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Campo Grande, MS – 02 de aagosto de 2021
Rafael S. Gon – Cardiologista e arritmologista
Hospital do Coração de Mato Grosso do Sul
Fibrilação Atrial na Emergência
• Na ausência de instabilidade hemodinâmica:
 FA > 48hs  controlo a FC
 FA < 48hs  reverter para ritmo sinusal
• Certo ??
Emergencista Cardio/arritmologista
Fibrilação Atrial na Emergência
• Porque não é “bem assim” ?
• FA < 48hs (palpitações há 40hs = palpitações há 6hs ?)
• Homem 26 anos, palpitações após despedida de solteiro
• Mulher 76 anos, HAS, DM e IAM há 2 anos
Fibrilação Atrial na Emergência
• A regra das 48hs tem sido questionada
• Complicações tromboembólicas após cardioversão:
 < 12hs = 0,3%
 > 12hs = 1,1%
 Aumenta em > 75 anos e mulheres
Fibrilação Atrial na Emergência
• Para o paciente, não é melhor ficar em ritmo sinusal ??
• Em FA  mais sintomas, redução do débito cardíaco
• Então não seria melhor tentar reverter o ritmo logo?
Fibrilação Atrial na Emergência
• RACE 7  NEJM 2019
• 437 pacientes com FA < 36hs (sintomática)
• Cardioversão precoce (química ou elétrica) OU
• “Espero pra ver” (BBQ, BCC ou digital para FC <110bpm +
resolução dos sintomas e cardioversão tardia)
• Desfecho 1º : pacientes em ritmo sinusal após 4 semanas
• “Esperar para ver” foi não inferior à cardioversão precoce
Cardioversão ou controle da FC ?
Controle de FC (EV) + anticoagulação
Observar reversão espontânea
Cardioversão química ou elétrica
Reversão sem sucesso
Decisão do especialista (ambulatorial?)
Possíveis cenários: FA < 48hs
FA >48hs
Controle do
ritmo
Eco TE
+ ACO
ACO 3
semanas
Controle da
FC
ACO
Possíveis cenários: FA > 48hs
• Após cardioversão manter anticoagulante por no mínimo 4
semanas
• Após este período será determinada pelo risco de eventos
trombóticos (CHADS-VASc)
• Posso “não anticoagular” algum paciente ?
 Se FA < 24hs e sem fatores de risco (CHADS-VASc)
 Omitir a anticoagulação após cardioversão é Classe IIb
(ESC)
Anticoagulação
Possíveis cenários:
FA + instabilidade hemodinâmica
• Paciente 54 anos, hidiabética, história de 4 dias com febre
e piúria
• Admitida no HCMS e realizada IOT por rebaixamento do
nível de consciência
• “Choque pós tubo”, iniciada noradrenalina que agora já
está em 25ml/h.
• No momento: PA 78x40mmHg e FC 140 bpm em FA.
Possíveis cenários:
FA + instabilidade hemodinâmica
FA + Instabilidade hemodinâmica = CVE ??
Me solta, uma FA instável
Preciso cardioverter !
Possíveis cenários:
FA + instabilidade hemodinâmica
• Paciente 62 anos, hipertenso, 2 IAMs prévios, queixa de
palpitações e dor torácica. Nega histórico de arritmias.
• Admitido no HCMS sudoreico, pálido, dor torácica em
aperto intensa irradiada para mandíbula.
• No momento: PA 80x42mmHg e FC 190 bpm em FA.
• FA + Instabilidade hemodinâmica  CVE ?
Possíveis cenários:
FA + instabilidade hemodinâmica
Cardioversão Elétrica
Como fazer?

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  • 1. Campo Grande, MS – 02 de aagosto de 2021 Rafael S. Gon – Cardiologista e arritmologista Hospital do Coração de Mato Grosso do Sul
  • 2. Fibrilação Atrial na Emergência • Na ausência de instabilidade hemodinâmica:  FA > 48hs  controlo a FC  FA < 48hs  reverter para ritmo sinusal • Certo ??
  • 4. • Porque não é “bem assim” ? • FA < 48hs (palpitações há 40hs = palpitações há 6hs ?) • Homem 26 anos, palpitações após despedida de solteiro • Mulher 76 anos, HAS, DM e IAM há 2 anos Fibrilação Atrial na Emergência
  • 5. • A regra das 48hs tem sido questionada • Complicações tromboembólicas após cardioversão:  < 12hs = 0,3%  > 12hs = 1,1%  Aumenta em > 75 anos e mulheres Fibrilação Atrial na Emergência
  • 6. • Para o paciente, não é melhor ficar em ritmo sinusal ?? • Em FA  mais sintomas, redução do débito cardíaco • Então não seria melhor tentar reverter o ritmo logo? Fibrilação Atrial na Emergência
  • 7. • RACE 7  NEJM 2019 • 437 pacientes com FA < 36hs (sintomática) • Cardioversão precoce (química ou elétrica) OU • “Espero pra ver” (BBQ, BCC ou digital para FC <110bpm + resolução dos sintomas e cardioversão tardia) • Desfecho 1º : pacientes em ritmo sinusal após 4 semanas • “Esperar para ver” foi não inferior à cardioversão precoce Cardioversão ou controle da FC ?
  • 8. Controle de FC (EV) + anticoagulação Observar reversão espontânea Cardioversão química ou elétrica Reversão sem sucesso Decisão do especialista (ambulatorial?) Possíveis cenários: FA < 48hs
  • 9. FA >48hs Controle do ritmo Eco TE + ACO ACO 3 semanas Controle da FC ACO Possíveis cenários: FA > 48hs
  • 10. • Após cardioversão manter anticoagulante por no mínimo 4 semanas • Após este período será determinada pelo risco de eventos trombóticos (CHADS-VASc) • Posso “não anticoagular” algum paciente ?  Se FA < 24hs e sem fatores de risco (CHADS-VASc)  Omitir a anticoagulação após cardioversão é Classe IIb (ESC) Anticoagulação
  • 11. Possíveis cenários: FA + instabilidade hemodinâmica
  • 12. • Paciente 54 anos, hidiabética, história de 4 dias com febre e piúria • Admitida no HCMS e realizada IOT por rebaixamento do nível de consciência • “Choque pós tubo”, iniciada noradrenalina que agora já está em 25ml/h. • No momento: PA 78x40mmHg e FC 140 bpm em FA. Possíveis cenários: FA + instabilidade hemodinâmica
  • 13. FA + Instabilidade hemodinâmica = CVE ?? Me solta, uma FA instável Preciso cardioverter ! Possíveis cenários: FA + instabilidade hemodinâmica
  • 14. • Paciente 62 anos, hipertenso, 2 IAMs prévios, queixa de palpitações e dor torácica. Nega histórico de arritmias. • Admitido no HCMS sudoreico, pálido, dor torácica em aperto intensa irradiada para mandíbula. • No momento: PA 80x42mmHg e FC 190 bpm em FA. • FA + Instabilidade hemodinâmica  CVE ? Possíveis cenários: FA + instabilidade hemodinâmica

Notas do Editor

  1. Cardioversão precoce X “espero pra ver” CV química ou elétrica (Flecainide) X controle de FC
  2. Cardioversão precoce X “espero pra ver” CV química ou elétrica (Flecainide) X controle de FC
  3. Cardioversão precoce X “espero pra ver” CV química ou elétrica (Flecainide) X controle de FC
  4. Cardioversão precoce X “espero pra ver” CV química ou elétrica (Flecainide) X controle de FC
  5. Cardioversão precoce X “espero pra ver” CV química ou elétrica (Flecainide) X controle de FC
  6. Cardioversão precoce X “espero pra ver” CV química ou elétrica (Flecainide) X controle de FC
  7. Maximum-fixed energy shocks for cardioverting atrial fibrillation - European Heart Journal – Agosto de 2019