiravam contra Jango tinham o hábito de pedir apoio aos americanos para suas aspirações golpistas, revela um relatório de Lincoln Gordon de 27 de março de 1964 (…) Uma nova leva de papéis publicada na semana passada no site do National Security Archive".
  • 13. A quebra da hierarquia Uma justificativa apresentada à opinião O golpe de 1964 se transformou numa sucessão de atos institucionais, mas também de construções de grandes obras. A modernização elevou o país como uma das grandes economias mundiais. As dívidas geradas pelas famosas "Obras Faraônicas", ao final da ditadura, geraram uma inflação galopante que levaram o Brasil a um período chamado posteriormente por alguns setores da Imprensa como "A década perdida". As promessas No início houve a promessa à elite, à classe média e à população em geral (noticiada fartamente no rádio, na televisão e na imprensa em geral), que a Constituição de 1946, a normalidade democrática e as eleições seriam preservadas e restabelecidas rapidamente (em 1966, no mais tardar), logo ao final do mandato de Jango, que estaria sendo preenchido pelos interventores militares. Segundo a Fundação (sic)…o golpe militar foi saudado por importantes setores da sociedade brasileira. Grande parte do empresariado, da imprensa, dos proprietários rurais, da Igreja católica, vários governadores de estados importantes (como Carlos Lacerda, da Guanabara, Magalhães Pinto, de Minas Gerais, e Ademar de Barros, de São Paulo) e amplos setores de classe média pediram e estimularam a intervenção militar, como forma de pôr fim à ameaça de esquerdização do governo e de controlar a crise econômica. No pensamento vigente da época, o Brasil estava perdido em greves, "baderna", corrupção, "roubalheira" e inflação, portanto haveria que ser feito algo urgente para restabelecer uma suposta ordem democrática. A propaganda institucional (ver IPES) era farta. A sociedade estava dividida pela ideologia. É alegado que qualquer que fosse a direção tomada, fatalmente o Brasil seria uma ditadura, ou de esquerda, ao estilo soviético, chinês, ou cubano, ou de direita, como tantas outras que floresceram na América Latina. Assim, houve a ditadura de direita, alinhando-se ao bloco liderado e financiado pelos Estados Unidos. Após o golpe de 1964 Logo após o golpe de 1964, em seus primeiros 4 anos, a ditadura foi endurecendo e fechando o regime aos poucos. Vieram os Atos Institucionais, artificialismos criados para dar legitimidade jurídica a ações políticas contrárias à Constituição Brasileira de 1946, culminando numa ditadura. O período compreendido Dezoito milhões de eleitores brasileiros sofreram das restrições impostas por seguidos Atos Institucionais que ignoravam e cancelavam a validade da Constituição Brasileira, criando um estado de exceção, suspendendo a democracia. Querendo impor um modelo sócio, político e econômico para o Brasil, a ditadura militar no entanto tentou forjar um ambiente democrático, e não se destacou por um governante definido ou personalista. Durante sua vigência, a ditadura militar não era oficialmente conhecida por este nome, mas pelo nome de "Revolução" e seus governos eram considerados "revolucionários". A visão crítica do regime só começou a ser permitida a partir de 1974, quando o general Ernesto Geisel determinou a abertura lenta e gradual da vida sócio-política do país. O golpe também foi recebido com alívio pelo governo norte-americano, satisfeito de ver que o Brasil não seguia o mesmo caminho de Cuba, onde a guerrilha liderada por Fidel Castro havia conseguido tomar o poder. Os Estados Unidos acompanharam de perto a conspiração e o desenrolar dos acontecimentos, principalmente através de seu embaixador no Brasil, Lincoln Gordon, e do adido militar, Vernon Walters, e haviam decidido, através da secreta "Operação Brother Sam", dar apoio logístico aos militares golpistas, caso estes enfrentassem uma longa resistência por parte de forças leais a
  • 14. Jango. Segundo o tenente-coronel de Infantaria e Estado-Maior do Exército Brasileiro Manuel Soriano Neto, em palestra comemorativa proferida na AMAN em 12 de setembro de 1985, em homenagem ao centenário do marechal José Pessoa: "Com as desavenças que grassavam na corrente outubrista, o tenentismo vem a se desintegrar. Tal fato se dá após a Revolução de 1932, mormente durante o ano de 1933, quando se formava a Assembléia Nacional Constituinte. Parcelas das Forças Armadas se desgarraram para a esquerda e para a direita, incorporando-se à Aliança Nacional Libertadora e à Ação Integralista Brasileira, que apregoavam ideologias importadas, não condizentes com a idiossincrasia de nosso povo." Portanto, dentro das forças armadas brasileiras, existia uma grave cisão interna de ordem ideológica e, ainda havia outra divisão entre os moderados e a linha dura. Porém havia também o sentimento patriótico autêntico que manteve ocultas da população todas as desavenças internas. Os grupos concorrentes entre si defendiam pontos de vistas diferentes: Um grupo defendia medidas rápidas diretas e concretas contra os chamados subversivos, ou inimigos internos, estes militares apoiavam sua permanência no poder pelo maior tempo possível. Ao contrário do grupo anterior, o segundo era formado por militares que tinham por doutrina a tradição de intervenções moderadoras. Estes procuravam permanecer no poder somente o tempo necessário Doutrina da segurança nacional Para os dois grupos era necessário salvaguardar o Brasil contra o poder do comunismo internacional (além do anti-getulismo, leia-se populismo). Segundo a doutrina dos militares, o inimigo devia ser extirpado a todo custo e os governos populistas seriam uma porta de entrada para a desordem, subversão e propiciariam a entrada de ideologias nocivas à nação. As facções contrárias internamente nas forças armadas acabaram se unindo apesar da não concordância metodológica. Desta forma, os militares mais radicais se aglutinaram ao general Costa e Silva, e os mais estratégicos ao general Humberto de Alencar Castelo Branco. Muitos militares da época afirmam que se a orientação filosófico-ideológica das forças armadas fosse para a esquerda, estas defenderiam da mesma forma a linha de pensamento, somente o inimigo que mudaria de lado, o que importava era a segurança da Nação. Beneficiados Entre os que apoiariam o golpe militar, havia muitos especuladores de capital, banqueiros, grandes latifundiários, setores da indústria mecânica, construção civil, e principalmente políticos oportunistas que trocavam de partido independente da sua orientação ideológica. Os maiores financiadores do golpe foram notadamente as grandes oligarquias do Veja também: IPES:Os maiores financiadores do IPES foram cinco empresas: Refinaria União, Light, Cruzeiro do Sul, Icomi, Listas Telefônicas Brasileiras, além de trezentas empresas norte americanas de menor porte. O Instituto foi fundado pelo general Golbery do Couto e Silva, logo após pedir para passar para a reserva do Exército Brasileiro, em 2 de Fevereiro de 1962. Localizava-se no edifício Avenida Central, no Rio de Janeiro, vigésimo sétimo andar, com treze salas. Propaganda Propaganda institucional Publicidade do regime militar de 1964 Milagre econômico
  • 15. Ver artigo principal: Milagre brasileiro O surto de crescimento econômico que ocorreu em seguida ao golpe militar, chamado de Milagre brasileiro, caracterizado pela modernização da indústria e pelas grandes obras, estava de fato ocorrendo. Porém, também havia os interesses de grandes grupos econômicos e a especulação do capital. Estes tinham interesse nos lucros advindos da ditadura forçando a construção de grandes obras de infra-estrutura. Naquela época, fortunas gigantescas foram ganhas às custas de empréstimos externos. Dizem alguns que o retorno do investimento das empresas e grupos multinacionais era necessário, o montante aplicado no golpe foi imenso. O problema não equacionado foi custo social do retorno. O Brasil cresceu, mas endividou-se exponencialmente, apesar de ser Ao primeiro sinal de crise, entre 1973 e 1974, o capital especulativo volátil se foi para outras praças mais seguras, deixando o país num beco sem saída. Os empréstimos a juro barato se extinguiram, o crescimento desacelerou, o país entrou em grandes dificuldades de caixa e principalmente de liquidez. Muitas obras pararam ou tiveram sua qualidade diminuída em função da falta de dinheiro para um término adequado, outras foram inauguradas às pressas. A aceleração inflacionária começou lenta, gradual e constante. A economia de aproximadamente 67% da massa populacional (em torno de 40 milhões de pessoas) teve uma redução abrupta, o povo empobreceu e se endividou rapidamente junto ao sistema financeiro, o que gerou escassez de capital e aumentou a impressão de papel-moeda, que realimentou a inflação, que por sua vez alimentou a escassez. A pressão social foi aumentando exponencialmente, todos começavam a maldizer o governo, inclusive os próprios servidores públicos, apesar disso ser proibido. O governo militar, prevendo aonde isso poderia chegar, viu-se forçado a mudar de estratégia. Já em meados de 1976, iniciou um lento processo de abertura democrática e adequação social. Este processo não poderia ser rápido demais, pois poderia haver uma explosão social, nem muito lento, pois a recessão advinda poderia destruir a economia do país. Ato Institucional Número Um Em 9 de abril de 1964 foi publicado o Ato Segue o texto do primeiro paragrafo do AI-1: "... É indispensável fixar o conceito do movimento civil e militar que acaba de abrir ao Brasil uma nova perspectiva sobre o seu futuro. O que houve e continuará a haver neste momento, não só no espírito e no comportamento das classes armadas, como na opinião pública nacional, é uma autêntica revolução." "A revolução se distingue de outros movimentos armados pelo fato de que nela se traduz não o interesse e a vontade de um grupo, mas o interesse e a vontade da Nação." "A revolução vitoriosa se investe no exercício do Poder Constituinte. Este se manifesta pela eleição popular ou pela revolução. Esta é a forma mais expressiva e mais radical do Poder Constituinte. Assim, a revolução vitoriosa, como Poder Constituinte, se legitima por si mesma." Como observado no texto, os militares acreditavam da necessidade urgente de legitimar o governo. Muitos ainda discutem que se fosse de fato um "movimento popular legítimo em nome da democracia", alguns meses depois da "revolução" deveria ser feito um plebiscito, para se saber da verdadeira Ainda hoje é cobrada pelos mais antigos a necessidade de se mandarem cumprir dezesseis atos institucionais. Alegam outros que no início houve o desejo de entregar a democracia o mais rapidamente possível à Nação. Ainda dizem que o presidente Castello Branco foi bastante claro quanto ao seu desejo, pois ele era um intelectual.
  • 16. Dizem ainda que houve uma radicalização principalmente da linha dura dos militares, que não aceitavam de forma alguma um governo de tendências esquerdistas democraticamente eleito novamente. Segundo o grupo mais radical, se isso acontecesse, poderia haver uma entrada das esquerdas no Brasil e, em consequência, o país explodiria em conflitos agrários e urbanos, com muito mais violência do que se eles permanecessem no poder. Lista dos principais movimentos da época Direita Instituto de Pesquisas e Estudos Sociais (IPES) Instituto Brasileiro de Ação Democrática (Ibad) Campanha da Mulher pela Democracia (Camde, financiada pelo Ipes) União Cívica Feminina (UCF, sob orientação do Ipes) Associação dos Dirigentes Cristãos de Empresas (Adce, ligada ao Ipes) Movimento Anticomunista (MAC, formado por universitários) Frente da Juventude Democrática (formada por estudantes anticomunistas radicais) Comando de Caça aos Comunistas (formado por estudantes anticomunistas radicais, conhecido como CCC) Esquadrões da Morte (formados por policiais para o assassinato de opositores)