SlideShare uma empresa Scribd logo
1
Estratégia de Autofinanciamento de Projetos
Tito Cardoso | Diretor Associado
Berkeley Research Group
tcardoso@thinkbrg.com
T +55 11 3728.9227
M +55 11 94456.1821
thinkbrg.com
1ª edição: 30-07-2014 | revisado: 16-02-2017
A expansão de negócios na indústria é sujeita ao efeito dos ciclos de variação de preços das commodities no
mercado internacional. Mesmo as indústrias onde os produtos têm o preço fixado com base em contratos anuais
sofrem os efeitos da volatilidade dos preços em longo prazo. Esta realidade pode ser observada, por exemplo, na
mineração de ferro [1]
.
Em momentos de baixa no preço das commodities, observa-se restrição de capital para expansão dos negócios. No
mercado interno, a redução nas expectativas de crescimento econômico reduz, também, o nível de investimentos [2]
.
2
Neste cenário vários projetos são inviabilizados ou postergados.
No presente trabalho, uma estratégia denominada autofinanciamento é proposta e demonstrada a sua viabilidade
para continuidade dos investimentos em projetos industriais em cenários de restrição de acesso ao capital.
Estratégia de Autofinanciamento de Projetos
Como resposta à barreira de acesso ao capital, a estratégia proposta consiste em modular um projeto em unidades
produtivas autônomas – linhas paralelas de produção é a forma mais elementar deste conceito - e dividir em fases a
implantação de um empreendimento que, em outro cenário, poderia ser implantado de uma única vez.
Ao modular o empreendimento segundo esta lógica, após a implantação da primeira fase, a margem de receita
operacional obtida pela produção da fase anterior, pode ser integralmente reinvestida na implantação da nova fase,
reduzindo ou, como veremos no critério a seguir, eliminando por completo a necessidade de capital adicional para
concluir o empreendimento completo. Em outras palavras, o projeto “vai se pagando” a partir do fim da 1ª fase.
3
Empreendimento modulado em“F” Fases
Critério de Autofinanciamento
O projeto planejado segundo esta estratégia e atendendo ao critério seguinte é autofinanciado:
A derivação deste critério admite as seguintes aproximações simplificadoras:
• Cada fase consome 1/F do capex total do empreendimento, Cpx, onde F é o número de fases no qual a
implantação foi dividida. Em outras palavras, o faseamento divide em partes iguais o investimento e não
aumenta ou diminui o investimento total necessário à implantação do empreendimento.
• Depois de implantada cada fase, mais 1/F da margem de receita operacional, M, inicia a ser faturada, ou seja,
as fases são idênticas em capacidade e faturamento e não são considerados tempos de ramp-up.
• Cada fase consome  do tempo que seria necessário para start-up, Sup, se o empreendimento fosse
implantado em uma única fase.  pode assumir valores na faixa de 0 a 1. Se = 1 e F = 3, a implantação do
empreendimento em 3 fases deverá consumir o triplo do tempo de implantação.
Potencial do Autofinanciamento
O termo à direita da equação do critério informa o máximo percentual do capex total do empreendimento que
poderia ser autofinanciado. Então podemos utilizar o critério para determinar o faseamento do projeto necessário
para comportar a restrição do investimento disponível, por exemplo:
4
• Para F=3 fases (=1), 66,7% do capex poderá ser autofinanciado, ou seja, para implantar todo o
empreendimento, precisamos dispor de apenas 1/3 do capital total.
• Para F=4 fases (=1), o autofinanciamento poderá subir para 75% do capex total. O empreendedor precisa
ter apenas ¼ do capex total disponível para implantar todo o empreendimento com esta estratégia.
O gráfico seguinte apresenta a evolução do nível de autofinanciamento que pode ser obtida seguindo esta estratégia.
Determinação da Margem Necessária para Autofinanciamento
O critério permite determinar o valor da margem operacional a considerar no modelo econômico para que a
implantação do projeto possa ser faseada em “F” fases, por exemplo:
Para F=3 fases (=1), obtemos M = 2/3 ( Cpx/Sup ). Se o investimento necessário para implantar todo o
empreendimento for US$ 1,0 Bi em 3 anos, então, se a implantação for dividida em 3 fases, uma margem de
US$ 222,2 /ano será necessária para que o empreendedor possa implantar todo o empreendimento dispondo de
apenas US$ 333 MM de capital.
Para F=4 fases (=1), M = ½ Cpx/Sup. Para o mesmo empreendimento de US$ 1,0 Bi, que seria implantado em 3 anos,
dividindo-o em 4 fases, uma margem de US$ 166,7 /ano, permite implantar todo o empreendimento dispondo de
apenas US$ 250 MM de capital.
Viabilidade de Projetos Autofinanciados
Se por um lado a estratégia de dividir o empreendimento em fases produtivas individuais permite que o projeto “vá
se pagando”, sendo assim autofinanciado, e requerendo uma fração menor de capital inicialmente disponível, por
outro lado, a estratégia aumenta o tempo total para implantação do empreendimento, postergando o período no
qual o pleno faturamento será obtido.
Ainda que o modelo derivado considere que o investimento e margem totais não são alterados com o faseamento,
esta postergação reduz o valor presente líquido do projeto e quanto mais o projeto é dividido em fases, mais o seu
valor é reduzido.
5
Para ilustrar este efeito, o gráfico seguinte apresenta a mudança no valor presente líquido (VPL) de um projeto de
US$ 1,0 bilhão e margem operacional de US$ 250 MM à medida que a sua implantação, inicialmente em 3 anos, é
dividida em fases produtivas autônomas.
A redução de valor do projeto pode ser um preço razoável a se pagar, se consideramos que o empreendedor não
dispõe do capital total que seria necessário sem aplicar a estratégia de autofinanciamento. É a decisão entre
implantar o empreendimento abaixo do seu máximo potencial de valor ou não implantar nada.
Reversão da Perda de Valor do Projeto
O efeito de perda de valor pode ser revertido com a redução do tempo necessário à implantação de cada fase
individual. No modelo derivado, esta redução é descrita pela variável . Sempre que < 1, o tempo de uma fase
individual é menor do que o tempo necessário para implantação do empreendimento de uma só vez.
Para avaliarmos este efeito, vamos descrever o fluxo de caixa em cada situação, sendo VPI o valor presente do
investimento, VP(M) o valor presente da margem, t é o tempo, i é a taxa anual de desconto do fluxo de caixa e, como
antes, F é o número de fases, Sup é o tempo para implantação do empreendimento de uma só vez e ( Sup ) é o
tempo para implantação de uma fase, onde  é o fator de redução do tempo de implantação de uma fase, podendo
assumir valores na faixa de 0 a 1.
1) Situação usual, sem autofinanciamento:
6
2) Situação com autofinanciamento, em fases produtivas autônomas:
Para estabelecer o cálculo do valor presente de cada situação, além das mesmas simplificações adotadas para
derivação do critério de autofinanciamento, acrescentamos:
• O VP(M) é calculado em perpetuidade, ou seja, VP(M)t = M / i
• O VPI é descrito em função do capex por VPI = .Cpx, onde  é um fator de forma que descreve a curva de
desembolso do investimento. Por exemplo, um investimento de US$ 1,0 Bi, desembolsado em 3 anos, sendo
20% no 1º ano, 45% no 2º ano e 35% no último ano, apresenta um VPI@10% de US$ 820 MM, ou seja,  =
0,82.
Aplicando este modelo para o mesmo projeto de Cpx = US$ 1,0 Bi de investimento total, margem M = US$ 250 MM,
 = 0,80, taxa de desconto i = 10%a.a. e tempo de implantação Sup = 3 anos, variando  numa faixa de valores
realista, encontramos que a redução do tempo de implantação de uma fase entre 60% a 70% do tempo total,
consegue reverter o efeito da postergação do faturamento pleno, recuperando ou até aumentando o valor do
projeto para divisão da implantação em 2 ou 3 fases.
7
Conclusões
• É proposta uma estratégia denominada autofinanciamento, para divisão do escopo de um projeto em
unidades capazes de produção autônoma, implantadas sequencialmente em fases, onde cada fase
implantada “paga” a implantação das fases sucessoras.
• Demonstramos que a estratégia proposta é efetiva em viabilizar projetos sob condições de restrição de
acesso ao capital, podendo reduzir o capital necessário a valores entre 50% e 20% do investimento total.
• Estabelecemos um critério de cálculo da margem operacional em função do número de fases tal que quanto
mais se dividir a implantação, menos capital inicial é necessário, ou seja, maior será o autofinanciamento do
projeto.
• Demonstramos que o efeito de perda de valor do projeto devido à postergação do pleno faturamento pode
ser revertido com a redução do tempo de implantação de cada fase na faixa de 60% a 70% do tempo de
implantação inicial.
• Vantagens adicionais da estratégia:
o A implantação de fases sequenciais idênticas em escopo e capacidade deve resultar um efeito de
curva de aprendizado que não foi considerado no modelo apresentado neste trabalho. Neste
conceito, o  sofreria uma aceleração a cada nova fase, reduzindo cada vez mais o tempo de
implantação de uma fase.
o A implantação em fases sequenciais de menor porte viabiliza o controle mais detalhado e eficaz da
implantação com um owner team e custos de gerenciamento do projeto relativamente menores e
maior previsibilidade do que seria observado na implantação do empreendimento inteiro de uma só
vez.
O menor porte de cada fase individual reduz o risco de implantação e aumenta a oferta para fornecimentos que não
estariam habilitados para implantação do porte do empreendimento inteiro.
Considerações
Momento para Decisão pela Estratégia
A decisão pela implantação de um projeto segundo a estratégia de autofinanciamento deve ser tomada ao início do
seu desenvolvimento, porque esta decisão reflete diretamente na elaboração da engenharia do projeto – não se
trata apenas de dividir a implantação em fases, mas sim de obter ao final da implantação de cada fase uma unidade
operacional autônoma, ou seja, completamente funcional. Um projeto autofinanciado vai se assemelhar mais a um
conjunto de plantas/linhas completas e independentes em um site compartilhado do que uma única planta com
diferentes linhas em determinadas etapas do processo, mais usual.
Riscos e Mitigações recomendadas
• Mercado: para qualquer projeto de capital, quanto maior for o tempo de implantação, maior é a exposição
do valor do projeto à volatilidade dos preços:
o Produtos e insumos-chave para produção: Para mitigar este risco, recomenda-se a garantia, através
de acordos de longo prazo, a venda da produção, crescente à medida que as fases vão sendo
8
implantadas, até a conclusão de todo o empreendimento. Diferentes arranjos comerciais e prêmios
podem ser propostos para viabilizar tais acordos.
o Serviços e materiais para implantação: Para mitigar este risco, como as fases são implantadas
sequencialmente, e o prazo total para implantação do empreendimento todo é estendido, a
estratégia de autofinanciamento cria opções para estabelecimento de acordos de longo prazo, com
opção, para fornecimento de serviços e materiais para implantação.
• Competição da indústria: Todo projeto de capital é implementado a partir de uma janela de oportunidade
identificada no mercado. Projetos concorrentes podem capturar esta oportunidade, parcial ou totalmente,
durante o tempo necessário para implantar as diversas fases do empreendimento. A mitigação e conversão
desta ameaça em oportunidade consistem em acelerar a implantação da 1ª fase (o fator  do modelo). Se a
primeira fase for implantada significativamente mais rápido do que seria possível para implantação de um
empreendimento inteiro, a oportunidade é parcialmente capturada com antecipação pelo nosso projeto,
reduzindo a exposição à ameaça dos competidores em 1/F da oportunidade identificada a cada fase
implantada.
• Acesso a recursos para produção: Apesar das unidades produtivas autônomas serem implantadas uma de
cada vez, sequencialmente, o terreno, áreas de deposição de rejeitos, direitos de uso da água, etc.
necessários ao empreendimento inteiro devem ser garantidos logo ao início da implantação da primeira fase.
Esta consideração é importante para mitigar os riscos de que faltem recursos na implantação das últimas
fases do empreendimento, seja por especulação, seja por competição de outros empreendimentos pelos
mesmos recursos.
Referências
[1] http://markets.businessinsider.com/commodities/iron-ore-price. Acessado: 16-02-17
[2] https://tradingeconomics.com/brazil/gross-fixed-capital-formation. Acessado: 16-02-17
Sobre a BRG
A BRG LLC é líder global em consultoria estratégica e consultoria de especialistas que fornece aconselhamento estratégico, testemunho de
especialistas independentes, suporte em litígios e consultoria regulatória, estudos oficiais e análise de documentos e dados a grandes
escritórios de advocacia, corporações Fortune 500, agências do governo e corpos regulatórios de todo o mundo. Os especialistas e consultores
da BRG combinam o rigor acadêmico com a experiência prática do mundo real e uma profunda compreensão dos setores e mercados. Sua
expertise se estende pela economia e finanças, análise de dados e estatística e políticas públicas em muitos dos principais setores da nossa
economia, incluindo saúde, sistema bancário, tecnologia da informação, energia, construção e mercado imobiliário. A BRG está sediada em
Emeryville, Califórnia, com mais de 1.000 profissionais localizados nos escritórios nos Estados Unidos, Austrália, Canadá, América Latina e
Reino Unido.
Informações de contato
cgraeff@thinkbrg.com
+55 11 94550-3892
www.thinkbrg.com
www.linkedin.com/company/berkeley-research-group-llc
Berkeley Research Group
THINK TANK

Mais conteúdo relacionado

Semelhante a Estratégia de Autofinanciamento de Projetos

Planejamento, Execução e Controle: A importância de simulações baseados em um...
Planejamento, Execução e Controle: A importância de simulações baseados em um...Planejamento, Execução e Controle: A importância de simulações baseados em um...
Planejamento, Execução e Controle: A importância de simulações baseados em um...Peter Mello
 
Analisederiscodaavaliacaodeprojetos fama brunisiqueira-1998
Analisederiscodaavaliacaodeprojetos fama brunisiqueira-1998Analisederiscodaavaliacaodeprojetos fama brunisiqueira-1998
Analisederiscodaavaliacaodeprojetos fama brunisiqueira-1998ISEL
 
Analise de viabilidade econômica portal de conhecimentos
Analise de viabilidade econômica portal de conhecimentosAnalise de viabilidade econômica portal de conhecimentos
Analise de viabilidade econômica portal de conhecimentosjustojoseroberts
 
FINACEIRA RISCO E RETORNO LOZANOppt.pdf
FINACEIRA RISCO E RETORNO LOZANOppt.pdfFINACEIRA RISCO E RETORNO LOZANOppt.pdf
FINACEIRA RISCO E RETORNO LOZANOppt.pdfAlineMorais185172
 
Indicadores portugues
Indicadores portuguesIndicadores portugues
Indicadores portuguesCirilo Leão
 
Gerenciamento ne Projetos no Marketing - Desenvolvimento de Novos Produtos
Gerenciamento ne Projetos no Marketing - Desenvolvimento de Novos ProdutosGerenciamento ne Projetos no Marketing - Desenvolvimento de Novos Produtos
Gerenciamento ne Projetos no Marketing - Desenvolvimento de Novos ProdutosGiovanni Giazzon
 
Analise do risco em projetos de investimentos todo de 20 monte carlo
Analise do risco em projetos de investimentos   todo de 20 monte carloAnalise do risco em projetos de investimentos   todo de 20 monte carlo
Analise do risco em projetos de investimentos todo de 20 monte carloAntônio Pedrosa
 
Planejamento de Círculo Produtivo
Planejamento de Círculo ProdutivoPlanejamento de Círculo Produtivo
Planejamento de Círculo ProdutivoLarissaCristinna213
 
Projeto Integração
Projeto IntegraçãoProjeto Integração
Projeto IntegraçãoMarco Coghi
 
Finanças Corporativas aulas 1 e 2.ppt
Finanças Corporativas aulas 1 e 2.pptFinanças Corporativas aulas 1 e 2.ppt
Finanças Corporativas aulas 1 e 2.pptAlmirSilveira7
 
Análise de investimento (tir, val, payback)
Análise de investimento (tir, val, payback)Análise de investimento (tir, val, payback)
Análise de investimento (tir, val, payback)Universidade Pedagogica
 
Viabilidade de negocico imobiliário
Viabilidade de negocico imobiliárioViabilidade de negocico imobiliário
Viabilidade de negocico imobiliárioRobson Ribeiro
 

Semelhante a Estratégia de Autofinanciamento de Projetos (20)

Calculo financeiro
Calculo financeiroCalculo financeiro
Calculo financeiro
 
Apostila mqaa
Apostila mqaaApostila mqaa
Apostila mqaa
 
Planejamento, Execução e Controle: A importância de simulações baseados em um...
Planejamento, Execução e Controle: A importância de simulações baseados em um...Planejamento, Execução e Controle: A importância de simulações baseados em um...
Planejamento, Execução e Controle: A importância de simulações baseados em um...
 
Analisederiscodaavaliacaodeprojetos fama brunisiqueira-1998
Analisederiscodaavaliacaodeprojetos fama brunisiqueira-1998Analisederiscodaavaliacaodeprojetos fama brunisiqueira-1998
Analisederiscodaavaliacaodeprojetos fama brunisiqueira-1998
 
Analise de investimento
Analise de investimentoAnalise de investimento
Analise de investimento
 
Analise de viabilidade econômica portal de conhecimentos
Analise de viabilidade econômica portal de conhecimentosAnalise de viabilidade econômica portal de conhecimentos
Analise de viabilidade econômica portal de conhecimentos
 
FINACEIRA RISCO E RETORNO LOZANOppt.pdf
FINACEIRA RISCO E RETORNO LOZANOppt.pdfFINACEIRA RISCO E RETORNO LOZANOppt.pdf
FINACEIRA RISCO E RETORNO LOZANOppt.pdf
 
Indicadores portugues
Indicadores portuguesIndicadores portugues
Indicadores portugues
 
Introdução
IntroduçãoIntrodução
Introdução
 
Avaliação projetos investimento_Fernando Bueno
Avaliação projetos investimento_Fernando BuenoAvaliação projetos investimento_Fernando Bueno
Avaliação projetos investimento_Fernando Bueno
 
Gerenciamento ne Projetos no Marketing - Desenvolvimento de Novos Produtos
Gerenciamento ne Projetos no Marketing - Desenvolvimento de Novos ProdutosGerenciamento ne Projetos no Marketing - Desenvolvimento de Novos Produtos
Gerenciamento ne Projetos no Marketing - Desenvolvimento de Novos Produtos
 
Apostila controladoria 6
Apostila controladoria  6Apostila controladoria  6
Apostila controladoria 6
 
Apostila controladoria 6
Apostila controladoria 6Apostila controladoria 6
Apostila controladoria 6
 
Analise do risco em projetos de investimentos todo de 20 monte carlo
Analise do risco em projetos de investimentos   todo de 20 monte carloAnalise do risco em projetos de investimentos   todo de 20 monte carlo
Analise do risco em projetos de investimentos todo de 20 monte carlo
 
Introdução
IntroduçãoIntrodução
Introdução
 
Planejamento de Círculo Produtivo
Planejamento de Círculo ProdutivoPlanejamento de Círculo Produtivo
Planejamento de Círculo Produtivo
 
Projeto Integração
Projeto IntegraçãoProjeto Integração
Projeto Integração
 
Finanças Corporativas aulas 1 e 2.ppt
Finanças Corporativas aulas 1 e 2.pptFinanças Corporativas aulas 1 e 2.ppt
Finanças Corporativas aulas 1 e 2.ppt
 
Análise de investimento (tir, val, payback)
Análise de investimento (tir, val, payback)Análise de investimento (tir, val, payback)
Análise de investimento (tir, val, payback)
 
Viabilidade de negocico imobiliário
Viabilidade de negocico imobiliárioViabilidade de negocico imobiliário
Viabilidade de negocico imobiliário
 

Mais de Tito Livio M. Cardoso

Tito Cardoso - Resumo - EN Junho-2023
Tito Cardoso - Resumo - EN Junho-2023Tito Cardoso - Resumo - EN Junho-2023
Tito Cardoso - Resumo - EN Junho-2023Tito Livio M. Cardoso
 
Tito Cardoso - Resumo - PT Junho-2023
Tito Cardoso - Resumo - PT Junho-2023Tito Cardoso - Resumo - PT Junho-2023
Tito Cardoso - Resumo - PT Junho-2023Tito Livio M. Cardoso
 
Probable Maximum Loss (PML) Evaluation
Probable Maximum Loss (PML) EvaluationProbable Maximum Loss (PML) Evaluation
Probable Maximum Loss (PML) EvaluationTito Livio M. Cardoso
 
Estimativa Parametrica de Custo de Transportador de Correia
Estimativa Parametrica de Custo de Transportador de CorreiaEstimativa Parametrica de Custo de Transportador de Correia
Estimativa Parametrica de Custo de Transportador de CorreiaTito Livio M. Cardoso
 
Use of the Bowtie Tool to Develop Regulatory Standards Focusing on Process Sa...
Use of the Bowtie Tool to Develop Regulatory Standards Focusing on Process Sa...Use of the Bowtie Tool to Develop Regulatory Standards Focusing on Process Sa...
Use of the Bowtie Tool to Develop Regulatory Standards Focusing on Process Sa...Tito Livio M. Cardoso
 
Certificado DIO Especialaista Inovação Digital AD0B801B.pdf
Certificado DIO Especialaista Inovação Digital AD0B801B.pdfCertificado DIO Especialaista Inovação Digital AD0B801B.pdf
Certificado DIO Especialaista Inovação Digital AD0B801B.pdfTito Livio M. Cardoso
 
Certificado DIO Front-End Angular 1E8E60C7.pdf
Certificado DIO Front-End Angular 1E8E60C7.pdfCertificado DIO Front-End Angular 1E8E60C7.pdf
Certificado DIO Front-End Angular 1E8E60C7.pdfTito Livio M. Cardoso
 
Certificado DIO Fullstack developer - Banco carrefour 7B553D75.pdf
Certificado DIO Fullstack developer - Banco carrefour 7B553D75.pdfCertificado DIO Fullstack developer - Banco carrefour 7B553D75.pdf
Certificado DIO Fullstack developer - Banco carrefour 7B553D75.pdfTito Livio M. Cardoso
 
Dinâmica das contratações governamentais: Propostas para eficiência e satisfa...
Dinâmica das contratações governamentais: Propostas para eficiência e satisfa...Dinâmica das contratações governamentais: Propostas para eficiência e satisfa...
Dinâmica das contratações governamentais: Propostas para eficiência e satisfa...Tito Livio M. Cardoso
 
DYNAMICS OF GOVERNMENT CONTRACTING: PROPOSALS FOR EFFICIENCY AND SATISFACTION...
DYNAMICS OF GOVERNMENT CONTRACTING: PROPOSALS FOR EFFICIENCY AND SATISFACTION...DYNAMICS OF GOVERNMENT CONTRACTING: PROPOSALS FOR EFFICIENCY AND SATISFACTION...
DYNAMICS OF GOVERNMENT CONTRACTING: PROPOSALS FOR EFFICIENCY AND SATISFACTION...Tito Livio M. Cardoso
 
Desenvolvimento de projetos em baixa das commodities
Desenvolvimento de projetos em baixa das commoditiesDesenvolvimento de projetos em baixa das commodities
Desenvolvimento de projetos em baixa das commoditiesTito Livio M. Cardoso
 
Riscos relacionadas a extensao de cronogramas - Schedule extension related risks
Riscos relacionadas a extensao de cronogramas - Schedule extension related risksRiscos relacionadas a extensao de cronogramas - Schedule extension related risks
Riscos relacionadas a extensao de cronogramas - Schedule extension related risksTito Livio M. Cardoso
 
Otimização da configuração do banco de baterias para navio híbrido
Otimização da configuração do banco de baterias para navio híbridoOtimização da configuração do banco de baterias para navio híbrido
Otimização da configuração do banco de baterias para navio híbridoTito Livio M. Cardoso
 
Utilizing a Self-Financing Strategy for Projects - BRG Review 7-1-2018
Utilizing a Self-Financing Strategy for Projects - BRG Review 7-1-2018Utilizing a Self-Financing Strategy for Projects - BRG Review 7-1-2018
Utilizing a Self-Financing Strategy for Projects - BRG Review 7-1-2018Tito Livio M. Cardoso
 
Critério de decisão para implantação da infraestrutura em projetos implantado...
Critério de decisão para implantação da infraestrutura em projetos implantado...Critério de decisão para implantação da infraestrutura em projetos implantado...
Critério de decisão para implantação da infraestrutura em projetos implantado...Tito Livio M. Cardoso
 
Decision criterion for anticipation of the infrastructure in staged projects
Decision criterion for anticipation of the infrastructure in staged projectsDecision criterion for anticipation of the infrastructure in staged projects
Decision criterion for anticipation of the infrastructure in staged projectsTito Livio M. Cardoso
 
Analise de riscos da aplicação de novas tecnologias
Analise de riscos da aplicação de novas tecnologiasAnalise de riscos da aplicação de novas tecnologias
Analise de riscos da aplicação de novas tecnologiasTito Livio M. Cardoso
 
Efeitos da incerteza na produtividade de serviços sobre o custo e prazo do pr...
Efeitos da incerteza na produtividade de serviços sobre o custo e prazo do pr...Efeitos da incerteza na produtividade de serviços sobre o custo e prazo do pr...
Efeitos da incerteza na produtividade de serviços sobre o custo e prazo do pr...Tito Livio M. Cardoso
 
Comparação de modelagem com e sem probabilidade de ocorrência na análise quan...
Comparação de modelagem com e sem probabilidade de ocorrência na análise quan...Comparação de modelagem com e sem probabilidade de ocorrência na análise quan...
Comparação de modelagem com e sem probabilidade de ocorrência na análise quan...Tito Livio M. Cardoso
 

Mais de Tito Livio M. Cardoso (20)

Tito Cardoso - Resumo - EN Junho-2023
Tito Cardoso - Resumo - EN Junho-2023Tito Cardoso - Resumo - EN Junho-2023
Tito Cardoso - Resumo - EN Junho-2023
 
Tito Cardoso - Resumo - PT Junho-2023
Tito Cardoso - Resumo - PT Junho-2023Tito Cardoso - Resumo - PT Junho-2023
Tito Cardoso - Resumo - PT Junho-2023
 
Probable Maximum Loss (PML) Evaluation
Probable Maximum Loss (PML) EvaluationProbable Maximum Loss (PML) Evaluation
Probable Maximum Loss (PML) Evaluation
 
Estimativa Parametrica de Custo de Transportador de Correia
Estimativa Parametrica de Custo de Transportador de CorreiaEstimativa Parametrica de Custo de Transportador de Correia
Estimativa Parametrica de Custo de Transportador de Correia
 
Use of the Bowtie Tool to Develop Regulatory Standards Focusing on Process Sa...
Use of the Bowtie Tool to Develop Regulatory Standards Focusing on Process Sa...Use of the Bowtie Tool to Develop Regulatory Standards Focusing on Process Sa...
Use of the Bowtie Tool to Develop Regulatory Standards Focusing on Process Sa...
 
Analise de riscos das alternativas
Analise de riscos das alternativasAnalise de riscos das alternativas
Analise de riscos das alternativas
 
Certificado DIO Especialaista Inovação Digital AD0B801B.pdf
Certificado DIO Especialaista Inovação Digital AD0B801B.pdfCertificado DIO Especialaista Inovação Digital AD0B801B.pdf
Certificado DIO Especialaista Inovação Digital AD0B801B.pdf
 
Certificado DIO Front-End Angular 1E8E60C7.pdf
Certificado DIO Front-End Angular 1E8E60C7.pdfCertificado DIO Front-End Angular 1E8E60C7.pdf
Certificado DIO Front-End Angular 1E8E60C7.pdf
 
Certificado DIO Fullstack developer - Banco carrefour 7B553D75.pdf
Certificado DIO Fullstack developer - Banco carrefour 7B553D75.pdfCertificado DIO Fullstack developer - Banco carrefour 7B553D75.pdf
Certificado DIO Fullstack developer - Banco carrefour 7B553D75.pdf
 
Dinâmica das contratações governamentais: Propostas para eficiência e satisfa...
Dinâmica das contratações governamentais: Propostas para eficiência e satisfa...Dinâmica das contratações governamentais: Propostas para eficiência e satisfa...
Dinâmica das contratações governamentais: Propostas para eficiência e satisfa...
 
DYNAMICS OF GOVERNMENT CONTRACTING: PROPOSALS FOR EFFICIENCY AND SATISFACTION...
DYNAMICS OF GOVERNMENT CONTRACTING: PROPOSALS FOR EFFICIENCY AND SATISFACTION...DYNAMICS OF GOVERNMENT CONTRACTING: PROPOSALS FOR EFFICIENCY AND SATISFACTION...
DYNAMICS OF GOVERNMENT CONTRACTING: PROPOSALS FOR EFFICIENCY AND SATISFACTION...
 
Desenvolvimento de projetos em baixa das commodities
Desenvolvimento de projetos em baixa das commoditiesDesenvolvimento de projetos em baixa das commodities
Desenvolvimento de projetos em baixa das commodities
 
Riscos relacionadas a extensao de cronogramas - Schedule extension related risks
Riscos relacionadas a extensao de cronogramas - Schedule extension related risksRiscos relacionadas a extensao de cronogramas - Schedule extension related risks
Riscos relacionadas a extensao de cronogramas - Schedule extension related risks
 
Otimização da configuração do banco de baterias para navio híbrido
Otimização da configuração do banco de baterias para navio híbridoOtimização da configuração do banco de baterias para navio híbrido
Otimização da configuração do banco de baterias para navio híbrido
 
Utilizing a Self-Financing Strategy for Projects - BRG Review 7-1-2018
Utilizing a Self-Financing Strategy for Projects - BRG Review 7-1-2018Utilizing a Self-Financing Strategy for Projects - BRG Review 7-1-2018
Utilizing a Self-Financing Strategy for Projects - BRG Review 7-1-2018
 
Critério de decisão para implantação da infraestrutura em projetos implantado...
Critério de decisão para implantação da infraestrutura em projetos implantado...Critério de decisão para implantação da infraestrutura em projetos implantado...
Critério de decisão para implantação da infraestrutura em projetos implantado...
 
Decision criterion for anticipation of the infrastructure in staged projects
Decision criterion for anticipation of the infrastructure in staged projectsDecision criterion for anticipation of the infrastructure in staged projects
Decision criterion for anticipation of the infrastructure in staged projects
 
Analise de riscos da aplicação de novas tecnologias
Analise de riscos da aplicação de novas tecnologiasAnalise de riscos da aplicação de novas tecnologias
Analise de riscos da aplicação de novas tecnologias
 
Efeitos da incerteza na produtividade de serviços sobre o custo e prazo do pr...
Efeitos da incerteza na produtividade de serviços sobre o custo e prazo do pr...Efeitos da incerteza na produtividade de serviços sobre o custo e prazo do pr...
Efeitos da incerteza na produtividade de serviços sobre o custo e prazo do pr...
 
Comparação de modelagem com e sem probabilidade de ocorrência na análise quan...
Comparação de modelagem com e sem probabilidade de ocorrência na análise quan...Comparação de modelagem com e sem probabilidade de ocorrência na análise quan...
Comparação de modelagem com e sem probabilidade de ocorrência na análise quan...
 

Estratégia de Autofinanciamento de Projetos

  • 1. 1 Estratégia de Autofinanciamento de Projetos Tito Cardoso | Diretor Associado Berkeley Research Group tcardoso@thinkbrg.com T +55 11 3728.9227 M +55 11 94456.1821 thinkbrg.com 1ª edição: 30-07-2014 | revisado: 16-02-2017 A expansão de negócios na indústria é sujeita ao efeito dos ciclos de variação de preços das commodities no mercado internacional. Mesmo as indústrias onde os produtos têm o preço fixado com base em contratos anuais sofrem os efeitos da volatilidade dos preços em longo prazo. Esta realidade pode ser observada, por exemplo, na mineração de ferro [1] . Em momentos de baixa no preço das commodities, observa-se restrição de capital para expansão dos negócios. No mercado interno, a redução nas expectativas de crescimento econômico reduz, também, o nível de investimentos [2] .
  • 2. 2 Neste cenário vários projetos são inviabilizados ou postergados. No presente trabalho, uma estratégia denominada autofinanciamento é proposta e demonstrada a sua viabilidade para continuidade dos investimentos em projetos industriais em cenários de restrição de acesso ao capital. Estratégia de Autofinanciamento de Projetos Como resposta à barreira de acesso ao capital, a estratégia proposta consiste em modular um projeto em unidades produtivas autônomas – linhas paralelas de produção é a forma mais elementar deste conceito - e dividir em fases a implantação de um empreendimento que, em outro cenário, poderia ser implantado de uma única vez. Ao modular o empreendimento segundo esta lógica, após a implantação da primeira fase, a margem de receita operacional obtida pela produção da fase anterior, pode ser integralmente reinvestida na implantação da nova fase, reduzindo ou, como veremos no critério a seguir, eliminando por completo a necessidade de capital adicional para concluir o empreendimento completo. Em outras palavras, o projeto “vai se pagando” a partir do fim da 1ª fase.
  • 3. 3 Empreendimento modulado em“F” Fases Critério de Autofinanciamento O projeto planejado segundo esta estratégia e atendendo ao critério seguinte é autofinanciado: A derivação deste critério admite as seguintes aproximações simplificadoras: • Cada fase consome 1/F do capex total do empreendimento, Cpx, onde F é o número de fases no qual a implantação foi dividida. Em outras palavras, o faseamento divide em partes iguais o investimento e não aumenta ou diminui o investimento total necessário à implantação do empreendimento. • Depois de implantada cada fase, mais 1/F da margem de receita operacional, M, inicia a ser faturada, ou seja, as fases são idênticas em capacidade e faturamento e não são considerados tempos de ramp-up. • Cada fase consome  do tempo que seria necessário para start-up, Sup, se o empreendimento fosse implantado em uma única fase.  pode assumir valores na faixa de 0 a 1. Se = 1 e F = 3, a implantação do empreendimento em 3 fases deverá consumir o triplo do tempo de implantação. Potencial do Autofinanciamento O termo à direita da equação do critério informa o máximo percentual do capex total do empreendimento que poderia ser autofinanciado. Então podemos utilizar o critério para determinar o faseamento do projeto necessário para comportar a restrição do investimento disponível, por exemplo:
  • 4. 4 • Para F=3 fases (=1), 66,7% do capex poderá ser autofinanciado, ou seja, para implantar todo o empreendimento, precisamos dispor de apenas 1/3 do capital total. • Para F=4 fases (=1), o autofinanciamento poderá subir para 75% do capex total. O empreendedor precisa ter apenas ¼ do capex total disponível para implantar todo o empreendimento com esta estratégia. O gráfico seguinte apresenta a evolução do nível de autofinanciamento que pode ser obtida seguindo esta estratégia. Determinação da Margem Necessária para Autofinanciamento O critério permite determinar o valor da margem operacional a considerar no modelo econômico para que a implantação do projeto possa ser faseada em “F” fases, por exemplo: Para F=3 fases (=1), obtemos M = 2/3 ( Cpx/Sup ). Se o investimento necessário para implantar todo o empreendimento for US$ 1,0 Bi em 3 anos, então, se a implantação for dividida em 3 fases, uma margem de US$ 222,2 /ano será necessária para que o empreendedor possa implantar todo o empreendimento dispondo de apenas US$ 333 MM de capital. Para F=4 fases (=1), M = ½ Cpx/Sup. Para o mesmo empreendimento de US$ 1,0 Bi, que seria implantado em 3 anos, dividindo-o em 4 fases, uma margem de US$ 166,7 /ano, permite implantar todo o empreendimento dispondo de apenas US$ 250 MM de capital. Viabilidade de Projetos Autofinanciados Se por um lado a estratégia de dividir o empreendimento em fases produtivas individuais permite que o projeto “vá se pagando”, sendo assim autofinanciado, e requerendo uma fração menor de capital inicialmente disponível, por outro lado, a estratégia aumenta o tempo total para implantação do empreendimento, postergando o período no qual o pleno faturamento será obtido. Ainda que o modelo derivado considere que o investimento e margem totais não são alterados com o faseamento, esta postergação reduz o valor presente líquido do projeto e quanto mais o projeto é dividido em fases, mais o seu valor é reduzido.
  • 5. 5 Para ilustrar este efeito, o gráfico seguinte apresenta a mudança no valor presente líquido (VPL) de um projeto de US$ 1,0 bilhão e margem operacional de US$ 250 MM à medida que a sua implantação, inicialmente em 3 anos, é dividida em fases produtivas autônomas. A redução de valor do projeto pode ser um preço razoável a se pagar, se consideramos que o empreendedor não dispõe do capital total que seria necessário sem aplicar a estratégia de autofinanciamento. É a decisão entre implantar o empreendimento abaixo do seu máximo potencial de valor ou não implantar nada. Reversão da Perda de Valor do Projeto O efeito de perda de valor pode ser revertido com a redução do tempo necessário à implantação de cada fase individual. No modelo derivado, esta redução é descrita pela variável . Sempre que < 1, o tempo de uma fase individual é menor do que o tempo necessário para implantação do empreendimento de uma só vez. Para avaliarmos este efeito, vamos descrever o fluxo de caixa em cada situação, sendo VPI o valor presente do investimento, VP(M) o valor presente da margem, t é o tempo, i é a taxa anual de desconto do fluxo de caixa e, como antes, F é o número de fases, Sup é o tempo para implantação do empreendimento de uma só vez e ( Sup ) é o tempo para implantação de uma fase, onde  é o fator de redução do tempo de implantação de uma fase, podendo assumir valores na faixa de 0 a 1. 1) Situação usual, sem autofinanciamento:
  • 6. 6 2) Situação com autofinanciamento, em fases produtivas autônomas: Para estabelecer o cálculo do valor presente de cada situação, além das mesmas simplificações adotadas para derivação do critério de autofinanciamento, acrescentamos: • O VP(M) é calculado em perpetuidade, ou seja, VP(M)t = M / i • O VPI é descrito em função do capex por VPI = .Cpx, onde  é um fator de forma que descreve a curva de desembolso do investimento. Por exemplo, um investimento de US$ 1,0 Bi, desembolsado em 3 anos, sendo 20% no 1º ano, 45% no 2º ano e 35% no último ano, apresenta um VPI@10% de US$ 820 MM, ou seja,  = 0,82. Aplicando este modelo para o mesmo projeto de Cpx = US$ 1,0 Bi de investimento total, margem M = US$ 250 MM,  = 0,80, taxa de desconto i = 10%a.a. e tempo de implantação Sup = 3 anos, variando  numa faixa de valores realista, encontramos que a redução do tempo de implantação de uma fase entre 60% a 70% do tempo total, consegue reverter o efeito da postergação do faturamento pleno, recuperando ou até aumentando o valor do projeto para divisão da implantação em 2 ou 3 fases.
  • 7. 7 Conclusões • É proposta uma estratégia denominada autofinanciamento, para divisão do escopo de um projeto em unidades capazes de produção autônoma, implantadas sequencialmente em fases, onde cada fase implantada “paga” a implantação das fases sucessoras. • Demonstramos que a estratégia proposta é efetiva em viabilizar projetos sob condições de restrição de acesso ao capital, podendo reduzir o capital necessário a valores entre 50% e 20% do investimento total. • Estabelecemos um critério de cálculo da margem operacional em função do número de fases tal que quanto mais se dividir a implantação, menos capital inicial é necessário, ou seja, maior será o autofinanciamento do projeto. • Demonstramos que o efeito de perda de valor do projeto devido à postergação do pleno faturamento pode ser revertido com a redução do tempo de implantação de cada fase na faixa de 60% a 70% do tempo de implantação inicial. • Vantagens adicionais da estratégia: o A implantação de fases sequenciais idênticas em escopo e capacidade deve resultar um efeito de curva de aprendizado que não foi considerado no modelo apresentado neste trabalho. Neste conceito, o  sofreria uma aceleração a cada nova fase, reduzindo cada vez mais o tempo de implantação de uma fase. o A implantação em fases sequenciais de menor porte viabiliza o controle mais detalhado e eficaz da implantação com um owner team e custos de gerenciamento do projeto relativamente menores e maior previsibilidade do que seria observado na implantação do empreendimento inteiro de uma só vez. O menor porte de cada fase individual reduz o risco de implantação e aumenta a oferta para fornecimentos que não estariam habilitados para implantação do porte do empreendimento inteiro. Considerações Momento para Decisão pela Estratégia A decisão pela implantação de um projeto segundo a estratégia de autofinanciamento deve ser tomada ao início do seu desenvolvimento, porque esta decisão reflete diretamente na elaboração da engenharia do projeto – não se trata apenas de dividir a implantação em fases, mas sim de obter ao final da implantação de cada fase uma unidade operacional autônoma, ou seja, completamente funcional. Um projeto autofinanciado vai se assemelhar mais a um conjunto de plantas/linhas completas e independentes em um site compartilhado do que uma única planta com diferentes linhas em determinadas etapas do processo, mais usual. Riscos e Mitigações recomendadas • Mercado: para qualquer projeto de capital, quanto maior for o tempo de implantação, maior é a exposição do valor do projeto à volatilidade dos preços: o Produtos e insumos-chave para produção: Para mitigar este risco, recomenda-se a garantia, através de acordos de longo prazo, a venda da produção, crescente à medida que as fases vão sendo
  • 8. 8 implantadas, até a conclusão de todo o empreendimento. Diferentes arranjos comerciais e prêmios podem ser propostos para viabilizar tais acordos. o Serviços e materiais para implantação: Para mitigar este risco, como as fases são implantadas sequencialmente, e o prazo total para implantação do empreendimento todo é estendido, a estratégia de autofinanciamento cria opções para estabelecimento de acordos de longo prazo, com opção, para fornecimento de serviços e materiais para implantação. • Competição da indústria: Todo projeto de capital é implementado a partir de uma janela de oportunidade identificada no mercado. Projetos concorrentes podem capturar esta oportunidade, parcial ou totalmente, durante o tempo necessário para implantar as diversas fases do empreendimento. A mitigação e conversão desta ameaça em oportunidade consistem em acelerar a implantação da 1ª fase (o fator  do modelo). Se a primeira fase for implantada significativamente mais rápido do que seria possível para implantação de um empreendimento inteiro, a oportunidade é parcialmente capturada com antecipação pelo nosso projeto, reduzindo a exposição à ameaça dos competidores em 1/F da oportunidade identificada a cada fase implantada. • Acesso a recursos para produção: Apesar das unidades produtivas autônomas serem implantadas uma de cada vez, sequencialmente, o terreno, áreas de deposição de rejeitos, direitos de uso da água, etc. necessários ao empreendimento inteiro devem ser garantidos logo ao início da implantação da primeira fase. Esta consideração é importante para mitigar os riscos de que faltem recursos na implantação das últimas fases do empreendimento, seja por especulação, seja por competição de outros empreendimentos pelos mesmos recursos. Referências [1] http://markets.businessinsider.com/commodities/iron-ore-price. Acessado: 16-02-17 [2] https://tradingeconomics.com/brazil/gross-fixed-capital-formation. Acessado: 16-02-17 Sobre a BRG A BRG LLC é líder global em consultoria estratégica e consultoria de especialistas que fornece aconselhamento estratégico, testemunho de especialistas independentes, suporte em litígios e consultoria regulatória, estudos oficiais e análise de documentos e dados a grandes escritórios de advocacia, corporações Fortune 500, agências do governo e corpos regulatórios de todo o mundo. Os especialistas e consultores da BRG combinam o rigor acadêmico com a experiência prática do mundo real e uma profunda compreensão dos setores e mercados. Sua expertise se estende pela economia e finanças, análise de dados e estatística e políticas públicas em muitos dos principais setores da nossa economia, incluindo saúde, sistema bancário, tecnologia da informação, energia, construção e mercado imobiliário. A BRG está sediada em Emeryville, Califórnia, com mais de 1.000 profissionais localizados nos escritórios nos Estados Unidos, Austrália, Canadá, América Latina e Reino Unido. Informações de contato cgraeff@thinkbrg.com +55 11 94550-3892 www.thinkbrg.com www.linkedin.com/company/berkeley-research-group-llc Berkeley Research Group THINK TANK