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Baixar para ler offline
Leitura na escola e na comunidade
Apresentação e orientação
Organização das rodas na escola e na comunidade
1
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Agradecemos a Jorge Miguel Marinho por ter
gentilmente cedido o direito de uso de seu texto neste
módulo e a todos que autorizaram a publicação de
suas imagens nas fotos que o ilustram.
Fundação Volkswagen
Via Anchieta, km 23,5 – CPI 1394 – Bairro Demarchi
09823-901 – São Bernardo do Campo – SP
http://www.vw.com.br/fundacaovw
Presidente do Conselho de Curadores
Holger Rust
Diretor Superintendente
Eduardo de A. Barros
Diretora de Administração e Relações Institucionais
Conceição Mirandola
e-mail: fundacao@volkswagen.com.br
CENPEC – Centro de Estudos e Pesquisas em
Educação, Cultura e Ação Comunitária
http://www.cenpec.org.br
Presidente do Conselho de Administração
Maria Alice Setubal
Superintendente
Coordenadora Técnica
Maria Amábile Mansutti
Gerente de Projetos Locais
Claudia Petri
Líder do Projeto
Maria Alice Mendes de Oliveira Armelin
Autoria do material
América dos Anjos Costa Marinho
Maria Alice Mendes de Oliveira Armelin
Revisão
Sandra Miguel
Projeto gráfico
Rabiscos & Grafismos
Editoração eletrônica
Alba Amaral Gurgel Cerdeira Rodrigues
Fotografias
Dudu Cavalcanti
Rodrigo Shimizu
Entre_na_roda_modulo1.indd 2 01/02/2010 18:53:46
Rua Minas Gerais, 228 – Consolação
01244-010 – São Paulo – SP
Anna Helena Altenfelder
São Paulo, fevereiro de 2011
Tiragem: 500
Sumário
LIVRO... 5
POR QUE INCENTIVAR A LEITURA? 8
O PROJETO ENTRE NA RODA 11
Objetivos 13
Objetivos específicos 14
Material de apoio 14
Programa de formação 15
Acompanhamento 16
Atividades do Projeto 17
Rodas de leitura 17
Um grande evento para divulgar e marcar o início do Projeto 18
Eventos periódicos 19
Empréstimo 19
Sessões de leitura livre 20
Sessões de leitura dirigida 20
Jovens leitores 20
Encontro com autores de livros 20
Oficinas de leitura 21
Outras atividades 21
O orientador das rodas de leitura 22
O orientador na escola 23
O orientador na comunidade 24
Preparando-se para “entrar na roda” 25
O primeiro passo: um bom acervo 28
Como organizar os livros? 30
Acesso aos livros 30
Outros arranjos possíveis 31
O espaço 32
O tempo 33
Vamos entrar na roda? 34
Fruição da leitura 37
Circulação de informações 39
A coordenação do Projeto 39
Planejar e avaliar 40
Registro das atividades 41
DIÁRIO DE BORDO 42
O que é? 42
Como registrar? 42
PALAVRAS AOS GESTORES 43
REFERÊNCIAS E SUGESTÕES DE LEITURA 46
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4 Entre na roda - módulo 1
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5Entre na roda - módulo 1
Livro...
primeira vez que peguei um livro na mão,
Eu tinha quinze anos
E percebi sem saber direito
Que dentro do livro a vida se escrevia sem fim,
Se escrevia do começo da minha casa e ia até o final das estrelas.
Depois voltava
E ficava ali na palma da minha mão,
Sempre vinha.
Por isso ainda essa saudade, não do “tempo perdido”,
O tempo nunca se perde quando acontece,
Saudade só das palavras que eu não vivi,
Esse sentimento de falta que é puríssima presença
E é ausência assimilada como diz Drummond,
Motivação para escrever querendo tanto fazer existir
O que ainda não existe.
Vontade de ler o que ainda não foi escrito,
O que é caligrafia de gente que nunca leu
E talvez nunca venha a ler
O que nunca será escrito,
Mas já é letra colada à vida,
Presença. E isto diz tudo.
Presença da realidade solta,
Então escondida e depois tão tocável,
Promessa do que eu ainda não tinha vivido,
Do que eu ainda não sabia nas páginas,
Do que eu ainda não via por trás das palavras,
Do que eu ainda não sabia como não se sabe
uma promessa que é porção virgem
do que se vai saber
Jorge Miguel Marinho
A
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6 Entre na roda - módulo 1
e do que nunca se saberá porque o que não se sabe,
querendo saber e se pode saber sempre,
Agora, agora, agora...
É um livro na plenitude
Sempre tão provisória da vida.
A primeira vez que eu peguei um livro na mão,
Eu, sem saber sabendo, peguei a vida,
A vida diluída, a vida distraidamente eterna,
A vida despossuída com tanta palavra dentro,
A vida traída por falta de palavras, de verdades mentirosas,
De mentiras tão verdadeiras,
A vida de verdade mesmo,
De traição por ausência do que ia ser,
Do que já devia ter sido e era tão bom que ainda não era,
Que já estava sendo e era tão bom como qualquer coisa
Que se promete,
Que era quase tão bom como traição de amante mesmo
Que depois se torna tão fiel como água dentro da água,
Sincero como a ingenuidade de dois trens que trilham
Distraídos, juntos,
Como um encontro de iguais
Que resolve morar dentro de um livro.
Um livro sem o menor atributo
Porque isto diz tudo.
Um livro que avisa que o destino
Da vida guardada num livro
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7Entre na roda - módulo 1
É de nunca saber o bastante
Que livro é como lâmina que recorta a vida,
Que é enseada que abraça,
Abraço sincero numa ilha em sol aberto
- Não há o que melhorar.
Livro é como fazer um breve movimento
E comungar a mão que escreve
Com os olhos de quem lê.
Por isso essa saudade,
Essa doce tristeza
De nunca saber sabendo tanto
Que livro sabe silenciosamente
De nós.
Isto desde a primeira vez que eu abri um livro.
Esqueci de escrever:
“Livro aqui nunca é só palavra,
Livro é página
Que inventa A VIDA.”
E mais: escrevi este poema hoje de manhã para os meus amigos todos do Entre na Roda,
querendo que livro e amigo sejam como uma carta, a Roda da Fortuna do Tarô, como um
livro que nunca começa na hora que podia ter começado, mas que nunca vai acabar. NUNCA.
21/10/2006
Jorge Miguel Marinho é professor de Literatura Brasileira no Centro Universitário FIEO (UNIFIEO) e autor de diversos
livros, entre eles: Te dou a lua amanhã e Lis no peito, prêmios Jabuti, e Na curva das emoções, prêmio APCA.
Entre_na_roda_modulo1.indd 7 01/02/2010 18:53:50
8 Entre na roda - módulo 1
A
leitura possibilita a aquisição da
maior parte dos conhecimentos
acumulados ao longo da histó-
ria. Mas o brasileiro lê pouco. O acesso
à escrita no País é distribuído de forma
tão desigual quanto a riqueza. Em 1991,
metade da população era considerada
praticamente analfabeta. Muitos dos que
sabiam assinar o nome não eram capa-
zes de ler e compreender uma mensa-
Por que
incentivar a leitura?
gem escrita. Uma pesquisa publicada no
jornal Folha de S.Paulo em 1996, sobre
o hábito de leitura dos brasileiros de 11
capitais, revelou que mais da metade dos
entrevistados (57%) não tinha lido ne-
nhum livro por lazer ou cultura nos últi-
mos 12 meses. Cerca de 85% não tinham
lido sequer para a escola e 82% não o
fizeram nem por motivos de trabalho.
Entre_na_roda_modulo1.indd 8 01/02/2010 18:53:50
9Entre na roda - módulo 1 9
1
RIBEIRO ,V.M. (Org.).
Letramento no Brasil:
reflexões a partir do
INAF 2001. São Paulo:
Ação Educativa,
Global, Instituto Paulo
Montenegro, 2003.
Mesmo com a população concentrada
em zonas urbanas, e embora a produção
de livros venha aumentando, apenas um
em cada cinco brasileiros tem o hábito
de ler – o que também é dificultado pelo
custo do livro, frequentemente elevado
para grandes parcelas da população.
Em 2001, finalizou-se um estudo na
cidade de São Paulo com o objetivo de
definir, a partir de dados concretos, o que
é analfabetismo funcional num contex-
to urbano da América Latina (RIBEIRO,
2003)
1
. O estudo, feito com uma amostra
representativa da população paulistana de
15 a 54 anos, mostrou que 7,4% eram
analfabetos absolutos; 25,5% eram anal-
fabetos funcionais, pois faziam pouco uso
da leitura e da escrita na vida diária, de-
monstrando ter uma compreensão míni-
ma de um texto escrito; 33,5% apresenta-
ram apenas uma compreensão básica da
leitura; e somente 33,5% atingiram níveis
mais elevados dessa habilidade e faziam
uso mais intenso e diversificado da lingua-
gem escrita – por exemplo, lendo jornais
periodicamente ou utilizando meios escri-
tos para obter novos conhecimentos ou
planejar atividades complexas.
Entre_na_roda_modulo1.indd 9 01/02/2010 18:53:52
10 Entre na roda - módulo 1
Ora, esse quadro revela-se ainda mais
preocupante quando sabemos que, além de
permitir o acesso à maior parte dos conheci-
mentos acumulados, a leitura amplia nossa
visão de mundo, desenvolvendo a compre-
ensão, a comunicação e o senso crítico.
Colocando-nos em contato com um mundo
simbólico e abstrato, a palavra escrita torna
possível a vivência de realidades diversas e a
descoberta de pessoas e ideias. Enfim, abre
portas para vivermos plenamente nossa ci-
dadania, transformando a nós mesmos e a
realidade que nos cerca.
Em vista dessa importância, garantir
acesso à leitura passa a ser uma tarefa de
responsabilidade da sociedade como um
todo. E mais: para que isso aconteça de
fato, Vera Mazagão Ribeiro, autora do refe-
rido estudo, aponta a necessidade de que
os programas educativos atuem no desen-
volvimento tanto de habilidades de leitura
de diversos gêneros textuais, quanto de
atitudes favoráveis à leitura enquanto ve-
ículo de aquisição de novos conhecimen-
tos e de aprimoramento cultural.
Essa também é nossa visão. Por isso
propomos um projeto de incentivo à leitu-
ra, não só para alunos, mas também para
a comunidade, de modo a criar dentro e
fora da escola um ambiente favorável ao
desenvolvimento dessa prática.
Entre_na_roda_modulo1.indd 10 01/02/2010 18:53:54
11Entre na roda - módulo 1
Entretanto, por razões econômicas e
sociais, muitos têm acesso à leitura ape-
nas na escola. É lá que crianças e jovens
podem ser conquistados para o livro, se
seus primeiros contatos com a leitura fo-
rem interessantes e agradáveis.
Mas nem sempre as escolas traba-
lham bem a leitura. As sucessivas polí-
ticas sociais e educacionais das últimas
décadas, que favoreceram a democrati-
zação do acesso ao ensino fundamental,
convivência com o livro e a
formação do leitor começam
antes da alfabetização. Desde
pequena, a criança percebe a relação
das pessoas com a escrita, notando a
reação dos adultos à leitura de cartas,
folhetos de propaganda, jornais, livros
e outros escritos. Se os pais ou pessoas
próximas lhe oferecem livros ou contam
histórias, ajudam a despertar seu inte-
resse pelo ato de ler.
A
O Projeto Entre na Roda
Entre_na_roda_modulo1.indd 11 01/02/2010 18:53:55
12 Entre na roda - módulo 1
não foram acompanhadas de investi-
mentos na formação inicial e continuada
dos educadores, dificultando a efetivação
de um ensino de boa qualidade. Nesse
contexto, a leitura e a escrita deficientes
têm-se constituído como o resultado mais
visível do fracasso da escola. Algumas es-
colas valorizam a decifração das letras e
a articulação das palavras, sem se pre-
ocuparem com a compreensão do texto;
outras limitam-se a verificar se o aluno é
capaz de localizar informações no texto,
sem ampliarem o entendimento.
Felizmente há escolas trabalhando de
forma que o aluno leia com determinado
objetivo e seja estimulado a buscar o sen-
tido do texto. Isso pode acontecer de di-
versas maneiras: lendo uma receita para
fazer um bolo ou um manual para montar
um aparelho de som, localizando as in-
formações de uma notícia, rindo de uma
piada, emocionando-se com um poema
ou com uma história...
Para incentivar a leitura, não basta co-
locar as pessoas em contato com materiais
escritos, embora essa seja a primeira con-
dição. É preciso incentivá-las, ajudá-las a
compreender textos complexos, a partir de
comentários, de perguntas, de leitura con-
junta, de oferta de informações sobre auto-
res e temas, de auxílio à descoberta do sig-
nificado de palavras etc. Na escola, isso é
feito pelo professor, mas, em outros contex-
tos, esse estímulo pode ser propiciado por
um leitor mais experiente, um orientador
de leitura. Não é difícil imaginar a impor-
tância da ação desses colaboradores para
o incentivo à leitura: os orientadores podem
contribuir muito para que crianças e jovens
brasileiros se tornem bons leitores.
A partir desses pressupostos, o
Projeto Entre na Roda, resultado de uma
parceria entre a Fundação Volkswagen
e o Cenpec, constitui uma proposta de
incentivo e orientação à leitura, que visa
Entre_na_roda_modulo1.indd 12 01/02/2010 18:53:56
13Entre na roda - módulo 1
ao desenvolvimento tanto do gosto pela
leitura como das capacidades leitoras.
Nesse sentido, propõe-se a apoiar secre-
tarias de Educação e de Cultura, orga-
nizações da sociedade civil e outros na
formação de educadores, bibliotecários,
agentes sociais e voluntários da comuni-
dade como orientadores de leitura. Para
tanto, contribui com o fornecimento de
material de apoio a essa formação e com
o acompanhamento das ações nas esco-
las e em outros espaços de leitura.
O Entre na Roda, assim, parte do
princípio de que difundir o gosto pela
leitura, propiciando a convivência em
ambiente letrado, é benéfico a crianças,
jovens e adultos. Aprender a ler os mais
diferentes gêneros discursivos, adquirin-
do o gosto pela leitura, além de ampliar
a compreensão de mundo, pode garantir
melhor desempenho nos estudos e na
vida profissional.
Objetivos
●Fomentar uma cultura de valorização da
leitura na escola e em outros espaços da
comunidade.
● Difundir entre educadores, agentes
sociais, gestores educacionais, membros
da comunidade e voluntários as propostas
do Projeto, tendo em vista a criação e
manutenção de um ambiente propício à
irradiação da leitura.
●Formar orientadores de leitura para que
estimulem em crianças, jovens e adultos
o gosto pela leitura e sua competência
enquanto leitores, por meio de atividades
diversificadas.
●Fortalecer cada vez mais a parceria entre
escolas, bibliotecas e outros espaços de
leitura e a comunidade.
● Valorizar a cultura local.
Entre_na_roda_modulo1.indd 13 01/02/2010 18:53:58
14 Entre na roda - módulo 1
Material de apoio
O material de apoio do Entre na Roda
compõe-se de um módulo introdutório,
no qual se discutem questões vinculadas
à leitura, e de sete módulos de orientação
às oficinas. O primeiro módulo, referente
à Oficina 1, apresenta o Projeto e orienta
a organização das rodas de leitura com
alunos e comunidade. Os demais enfo-
cam o trabalho com os diferentes gêneros
discursivos que mais comumente circu-
lam na sociedade. Assim, temos:
● Oficina 2 – Quem conta um conto...
– narrativas curtas: textos da
tradição oral (“causos”, contos de
encantamento, fábulas), apólogo e
crônicas;
● Oficina 3 – Foi assim... – contos
literários;
● Oficina 4 – Enredando-se na leitura –
romance, novela e texto teatral;
● Oficina 5 – E por falar em poesia... –
textos poéticos;
● Oficina 6 – O que aconteceu? – O
jornal nas rodas de leitura – textos
jornalísticos;
● Oficina 7 – A curiosidade premiada
– textos de divulgação científica e
orientação à pesquisa bibliográfica.
Objetivos
específicos
● Formar educadores, bibliotecários,
voluntários e agentes sociais, de
modo que:
●se apropriem da metodologia das oficinas
do Projeto Entre na Roda e passem a
desenvolvê-las com os participantes das
rodas de leitura;
●tenham uma atuação voltada para a
crescente familiarização de crianças,
jovens e adultos com os mais variados
gêneros textuais que circulam na
sociedade e para o desenvolvimento do
gosto pela leitura.
● Formar gestores, para que:
● desenvolvam e usufruam as atividades
dos grupos de leitura;
● compreendam as propostas que os
orientadores irão desenvolver e possam
acompanhá-los e apoiá-los em seu
trabalho;
●ajudem a organizar as rodas de
leitura e demais atividades do Projeto,
fazendo as intervenções necessárias à
implementação da proposta.
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15Entre na roda - módulo 1
A voz do participante: depoimentos
“O material de apoio é muito rico e nos deu
importantes subsídios para desenvolver
as rodas de leitura na escola. As
sugestões foram essenciais.
”(Vice-diretora de escola municipal de Taubaté)
“Numa linguagem clara e apropriada, o
material de apoio nos auxilia e abre um
leque de opções.
”(Diretora de escola municipal de Taubaté)
“O material de apoio fornece elementos
para o planejamento das ações no
trabalho com as rodas de leitura,
focalizando diferentes gêneros
textuais.
”(Professora de escola municipal de São Paulo)
Programa de
formação
O programa de formação consta
de oficinas que propiciam a vivência
de atividades, bem como a reflexão e
a discussão acerca das características
dos gêneros enfocados em cada uma
delas, das condições de implementação
e irradiação do Projeto, dos avanços e
dificuldades decorrentes das atividades
e do registro de todo esse processo.
A voz do participante: depoimentos
“Toda a dinâmica desenvolvida no
decorrer das oficinas pode ser aplicada
com os alunos, explorando a leitura, a
criatividade e as variadas formas de
expressão.
”(Professora de escola municipal de São Paulo)
“A formação me ofereceu a base para um
trabalho mais coerente, preciso, voltado
para o mundo da leitura.
”(Professora de escola municipal de São Paulo)
“Participar destas oficinas deu-me a
possibilidade de ampliar não só meus
conhecimentos como meu repertório de
estratégias para o trabalho com leitura.
”(Professora de escola municipal de São Paulo)
“As oficinas representam um avanço
quanto a tudo que reivindicamos com
relação à formação, pois nos propiciam a
teoria e a prática.
”(Professor de escola municipal de São Paulo)
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16 Entre na roda - módulo 1
● variedade de gêneros e de portadores de
leitura utilizados;
●organização do ambiente de letramento na
sala de aula/biblioteca/outros espaços;
● organização dos tempos e espaços para o
desenvolvimento de práticas de leitura;
●iniciativas autônomas no desenvolvimento
de práticas de leitura.
● a apropriação do Projeto pelos
técnicos e gestores, demonstrada por:
●conhecimento da metodologia utilizada;
●ações de divulgação e de irradiação do
projeto;
●práticas de acompanhamento e
monitoramento;
●gestão de recursos necessários ao
desenvolvimento do Projeto.
Acompanhamento
O acompanhamento é feito por meio
de visitas de observação e orientação às
escolas e demais espaços onde se reali-
zam as atividades do Entre na Roda.
Procede-se também à coleta de da-
dos, a partir de instrumentos e estratégias
que buscam identificar:
● características do município, dos
participantes, das escolas e de outros
espaços onde ocorrem as rodas de
leitura;
● o desenvolvimento de competências
leitoras pelos educadores,
bibliotecários, técnicos, gestores,
agentes sociais e voluntários,
avaliadas mediante:
● fluência na leitura;
● capacidade de compreensão de diferentes
gêneros;
● frequência na leitura de livros e de outras
publicações;
● capacidade de expressão e comunicação.
● o desenvolvimento, pelos educadores,
bibliotecários, agentes sociais e voluntá-
rios participantes, de competências para
implementar práticas de leitura dentro e
fora da escola – apropriação da metodo-
logia do Projeto, indicada por:
● apropriação da metodologia do Projeto no
trabalho com leitura;
● diversidade de práticas de leitura
utilizadas;
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17Entre na roda - módulo 1
Atividades do
Projeto
As atividades do Projeto podem se
desenvolver em espaços e momentos
diversos e com participantes diferentes.
Nas escolas, o trabalho com alunos e fa-
miliares; em bibliotecas e outros espaços
comunitários, com estudantes e outros
integrantes da comunidade.
A voz do participante: depoimentos
“Na minha opinião, o diferencial neste
projeto foi o acompanhamento. Nunca
havia participado de um projeto que
tivesse esse tipo de cuidado. E isso foi
muito importante para que as rodas
fossem cada vez mais valorizadas e
aperfeiçoadas.
”(Vice-diretora de escola municipal de Taubaté)
“O acompanhamento é uma forma de
valorizar o nosso trabalho e incentivar
cada vez mais os professores, os alunos e
a comunidade.
”(Diretora de creche municipal de Taubaté)
“O acompanhamento é importantíssimo,
pois através das visitas podemos ser
avaliadas e com certeza ampliar e
melhorar o nosso trabalho.
”(Professora de escola municipal de Taubaté)
“O acompanhamento é um incentivo ao
desenvolvimento de novas propostas.
”(Professora de escola municipal de São Paulo)
Rodas de leitura
As rodas de leitura, atividade central
do Projeto, são momentos em que as
pessoas se reúnem, em determinados
espaços e horários, para ler e comentar
as leituras feitas, mediadas por um(a)
orientador(a). Nelas se desenvolvem
atividades de escuta e leitura de narra-
tivas, poemas, notícias, textos teatrais
e outros, seguidas de observações e
comentários dos participantes sobre o
autor, o material lido, as relações deste
com outras obras e com a realidade, as
características do gênero etc.
As rodas desenvolvidas durante as
aulas serão orientadas pelo próprio pro-
fessor da classe (no caso do ciclo I ou das
séries iniciais) ou por um professor esco-
lhido pela equipe (no caso do ciclo II ou
das séries finais).Também é interessante
que outras pessoas da comunidade fa-
çam rodas de leitura com os estudantes.
Com a comunidade, as rodas serão
coordenadas por educadores, bibliote-
cários, agentes sociais ou voluntários e
poderão acontecer dentro de escolas e
bibliotecas, em espaços e horários livres,
e fora delas, em outros locais disponíveis.
Entre_na_roda_modulo1.indd 17 01/02/2010 18:54:01
18 Entre na roda - módulo 1
Um grande evento
para divulgar e
marcar o início do
Projeto
Esse evento poderá apresentar uma
amostra do que se pretende desenvolver
ao longo do Projeto: rodas de leitura, vi-
sita à sala de leitura ou biblioteca da es-
cola, cantos de leitura com livros, jornais,
revistas etc. à disposição, feira de livros,
performances teatrais, apresentação de
contadores de história etc. É imprescin-
dível também reservar um momento para
explicitar o que é o Projeto e como vai fun-
cionar. O evento, centrado numa escola
ou em outro espaço comunitário, pode ser
organizado com a participação de pessoas
da comunidade (integrantes de conselhos
de escola, de associações de pais e mes-
tres e de amigos do bairro, organizações da
sociedade civil etc.) e divulgado por meio
de cartazes, faixas, convites etc. Havendo
jornal e rádio locais, será interessante tam-
bém utilizá-los como meio de divulgação
tanto desse evento inicial, como de todas
as atividades oferecidas ao público.
A voz do participante: depoimentos
“Nas rodas de leitura as pessoas se
emocionam e viajam na imaginação. Isso
é fantástico!
”(Representante de comunidade que faz rodas de
leitura em creches e na garagem de casa)
“As rodas para mim são como um
aprendizado em leitura. É muito legal ler
e pensar em contos, histórias e divertidas
aventuras.
”(Aluno de escola municipal de Taubaté)
“A contação de histórias e as rodas
de leitura fizeram as minhas aulas
mais agradáveis, produtivas e
participativas.
”(Professora de escola municipal de Taubaté)
Além das rodas, muitas outras ativi-
dades de aproximação com o livro e de
incentivo à leitura podem ser desenvolvi-
das. Apresentamos algumas sugestões e
temos certeza de que muitas outras pro-
postas surgirão.
Entre_na_roda_modulo1.indd 18 01/02/2010 18:54:02
19Entre na roda - módulo 1
A voz do participante: depoimentos
“Depois que a professora lê para nós,
pegamos livros para ler sozinhos. Eu li
um livro muito legal do Monteiro Lobato,
que está no baú.
”(Aluna de escola municipal de Taubaté)
“Toda quarta-feira, eu chego em casa
e conto para minha mãe as crônicas
ou as fábulas que a gente leu com a
professora. Eu adoro crônicas e agora
sempre levo emprestado algum livro
da coleção Para gostar de ler. Também
gosto muito de fábulas, principalmente
do Millôr Fernandes; aliás, eu fico
imaginando como uma pessoa pode ter
ideias tão bem boladas.
”(Aluna de escola municipal de Taubaté)
“Quando trabalhei com um texto do livro
A menina que fez a América, primeiro
apresentei a Fortunata, personagem da
história. Agora, esse livro está com fila,
todo mundo quer ler.
”(Professor de escola municipal de Taubaté)
Eventos periódicos
Para realimentar o desenvolvimento
do Projeto, atrair maior participação e
fornecer mais elementos para a avalia-
ção do trabalho, propõem-se, periodi-
camente, encontros com depoimentos,
apresentação de teatro, contadores de
história, saraus, exposições de livros
(troca e venda) etc.
Empréstimo
Livros e outros portadores do acervo
(HQs, revistas etc.) circulam entre os leito-
res, que os tomam emprestados. Por um
prazo fixado pelo grupo, o leitor pode ler e
reler uma obra de sua escolha onde, quan-
do e como quiser. O fato de poder levá-la
para casa geralmente resulta na divulgação
da publicação entre familiares e amigos.
Entre_na_roda_modulo1.indd 19 01/02/2010 18:54:03
20 Entre na roda - módulo 1
Sessões de leitura
livre
Em determinados dias, horários e es-
paços previamente estabelecidos, o leitor
tem acesso direto ao acervo, podendo es-
colher para ler livros ou outros portadores
que lhe interessam. As sessões de leitura
livre devem ter sua duração fixada pelo
grupo, de modo a permitir a circulação
das diferentes turmas de leitores.
Sessões de leitura
dirigida
Em sala de aula, o(a) professor(a) pro-
põe e desenvolve com seus alunos a leitura
e a exploração de textos já selecionados com
o objetivo de aprofundar aspectos relativos
a um portador de textos (como o jornal) ou
a determinado gênero textual (por exemplo,
fábulas) vinculados a seu planejamento e ao
projeto político-pedagógico da escola.
Jovens leitores
É muito interessante incentivar jovens
a ler para outras pessoas: crianças pe-
quenas, idosos, pessoas que não sabem
ler etc. A partir do trabalho de sala de
aula, o(a) professor(a) pode dar essa su-
gestão e ajudar os alunos a se organizar
para essa atividade.
Encontro com
autores de livros
Durante as rodas, pode-se combinar
com os participantes que autores convi-
dar. Os autores podem comparecer para
um bate-papo informal ou para uma entre-
vista. No caso da entrevista, é importante
acertar previamente com os participantes
que perguntas gostariam de fazer.
Entre_na_roda_modulo1.indd 20 01/02/2010 18:54:05
21Entre na roda - módulo 1
Oficinas de leitura
Trata-se de encontros envolvendo orien-
tadores e participantes, sob a coordenação
de um convidado e com inscrição prévia.
Outras atividades
Antes mesmo de iniciar as rodas de
leitura com um grupo, é possível desen-
volver atividades que, embora não tenham
um vínculo direto com o ato de ler, podem
despertar o interesse de crianças, jovens e
adultos pela leitura, pelo fato de colocá-los
em contato com formas de organização,
produção e circulação do livro e de outros
portadores. Sugerimos algumas:
● Visita a uma biblioteca pública de
maior porte, onde, com o auxílio
do(a) bibliotecário(a), o grupo vai
receber informações sobre sua
organização e funcionamento.
● Passeio a uma editora para que o
grupo possa acompanhar o processo
de edição de um livro. Também é
interessante visitar um jornal, para
ver como ele é escrito e impresso.
● Visita a feiras de livro, para
manusear, ler e até adquirir obras,
conversar com autores etc.
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22 Entre na roda - módulo 1
mas e assuntos que interessem a todos e
a cada um.
Todos os encontros com o livro con-
tribuem para o crescimento do leitor. Ele
pode procurar obras que o transportem a
um mundo de humor, aventura, mistério,
fantasia ou experiências de vida. Por isso
é fundamental que o orientador das rodas
de leitura leia, para indicar obras, escla-
recer os leitores e selecionar textos que
atendam aos interesses e necessidades
dos participantes.
O orientador das
rodas de leitura
A primeira qualidade de um orienta-
dor de rodas de leitura é ser um bom lei-
tor. É fundamental que ele goste de ler,
para que seu entusiasmo possa conta-
giar e formar novos leitores. É importante
que, sendo leitor, ele dê aos participantes
das rodas “o testemunho de sua leitu-
ra”, como disse Paulo Freire. Além disso,
deve ser sensível o bastante para captar
os anseios do grupo e saber escolher te-
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23Entre na roda - módulo 1
A principal tarefa do orientador de
rodas de leitura é estimular a aproxi-
mação do leitor com os livros e outros
portadores de texto. Isso se traduz em
apresentá-los de um jeito bonito, em
oferecer uma pequena amostra de cada
um, focalizando, por exemplo, o enredo
ou um personagem, em ler e comentar
passagens interessantes, em abrir espa-
ço para opiniões e comentários dos par-
ticipantes, num clima saudável e respei-
toso de diálogo – tudo isso será sempre
um bom convite à leitura.
Ao indicar os títulos mais adequados,
falar sobre suas preferências e comentar
obras que já leu ou está lendo, o orienta-
dor estará instigando nos futuros leitores
a curiosidade sobre o que vão encontrar
nos livros. Poderá chamar a atenção para
determinado aspecto que os iniciantes
não tenham percebido ou, simplesmen-
te, mostrar-lhes o imenso prazer que a
leitura proporciona, lendo para eles ou
junto com eles.
O orientador na
escola
Como já se falou, durante as aulas o
orientador é o próprio professor. No ciclo
I (ou séries iniciais), é o professor da clas-
se; no ciclo II (ou séries finais), a equipe
escolar decide quem assume esse papel.
Neste último caso, poderá haver uma di-
visão por ano do ciclo ou série com pro-
fessores de diferentes áreas assumindo
certo número de classes para desenvol-
ver esse trabalho. É interessante que haja
um rodízio entre os professores, de modo
que todos possam ter a experiência de
coordenar essas rodas.
Segundo Élie Bajard, o professor tem
importante papel como mediador entre os
textos e os alunos, pois orienta a escolha e
a compreensão dos textos abordados em
suas aulas e conduz a aprendizagem por
meio deles. Essa dupla função não deve
ser vista como prerrogativa exclusiva do
professor de Língua Portuguesa, já que diz
respeito a todos os professores. “Assim, o
professor de História ajuda a criança em
suas leituras no nível do conteúdo e no ní-
vel da língua de sua especialidade.”
2
2
BAJARD, Élie. Caminhos
da escrita: espaços de
aprendizagem. São Paulo:
Cortez, 2002. p. 195.
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24 Entre na roda - módulo 1
O orientador na
comunidade
As rodas desenvolvidas na comuni-
dade são coordenadas por voluntários:
educadores, bibliotecários, agentes so-
ciais, contadores de histórias, alunos,
pais de alunos e membros da comuni-
dade em geral.
Os voluntários com alguma especia-
lização podem auxiliar na formação dos
demais.
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25Entre na roda - módulo 1
Preparando-se para
“entrar na roda”
Se você está disposto(a) a “entrar na
roda”, parabéns! Isso significa que você
se decidiu a empreender esforços e de-
senvolver atividades para irradiar o gosto
pela leitura e formar leitores.
Essa decisão marca um primeiro e im-
portantíssimo passo para que crianças,
jovens e adultos de sua comunidade se
tornem leitores. Mas, desenvolver um pro-
jeto dessa natureza requer determinadas
ações no sentido de organizar e facilitar o
trabalho. Por isso, é interessante que você
e os demais envolvidos nessa tarefa pro-
curem obter informações sobre a situação
da leitura nos espaços em que pretendem
atuar. Sugerimos, a seguir, algumas ques-
tões para esse diagnóstico inicial.
Se o Projeto for implementado a
partir da escola, perguntem:
● Como está organizado o trabalho
com leitura na escola?
● Há uma biblioteca ou sala de leitura?
● Nas salas de aula há espaços
especialmente reservados para
livros, jornais, revistas e outros
portadores de textos?
● Que atividades de leitura são
desenvolvidas em sala de aula e na
biblioteca/sala de leitura?
● Membros da comunidade escolar
(pais, familiares, ex-alunos) têm
acesso à biblioteca/sala de leitura
para empréstimo de livros ou para
outras atividades?
● Os pais ou responsáveis pelos alunos
assinam ou compram jornais e/ou
revistas? Quais?
● A escola já disponibiliza espaços
e horários para atividades da
comunidade, como clube de mães,
grupos de artesãos, encontros de
formação etc.?
● Já existe um vínculo forte entre a
escola e a comunidade em geral?
● Em caso negativo, como fazer para
“chamar” a comunidade a participar
mais efetivamente das ações
desenvolvidas a partir da escola?
● Nas proximidades da escola há
centros de juventude, orfanatos, asilos
para idosos, hospitais etc.? Em caso
afirmativo, é possível estender as ações
do Projeto a essas instituições? Como?
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26 Entre na roda - módulo 1
Se o Projeto for implementado a
partir da biblioteca ou de outro
espaço comunitário de leitura,
perguntem:
● Na biblioteca ou espaço de leitura
há livros, jornais, revistas e outros
portadores de textos?
● Que atividades de leitura são
desenvolvidas na biblioteca/espaço
de leitura?
● Além de estudantes, outras pessoas
da comunidade costumam frequentar
a biblioteca/espaço de leitura para
empréstimo de livros ou para outras
atividades?
● Em caso afirmativo, que atividades
são essas?
● Já existe trabalho conjunto entre
biblioteca/espaço de leitura e outras
instituições do entorno: escolas,
centros de juventude, hospitais,
asilos etc.?
● Em caso negativo, como articular
ações voltadas para a leitura em
benefício dos estudantes e da
comunidade em geral?
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27Entre na roda - módulo 1
Como este Projeto objetiva a
participação da comunidade, é
importante ainda que a escola,
biblioteca ou organização da
sociedade civil, enquanto polos
irradiadores da proposta, coletem
dados para diagnosticar a situação
da leitura na comunidade.
Neste caso, perguntem:
● Como se dá a leitura na
comunidade?
● Há bibliotecas ou outros
equipamentos de acesso a livros e
materiais escritos diversos?
● Pais, familiares, trabalhadores e outros
membros da comunidade frequentam
esses espaços? O que leem?
● Há jornal de bairro ou regional? Como
é? Sua tiragem é representativa? É
vendido ou distribuído gratuitamente
(subsidiado por anunciantes)?
● E no local de trabalho, há espaços,
momentos e materiais para leitura?
● Em caso afirmativo, o que se lê?
● Em caso negativo, há disponibilidade
(espaço/tempo) para que aconteçam
atividades de leitura?
● A comunidade dispõe de grupos de
teatro (amadores ou não), de contadores
de histórias ou de outros grupos que
desenvolvam atividades culturais?
● Na comunidade há grupos de
voluntários organizados ou ainda
organizações da sociedade civil? Que
tipo de trabalho desenvolvem?
● A(s) igreja(s) local(is), além de suas
atividades próprias, disponibiliza(m)
espaços/horários para outros trabalhos
voltados para a comunidade? Quais?
As respostas a essas e a outras questões
servirão para avaliar necessidades e esta-
belecer prioridades. A escola, biblioteca ou
espaço comunitário de leitura podem, por
exemplo, precisar de livros para formação
ou ampliação de acervo, de modo a aten-
der alunos e comunidade. Ou então de um
espaço para o funcionamento da biblioteca/
sala de leitura e das rodas de leitura. Pode
ser que não se disponha de um bibliotecário
ou de um responsável para cuidar dos livros
e será preciso encontrar formas de fazê-lo.
Ou, ainda, organizar as rodas de leitura e ati-
vidades de empréstimo de forma a atender
às necessidades específicas de cada grupo.
É fundamental que essas e outras deman-
das sejam discutidas e supridas.
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28 Entre na roda - módulo 1
se dispõe. O fundamental é que cada um
se empenhe e contribua com criatividade
para a aquisição e a organização desse
acervo, lembrando que as obras devem
atender às necessidades dos leitores.
O mais importante é conseguir obras
diversas e de qualidade. Uma biblioteca ou
sala de leitura deve ter livros de literatura
infantil, juvenil e adulta (nacional e estran-
geira); obras de referência (enciclopédias,
dicionários) e de arte; jornais e revistas;
fitas de áudio e vídeo; cartazes, mapas e
catálogos; enfim, todo e qualquer material
que possa ser lido e que contribua para
ampliar a visão de mundo dos leitores. Se
houver ali um ou mais computadores, a
possibilidade de conexão com a internet e
a utilização de softwares podem aumentar
consideravelmente o acesso dos usuários
a informações sempre atualizadas.
O primeiro passo:
um bom acervo
Quando se trata de estimular o gosto
pela leitura, um acervo amplo e variado,
que permita o acesso a diversas infor-
mações, é indispensável, assim como
alguém que se responsabilize pela re-
lação dos leitores com os livros e outros
materiais, de modo que estes circulem na
biblioteca, na sala de leitura, na sala de
aula ou em outros espaços.
Em instituições públicas, os acervos
costumam ser compostos a partir de com-
pra efetuada pelo governo ou realizada
com recursos arrecadados por meio de
festas, ações entre amigos, venda de su-
cata etc., ou de doação e troca de livros.
A formação do acervo depende do in-
teresse e da participação das pessoas en-
volvidas, bem como dos recursos de que
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29Entre na roda - módulo 1
Dica para o(a) professor(a)
Organize na sala de aula uma pe-
quena biblioteca ou cantinho de lei-
tura com um acervo de livros e outros
portadores de texto, que atenda à faixa
etária de seus alunos e à diversidade de
gostos. Aliás, o respeito ao gosto é fun-
damental, pois mesmo leitores assídu-
os abandonam determinados livros nas
primeiras páginas e gostam mais de
uns do que de outros.
Coloque à disposição do aluno, na bi-
blioteca, na sala de leitura ou no acer-
vo de classe, todo e qualquer material
que possa ser um convite prazeroso
para a leitura: HQs, revistas especia-
lizadas (sobre carro, cinema, turismo,
moda, esportes...), folhetos, jornais,
recortes (artigos de jornais e revistas
sobre assuntos variados e atuais, char-
ges), suplementos destinados a crian-
ças e a jovens, revistas e livros sobre
assuntos do momento, livros ilustra-
dos, clássicos da literatura, romances,
novelas e livros de contos, de crônicas,
de poesia, de textos humorísticos, de
arte, paradidáticos de Ciências, Histó-
ria, Geografia, Matemática etc.
No caso de compra, é interessante fa-
zer uma lista com sugestões diversas de
todos os interessados.
É importante também reservar um es-
paço para apresentar livros, histórias gra-
vadas em fitas cassete, vídeos, revistas,
jornais, reproduções/exposições de qua-
dros, artesanato, enfim, tudo o que possa
ser reconhecido como manifestação cul-
tural da comunidade e que permita forta-
lecer a identidade do grupo, estreitando
cada vez mais os vínculos já existentes.
Se você é um voluntário ou agente so-
cial, procure constituir o próprio acervo
por meio de patrocínio e/ou de doações
da comunidade ou dos participantes das
rodas (cada um contribui com um livro,
por exemplo). Você pode também solicitar
a editoras exemplares para divulgação ou
organizar-se juntamente com o grupo em
campanhas de coleta de materiais reci-
cláveis que possam ser comercializados,
destinando a renda à compra de livros.
Revistas, HQs e jornais podem ser coleta-
dos entre assinantes da comunidade.
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30 Entre na roda - módulo 1
Como organizar os
livros?
Existem formas padronizadas e ofi-
ciais de organização de bibliotecas.
Porém, quando se trata de bibliotecas
escolares ou não oficiais, a organização
do acervo pode seguir critérios menos rí-
gidos. É comum nas bibliotecas escolares
ou salas de leitura atribuir-se às obras um
número de registro crescente, para indi-
car a quantidade de livros e de exempla-
res existentes. Quanto à disposição nas
estantes, o critério mais frequente é o da
separação por assuntos.
Se na escola ou em outro estabele-
cimento ainda não houver um acervo
organizado, essa tarefa pode ser feita
com a participação de todos. Organizar
o acervo já é uma forma de aproximar as
pessoas dos livros, despertando interes-
se e curiosidade.
Dica para todos
Livros novos podem ser expostos em
espaços de maior circulação. Para
divulgar a novidade, é possível reproduzir,
por exemplo, a capa e os personagens
(usando xerox ou scanner), ou criar
cartazes e móbiles, que permitam ao
leitor ver o livro, tocá-lo, enfim, interagir
fisicamente com ele, antes mesmo de
lê-lo.
Acesso aos livros
Em algumas escolas e bibliotecas, por
exemplo, é comum que o leitor tenha li-
vre acesso às estantes, podendo procurar
o livro que deseja, folheá-lo, examiná-lo,
trocá-lo por outro, até encontrar o que
mais lhe interessa. Já em outras, o fun-
cionamento costuma ser mais formal: o
usuário consulta um catálogo ou o pró-
prio responsável pelo espaço para solici-
tar o que deseja.
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31Entre na roda - módulo 1
No primeiro caso, certamente há
mais perdas e dificuldades para man-
ter a ordem, porém a intimidade com os
livros é maior, motivando descobertas
ou reencontros. Nesse caso, é preciso
orientar os usuários sobre os cuidados
com o acervo. Eles precisam sentir que
os livros são preciosos e devem ser ma-
nuseados com carinho.
Já os catálogos organizados por autor,
título e assunto – informatizados ou não
– racionalizam a localização de informa-
ções. Caso os leitores não dominem es-
tratégias de consulta, precisarão do auxí-
lio do responsável pela sala de leitura ou
do bibliotecário, até adquirir autonomia
para fazê-lo sem ajuda.
Outros arranjos
possíveis
Se não for necessário organizar os
livros segundo um padrão oficial, é pos-
sível fazê-lo de diferentes maneiras. Por
exemplo, separá-los por assunto, dispon-
do-os nas estantes a partir da sequência
alfabética de sobrenomes de autores ou
de títulos de um mesmo autor.
Se a quantidade de livros for muito
grande, atribua a cada assunto um códi-
go, colocado nas lombadas, o que facili-
tará a busca. O importante é que o pró-
prio leitor, familiarizado com os códigos,
possa identificar o assunto mesmo sem
ter de folhear o livro.
Nas escolas, quando não há espaço
para a instalação de uma biblioteca ou sala
de leitura, os livros podem ser distribuídos
pelas diversas salas de acordo com critérios
definidos pelo grupo. Podem também ser
transportados em caixas ou carrinhos até
as salas de aula. Na verdade, o ideal é que
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32 Entre na roda - módulo 1
a escola não só possua uma biblioteca ou
sala de leitura, como também mantenha
pequenos acervos nas salas de aula.
Seja qual for a forma de organização
escolhida, o importante é agilizá-la, já
que a prioridade é o atendimento ao leitor,
por meio da circulação ou empréstimo.
Fichas de empréstimo, com os nomes
dos usuários e os prazos de devolução,
podem ser utilizadas para facilitar o con-
trole por parte do responsável e garantir
que o livro sempre retorne à biblioteca/
sala de leitura.
Dica para todos
Procure estabelecer entre os usuários
da biblioteca/sala de leitura o uso de
sacos plásticos para transportar o livro
e outros materiais emprestados. Dessa
forma, o acervo é preservado e todos
aprendem o respeito e o cuidado com o
patrimônio público.
O espaço
Para o desenvolvimento das ativida-
des, podem ser utilizados espaços da
própria escola, da biblioteca ou da comu-
nidade, cedidos pela associação de mo-
radores, por igrejas, famílias etc.
É interessante que esses espaços se-
jam agradáveis, acolhedores e, no caso
da realização das rodas de leitura, que
sejam silenciosos, evitando-se o entra e
sai de pessoas e interrupções desneces-
sárias. Em qualquer uma das circunstân-
cias em que ocorram atividades de leitu-
ra, é fundamental que os livros e textos
sejam apresentados de forma a serem
admirados e manuseados.
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33Entre na roda - módulo 1
A voz do participante: depoimentos
“Pedi à diretora uma sala para ler com as
crianças; foi só organizar o almoxarifado
com um tapete, cadeiras em círculo
e... Pronto! Estava criada a sala de
leitura!
” (Professora de Taubaté)
“Faço uma leitura coletiva em cada série,
variando o espaço, seja no pátio ou na
sala de leitura. Os alunos entram em
contato com diversos gêneros. Numa
aula conto histórias, em outra eles
emprestam livros, escolhendo na estante
o que querem levar para casa.
.”(Professora de São Paulo)
O tempo
Cada uma das atividades de aproxima-
ção e incentivo à leitura deste Projeto tem
uma duração determinada pela própria si-
tuação ou espaço em que se desenvolve.
Por exemplo, sessões de leitura livre ou di-
rigida e oficinas, envolvendo as classes em
seu período normal de estudos, costumam
ter a duração fixada pelo professor ou pela
pessoa que coordena a atividade.
Quando realizadas com a comunida-
de, é preciso levar em conta a dinâmica
de ocupação desses espaços, bem como
a disponibilidade de tempo dos partici-
pantes. Por isso, é importante discutir e
fixar com o grupo a periodicidade e a du-
ração mínima de cada evento. Essa orga-
nização permite estabelecer uma rotina
para os encontros, além de dar seguran-
ça aos participantes e criar um vínculo de
compromisso entre eles. Pode acontecer,
às vezes, de essa duração e periodicidade
terem de ser flexibilizadas. Por exemplo,
uma roda de leitura cujo tempo médio é
de uma hora e meia poderá, excepcional-
mente, estender-se um pouco mais, em
função dos desdobramentos provocados
pelo texto lido, pela presença de um au-
tor convidado etc. O mesmo pode ocorrer
quanto à periodicidade dos encontros,
que, em dado momento, poderá ser al-
terada, de comum acordo com o grupo,
em função do interesse dos leitores. De
qualquer forma, o cronograma dos en-
contros deve ser organizado e divulgado
com bastante antecedência.
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34 Entre na roda - módulo 1
Vamos entrar na
roda?
A primeira sessão da roda de leitura
deve ser organizada em torno de um tex-
to arrebatador, que seduza os leitores de
tal forma que eles se sintam motivados a
comparecer nos próximos encontros.
“Causos”, por exemplo, são uma boa
pedida para abrir uma roda de leitura.
Selecione um “causo” interessante, leia-
-o e abra espaço para os comentários.
Certamente muitos participantes vão
querer contar os que conhecem e o en-
contro transcorrerá de forma animada e
prazerosa.
Da mesma forma, contos de fadas, his-
tórias de animais e aventuras costumam
envolver bastante os pequenos leitores.
Dica para todos
Nos grupos compostos por jovens e
adultos, podem-se propor alguns ques-
tionamentos como assunto para as
conversas de um primeiro encontro:
Por que cada um dos presentes resol-
veu participar das rodas de leitura? O
que busca? O que espera? O resultado
dessa conversa inicial pode propiciar
elementos para que o(a) orientador(a)
programe seus próximos encontros
com o grupo e selecione textos que sa-
tisfaçam às expectativas da maioria.
O importante é que os textos, além de
atraentes, sejam curtos e que o orienta-
dor se prepare bem para apresentá-los.
Sempre que possível, é bom fornecer aos
participantes cópias do texto que vai ser
lido, para que acompanhem a leitura e
depois possam relê-lo quando quiserem,
ou ainda mostrá-lo a familiares e amigos.
Dica para todos
Oriente os participantes a guardar
numa pasta os textos entregues nas
rodas de leitura, organizando, assim,
antologias de textos lidos.
Textos maiores também podem ser se-
lecionados para as rodas de leitura. Nesse
caso, pode-se ler o início de um romance,
por exemplo, estimulando os participantes
a ler o restante da obra e a descobrir o de-
senrolar dessa narrativa; ou selecionar um
trecho significativo de uma peça de teatro,
fazendo antes um breve resumo a seu res-
peito, para que o grupo perceba o significado
desse fragmento e não se disperse. Quanto
aos poemas, podem-se ler textos impor-
tantes de um autor, dando uma visão mais
profunda de sua obra, ou textos de vários
poetas, mostrando, por exemplo, as diferen-
tes visões acerca de uma mesma temática.
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35Entre na roda - módulo 1
Enfim, para cada gênero há uma estratégia
própria de abordagem nas rodas de leitura.
Dica para o(a) professor(a)
Para as rodas de leitura realizadas
em sala de aula, você pode programar
leituras de textos de caráter literário
vinculados aos temas de projeto(s) já
desenvolvido(s) na escola; por exemplo:
meio ambiente, reciclagem, cidadania,
sexualidade etc. Essa será uma forma
diferenciada e prazerosa de ampliar a
visão dos leitores sobre esses assuntos,
já que na literatura eles não são abor-
dados diretamente, mas vêm imersos
num universo narrativo ou poético.
As rodas de leitura também podem se
tornar, vez por outra, encontros nos quais
os próprios participantes fazem a leitura de
pequenos trechos interessantes de obras
que leram, comentando-os. Eles podem,
ainda, ler e comentar notícias e outros gê-
neros presentes nos jornais e revistas, sele-
cionados a partir de um tema ou da reper-
cussão e polêmica suscitadas por um fato.
Durante a realização de uma roda,
é importante que o tempo de leitura de
um texto não ultrapasse 20 minutos, para
não dispersar a atenção dos participan-
tes. Assim também se disponibiliza mais
tempo para os comentários e opiniões
que surgirão após a leitura.
Às vezes, numa primeira abordagem,
o grupo pode mostrar-se tímido, sem dis-
posição para falar, para expor o que pen-
sa ou entende sobre o texto lido. Nesse
caso, cabe ao(à) orientador(a) da roda de
leitura criar um clima favorável para essa
troca de ideias, seja lançando desafios ou
questionamentos ao grupo, seja expondo
algumas de suas opiniões a respeito do
assunto, ou mesmo uma curiosidade so-
bre o autor ou sobre sua obra, de forma a
descontrair os participantes.
Dica para todos
Uma boa forma de estimular a par-
ticipação e fazer com que os leitores
das rodas vençam a timidez e se dis-
ponham a tecer comentários, a dar de-
poimentos etc. é selecionar textos que
permitam uma associação com a expe-
riência de vida de cada um.
Para divulgar as rodas de leitura, vale
lançar mão de inúmeros recursos: carta
aberta à população, filipetas, convites, distri-
buídos em pontos estratégicos (escolas, igre-
jas, clubes, feiras, lojas, padarias, farmácias
etc.); faixas ou cartazes, afixados em bancas
de jornal e casas de comércio locais; leituras
públicas de trechos de textos, convidando o
ouvinte para saber o restante da história nas
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36 Entre na roda - módulo 1
Dica para o(a) professor(a)
A atuação dos jovens alunos no En-
tre na Roda é de extrema importân-
cia. Muito mais do que participar, eles
podem ser chamados a protagonizar
atividades do Projeto, dando a este
uma dimensão social mais ampla. Eles
podem, por exemplo, auxiliar na orga-
nização da biblioteca/sala de leitura e
no empréstimo de livros e outros mate-
riais, mas, sobretudo, podem coordenar
algumas rodas, atuando como orien-
tadores de leitura em creches, escolas
de educação infantil, orfanatos, asilos,
hospitais, num trabalho de estímulo à
leitura junto a crianças, idosos, pessoas
hospitalizadas etc.
Pela convivência com esses jovens,
torna-se mais fácil para você descobrir,
orientar e preparar aqueles que têm ta-
lento e/ou disposição para o exercício
dessa liderança.
rodas (isso pode ser feito em espaços coleti-
vos ou ainda por meio de rádios locais); per-
formances relâmpagos com a participação
de atores profissionais ou amadores caracte-
rizados com roupas e adereços em espaços
e horários diversos. Essas performances te-
riam como foco central a leitura expressiva/
dramatizada de pequenos textos ou poemas
e o convite para o evento a se realizar. O im-
portante é que todos se sintam convidados e
que as datas e locais de realização das rodas
fiquem bem claros.
Entre os participantes das rodas podem
surgir novos voluntários orientadores de
leitura. É importante que o(a) orientador(a)
seja sensível ao despertar desses talentos
e os acolha, incentivando-os para que gra-
dativamente assumam a tarefa de coorde-
nar as rodas com novos grupos.
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37Entre na roda - módulo 1
Dica para todos
No caso de o voluntário atuar junto a
grupos de idosos, pode desenvolver na
roda de leitura um projeto de resgate
das memórias individuais dos partici-
pantes e da própria história da comu-
nidade. Essas memórias, por sua vez,
podem ser transformadas em textos e
levadas a outros grupos de participan-
tes mais jovens, de forma a socializar
esses registros e estabelecer uma ponte
entre antigas e novas gerações.
Fruição da leitura
Nas rodas de leitura, alterne ativida-
des em que, sob sua orientação, os parti-
cipantes leem e exploram os significados
e os recursos dos textos, com momentos
de leitura por pura fruição.
Durante esses momentos, procure ler
também, mostrando-se seduzido pela lei-
tura; você pode tornar-se um modelo de
leitor, e é possível que os participantes
venham a imitá-lo.
Permita que o grupo escolha suas lei-
turas, pois a criança, o adolescente e o
adulto têm interesses diversos. O contato
com outros portadores de texto, além do
livro, pode ser uma porta de entrada para
que futuramente eles leiam obras literárias
ou de diferentes áreas do conhecimento.
Ao indicar livros para leitura, faça an-
tes uma sondagem para descobrir quais
são as preferências, interesses e expecta-
tivas do grupo.
Dica para o(a) professor(a)
Ao trabalhar com os alunos a partir de
uma mesma obra, organize e proponha
atividades variadas que os seduzam para
aleituradolivroeconstituamumdesafio
à sua criatividade. Por exemplo, por meio
de dramatizações, reconstituir a época
em que se passa a história, um momen-
to de clímax ou um diálogo interessante
do enredo; debater as atitudes de certos
personagens; selecionar frases ou temas
apresentados na história e ilustrá-los por
meio de dobraduras, colagens, desenhos,
charges etc.; construir maquetes que
representem o(s) cenário(s) da história;
confeccionar cartazes de propaganda do
livro; criar paródias a partir de música
conhecida e com letra baseada em te-
mas ou situações do enredo; criar outra
capa para o livro,com novas ilustrações e
título diferente; debater assuntos/temas
que aparecem no enredo, comparando-
-os com os de outras obras já lidas ou
com a atualidade; recontar a história
do ponto de vista de outro personagem;
simular uma entrevista com o autor ou
com os personagens da obra, sendo que
um aluno se coloca no papel do entrevis-
tado e os demais, no de entrevistadores.
Entre_na_roda_modulo1.indd 37 01/02/2010 18:54:28
38 Entre na roda - módulo 1
A leitura com o objetivo de fruição in-
dividual pressupõe que o leitor possa to-
mar emprestado o livro e tê-lo a sua dis-
posição por determinado período.
É bom lembrar que quando se pensa
em empréstimo, deve-se prever um nú-
mero maior de títulos e de exemplares
para o acervo da biblioteca/sala de leitu-
ra, pois, assim, outras atividades, como a
leitura livre, não ficam prejudicadas pelo
fato de muitos livros estarem em circula-
ção entre os leitores. Às vezes, torna-se
difícil, para muitos leitores, ir à biblioteca
ou à escola para fazer empréstimo de li-
vros. Nesse caso, podem ser montados
pequenos acervos (20 a 30 livros), perio-
dicamente renovados, que, acondiciona-
dos em sacolas ou maletas, cheguem até
esses leitores, levados pelas mãos de um
responsável.
Dica para o(a) professor(a)
Uma vez instituído um cantinho de
leitura ou um pequeno acervo em sala
de aula, a cada 15 ou 20 dias os alunos
podem fazer um empréstimo coletivo
junto à biblioteca/sala de leitura. Cada
aluno escolhe um livro. Os livros sele-
cionados são colocados numa caixa e
transportados até a sala de aula, onde
passam a compor, temporariamente, o
acervo da sala. Reserve momentos da
aula para leitura livre e, a partir dela,
crie situações de oralidade, pedindo aos
alunos que comentem sobre o que le-
ram, assim como situações de escuta,
solicitando que leiam para o grupo tre-
chos interessantes das obras escolhidas.
Crie um ritual para marcar e come-
morar o primeiro empréstimo realiza-
do pelos iniciantes na leitura de textos
escritos. Juntamente com esses alunos
menores, prepare e decore uma caixa
resistente com tampa, na qual serão
colocados os livros. Depois, essa caixa
é levada pelas crianças até a biblioteca/
sala de leitura, onde elas podem ma-
nusear e escolher livros, colocando-os
dentro dela.Depois de tampada,a caixa
retorna à sala de aula e é colocada num
canto especialmente preparado para
receber esse “tesouro”. Podem-se colo-
car ali algumas almofadas para tornar
o espaço mais aconchegante. No dia se-
guinte, a caixa é aberta e cada um pega
o livro escolhido para ler. Terminada
essa sessão de leitura, os livros voltam
para a caixa, podendo ser emprestados
depois a outros alunos.
Entre_na_roda_modulo1.indd 38 01/02/2010 18:54:30
39Entre na roda - módulo 1
Circulação de
informações
Juntamente com seu grupo, recorte
notícias e artigos interessantes de jornais
ou revistas de que disponham, afixando-os
num mural ou painel, renovado periodica-
mente. Essa é uma forma de fazer circular
informações e de provocar a curiosidade
das pessoas que transitam pela escola, bi-
blioteca ou espaço de leitura.
Dica para o(a) professor(a)
A assinatura de periódicos, seja coti-
zada entre os professores,seja custeada
com verba da escola ou doada por algu-
ma instituição, pode facilitar bastante
a tarefa dos professores. Além de infor-
mações, jornais e revistas são portado-
res de diferentes gêneros textuais, que
podem ser levados à sala de aula para
enriquecer o trabalho com os alunos.
Se possível, crie um mural ou um pai-
nel na sala de aula, no qual os alunos
possam colocar bilhetes, “dicas”, anún-
cios, propagandas e comentários sobre
livros, revistas, HQs etc.
A coordenação do
Projeto
Como vimos, na escola, na biblioteca
ou em outras instituições, um projeto de
incentivo à leitura abrange atividades di-
versas, que podem ser desenvolvidas por
várias pessoas: algumas podem contar
histórias; outras, responsabilizar-se pela
organização do espaço; outras, realizar
empréstimos de livros; e outras, ainda,
podem conduzir as sessões de leitura li-
vre. Um bom planejamento e a divisão de
trabalho podem garantir que cada volun-
tário contribua de acordo com suas habi-
lidades e possibilidades.
Para que isso ocorra, é necessário
que os envolvidos na implementação do
Entre na Roda elejam duas ou três pes-
soas com a função de coordenar as ativi-
dades de leitura. Esse grupo se responsa-
bilizará pela organização e divulgação do
andamento do Projeto.
Entre_na_roda_modulo1.indd 39 01/02/2010 18:54:31
40 Entre na roda - módulo 1
Planejar e avaliar
Para obter o resultado desejado, é
preciso planejar o início e o desenrolar
de todas as ações do trabalho. Se você
conta com um grupo de colaboradores,
reúna-se com eles periodicamente para
discutir e definir os encaminhamentos a
serem dados.
Conforme o trabalho avança, há
necessidade de avaliá-lo, para saber
como os envolvidos estão participan-
do, o que pensam sobre os encami-
nhamentos dados e as ações desenca-
deadas, o que está funcionando bem,
quais são os ajustes necessários, como
corrigir possíveis distorções em relação
aos objetivos propostos. É fundamen-
tal que todos participem da avaliação,
contribuindo com diferentes ideias, vi-
sões e propostas.
Os participantes das rodas estão de-
monstrando maior interesse pela leitura?
Fazem comentários sobre o que leem?
Os empréstimos de livros e de outros
portadores de texto têm aumentado? As
rodas de leitura têm conseguido mobili-
zar um número crescente de participan-
tes? O acervo foi ampliado ou necessita
de ampliação? Questões como essas e
outras mais devem ser colocadas para
que a avaliação permita diagnosticar
avanços e dificuldades, contribuindo
para o replanejamento das ações.
Para que isso ocorra, é importante
que tudo seja registrado. Sem o regis-
tro, perde-se a memória do que ocor-
reu e prejudica-se a continuidade das
ações, dificultando a aplicação dessas
experiências por outros grupos em ou-
tras situações.
Entre_na_roda_modulo1.indd 40 01/02/2010 18:54:32
41Entre na roda - módulo 1
Registro das
atividades
Como forma de socializar infor-
mações sobre as atividades de leitura
que acontecem na escola, na bibliote-
ca e em outros espaços, é necessário
registrá-las, por meio de cronogramas,
cartazes, fotos, convites, avisos, men-
sagens, boletins, anúncios.
Se houver um grupo encarregado
desse registro, pode-se organizar um
painel por meio do qual circulem as
informações a respeito do Projeto, e
também instituir uma comissão que se
encarregará de divulgar os eventos, os
novos livros adquiridos ou doados, a lis-
ta dos mais lidos etc. Rádio e jornal lo-
cais podem colaborar tanto anunciando/
publicando os cronogramas de eventos,
temas, autores e/ou leituras programa-
das para as rodas, quanto apresentan-
do relatos e análises dessas atividades
feitas por participantes, orientadores ou
convidados.
No caso das rodas de leitura, é in-
teressante que cada grupo registre seu
percurso, utilizando escrita, vídeo, foto-
grafia, gravação. Pode-se estabelecer
ainda correspondência entre os grupos
que formam as diversas rodas de leitu-
ra, fazendo com que haja uma troca de
experiências entre os participantes.
Entre_na_roda_modulo1.indd 41 01/02/2010 18:54:32
42 Entre na roda - módulo 1
ma forma agradável de registrar o
percurso do Projeto é a elaboração
de um diário de bordo, contendo as reflexões
sobre a formação e a articulação desta com a
prática de orientar rodas de leitura.
O que é?
Os participantes e o(a) orientador(a)
registram, em caderno individual, tudo
o que considerarem significativo em seu
percurso de formação ou atuação nas ro-
das de leitura.
O que pode ser registrado no diário de
bordo?
● Considerações a respeito da
formação (impressões, avaliação,
pontos positivos e negativos etc.).
● Relato das atividades de leitura
propostas pelo Projeto, desenvolvidas
pelo(a) orientador(a) das rodas com
os alunos e/ou com a comunidade
(que tipo de atividade, o que foi
trabalhado, quantos participaram,
aspectos positivos e negativos etc.).
● Reflexões do(a) orientador(a), a partir
do que foi trabalhado nas oficinas de
formação ou na prática (atividades de
leitura com alunos ou comunidade),
apontando avanços, dificuldades etc.
● Impressões e/ou comentários dos
participantes das rodas e de outras
atividades coordenadas pelo(a)
orientador(a).
É possível, ainda, reservar uma parte do
diário de bordo, denominada, por exemplo,
Achados & guardados, para registrar:
● leituras feitas;
● textos, indicações de leitura e de
atividades culturais, livros, sites,
músicas etc., que possam ser
utilizados em atividades de leitura,
enriquecendo-as.
Como registrar?
● Por escrito: anotações, cartas,
bilhetes, depoimentos, impressões de
participantes das rodas, que podem
ser anexados ao diário.
● Por meio de fotos.
● Por meio de desenhos.
Sugestão: Iniciar o diário de bordo com
um texto em que o(a) orientador(a) se
apresenta e conta sua história de leitura.
Diário de bordo
U
Entre_na_roda_modulo1.indd 42 01/02/2010 18:54:33
43Entre na roda - módulo 1
Palavras aos gestores
orientador(a) de leitura. No entanto, sabe-
mos que, para ter qualidade e abrangên-
cia, um trabalho dessa natureza precisa
ser constantemente alimentado. Assim, é
fundamental que os gestores incentivem
e apoiem os professores, bibliotecários e
voluntários, criando condições para que
boas práticas sejam incorporadas à rotina
de uma maneira viva e consistente, não
só pelos que participam diretamente da
formação, mas também pelos outros edu-
cadores com quem eles possam comparti-
lhar ideias, materiais etc.
s gestores, tanto dos órgãos cen-
trais como das escolas, biblio-
tecas e outros espaços de leitura, têm um
papel fundamental na irradiação das práticas
de leitura e formação do leitor propostas por
este Projeto. A função que exercem lhes con-
fere uma liderança, que se efetiva à medida
que mais conheçam as propostas e ofereçam
condições favoráveis a sua implementação.
A formação oferecida pelo Entre na
Roda, conforme atestam as avaliações dos
participantes, proporciona novas ideias
e imprime novo ânimo ao trabalho do(a)
O
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44 Entre na roda - módulo 1
Aos gestores de escolas (diretores
e coordenadores pedagógicos),
sugerimos que:
● incentivem o comparecimento e a
participação dos inscritos nas oficinas
de formação;
● acompanhem, apoiem e promovam
as ações do Projeto;
● socializem informações sobre o Entre na
Roda em horários de trabalho coletivo
ou em reuniões pedagógicas, criando
situações para que essas aprendizagens
sejam multiplicadas entre os demais
educadores da unidade educacional;
● estimulem e apoiem os educadores
participantes para que coloquem
em prática as novas ideias e
aprendizagens e prossigam com essas
práticas após o período de formação;
● ajudem a organizar e fazer circular
entre alunos e comunidade o acervo
existente na escola;
● disponibilizem aos orientadores das
rodas, sejam eles professores, alunos
ou voluntários, os recursos pedagógicos
necessários ao enriquecimento das
atividades de leitura;
● reproduzam o material de apoio
necessário para o funcionamento das
rodas de leitura;
● estimulem a realização de rodas de
leitura também com os familiares,
aproveitando as reuniões de pais e
outros eventos para desenvolvê-las;
● convidem familiares e outras pessoas
da comunidade para ler ou contar
histórias para os alunos na escola;
● acompanhem as rodas de leitura que
ocorrem na escola;
● divulguem os resultados do Projeto
junto à rede e à comunidade;
● realizem rodas e outras atividades
do Projeto com colegas, alunos e/ou
comunidade;
● integrem o Entre na Roda ao projeto
político-pedagógico da escola;
● avaliem e discutam com os
envolvidos tanto o processo como
os resultados, de forma a contribuir
para o redirecionamento das ações,
quando necessário.
Entre_na_roda_modulo1.indd 44 01/02/2010 18:54:40
45Entre na roda - módulo 1
Aos gestores de bibliotecas e
de outros espaços de leitura,
propomos que:
● incentivem o comparecimento e a
participação dos inscritos nas oficinas
de formação;
● acompanhem, apoiem, promovam e
divulguem as ações do Projeto;
● estimulem e apoiem os participantes
do Projeto para que coloquem
em prática as novas ideias e
aprendizagens e prossigam com essas
práticas após o período de formação;
● ajudem a organizar e fazer circular na
comunidade o acervo de que dispõem;
● disponibilizem aos orientadores
o material de apoio e os recursos
necessários ao bom funcionamento
das rodas de leitura;
● estabeleçam parcerias com escolas,
organizações da sociedade civil e
outras instituições no sentido de
disseminar o gosto pela leitura;
● avaliem e discutam com os
envolvidos tanto o processo como
os resultados, de forma a contribuir
para o redirecionamento das ações,
quando necessário.
Aos gestores de órgãos
centrais, a sugestão é de que:
● procurem acompanhar as escolas,
bibliotecas e outros espaços de
leitura que participam do Entre na
Roda, tendo em vista incentivar a
continuidade e expansão do trabalho
com leitura;
● criem formas de comunicação (um
espaço virtual, um boletim, um mural,
por exemplo), para divulgar notícias e
fotos das atividades com leitura;
● procurem conscientizar os
gestores dos espaços em que o
Projeto foi implantado para que
façam circular os livros entre as
crianças, jovens e adultos.
Entre_na_roda_modulo1.indd 45 01/02/2010 18:54:42
46 Entre na roda - módulo 1
Referências e sugestões de
leitura
BAJARD, Élie. Caminhos da escrita: espaços de aprendizagem. São Paulo: Cortez, 2002.
CENPEC - Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação Comunitária.
Estímulo à leitura: o prazer da descoberta. São Paulo: Cenpec, 1999. [Coleção
Amigos da escola – todos pela educação, 4.]
CHARTIER, Anne-Marie, CLESSE, Christiane, HÉBRARD, Jean. Ler e escrever:
entrando no mundo da escrita. Porto Alegre: Artes Médicas, 1996.
DIONÍSIO, A.P., MACHADO, S.R., BEZERRA, M.A. (Orgs.). Gêneros textuais & ensino.
Rio de Janeiro: Lucerna, 2002.
FOUCAMBERT, Jean. A leitura em questão. Trad. Bruno Charles Magne. Porto Alegre:
Artes Médicas, 1994.
FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler. São Paulo: Cortez, 1990.
JOLIBERT, Josette et al. Formando crianças leitoras. Trad. Bruno Charles Magne.
Porto Alegre: Artes Médicas, 1994.
NERI, Alfredina et al. Biblioteca escolar: estrutura e funcionamento. São Paulo: Loyola,
1989.
PELLEGRINI, Tânia. Projeto Memória de leitura. Disponível em www.unicamp.br/iel/
memoria.
PRADO, Heloísa de Almeida. Organização e administração de bibliotecas. Rio de
Janeiro: Livros Técnicos e Científicos, 2000.
RESENDE, Vânia Maria. Literatura infantil & juvenil: vivências de leitura e expressão
criadora. São Paulo: Saraiva, 1993.
RIBEIRO, V.M. Alfabetismo e atitudes. Campinas, São Paulo: Papirus, Ação Educativa, 1999.
________ (Org.). Letramento no Brasil: reflexões a partir do INAF 2001. São Paulo:
Ação Educativa, Global, Instituto Paulo Montenegro, 2003.
SILVA, Ezequiel Theodoro da. Leitura na escola e na biblioteca. Campinas: Papirus, 1986.
ZILBERMAN, Regina. Leitura em crise na escola. Porto Alegre: Mercado Aberto, 1988.
Entre_na_roda_modulo1.indd 46 01/02/2010 18:54:43
Entre_na_roda_modulo1.indd 47 01/02/2010 18:54:43
Iniciativa Coordenação
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ENTRE NA RODA - MÓDULO 1

  • 1. Leitura na escola e na comunidade Apresentação e orientação Organização das rodas na escola e na comunidade 1 Entre_na_roda_modulo1.indd 1 01/02/2010 18:53:45
  • 2. Agradecemos a Jorge Miguel Marinho por ter gentilmente cedido o direito de uso de seu texto neste módulo e a todos que autorizaram a publicação de suas imagens nas fotos que o ilustram. Fundação Volkswagen Via Anchieta, km 23,5 – CPI 1394 – Bairro Demarchi 09823-901 – São Bernardo do Campo – SP http://www.vw.com.br/fundacaovw Presidente do Conselho de Curadores Holger Rust Diretor Superintendente Eduardo de A. Barros Diretora de Administração e Relações Institucionais Conceição Mirandola e-mail: fundacao@volkswagen.com.br CENPEC – Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação Comunitária http://www.cenpec.org.br Presidente do Conselho de Administração Maria Alice Setubal Superintendente Coordenadora Técnica Maria Amábile Mansutti Gerente de Projetos Locais Claudia Petri Líder do Projeto Maria Alice Mendes de Oliveira Armelin Autoria do material América dos Anjos Costa Marinho Maria Alice Mendes de Oliveira Armelin Revisão Sandra Miguel Projeto gráfico Rabiscos & Grafismos Editoração eletrônica Alba Amaral Gurgel Cerdeira Rodrigues Fotografias Dudu Cavalcanti Rodrigo Shimizu Entre_na_roda_modulo1.indd 2 01/02/2010 18:53:46 Rua Minas Gerais, 228 – Consolação 01244-010 – São Paulo – SP Anna Helena Altenfelder São Paulo, fevereiro de 2011 Tiragem: 500
  • 3. Sumário LIVRO... 5 POR QUE INCENTIVAR A LEITURA? 8 O PROJETO ENTRE NA RODA 11 Objetivos 13 Objetivos específicos 14 Material de apoio 14 Programa de formação 15 Acompanhamento 16 Atividades do Projeto 17 Rodas de leitura 17 Um grande evento para divulgar e marcar o início do Projeto 18 Eventos periódicos 19 Empréstimo 19 Sessões de leitura livre 20 Sessões de leitura dirigida 20 Jovens leitores 20 Encontro com autores de livros 20 Oficinas de leitura 21 Outras atividades 21 O orientador das rodas de leitura 22 O orientador na escola 23 O orientador na comunidade 24 Preparando-se para “entrar na roda” 25 O primeiro passo: um bom acervo 28 Como organizar os livros? 30 Acesso aos livros 30 Outros arranjos possíveis 31 O espaço 32 O tempo 33 Vamos entrar na roda? 34 Fruição da leitura 37 Circulação de informações 39 A coordenação do Projeto 39 Planejar e avaliar 40 Registro das atividades 41 DIÁRIO DE BORDO 42 O que é? 42 Como registrar? 42 PALAVRAS AOS GESTORES 43 REFERÊNCIAS E SUGESTÕES DE LEITURA 46 Entre_na_roda_modulo1.indd 3 01/02/2010 18:53:46
  • 4. 4 Entre na roda - módulo 1 Entre_na_roda_modulo1.indd 4 01/02/2010 18:53:46
  • 5. 5Entre na roda - módulo 1 Livro... primeira vez que peguei um livro na mão, Eu tinha quinze anos E percebi sem saber direito Que dentro do livro a vida se escrevia sem fim, Se escrevia do começo da minha casa e ia até o final das estrelas. Depois voltava E ficava ali na palma da minha mão, Sempre vinha. Por isso ainda essa saudade, não do “tempo perdido”, O tempo nunca se perde quando acontece, Saudade só das palavras que eu não vivi, Esse sentimento de falta que é puríssima presença E é ausência assimilada como diz Drummond, Motivação para escrever querendo tanto fazer existir O que ainda não existe. Vontade de ler o que ainda não foi escrito, O que é caligrafia de gente que nunca leu E talvez nunca venha a ler O que nunca será escrito, Mas já é letra colada à vida, Presença. E isto diz tudo. Presença da realidade solta, Então escondida e depois tão tocável, Promessa do que eu ainda não tinha vivido, Do que eu ainda não sabia nas páginas, Do que eu ainda não via por trás das palavras, Do que eu ainda não sabia como não se sabe uma promessa que é porção virgem do que se vai saber Jorge Miguel Marinho A Entre_na_roda_modulo1.indd 5 01/02/2010 18:53:47
  • 6. 6 Entre na roda - módulo 1 e do que nunca se saberá porque o que não se sabe, querendo saber e se pode saber sempre, Agora, agora, agora... É um livro na plenitude Sempre tão provisória da vida. A primeira vez que eu peguei um livro na mão, Eu, sem saber sabendo, peguei a vida, A vida diluída, a vida distraidamente eterna, A vida despossuída com tanta palavra dentro, A vida traída por falta de palavras, de verdades mentirosas, De mentiras tão verdadeiras, A vida de verdade mesmo, De traição por ausência do que ia ser, Do que já devia ter sido e era tão bom que ainda não era, Que já estava sendo e era tão bom como qualquer coisa Que se promete, Que era quase tão bom como traição de amante mesmo Que depois se torna tão fiel como água dentro da água, Sincero como a ingenuidade de dois trens que trilham Distraídos, juntos, Como um encontro de iguais Que resolve morar dentro de um livro. Um livro sem o menor atributo Porque isto diz tudo. Um livro que avisa que o destino Da vida guardada num livro Entre_na_roda_modulo1.indd 6 01/02/2010 18:53:48
  • 7. 7Entre na roda - módulo 1 É de nunca saber o bastante Que livro é como lâmina que recorta a vida, Que é enseada que abraça, Abraço sincero numa ilha em sol aberto - Não há o que melhorar. Livro é como fazer um breve movimento E comungar a mão que escreve Com os olhos de quem lê. Por isso essa saudade, Essa doce tristeza De nunca saber sabendo tanto Que livro sabe silenciosamente De nós. Isto desde a primeira vez que eu abri um livro. Esqueci de escrever: “Livro aqui nunca é só palavra, Livro é página Que inventa A VIDA.” E mais: escrevi este poema hoje de manhã para os meus amigos todos do Entre na Roda, querendo que livro e amigo sejam como uma carta, a Roda da Fortuna do Tarô, como um livro que nunca começa na hora que podia ter começado, mas que nunca vai acabar. NUNCA. 21/10/2006 Jorge Miguel Marinho é professor de Literatura Brasileira no Centro Universitário FIEO (UNIFIEO) e autor de diversos livros, entre eles: Te dou a lua amanhã e Lis no peito, prêmios Jabuti, e Na curva das emoções, prêmio APCA. Entre_na_roda_modulo1.indd 7 01/02/2010 18:53:50
  • 8. 8 Entre na roda - módulo 1 A leitura possibilita a aquisição da maior parte dos conhecimentos acumulados ao longo da histó- ria. Mas o brasileiro lê pouco. O acesso à escrita no País é distribuído de forma tão desigual quanto a riqueza. Em 1991, metade da população era considerada praticamente analfabeta. Muitos dos que sabiam assinar o nome não eram capa- zes de ler e compreender uma mensa- Por que incentivar a leitura? gem escrita. Uma pesquisa publicada no jornal Folha de S.Paulo em 1996, sobre o hábito de leitura dos brasileiros de 11 capitais, revelou que mais da metade dos entrevistados (57%) não tinha lido ne- nhum livro por lazer ou cultura nos últi- mos 12 meses. Cerca de 85% não tinham lido sequer para a escola e 82% não o fizeram nem por motivos de trabalho. Entre_na_roda_modulo1.indd 8 01/02/2010 18:53:50
  • 9. 9Entre na roda - módulo 1 9 1 RIBEIRO ,V.M. (Org.). Letramento no Brasil: reflexões a partir do INAF 2001. São Paulo: Ação Educativa, Global, Instituto Paulo Montenegro, 2003. Mesmo com a população concentrada em zonas urbanas, e embora a produção de livros venha aumentando, apenas um em cada cinco brasileiros tem o hábito de ler – o que também é dificultado pelo custo do livro, frequentemente elevado para grandes parcelas da população. Em 2001, finalizou-se um estudo na cidade de São Paulo com o objetivo de definir, a partir de dados concretos, o que é analfabetismo funcional num contex- to urbano da América Latina (RIBEIRO, 2003) 1 . O estudo, feito com uma amostra representativa da população paulistana de 15 a 54 anos, mostrou que 7,4% eram analfabetos absolutos; 25,5% eram anal- fabetos funcionais, pois faziam pouco uso da leitura e da escrita na vida diária, de- monstrando ter uma compreensão míni- ma de um texto escrito; 33,5% apresenta- ram apenas uma compreensão básica da leitura; e somente 33,5% atingiram níveis mais elevados dessa habilidade e faziam uso mais intenso e diversificado da lingua- gem escrita – por exemplo, lendo jornais periodicamente ou utilizando meios escri- tos para obter novos conhecimentos ou planejar atividades complexas. Entre_na_roda_modulo1.indd 9 01/02/2010 18:53:52
  • 10. 10 Entre na roda - módulo 1 Ora, esse quadro revela-se ainda mais preocupante quando sabemos que, além de permitir o acesso à maior parte dos conheci- mentos acumulados, a leitura amplia nossa visão de mundo, desenvolvendo a compre- ensão, a comunicação e o senso crítico. Colocando-nos em contato com um mundo simbólico e abstrato, a palavra escrita torna possível a vivência de realidades diversas e a descoberta de pessoas e ideias. Enfim, abre portas para vivermos plenamente nossa ci- dadania, transformando a nós mesmos e a realidade que nos cerca. Em vista dessa importância, garantir acesso à leitura passa a ser uma tarefa de responsabilidade da sociedade como um todo. E mais: para que isso aconteça de fato, Vera Mazagão Ribeiro, autora do refe- rido estudo, aponta a necessidade de que os programas educativos atuem no desen- volvimento tanto de habilidades de leitura de diversos gêneros textuais, quanto de atitudes favoráveis à leitura enquanto ve- ículo de aquisição de novos conhecimen- tos e de aprimoramento cultural. Essa também é nossa visão. Por isso propomos um projeto de incentivo à leitu- ra, não só para alunos, mas também para a comunidade, de modo a criar dentro e fora da escola um ambiente favorável ao desenvolvimento dessa prática. Entre_na_roda_modulo1.indd 10 01/02/2010 18:53:54
  • 11. 11Entre na roda - módulo 1 Entretanto, por razões econômicas e sociais, muitos têm acesso à leitura ape- nas na escola. É lá que crianças e jovens podem ser conquistados para o livro, se seus primeiros contatos com a leitura fo- rem interessantes e agradáveis. Mas nem sempre as escolas traba- lham bem a leitura. As sucessivas polí- ticas sociais e educacionais das últimas décadas, que favoreceram a democrati- zação do acesso ao ensino fundamental, convivência com o livro e a formação do leitor começam antes da alfabetização. Desde pequena, a criança percebe a relação das pessoas com a escrita, notando a reação dos adultos à leitura de cartas, folhetos de propaganda, jornais, livros e outros escritos. Se os pais ou pessoas próximas lhe oferecem livros ou contam histórias, ajudam a despertar seu inte- resse pelo ato de ler. A O Projeto Entre na Roda Entre_na_roda_modulo1.indd 11 01/02/2010 18:53:55
  • 12. 12 Entre na roda - módulo 1 não foram acompanhadas de investi- mentos na formação inicial e continuada dos educadores, dificultando a efetivação de um ensino de boa qualidade. Nesse contexto, a leitura e a escrita deficientes têm-se constituído como o resultado mais visível do fracasso da escola. Algumas es- colas valorizam a decifração das letras e a articulação das palavras, sem se pre- ocuparem com a compreensão do texto; outras limitam-se a verificar se o aluno é capaz de localizar informações no texto, sem ampliarem o entendimento. Felizmente há escolas trabalhando de forma que o aluno leia com determinado objetivo e seja estimulado a buscar o sen- tido do texto. Isso pode acontecer de di- versas maneiras: lendo uma receita para fazer um bolo ou um manual para montar um aparelho de som, localizando as in- formações de uma notícia, rindo de uma piada, emocionando-se com um poema ou com uma história... Para incentivar a leitura, não basta co- locar as pessoas em contato com materiais escritos, embora essa seja a primeira con- dição. É preciso incentivá-las, ajudá-las a compreender textos complexos, a partir de comentários, de perguntas, de leitura con- junta, de oferta de informações sobre auto- res e temas, de auxílio à descoberta do sig- nificado de palavras etc. Na escola, isso é feito pelo professor, mas, em outros contex- tos, esse estímulo pode ser propiciado por um leitor mais experiente, um orientador de leitura. Não é difícil imaginar a impor- tância da ação desses colaboradores para o incentivo à leitura: os orientadores podem contribuir muito para que crianças e jovens brasileiros se tornem bons leitores. A partir desses pressupostos, o Projeto Entre na Roda, resultado de uma parceria entre a Fundação Volkswagen e o Cenpec, constitui uma proposta de incentivo e orientação à leitura, que visa Entre_na_roda_modulo1.indd 12 01/02/2010 18:53:56
  • 13. 13Entre na roda - módulo 1 ao desenvolvimento tanto do gosto pela leitura como das capacidades leitoras. Nesse sentido, propõe-se a apoiar secre- tarias de Educação e de Cultura, orga- nizações da sociedade civil e outros na formação de educadores, bibliotecários, agentes sociais e voluntários da comuni- dade como orientadores de leitura. Para tanto, contribui com o fornecimento de material de apoio a essa formação e com o acompanhamento das ações nas esco- las e em outros espaços de leitura. O Entre na Roda, assim, parte do princípio de que difundir o gosto pela leitura, propiciando a convivência em ambiente letrado, é benéfico a crianças, jovens e adultos. Aprender a ler os mais diferentes gêneros discursivos, adquirin- do o gosto pela leitura, além de ampliar a compreensão de mundo, pode garantir melhor desempenho nos estudos e na vida profissional. Objetivos ●Fomentar uma cultura de valorização da leitura na escola e em outros espaços da comunidade. ● Difundir entre educadores, agentes sociais, gestores educacionais, membros da comunidade e voluntários as propostas do Projeto, tendo em vista a criação e manutenção de um ambiente propício à irradiação da leitura. ●Formar orientadores de leitura para que estimulem em crianças, jovens e adultos o gosto pela leitura e sua competência enquanto leitores, por meio de atividades diversificadas. ●Fortalecer cada vez mais a parceria entre escolas, bibliotecas e outros espaços de leitura e a comunidade. ● Valorizar a cultura local. Entre_na_roda_modulo1.indd 13 01/02/2010 18:53:58
  • 14. 14 Entre na roda - módulo 1 Material de apoio O material de apoio do Entre na Roda compõe-se de um módulo introdutório, no qual se discutem questões vinculadas à leitura, e de sete módulos de orientação às oficinas. O primeiro módulo, referente à Oficina 1, apresenta o Projeto e orienta a organização das rodas de leitura com alunos e comunidade. Os demais enfo- cam o trabalho com os diferentes gêneros discursivos que mais comumente circu- lam na sociedade. Assim, temos: ● Oficina 2 – Quem conta um conto... – narrativas curtas: textos da tradição oral (“causos”, contos de encantamento, fábulas), apólogo e crônicas; ● Oficina 3 – Foi assim... – contos literários; ● Oficina 4 – Enredando-se na leitura – romance, novela e texto teatral; ● Oficina 5 – E por falar em poesia... – textos poéticos; ● Oficina 6 – O que aconteceu? – O jornal nas rodas de leitura – textos jornalísticos; ● Oficina 7 – A curiosidade premiada – textos de divulgação científica e orientação à pesquisa bibliográfica. Objetivos específicos ● Formar educadores, bibliotecários, voluntários e agentes sociais, de modo que: ●se apropriem da metodologia das oficinas do Projeto Entre na Roda e passem a desenvolvê-las com os participantes das rodas de leitura; ●tenham uma atuação voltada para a crescente familiarização de crianças, jovens e adultos com os mais variados gêneros textuais que circulam na sociedade e para o desenvolvimento do gosto pela leitura. ● Formar gestores, para que: ● desenvolvam e usufruam as atividades dos grupos de leitura; ● compreendam as propostas que os orientadores irão desenvolver e possam acompanhá-los e apoiá-los em seu trabalho; ●ajudem a organizar as rodas de leitura e demais atividades do Projeto, fazendo as intervenções necessárias à implementação da proposta. Entre_na_roda_modulo1.indd 14 01/02/2010 18:53:59
  • 15. 15Entre na roda - módulo 1 A voz do participante: depoimentos “O material de apoio é muito rico e nos deu importantes subsídios para desenvolver as rodas de leitura na escola. As sugestões foram essenciais. ”(Vice-diretora de escola municipal de Taubaté) “Numa linguagem clara e apropriada, o material de apoio nos auxilia e abre um leque de opções. ”(Diretora de escola municipal de Taubaté) “O material de apoio fornece elementos para o planejamento das ações no trabalho com as rodas de leitura, focalizando diferentes gêneros textuais. ”(Professora de escola municipal de São Paulo) Programa de formação O programa de formação consta de oficinas que propiciam a vivência de atividades, bem como a reflexão e a discussão acerca das características dos gêneros enfocados em cada uma delas, das condições de implementação e irradiação do Projeto, dos avanços e dificuldades decorrentes das atividades e do registro de todo esse processo. A voz do participante: depoimentos “Toda a dinâmica desenvolvida no decorrer das oficinas pode ser aplicada com os alunos, explorando a leitura, a criatividade e as variadas formas de expressão. ”(Professora de escola municipal de São Paulo) “A formação me ofereceu a base para um trabalho mais coerente, preciso, voltado para o mundo da leitura. ”(Professora de escola municipal de São Paulo) “Participar destas oficinas deu-me a possibilidade de ampliar não só meus conhecimentos como meu repertório de estratégias para o trabalho com leitura. ”(Professora de escola municipal de São Paulo) “As oficinas representam um avanço quanto a tudo que reivindicamos com relação à formação, pois nos propiciam a teoria e a prática. ”(Professor de escola municipal de São Paulo) Entre_na_roda_modulo1.indd 15 01/02/2010 18:53:59
  • 16. 16 Entre na roda - módulo 1 ● variedade de gêneros e de portadores de leitura utilizados; ●organização do ambiente de letramento na sala de aula/biblioteca/outros espaços; ● organização dos tempos e espaços para o desenvolvimento de práticas de leitura; ●iniciativas autônomas no desenvolvimento de práticas de leitura. ● a apropriação do Projeto pelos técnicos e gestores, demonstrada por: ●conhecimento da metodologia utilizada; ●ações de divulgação e de irradiação do projeto; ●práticas de acompanhamento e monitoramento; ●gestão de recursos necessários ao desenvolvimento do Projeto. Acompanhamento O acompanhamento é feito por meio de visitas de observação e orientação às escolas e demais espaços onde se reali- zam as atividades do Entre na Roda. Procede-se também à coleta de da- dos, a partir de instrumentos e estratégias que buscam identificar: ● características do município, dos participantes, das escolas e de outros espaços onde ocorrem as rodas de leitura; ● o desenvolvimento de competências leitoras pelos educadores, bibliotecários, técnicos, gestores, agentes sociais e voluntários, avaliadas mediante: ● fluência na leitura; ● capacidade de compreensão de diferentes gêneros; ● frequência na leitura de livros e de outras publicações; ● capacidade de expressão e comunicação. ● o desenvolvimento, pelos educadores, bibliotecários, agentes sociais e voluntá- rios participantes, de competências para implementar práticas de leitura dentro e fora da escola – apropriação da metodo- logia do Projeto, indicada por: ● apropriação da metodologia do Projeto no trabalho com leitura; ● diversidade de práticas de leitura utilizadas; Entre_na_roda_modulo1.indd 16 01/02/2010 18:54:00
  • 17. 17Entre na roda - módulo 1 Atividades do Projeto As atividades do Projeto podem se desenvolver em espaços e momentos diversos e com participantes diferentes. Nas escolas, o trabalho com alunos e fa- miliares; em bibliotecas e outros espaços comunitários, com estudantes e outros integrantes da comunidade. A voz do participante: depoimentos “Na minha opinião, o diferencial neste projeto foi o acompanhamento. Nunca havia participado de um projeto que tivesse esse tipo de cuidado. E isso foi muito importante para que as rodas fossem cada vez mais valorizadas e aperfeiçoadas. ”(Vice-diretora de escola municipal de Taubaté) “O acompanhamento é uma forma de valorizar o nosso trabalho e incentivar cada vez mais os professores, os alunos e a comunidade. ”(Diretora de creche municipal de Taubaté) “O acompanhamento é importantíssimo, pois através das visitas podemos ser avaliadas e com certeza ampliar e melhorar o nosso trabalho. ”(Professora de escola municipal de Taubaté) “O acompanhamento é um incentivo ao desenvolvimento de novas propostas. ”(Professora de escola municipal de São Paulo) Rodas de leitura As rodas de leitura, atividade central do Projeto, são momentos em que as pessoas se reúnem, em determinados espaços e horários, para ler e comentar as leituras feitas, mediadas por um(a) orientador(a). Nelas se desenvolvem atividades de escuta e leitura de narra- tivas, poemas, notícias, textos teatrais e outros, seguidas de observações e comentários dos participantes sobre o autor, o material lido, as relações deste com outras obras e com a realidade, as características do gênero etc. As rodas desenvolvidas durante as aulas serão orientadas pelo próprio pro- fessor da classe (no caso do ciclo I ou das séries iniciais) ou por um professor esco- lhido pela equipe (no caso do ciclo II ou das séries finais).Também é interessante que outras pessoas da comunidade fa- çam rodas de leitura com os estudantes. Com a comunidade, as rodas serão coordenadas por educadores, bibliote- cários, agentes sociais ou voluntários e poderão acontecer dentro de escolas e bibliotecas, em espaços e horários livres, e fora delas, em outros locais disponíveis. Entre_na_roda_modulo1.indd 17 01/02/2010 18:54:01
  • 18. 18 Entre na roda - módulo 1 Um grande evento para divulgar e marcar o início do Projeto Esse evento poderá apresentar uma amostra do que se pretende desenvolver ao longo do Projeto: rodas de leitura, vi- sita à sala de leitura ou biblioteca da es- cola, cantos de leitura com livros, jornais, revistas etc. à disposição, feira de livros, performances teatrais, apresentação de contadores de história etc. É imprescin- dível também reservar um momento para explicitar o que é o Projeto e como vai fun- cionar. O evento, centrado numa escola ou em outro espaço comunitário, pode ser organizado com a participação de pessoas da comunidade (integrantes de conselhos de escola, de associações de pais e mes- tres e de amigos do bairro, organizações da sociedade civil etc.) e divulgado por meio de cartazes, faixas, convites etc. Havendo jornal e rádio locais, será interessante tam- bém utilizá-los como meio de divulgação tanto desse evento inicial, como de todas as atividades oferecidas ao público. A voz do participante: depoimentos “Nas rodas de leitura as pessoas se emocionam e viajam na imaginação. Isso é fantástico! ”(Representante de comunidade que faz rodas de leitura em creches e na garagem de casa) “As rodas para mim são como um aprendizado em leitura. É muito legal ler e pensar em contos, histórias e divertidas aventuras. ”(Aluno de escola municipal de Taubaté) “A contação de histórias e as rodas de leitura fizeram as minhas aulas mais agradáveis, produtivas e participativas. ”(Professora de escola municipal de Taubaté) Além das rodas, muitas outras ativi- dades de aproximação com o livro e de incentivo à leitura podem ser desenvolvi- das. Apresentamos algumas sugestões e temos certeza de que muitas outras pro- postas surgirão. Entre_na_roda_modulo1.indd 18 01/02/2010 18:54:02
  • 19. 19Entre na roda - módulo 1 A voz do participante: depoimentos “Depois que a professora lê para nós, pegamos livros para ler sozinhos. Eu li um livro muito legal do Monteiro Lobato, que está no baú. ”(Aluna de escola municipal de Taubaté) “Toda quarta-feira, eu chego em casa e conto para minha mãe as crônicas ou as fábulas que a gente leu com a professora. Eu adoro crônicas e agora sempre levo emprestado algum livro da coleção Para gostar de ler. Também gosto muito de fábulas, principalmente do Millôr Fernandes; aliás, eu fico imaginando como uma pessoa pode ter ideias tão bem boladas. ”(Aluna de escola municipal de Taubaté) “Quando trabalhei com um texto do livro A menina que fez a América, primeiro apresentei a Fortunata, personagem da história. Agora, esse livro está com fila, todo mundo quer ler. ”(Professor de escola municipal de Taubaté) Eventos periódicos Para realimentar o desenvolvimento do Projeto, atrair maior participação e fornecer mais elementos para a avalia- ção do trabalho, propõem-se, periodi- camente, encontros com depoimentos, apresentação de teatro, contadores de história, saraus, exposições de livros (troca e venda) etc. Empréstimo Livros e outros portadores do acervo (HQs, revistas etc.) circulam entre os leito- res, que os tomam emprestados. Por um prazo fixado pelo grupo, o leitor pode ler e reler uma obra de sua escolha onde, quan- do e como quiser. O fato de poder levá-la para casa geralmente resulta na divulgação da publicação entre familiares e amigos. Entre_na_roda_modulo1.indd 19 01/02/2010 18:54:03
  • 20. 20 Entre na roda - módulo 1 Sessões de leitura livre Em determinados dias, horários e es- paços previamente estabelecidos, o leitor tem acesso direto ao acervo, podendo es- colher para ler livros ou outros portadores que lhe interessam. As sessões de leitura livre devem ter sua duração fixada pelo grupo, de modo a permitir a circulação das diferentes turmas de leitores. Sessões de leitura dirigida Em sala de aula, o(a) professor(a) pro- põe e desenvolve com seus alunos a leitura e a exploração de textos já selecionados com o objetivo de aprofundar aspectos relativos a um portador de textos (como o jornal) ou a determinado gênero textual (por exemplo, fábulas) vinculados a seu planejamento e ao projeto político-pedagógico da escola. Jovens leitores É muito interessante incentivar jovens a ler para outras pessoas: crianças pe- quenas, idosos, pessoas que não sabem ler etc. A partir do trabalho de sala de aula, o(a) professor(a) pode dar essa su- gestão e ajudar os alunos a se organizar para essa atividade. Encontro com autores de livros Durante as rodas, pode-se combinar com os participantes que autores convi- dar. Os autores podem comparecer para um bate-papo informal ou para uma entre- vista. No caso da entrevista, é importante acertar previamente com os participantes que perguntas gostariam de fazer. Entre_na_roda_modulo1.indd 20 01/02/2010 18:54:05
  • 21. 21Entre na roda - módulo 1 Oficinas de leitura Trata-se de encontros envolvendo orien- tadores e participantes, sob a coordenação de um convidado e com inscrição prévia. Outras atividades Antes mesmo de iniciar as rodas de leitura com um grupo, é possível desen- volver atividades que, embora não tenham um vínculo direto com o ato de ler, podem despertar o interesse de crianças, jovens e adultos pela leitura, pelo fato de colocá-los em contato com formas de organização, produção e circulação do livro e de outros portadores. Sugerimos algumas: ● Visita a uma biblioteca pública de maior porte, onde, com o auxílio do(a) bibliotecário(a), o grupo vai receber informações sobre sua organização e funcionamento. ● Passeio a uma editora para que o grupo possa acompanhar o processo de edição de um livro. Também é interessante visitar um jornal, para ver como ele é escrito e impresso. ● Visita a feiras de livro, para manusear, ler e até adquirir obras, conversar com autores etc. Entre_na_roda_modulo1.indd 21 01/02/2010 18:54:07
  • 22. 22 Entre na roda - módulo 1 mas e assuntos que interessem a todos e a cada um. Todos os encontros com o livro con- tribuem para o crescimento do leitor. Ele pode procurar obras que o transportem a um mundo de humor, aventura, mistério, fantasia ou experiências de vida. Por isso é fundamental que o orientador das rodas de leitura leia, para indicar obras, escla- recer os leitores e selecionar textos que atendam aos interesses e necessidades dos participantes. O orientador das rodas de leitura A primeira qualidade de um orienta- dor de rodas de leitura é ser um bom lei- tor. É fundamental que ele goste de ler, para que seu entusiasmo possa conta- giar e formar novos leitores. É importante que, sendo leitor, ele dê aos participantes das rodas “o testemunho de sua leitu- ra”, como disse Paulo Freire. Além disso, deve ser sensível o bastante para captar os anseios do grupo e saber escolher te- Entre_na_roda_modulo1.indd 22 01/02/2010 18:54:09
  • 23. 23Entre na roda - módulo 1 A principal tarefa do orientador de rodas de leitura é estimular a aproxi- mação do leitor com os livros e outros portadores de texto. Isso se traduz em apresentá-los de um jeito bonito, em oferecer uma pequena amostra de cada um, focalizando, por exemplo, o enredo ou um personagem, em ler e comentar passagens interessantes, em abrir espa- ço para opiniões e comentários dos par- ticipantes, num clima saudável e respei- toso de diálogo – tudo isso será sempre um bom convite à leitura. Ao indicar os títulos mais adequados, falar sobre suas preferências e comentar obras que já leu ou está lendo, o orienta- dor estará instigando nos futuros leitores a curiosidade sobre o que vão encontrar nos livros. Poderá chamar a atenção para determinado aspecto que os iniciantes não tenham percebido ou, simplesmen- te, mostrar-lhes o imenso prazer que a leitura proporciona, lendo para eles ou junto com eles. O orientador na escola Como já se falou, durante as aulas o orientador é o próprio professor. No ciclo I (ou séries iniciais), é o professor da clas- se; no ciclo II (ou séries finais), a equipe escolar decide quem assume esse papel. Neste último caso, poderá haver uma di- visão por ano do ciclo ou série com pro- fessores de diferentes áreas assumindo certo número de classes para desenvol- ver esse trabalho. É interessante que haja um rodízio entre os professores, de modo que todos possam ter a experiência de coordenar essas rodas. Segundo Élie Bajard, o professor tem importante papel como mediador entre os textos e os alunos, pois orienta a escolha e a compreensão dos textos abordados em suas aulas e conduz a aprendizagem por meio deles. Essa dupla função não deve ser vista como prerrogativa exclusiva do professor de Língua Portuguesa, já que diz respeito a todos os professores. “Assim, o professor de História ajuda a criança em suas leituras no nível do conteúdo e no ní- vel da língua de sua especialidade.” 2 2 BAJARD, Élie. Caminhos da escrita: espaços de aprendizagem. São Paulo: Cortez, 2002. p. 195. Entre_na_roda_modulo1.indd 23 01/02/2010 18:54:10
  • 24. 24 Entre na roda - módulo 1 O orientador na comunidade As rodas desenvolvidas na comuni- dade são coordenadas por voluntários: educadores, bibliotecários, agentes so- ciais, contadores de histórias, alunos, pais de alunos e membros da comuni- dade em geral. Os voluntários com alguma especia- lização podem auxiliar na formação dos demais. Entre_na_roda_modulo1.indd 24 01/02/2010 18:54:12
  • 25. 25Entre na roda - módulo 1 Preparando-se para “entrar na roda” Se você está disposto(a) a “entrar na roda”, parabéns! Isso significa que você se decidiu a empreender esforços e de- senvolver atividades para irradiar o gosto pela leitura e formar leitores. Essa decisão marca um primeiro e im- portantíssimo passo para que crianças, jovens e adultos de sua comunidade se tornem leitores. Mas, desenvolver um pro- jeto dessa natureza requer determinadas ações no sentido de organizar e facilitar o trabalho. Por isso, é interessante que você e os demais envolvidos nessa tarefa pro- curem obter informações sobre a situação da leitura nos espaços em que pretendem atuar. Sugerimos, a seguir, algumas ques- tões para esse diagnóstico inicial. Se o Projeto for implementado a partir da escola, perguntem: ● Como está organizado o trabalho com leitura na escola? ● Há uma biblioteca ou sala de leitura? ● Nas salas de aula há espaços especialmente reservados para livros, jornais, revistas e outros portadores de textos? ● Que atividades de leitura são desenvolvidas em sala de aula e na biblioteca/sala de leitura? ● Membros da comunidade escolar (pais, familiares, ex-alunos) têm acesso à biblioteca/sala de leitura para empréstimo de livros ou para outras atividades? ● Os pais ou responsáveis pelos alunos assinam ou compram jornais e/ou revistas? Quais? ● A escola já disponibiliza espaços e horários para atividades da comunidade, como clube de mães, grupos de artesãos, encontros de formação etc.? ● Já existe um vínculo forte entre a escola e a comunidade em geral? ● Em caso negativo, como fazer para “chamar” a comunidade a participar mais efetivamente das ações desenvolvidas a partir da escola? ● Nas proximidades da escola há centros de juventude, orfanatos, asilos para idosos, hospitais etc.? Em caso afirmativo, é possível estender as ações do Projeto a essas instituições? Como? Entre_na_roda_modulo1.indd 25 01/02/2010 18:54:13
  • 26. 26 Entre na roda - módulo 1 Se o Projeto for implementado a partir da biblioteca ou de outro espaço comunitário de leitura, perguntem: ● Na biblioteca ou espaço de leitura há livros, jornais, revistas e outros portadores de textos? ● Que atividades de leitura são desenvolvidas na biblioteca/espaço de leitura? ● Além de estudantes, outras pessoas da comunidade costumam frequentar a biblioteca/espaço de leitura para empréstimo de livros ou para outras atividades? ● Em caso afirmativo, que atividades são essas? ● Já existe trabalho conjunto entre biblioteca/espaço de leitura e outras instituições do entorno: escolas, centros de juventude, hospitais, asilos etc.? ● Em caso negativo, como articular ações voltadas para a leitura em benefício dos estudantes e da comunidade em geral? Entre_na_roda_modulo1.indd 26 01/02/2010 18:54:13
  • 27. 27Entre na roda - módulo 1 Como este Projeto objetiva a participação da comunidade, é importante ainda que a escola, biblioteca ou organização da sociedade civil, enquanto polos irradiadores da proposta, coletem dados para diagnosticar a situação da leitura na comunidade. Neste caso, perguntem: ● Como se dá a leitura na comunidade? ● Há bibliotecas ou outros equipamentos de acesso a livros e materiais escritos diversos? ● Pais, familiares, trabalhadores e outros membros da comunidade frequentam esses espaços? O que leem? ● Há jornal de bairro ou regional? Como é? Sua tiragem é representativa? É vendido ou distribuído gratuitamente (subsidiado por anunciantes)? ● E no local de trabalho, há espaços, momentos e materiais para leitura? ● Em caso afirmativo, o que se lê? ● Em caso negativo, há disponibilidade (espaço/tempo) para que aconteçam atividades de leitura? ● A comunidade dispõe de grupos de teatro (amadores ou não), de contadores de histórias ou de outros grupos que desenvolvam atividades culturais? ● Na comunidade há grupos de voluntários organizados ou ainda organizações da sociedade civil? Que tipo de trabalho desenvolvem? ● A(s) igreja(s) local(is), além de suas atividades próprias, disponibiliza(m) espaços/horários para outros trabalhos voltados para a comunidade? Quais? As respostas a essas e a outras questões servirão para avaliar necessidades e esta- belecer prioridades. A escola, biblioteca ou espaço comunitário de leitura podem, por exemplo, precisar de livros para formação ou ampliação de acervo, de modo a aten- der alunos e comunidade. Ou então de um espaço para o funcionamento da biblioteca/ sala de leitura e das rodas de leitura. Pode ser que não se disponha de um bibliotecário ou de um responsável para cuidar dos livros e será preciso encontrar formas de fazê-lo. Ou, ainda, organizar as rodas de leitura e ati- vidades de empréstimo de forma a atender às necessidades específicas de cada grupo. É fundamental que essas e outras deman- das sejam discutidas e supridas. Entre_na_roda_modulo1.indd 27 01/02/2010 18:54:15
  • 28. 28 Entre na roda - módulo 1 se dispõe. O fundamental é que cada um se empenhe e contribua com criatividade para a aquisição e a organização desse acervo, lembrando que as obras devem atender às necessidades dos leitores. O mais importante é conseguir obras diversas e de qualidade. Uma biblioteca ou sala de leitura deve ter livros de literatura infantil, juvenil e adulta (nacional e estran- geira); obras de referência (enciclopédias, dicionários) e de arte; jornais e revistas; fitas de áudio e vídeo; cartazes, mapas e catálogos; enfim, todo e qualquer material que possa ser lido e que contribua para ampliar a visão de mundo dos leitores. Se houver ali um ou mais computadores, a possibilidade de conexão com a internet e a utilização de softwares podem aumentar consideravelmente o acesso dos usuários a informações sempre atualizadas. O primeiro passo: um bom acervo Quando se trata de estimular o gosto pela leitura, um acervo amplo e variado, que permita o acesso a diversas infor- mações, é indispensável, assim como alguém que se responsabilize pela re- lação dos leitores com os livros e outros materiais, de modo que estes circulem na biblioteca, na sala de leitura, na sala de aula ou em outros espaços. Em instituições públicas, os acervos costumam ser compostos a partir de com- pra efetuada pelo governo ou realizada com recursos arrecadados por meio de festas, ações entre amigos, venda de su- cata etc., ou de doação e troca de livros. A formação do acervo depende do in- teresse e da participação das pessoas en- volvidas, bem como dos recursos de que Entre_na_roda_modulo1.indd 28 01/02/2010 18:54:16
  • 29. 29Entre na roda - módulo 1 Dica para o(a) professor(a) Organize na sala de aula uma pe- quena biblioteca ou cantinho de lei- tura com um acervo de livros e outros portadores de texto, que atenda à faixa etária de seus alunos e à diversidade de gostos. Aliás, o respeito ao gosto é fun- damental, pois mesmo leitores assídu- os abandonam determinados livros nas primeiras páginas e gostam mais de uns do que de outros. Coloque à disposição do aluno, na bi- blioteca, na sala de leitura ou no acer- vo de classe, todo e qualquer material que possa ser um convite prazeroso para a leitura: HQs, revistas especia- lizadas (sobre carro, cinema, turismo, moda, esportes...), folhetos, jornais, recortes (artigos de jornais e revistas sobre assuntos variados e atuais, char- ges), suplementos destinados a crian- ças e a jovens, revistas e livros sobre assuntos do momento, livros ilustra- dos, clássicos da literatura, romances, novelas e livros de contos, de crônicas, de poesia, de textos humorísticos, de arte, paradidáticos de Ciências, Histó- ria, Geografia, Matemática etc. No caso de compra, é interessante fa- zer uma lista com sugestões diversas de todos os interessados. É importante também reservar um es- paço para apresentar livros, histórias gra- vadas em fitas cassete, vídeos, revistas, jornais, reproduções/exposições de qua- dros, artesanato, enfim, tudo o que possa ser reconhecido como manifestação cul- tural da comunidade e que permita forta- lecer a identidade do grupo, estreitando cada vez mais os vínculos já existentes. Se você é um voluntário ou agente so- cial, procure constituir o próprio acervo por meio de patrocínio e/ou de doações da comunidade ou dos participantes das rodas (cada um contribui com um livro, por exemplo). Você pode também solicitar a editoras exemplares para divulgação ou organizar-se juntamente com o grupo em campanhas de coleta de materiais reci- cláveis que possam ser comercializados, destinando a renda à compra de livros. Revistas, HQs e jornais podem ser coleta- dos entre assinantes da comunidade. Entre_na_roda_modulo1.indd 29 01/02/2010 18:54:17
  • 30. 30 Entre na roda - módulo 1 Como organizar os livros? Existem formas padronizadas e ofi- ciais de organização de bibliotecas. Porém, quando se trata de bibliotecas escolares ou não oficiais, a organização do acervo pode seguir critérios menos rí- gidos. É comum nas bibliotecas escolares ou salas de leitura atribuir-se às obras um número de registro crescente, para indi- car a quantidade de livros e de exempla- res existentes. Quanto à disposição nas estantes, o critério mais frequente é o da separação por assuntos. Se na escola ou em outro estabele- cimento ainda não houver um acervo organizado, essa tarefa pode ser feita com a participação de todos. Organizar o acervo já é uma forma de aproximar as pessoas dos livros, despertando interes- se e curiosidade. Dica para todos Livros novos podem ser expostos em espaços de maior circulação. Para divulgar a novidade, é possível reproduzir, por exemplo, a capa e os personagens (usando xerox ou scanner), ou criar cartazes e móbiles, que permitam ao leitor ver o livro, tocá-lo, enfim, interagir fisicamente com ele, antes mesmo de lê-lo. Acesso aos livros Em algumas escolas e bibliotecas, por exemplo, é comum que o leitor tenha li- vre acesso às estantes, podendo procurar o livro que deseja, folheá-lo, examiná-lo, trocá-lo por outro, até encontrar o que mais lhe interessa. Já em outras, o fun- cionamento costuma ser mais formal: o usuário consulta um catálogo ou o pró- prio responsável pelo espaço para solici- tar o que deseja. Entre_na_roda_modulo1.indd 30 01/02/2010 18:54:19
  • 31. 31Entre na roda - módulo 1 No primeiro caso, certamente há mais perdas e dificuldades para man- ter a ordem, porém a intimidade com os livros é maior, motivando descobertas ou reencontros. Nesse caso, é preciso orientar os usuários sobre os cuidados com o acervo. Eles precisam sentir que os livros são preciosos e devem ser ma- nuseados com carinho. Já os catálogos organizados por autor, título e assunto – informatizados ou não – racionalizam a localização de informa- ções. Caso os leitores não dominem es- tratégias de consulta, precisarão do auxí- lio do responsável pela sala de leitura ou do bibliotecário, até adquirir autonomia para fazê-lo sem ajuda. Outros arranjos possíveis Se não for necessário organizar os livros segundo um padrão oficial, é pos- sível fazê-lo de diferentes maneiras. Por exemplo, separá-los por assunto, dispon- do-os nas estantes a partir da sequência alfabética de sobrenomes de autores ou de títulos de um mesmo autor. Se a quantidade de livros for muito grande, atribua a cada assunto um códi- go, colocado nas lombadas, o que facili- tará a busca. O importante é que o pró- prio leitor, familiarizado com os códigos, possa identificar o assunto mesmo sem ter de folhear o livro. Nas escolas, quando não há espaço para a instalação de uma biblioteca ou sala de leitura, os livros podem ser distribuídos pelas diversas salas de acordo com critérios definidos pelo grupo. Podem também ser transportados em caixas ou carrinhos até as salas de aula. Na verdade, o ideal é que Entre_na_roda_modulo1.indd 31 01/02/2010 18:54:20
  • 32. 32 Entre na roda - módulo 1 a escola não só possua uma biblioteca ou sala de leitura, como também mantenha pequenos acervos nas salas de aula. Seja qual for a forma de organização escolhida, o importante é agilizá-la, já que a prioridade é o atendimento ao leitor, por meio da circulação ou empréstimo. Fichas de empréstimo, com os nomes dos usuários e os prazos de devolução, podem ser utilizadas para facilitar o con- trole por parte do responsável e garantir que o livro sempre retorne à biblioteca/ sala de leitura. Dica para todos Procure estabelecer entre os usuários da biblioteca/sala de leitura o uso de sacos plásticos para transportar o livro e outros materiais emprestados. Dessa forma, o acervo é preservado e todos aprendem o respeito e o cuidado com o patrimônio público. O espaço Para o desenvolvimento das ativida- des, podem ser utilizados espaços da própria escola, da biblioteca ou da comu- nidade, cedidos pela associação de mo- radores, por igrejas, famílias etc. É interessante que esses espaços se- jam agradáveis, acolhedores e, no caso da realização das rodas de leitura, que sejam silenciosos, evitando-se o entra e sai de pessoas e interrupções desneces- sárias. Em qualquer uma das circunstân- cias em que ocorram atividades de leitu- ra, é fundamental que os livros e textos sejam apresentados de forma a serem admirados e manuseados. Entre_na_roda_modulo1.indd 32 01/02/2010 18:54:21
  • 33. 33Entre na roda - módulo 1 A voz do participante: depoimentos “Pedi à diretora uma sala para ler com as crianças; foi só organizar o almoxarifado com um tapete, cadeiras em círculo e... Pronto! Estava criada a sala de leitura! ” (Professora de Taubaté) “Faço uma leitura coletiva em cada série, variando o espaço, seja no pátio ou na sala de leitura. Os alunos entram em contato com diversos gêneros. Numa aula conto histórias, em outra eles emprestam livros, escolhendo na estante o que querem levar para casa. .”(Professora de São Paulo) O tempo Cada uma das atividades de aproxima- ção e incentivo à leitura deste Projeto tem uma duração determinada pela própria si- tuação ou espaço em que se desenvolve. Por exemplo, sessões de leitura livre ou di- rigida e oficinas, envolvendo as classes em seu período normal de estudos, costumam ter a duração fixada pelo professor ou pela pessoa que coordena a atividade. Quando realizadas com a comunida- de, é preciso levar em conta a dinâmica de ocupação desses espaços, bem como a disponibilidade de tempo dos partici- pantes. Por isso, é importante discutir e fixar com o grupo a periodicidade e a du- ração mínima de cada evento. Essa orga- nização permite estabelecer uma rotina para os encontros, além de dar seguran- ça aos participantes e criar um vínculo de compromisso entre eles. Pode acontecer, às vezes, de essa duração e periodicidade terem de ser flexibilizadas. Por exemplo, uma roda de leitura cujo tempo médio é de uma hora e meia poderá, excepcional- mente, estender-se um pouco mais, em função dos desdobramentos provocados pelo texto lido, pela presença de um au- tor convidado etc. O mesmo pode ocorrer quanto à periodicidade dos encontros, que, em dado momento, poderá ser al- terada, de comum acordo com o grupo, em função do interesse dos leitores. De qualquer forma, o cronograma dos en- contros deve ser organizado e divulgado com bastante antecedência. Entre_na_roda_modulo1.indd 33 01/02/2010 18:54:22
  • 34. 34 Entre na roda - módulo 1 Vamos entrar na roda? A primeira sessão da roda de leitura deve ser organizada em torno de um tex- to arrebatador, que seduza os leitores de tal forma que eles se sintam motivados a comparecer nos próximos encontros. “Causos”, por exemplo, são uma boa pedida para abrir uma roda de leitura. Selecione um “causo” interessante, leia- -o e abra espaço para os comentários. Certamente muitos participantes vão querer contar os que conhecem e o en- contro transcorrerá de forma animada e prazerosa. Da mesma forma, contos de fadas, his- tórias de animais e aventuras costumam envolver bastante os pequenos leitores. Dica para todos Nos grupos compostos por jovens e adultos, podem-se propor alguns ques- tionamentos como assunto para as conversas de um primeiro encontro: Por que cada um dos presentes resol- veu participar das rodas de leitura? O que busca? O que espera? O resultado dessa conversa inicial pode propiciar elementos para que o(a) orientador(a) programe seus próximos encontros com o grupo e selecione textos que sa- tisfaçam às expectativas da maioria. O importante é que os textos, além de atraentes, sejam curtos e que o orienta- dor se prepare bem para apresentá-los. Sempre que possível, é bom fornecer aos participantes cópias do texto que vai ser lido, para que acompanhem a leitura e depois possam relê-lo quando quiserem, ou ainda mostrá-lo a familiares e amigos. Dica para todos Oriente os participantes a guardar numa pasta os textos entregues nas rodas de leitura, organizando, assim, antologias de textos lidos. Textos maiores também podem ser se- lecionados para as rodas de leitura. Nesse caso, pode-se ler o início de um romance, por exemplo, estimulando os participantes a ler o restante da obra e a descobrir o de- senrolar dessa narrativa; ou selecionar um trecho significativo de uma peça de teatro, fazendo antes um breve resumo a seu res- peito, para que o grupo perceba o significado desse fragmento e não se disperse. Quanto aos poemas, podem-se ler textos impor- tantes de um autor, dando uma visão mais profunda de sua obra, ou textos de vários poetas, mostrando, por exemplo, as diferen- tes visões acerca de uma mesma temática. Entre_na_roda_modulo1.indd 34 01/02/2010 18:54:23
  • 35. 35Entre na roda - módulo 1 Enfim, para cada gênero há uma estratégia própria de abordagem nas rodas de leitura. Dica para o(a) professor(a) Para as rodas de leitura realizadas em sala de aula, você pode programar leituras de textos de caráter literário vinculados aos temas de projeto(s) já desenvolvido(s) na escola; por exemplo: meio ambiente, reciclagem, cidadania, sexualidade etc. Essa será uma forma diferenciada e prazerosa de ampliar a visão dos leitores sobre esses assuntos, já que na literatura eles não são abor- dados diretamente, mas vêm imersos num universo narrativo ou poético. As rodas de leitura também podem se tornar, vez por outra, encontros nos quais os próprios participantes fazem a leitura de pequenos trechos interessantes de obras que leram, comentando-os. Eles podem, ainda, ler e comentar notícias e outros gê- neros presentes nos jornais e revistas, sele- cionados a partir de um tema ou da reper- cussão e polêmica suscitadas por um fato. Durante a realização de uma roda, é importante que o tempo de leitura de um texto não ultrapasse 20 minutos, para não dispersar a atenção dos participan- tes. Assim também se disponibiliza mais tempo para os comentários e opiniões que surgirão após a leitura. Às vezes, numa primeira abordagem, o grupo pode mostrar-se tímido, sem dis- posição para falar, para expor o que pen- sa ou entende sobre o texto lido. Nesse caso, cabe ao(à) orientador(a) da roda de leitura criar um clima favorável para essa troca de ideias, seja lançando desafios ou questionamentos ao grupo, seja expondo algumas de suas opiniões a respeito do assunto, ou mesmo uma curiosidade so- bre o autor ou sobre sua obra, de forma a descontrair os participantes. Dica para todos Uma boa forma de estimular a par- ticipação e fazer com que os leitores das rodas vençam a timidez e se dis- ponham a tecer comentários, a dar de- poimentos etc. é selecionar textos que permitam uma associação com a expe- riência de vida de cada um. Para divulgar as rodas de leitura, vale lançar mão de inúmeros recursos: carta aberta à população, filipetas, convites, distri- buídos em pontos estratégicos (escolas, igre- jas, clubes, feiras, lojas, padarias, farmácias etc.); faixas ou cartazes, afixados em bancas de jornal e casas de comércio locais; leituras públicas de trechos de textos, convidando o ouvinte para saber o restante da história nas Entre_na_roda_modulo1.indd 35 01/02/2010 18:54:25
  • 36. 36 Entre na roda - módulo 1 Dica para o(a) professor(a) A atuação dos jovens alunos no En- tre na Roda é de extrema importân- cia. Muito mais do que participar, eles podem ser chamados a protagonizar atividades do Projeto, dando a este uma dimensão social mais ampla. Eles podem, por exemplo, auxiliar na orga- nização da biblioteca/sala de leitura e no empréstimo de livros e outros mate- riais, mas, sobretudo, podem coordenar algumas rodas, atuando como orien- tadores de leitura em creches, escolas de educação infantil, orfanatos, asilos, hospitais, num trabalho de estímulo à leitura junto a crianças, idosos, pessoas hospitalizadas etc. Pela convivência com esses jovens, torna-se mais fácil para você descobrir, orientar e preparar aqueles que têm ta- lento e/ou disposição para o exercício dessa liderança. rodas (isso pode ser feito em espaços coleti- vos ou ainda por meio de rádios locais); per- formances relâmpagos com a participação de atores profissionais ou amadores caracte- rizados com roupas e adereços em espaços e horários diversos. Essas performances te- riam como foco central a leitura expressiva/ dramatizada de pequenos textos ou poemas e o convite para o evento a se realizar. O im- portante é que todos se sintam convidados e que as datas e locais de realização das rodas fiquem bem claros. Entre os participantes das rodas podem surgir novos voluntários orientadores de leitura. É importante que o(a) orientador(a) seja sensível ao despertar desses talentos e os acolha, incentivando-os para que gra- dativamente assumam a tarefa de coorde- nar as rodas com novos grupos. Entre_na_roda_modulo1.indd 36 01/02/2010 18:54:26
  • 37. 37Entre na roda - módulo 1 Dica para todos No caso de o voluntário atuar junto a grupos de idosos, pode desenvolver na roda de leitura um projeto de resgate das memórias individuais dos partici- pantes e da própria história da comu- nidade. Essas memórias, por sua vez, podem ser transformadas em textos e levadas a outros grupos de participan- tes mais jovens, de forma a socializar esses registros e estabelecer uma ponte entre antigas e novas gerações. Fruição da leitura Nas rodas de leitura, alterne ativida- des em que, sob sua orientação, os parti- cipantes leem e exploram os significados e os recursos dos textos, com momentos de leitura por pura fruição. Durante esses momentos, procure ler também, mostrando-se seduzido pela lei- tura; você pode tornar-se um modelo de leitor, e é possível que os participantes venham a imitá-lo. Permita que o grupo escolha suas lei- turas, pois a criança, o adolescente e o adulto têm interesses diversos. O contato com outros portadores de texto, além do livro, pode ser uma porta de entrada para que futuramente eles leiam obras literárias ou de diferentes áreas do conhecimento. Ao indicar livros para leitura, faça an- tes uma sondagem para descobrir quais são as preferências, interesses e expecta- tivas do grupo. Dica para o(a) professor(a) Ao trabalhar com os alunos a partir de uma mesma obra, organize e proponha atividades variadas que os seduzam para aleituradolivroeconstituamumdesafio à sua criatividade. Por exemplo, por meio de dramatizações, reconstituir a época em que se passa a história, um momen- to de clímax ou um diálogo interessante do enredo; debater as atitudes de certos personagens; selecionar frases ou temas apresentados na história e ilustrá-los por meio de dobraduras, colagens, desenhos, charges etc.; construir maquetes que representem o(s) cenário(s) da história; confeccionar cartazes de propaganda do livro; criar paródias a partir de música conhecida e com letra baseada em te- mas ou situações do enredo; criar outra capa para o livro,com novas ilustrações e título diferente; debater assuntos/temas que aparecem no enredo, comparando- -os com os de outras obras já lidas ou com a atualidade; recontar a história do ponto de vista de outro personagem; simular uma entrevista com o autor ou com os personagens da obra, sendo que um aluno se coloca no papel do entrevis- tado e os demais, no de entrevistadores. Entre_na_roda_modulo1.indd 37 01/02/2010 18:54:28
  • 38. 38 Entre na roda - módulo 1 A leitura com o objetivo de fruição in- dividual pressupõe que o leitor possa to- mar emprestado o livro e tê-lo a sua dis- posição por determinado período. É bom lembrar que quando se pensa em empréstimo, deve-se prever um nú- mero maior de títulos e de exemplares para o acervo da biblioteca/sala de leitu- ra, pois, assim, outras atividades, como a leitura livre, não ficam prejudicadas pelo fato de muitos livros estarem em circula- ção entre os leitores. Às vezes, torna-se difícil, para muitos leitores, ir à biblioteca ou à escola para fazer empréstimo de li- vros. Nesse caso, podem ser montados pequenos acervos (20 a 30 livros), perio- dicamente renovados, que, acondiciona- dos em sacolas ou maletas, cheguem até esses leitores, levados pelas mãos de um responsável. Dica para o(a) professor(a) Uma vez instituído um cantinho de leitura ou um pequeno acervo em sala de aula, a cada 15 ou 20 dias os alunos podem fazer um empréstimo coletivo junto à biblioteca/sala de leitura. Cada aluno escolhe um livro. Os livros sele- cionados são colocados numa caixa e transportados até a sala de aula, onde passam a compor, temporariamente, o acervo da sala. Reserve momentos da aula para leitura livre e, a partir dela, crie situações de oralidade, pedindo aos alunos que comentem sobre o que le- ram, assim como situações de escuta, solicitando que leiam para o grupo tre- chos interessantes das obras escolhidas. Crie um ritual para marcar e come- morar o primeiro empréstimo realiza- do pelos iniciantes na leitura de textos escritos. Juntamente com esses alunos menores, prepare e decore uma caixa resistente com tampa, na qual serão colocados os livros. Depois, essa caixa é levada pelas crianças até a biblioteca/ sala de leitura, onde elas podem ma- nusear e escolher livros, colocando-os dentro dela.Depois de tampada,a caixa retorna à sala de aula e é colocada num canto especialmente preparado para receber esse “tesouro”. Podem-se colo- car ali algumas almofadas para tornar o espaço mais aconchegante. No dia se- guinte, a caixa é aberta e cada um pega o livro escolhido para ler. Terminada essa sessão de leitura, os livros voltam para a caixa, podendo ser emprestados depois a outros alunos. Entre_na_roda_modulo1.indd 38 01/02/2010 18:54:30
  • 39. 39Entre na roda - módulo 1 Circulação de informações Juntamente com seu grupo, recorte notícias e artigos interessantes de jornais ou revistas de que disponham, afixando-os num mural ou painel, renovado periodica- mente. Essa é uma forma de fazer circular informações e de provocar a curiosidade das pessoas que transitam pela escola, bi- blioteca ou espaço de leitura. Dica para o(a) professor(a) A assinatura de periódicos, seja coti- zada entre os professores,seja custeada com verba da escola ou doada por algu- ma instituição, pode facilitar bastante a tarefa dos professores. Além de infor- mações, jornais e revistas são portado- res de diferentes gêneros textuais, que podem ser levados à sala de aula para enriquecer o trabalho com os alunos. Se possível, crie um mural ou um pai- nel na sala de aula, no qual os alunos possam colocar bilhetes, “dicas”, anún- cios, propagandas e comentários sobre livros, revistas, HQs etc. A coordenação do Projeto Como vimos, na escola, na biblioteca ou em outras instituições, um projeto de incentivo à leitura abrange atividades di- versas, que podem ser desenvolvidas por várias pessoas: algumas podem contar histórias; outras, responsabilizar-se pela organização do espaço; outras, realizar empréstimos de livros; e outras, ainda, podem conduzir as sessões de leitura li- vre. Um bom planejamento e a divisão de trabalho podem garantir que cada volun- tário contribua de acordo com suas habi- lidades e possibilidades. Para que isso ocorra, é necessário que os envolvidos na implementação do Entre na Roda elejam duas ou três pes- soas com a função de coordenar as ativi- dades de leitura. Esse grupo se responsa- bilizará pela organização e divulgação do andamento do Projeto. Entre_na_roda_modulo1.indd 39 01/02/2010 18:54:31
  • 40. 40 Entre na roda - módulo 1 Planejar e avaliar Para obter o resultado desejado, é preciso planejar o início e o desenrolar de todas as ações do trabalho. Se você conta com um grupo de colaboradores, reúna-se com eles periodicamente para discutir e definir os encaminhamentos a serem dados. Conforme o trabalho avança, há necessidade de avaliá-lo, para saber como os envolvidos estão participan- do, o que pensam sobre os encami- nhamentos dados e as ações desenca- deadas, o que está funcionando bem, quais são os ajustes necessários, como corrigir possíveis distorções em relação aos objetivos propostos. É fundamen- tal que todos participem da avaliação, contribuindo com diferentes ideias, vi- sões e propostas. Os participantes das rodas estão de- monstrando maior interesse pela leitura? Fazem comentários sobre o que leem? Os empréstimos de livros e de outros portadores de texto têm aumentado? As rodas de leitura têm conseguido mobili- zar um número crescente de participan- tes? O acervo foi ampliado ou necessita de ampliação? Questões como essas e outras mais devem ser colocadas para que a avaliação permita diagnosticar avanços e dificuldades, contribuindo para o replanejamento das ações. Para que isso ocorra, é importante que tudo seja registrado. Sem o regis- tro, perde-se a memória do que ocor- reu e prejudica-se a continuidade das ações, dificultando a aplicação dessas experiências por outros grupos em ou- tras situações. Entre_na_roda_modulo1.indd 40 01/02/2010 18:54:32
  • 41. 41Entre na roda - módulo 1 Registro das atividades Como forma de socializar infor- mações sobre as atividades de leitura que acontecem na escola, na bibliote- ca e em outros espaços, é necessário registrá-las, por meio de cronogramas, cartazes, fotos, convites, avisos, men- sagens, boletins, anúncios. Se houver um grupo encarregado desse registro, pode-se organizar um painel por meio do qual circulem as informações a respeito do Projeto, e também instituir uma comissão que se encarregará de divulgar os eventos, os novos livros adquiridos ou doados, a lis- ta dos mais lidos etc. Rádio e jornal lo- cais podem colaborar tanto anunciando/ publicando os cronogramas de eventos, temas, autores e/ou leituras programa- das para as rodas, quanto apresentan- do relatos e análises dessas atividades feitas por participantes, orientadores ou convidados. No caso das rodas de leitura, é in- teressante que cada grupo registre seu percurso, utilizando escrita, vídeo, foto- grafia, gravação. Pode-se estabelecer ainda correspondência entre os grupos que formam as diversas rodas de leitu- ra, fazendo com que haja uma troca de experiências entre os participantes. Entre_na_roda_modulo1.indd 41 01/02/2010 18:54:32
  • 42. 42 Entre na roda - módulo 1 ma forma agradável de registrar o percurso do Projeto é a elaboração de um diário de bordo, contendo as reflexões sobre a formação e a articulação desta com a prática de orientar rodas de leitura. O que é? Os participantes e o(a) orientador(a) registram, em caderno individual, tudo o que considerarem significativo em seu percurso de formação ou atuação nas ro- das de leitura. O que pode ser registrado no diário de bordo? ● Considerações a respeito da formação (impressões, avaliação, pontos positivos e negativos etc.). ● Relato das atividades de leitura propostas pelo Projeto, desenvolvidas pelo(a) orientador(a) das rodas com os alunos e/ou com a comunidade (que tipo de atividade, o que foi trabalhado, quantos participaram, aspectos positivos e negativos etc.). ● Reflexões do(a) orientador(a), a partir do que foi trabalhado nas oficinas de formação ou na prática (atividades de leitura com alunos ou comunidade), apontando avanços, dificuldades etc. ● Impressões e/ou comentários dos participantes das rodas e de outras atividades coordenadas pelo(a) orientador(a). É possível, ainda, reservar uma parte do diário de bordo, denominada, por exemplo, Achados & guardados, para registrar: ● leituras feitas; ● textos, indicações de leitura e de atividades culturais, livros, sites, músicas etc., que possam ser utilizados em atividades de leitura, enriquecendo-as. Como registrar? ● Por escrito: anotações, cartas, bilhetes, depoimentos, impressões de participantes das rodas, que podem ser anexados ao diário. ● Por meio de fotos. ● Por meio de desenhos. Sugestão: Iniciar o diário de bordo com um texto em que o(a) orientador(a) se apresenta e conta sua história de leitura. Diário de bordo U Entre_na_roda_modulo1.indd 42 01/02/2010 18:54:33
  • 43. 43Entre na roda - módulo 1 Palavras aos gestores orientador(a) de leitura. No entanto, sabe- mos que, para ter qualidade e abrangên- cia, um trabalho dessa natureza precisa ser constantemente alimentado. Assim, é fundamental que os gestores incentivem e apoiem os professores, bibliotecários e voluntários, criando condições para que boas práticas sejam incorporadas à rotina de uma maneira viva e consistente, não só pelos que participam diretamente da formação, mas também pelos outros edu- cadores com quem eles possam comparti- lhar ideias, materiais etc. s gestores, tanto dos órgãos cen- trais como das escolas, biblio- tecas e outros espaços de leitura, têm um papel fundamental na irradiação das práticas de leitura e formação do leitor propostas por este Projeto. A função que exercem lhes con- fere uma liderança, que se efetiva à medida que mais conheçam as propostas e ofereçam condições favoráveis a sua implementação. A formação oferecida pelo Entre na Roda, conforme atestam as avaliações dos participantes, proporciona novas ideias e imprime novo ânimo ao trabalho do(a) O Entre_na_roda_modulo1.indd 43 01/02/2010 18:54:34
  • 44. 44 Entre na roda - módulo 1 Aos gestores de escolas (diretores e coordenadores pedagógicos), sugerimos que: ● incentivem o comparecimento e a participação dos inscritos nas oficinas de formação; ● acompanhem, apoiem e promovam as ações do Projeto; ● socializem informações sobre o Entre na Roda em horários de trabalho coletivo ou em reuniões pedagógicas, criando situações para que essas aprendizagens sejam multiplicadas entre os demais educadores da unidade educacional; ● estimulem e apoiem os educadores participantes para que coloquem em prática as novas ideias e aprendizagens e prossigam com essas práticas após o período de formação; ● ajudem a organizar e fazer circular entre alunos e comunidade o acervo existente na escola; ● disponibilizem aos orientadores das rodas, sejam eles professores, alunos ou voluntários, os recursos pedagógicos necessários ao enriquecimento das atividades de leitura; ● reproduzam o material de apoio necessário para o funcionamento das rodas de leitura; ● estimulem a realização de rodas de leitura também com os familiares, aproveitando as reuniões de pais e outros eventos para desenvolvê-las; ● convidem familiares e outras pessoas da comunidade para ler ou contar histórias para os alunos na escola; ● acompanhem as rodas de leitura que ocorrem na escola; ● divulguem os resultados do Projeto junto à rede e à comunidade; ● realizem rodas e outras atividades do Projeto com colegas, alunos e/ou comunidade; ● integrem o Entre na Roda ao projeto político-pedagógico da escola; ● avaliem e discutam com os envolvidos tanto o processo como os resultados, de forma a contribuir para o redirecionamento das ações, quando necessário. Entre_na_roda_modulo1.indd 44 01/02/2010 18:54:40
  • 45. 45Entre na roda - módulo 1 Aos gestores de bibliotecas e de outros espaços de leitura, propomos que: ● incentivem o comparecimento e a participação dos inscritos nas oficinas de formação; ● acompanhem, apoiem, promovam e divulguem as ações do Projeto; ● estimulem e apoiem os participantes do Projeto para que coloquem em prática as novas ideias e aprendizagens e prossigam com essas práticas após o período de formação; ● ajudem a organizar e fazer circular na comunidade o acervo de que dispõem; ● disponibilizem aos orientadores o material de apoio e os recursos necessários ao bom funcionamento das rodas de leitura; ● estabeleçam parcerias com escolas, organizações da sociedade civil e outras instituições no sentido de disseminar o gosto pela leitura; ● avaliem e discutam com os envolvidos tanto o processo como os resultados, de forma a contribuir para o redirecionamento das ações, quando necessário. Aos gestores de órgãos centrais, a sugestão é de que: ● procurem acompanhar as escolas, bibliotecas e outros espaços de leitura que participam do Entre na Roda, tendo em vista incentivar a continuidade e expansão do trabalho com leitura; ● criem formas de comunicação (um espaço virtual, um boletim, um mural, por exemplo), para divulgar notícias e fotos das atividades com leitura; ● procurem conscientizar os gestores dos espaços em que o Projeto foi implantado para que façam circular os livros entre as crianças, jovens e adultos. Entre_na_roda_modulo1.indd 45 01/02/2010 18:54:42
  • 46. 46 Entre na roda - módulo 1 Referências e sugestões de leitura BAJARD, Élie. Caminhos da escrita: espaços de aprendizagem. São Paulo: Cortez, 2002. CENPEC - Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação Comunitária. Estímulo à leitura: o prazer da descoberta. São Paulo: Cenpec, 1999. [Coleção Amigos da escola – todos pela educação, 4.] CHARTIER, Anne-Marie, CLESSE, Christiane, HÉBRARD, Jean. Ler e escrever: entrando no mundo da escrita. Porto Alegre: Artes Médicas, 1996. DIONÍSIO, A.P., MACHADO, S.R., BEZERRA, M.A. (Orgs.). Gêneros textuais & ensino. Rio de Janeiro: Lucerna, 2002. FOUCAMBERT, Jean. A leitura em questão. Trad. Bruno Charles Magne. Porto Alegre: Artes Médicas, 1994. FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler. São Paulo: Cortez, 1990. JOLIBERT, Josette et al. Formando crianças leitoras. Trad. Bruno Charles Magne. Porto Alegre: Artes Médicas, 1994. NERI, Alfredina et al. Biblioteca escolar: estrutura e funcionamento. São Paulo: Loyola, 1989. PELLEGRINI, Tânia. Projeto Memória de leitura. Disponível em www.unicamp.br/iel/ memoria. PRADO, Heloísa de Almeida. Organização e administração de bibliotecas. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos, 2000. RESENDE, Vânia Maria. Literatura infantil & juvenil: vivências de leitura e expressão criadora. São Paulo: Saraiva, 1993. RIBEIRO, V.M. Alfabetismo e atitudes. Campinas, São Paulo: Papirus, Ação Educativa, 1999. ________ (Org.). Letramento no Brasil: reflexões a partir do INAF 2001. São Paulo: Ação Educativa, Global, Instituto Paulo Montenegro, 2003. SILVA, Ezequiel Theodoro da. Leitura na escola e na biblioteca. Campinas: Papirus, 1986. ZILBERMAN, Regina. Leitura em crise na escola. Porto Alegre: Mercado Aberto, 1988. Entre_na_roda_modulo1.indd 46 01/02/2010 18:54:43