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Terá a vida sentido sem Deus?



        Pretendo, com este ensaio, fazer uma reflexão pessoal acerca do sentido da
existência e reflectir sobre se a mesma terá sentido sem Deus, tendo como base as
diferentes teorias de Soren Kierkegaard, que defende que Deus é o sentido da nossa
existência (existencialismo cristão), Jean-Paul Sartre, que defende exactamente o
contrário (existencialismo ateu) e Desidério Murcho, que nos apresenta a alternativa
naturalista.


        A ideia mais popular é a de que Deus é o único sentido da nossa existência. No
entanto, podemos colocar a questão: que certezas temos nós acerca da efectiva
existência de Deus? Não existe nada que nos prove a sua existência ou não existência,
pelo que não faz muito sentido atribuir o sentido da nossa vida a uma possível ilusão.
Não terá mais sentido a nossas existência se o nosso caminho se pautar por finalidades e
acções com objectivos, valores éticos e morais que contribuam para o Bem universal?
Na minha perspectiva, a resposta a esta questão é afirmativa, se as nossas escolhas e os
nossos conhecimentos forem usados em pró da humanidade.


        Desidério Murcho refere alguns argumentos na sua teoria que vão ao encontro
da minha posição. A vida humana pode fazer sentido se a ética é objectiva e se lutarmos
por valores éticos correctos, como a conservação da natureza, o combate à fome, a luta
contra a guerra e a construção de um mundo melhor para os nossos filhos.
Logo, a nossa vida tem valor se cultivarmos esses nobres valores éticos a favor do Bem
universal. Se a vida que vivermos for mesquinha e centrada apenas em nós próprios,
não terá grande sentido a nossa existência, pois não tem valor universal.


        Jean-Paul Sartre defende na sua teoria algo que também vai ao encontro desta
reflexão. O ser humano é um ser livre que deve utilizar a sua liberdade para atingir a
essência do que é ser humano. Deus é apenas a esperança e a ilusão daquilo que cada
homem gostaria de ser.
        Mas existem objecções a esta posição. Para um teísta, a existência só tem sentido
porque Deus é o criador de todo o Universo o que, só por si, garante um sentido para a
nossa existência. A finalidade da vida humana é a felicidade que, não podendo ser
alcançada nesta vida cheia de vicissitudes, será vivida após a morte, alcançando a
felicidade eterna no Paraíso onde a alma viverá em comunhão com o próprio Deus. A
eternidade só pode ser alcançada através da fé e do sofrimento e não pelo conhecimento
do mundo.


       Mas não concordo com estas objecções, pelo que passo a refutá-las.


       Como posso afirmar a existência ou não existência de Deus? Esta é uma das
primeiras questões que podemos colocar perante as perspectivas teísta e ateísta. Se os
desígnios de Deus são divinos e incompreensíveis, como sei o que Ele prevê como
sentido para a existência? Por que razão devo levar uma vida de culpa e sofrimento? Na
perspectiva teísta, esse é o caminho para a felicidade eterna e essa é a ilusão que dá
sentido à vida. E qual será, então, o sentido de uma Eterna Felicidade?


       Concluo então que não sendo a minha vida resultado da vontade de uma
entidade divina mas apenas o resultado das leis da natureza, apenas eu e só eu posso
atribuir sentido à minha existência.
       Então, ainda assim, dois caminhos a seguir. Posso viver uma vida de acordo com
os nossos valores éticos procurando e aprofundando o conhecimento e aplicando-o em
prol de um verdadeiro amor à Humanidade. Atribuo assim um verdadeiro sentido à
minha existência lutando contra a pobreza, combatendo a guerra, a fome, lutando pelo
direito à educação e lutando tenazmente pelos Direitos Humanos. Ou posso atribuir um
sentido à minha existência centrando-me apenas em mim própria, vivendo uma vida
fútil, o que poderá ser muito bom e agradável mas sem valor universal.
       A escolha está nas minhas, nas tuas, nas nossas mãos. Sigamos sempre a razão,
embora a uns agrade e outros não, porque a razão, ainda que severa, é sempre a amiga
mais sincera.
Fontes bibliográficas:
   • Warburton, Nigel - Elementos Básicos de Filosofia. Lisboa: Gradiva
   • Rodrigues, Luís, Filosofia 10. Lisboa: Plátano Editora


Outras referências:
   • Moutinho, Miguel – O argumento do desígnio
   • Murcho, Desidério - Sísifo e o sentido da vida
   • Murcho, Desidério – O sentido da vida


                                                        Paula Cristina Alves Teixeira
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Ensaio Paula

  • 1. Terá a vida sentido sem Deus? Pretendo, com este ensaio, fazer uma reflexão pessoal acerca do sentido da existência e reflectir sobre se a mesma terá sentido sem Deus, tendo como base as diferentes teorias de Soren Kierkegaard, que defende que Deus é o sentido da nossa existência (existencialismo cristão), Jean-Paul Sartre, que defende exactamente o contrário (existencialismo ateu) e Desidério Murcho, que nos apresenta a alternativa naturalista. A ideia mais popular é a de que Deus é o único sentido da nossa existência. No entanto, podemos colocar a questão: que certezas temos nós acerca da efectiva existência de Deus? Não existe nada que nos prove a sua existência ou não existência, pelo que não faz muito sentido atribuir o sentido da nossa vida a uma possível ilusão. Não terá mais sentido a nossas existência se o nosso caminho se pautar por finalidades e acções com objectivos, valores éticos e morais que contribuam para o Bem universal? Na minha perspectiva, a resposta a esta questão é afirmativa, se as nossas escolhas e os nossos conhecimentos forem usados em pró da humanidade. Desidério Murcho refere alguns argumentos na sua teoria que vão ao encontro da minha posição. A vida humana pode fazer sentido se a ética é objectiva e se lutarmos por valores éticos correctos, como a conservação da natureza, o combate à fome, a luta contra a guerra e a construção de um mundo melhor para os nossos filhos. Logo, a nossa vida tem valor se cultivarmos esses nobres valores éticos a favor do Bem universal. Se a vida que vivermos for mesquinha e centrada apenas em nós próprios, não terá grande sentido a nossa existência, pois não tem valor universal. Jean-Paul Sartre defende na sua teoria algo que também vai ao encontro desta reflexão. O ser humano é um ser livre que deve utilizar a sua liberdade para atingir a essência do que é ser humano. Deus é apenas a esperança e a ilusão daquilo que cada homem gostaria de ser. Mas existem objecções a esta posição. Para um teísta, a existência só tem sentido porque Deus é o criador de todo o Universo o que, só por si, garante um sentido para a
  • 2. nossa existência. A finalidade da vida humana é a felicidade que, não podendo ser alcançada nesta vida cheia de vicissitudes, será vivida após a morte, alcançando a felicidade eterna no Paraíso onde a alma viverá em comunhão com o próprio Deus. A eternidade só pode ser alcançada através da fé e do sofrimento e não pelo conhecimento do mundo. Mas não concordo com estas objecções, pelo que passo a refutá-las. Como posso afirmar a existência ou não existência de Deus? Esta é uma das primeiras questões que podemos colocar perante as perspectivas teísta e ateísta. Se os desígnios de Deus são divinos e incompreensíveis, como sei o que Ele prevê como sentido para a existência? Por que razão devo levar uma vida de culpa e sofrimento? Na perspectiva teísta, esse é o caminho para a felicidade eterna e essa é a ilusão que dá sentido à vida. E qual será, então, o sentido de uma Eterna Felicidade? Concluo então que não sendo a minha vida resultado da vontade de uma entidade divina mas apenas o resultado das leis da natureza, apenas eu e só eu posso atribuir sentido à minha existência. Então, ainda assim, dois caminhos a seguir. Posso viver uma vida de acordo com os nossos valores éticos procurando e aprofundando o conhecimento e aplicando-o em prol de um verdadeiro amor à Humanidade. Atribuo assim um verdadeiro sentido à minha existência lutando contra a pobreza, combatendo a guerra, a fome, lutando pelo direito à educação e lutando tenazmente pelos Direitos Humanos. Ou posso atribuir um sentido à minha existência centrando-me apenas em mim própria, vivendo uma vida fútil, o que poderá ser muito bom e agradável mas sem valor universal. A escolha está nas minhas, nas tuas, nas nossas mãos. Sigamos sempre a razão, embora a uns agrade e outros não, porque a razão, ainda que severa, é sempre a amiga mais sincera.
  • 3. Fontes bibliográficas: • Warburton, Nigel - Elementos Básicos de Filosofia. Lisboa: Gradiva • Rodrigues, Luís, Filosofia 10. Lisboa: Plátano Editora Outras referências: • Moutinho, Miguel – O argumento do desígnio • Murcho, Desidério - Sísifo e o sentido da vida • Murcho, Desidério – O sentido da vida Paula Cristina Alves Teixeira Escola Secundária da Trofa Ano Lectivo 2007/8