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E SE... – Cenas Alternativas

(4 e 5 de janeiro - as duas cenas seguintes são versões à noite da festa da
colheita, em que Amélia vê Vitor conversando com Nancy.)

E se... Nancy não existisse?
Amélia saiu da casa de shows e foi buscando Vitor com os olhos. Ao passar
pelas barraquinhas, já fechadas, sentiu uma mão pegar a sua:
- Vem! - era Vitor, que a puxou para um canto escuro e bem escondido, atrás
de uma das barraquinhas.
Antes que Amélia pudesse dizer qualquer coisa, Vitor a beijou intensamente.
- Você está maluco? - ela disse assim que conseguiu, quase sem ar.
- Não estava mais aguentando de vontade de te beijar, Amélia... - ele justificou,
olhando para os lábios dela.
- Eu também... mas estamos nos arriscando muito - ela sorriu, mas com um
olhar preocupado.
- Só mais um beijo, Amélia... só mais um... - Vitor pediu com olhar suplicante.
Amélia olhou para ele quase suspirando e não conseguiu resistir, deixou-se
beijar. Beijaram-se com paixão, até que Vitor descolou seus lábios dos dela e
ficou apenas a abraçando, com os olhos fechados. Depois respirou fundo e se
afastou um pouco. Ele ficou segurando as mãos de Amélia enquanto se
olhavam em silêncio por alguns instantes.
- Temos que voltar pra festa... mas não posso voltar nesse estado - ela
comentou, ainda um pouco ofegante.
- Até quando vai ser assim, Amélia? Escondido, clandestino... Porque você não
deixa o Max de uma vez? - questionou Vitor.
Ela respondeu com tristeza no olhar:
- Porque não é tão simples assim, Vitor. Eu construí uma vida ao lado daquele
homem. Até hoje vivi apenas pra minha família. Muita coisa vai mudar pra mim
a partir do momento em que eu sair daquela casa, já parou pra pensar?
- Mas você não precisa se preocupar, Amélia, eu cuido de nós dois... - ele
afirmou com ternura.
- Não, eu quero assumir as rédeas da minha vida... ser dona de mim, não
depender mais de ninguém.
- É, você tem razão. Prometo que vou ter paciência.
Ela sorriu e acariciou o rosto dele.

- Obrigada... Agora vamos antes que a Manuela comece a me procurar.
Vitor conferiu se não havia ninguém passando.
- Podemos ir - ele avisou, mas antes que Amélia saísse, roubou-lhe um selinho.
Amélia riu e foi saindo. Vitor foi logo atrás, ficando quase ao lado dela. Ele se
aproximou mais e fez que ia pegar na mão dela, mas ficaram apenas roçando
os dedos de leve.
Tinham dado poucos passos quando encontraram Manu e Solano.
- Filha? - Amélia murmurou com voz trêmula, enquanto tirava rapidamente a
mão de perto de Vitor.
- Que foi, mãe? A senhora tá pálida...
- Nada não, estou só cansada - ela tentou disfarçar - Vamos pra casa?
Solano percebeu que Vitor também estava estranho, tenso, e ficou com jeito de
quem estava pensando "será?".
- Até amanhã, meu gaúcho... - Manu se despediu do noivo, dando-lhe um beijo
demorado.
Enquanto isso, Amélia e Vitor se olharam. Ele jogou um beijo discretamente.
Ela não conseguiu segurar um sorriso, enquanto o olhar dizia "não faz assim..."
- Vamos, mãe - Manu chamou, sem olhar para os dois.
Vitor ficou observando Amélia se afastar, quase em transe. Só despertou
quando Solano deu uma batidinha no ombro dele e comentou:
- Toma cuidado, rapaz... tá dando muito na cara.
Solano riu e se afastou, enquanto Vitor ficou sem graça, sem saber direito o
que pensar.


E se... Vitor tivesse ido atrás de Amélia?
Amélia saiu da casa de shows e foi buscando Vitor com os olhos. Quase
perdeu o chão ao vê-lo conversando com Nancy. Tentou manter o equilíbrio e
deu meia-volta, em direção à casa de shows.

Vitor não queria acreditar no que estava acontecendo quando viu Amélia dando
meia-volta. Nem sabia mais o que Nancy estava falando.
- Desculpa, Nancy, mas preciso voltar lá pra dentro. - avisou.
- Ah, Vitor, fica aqui mais um pouco, a conversa tá tão boa...
- Não dá, preciso ir ao banheiro - ele justificou sem graça, e saiu depressa.

Amélia estava quase na porta da casa de shows quando Vitor segurou o braço
dela.
- Espera, Amélia... - ele pediu.
- Já terminou a conversa com a Nancy? - ela questionou em voz baixa, sem
conseguir disfarçar o ciúme.
- Foi ela que me abordou, ficou no meu pé... Acha mesmo que eu ia preferir a
Nancy a você?
- Não sei... ela é jovem, bonita...
- Quer que eu mostre aqui na frente de todo mundo que pra mim não existe
mulher mais linda do que você? - Vitor perguntou olhando nos olhos dela, com
jeito de que a beijaria ali mesmo.
- Claro que não, ficou maluco? - ela devolveu com voz trêmula.
- Então vem comigo.
- Tá, mas me solta - ela olhou em volta, cuidando se ninguém estava vendo os
dois - Vamos.

Eles vão para a rua, tomando cuidado. Sentam num banco, lado a lado. Vitor
se vira na direção dela e comenta, com um sorriso travesso:
- Você ficou com ciúme só de me conversando com outra mulher?
- Ciúme? De você? Até parece... - ela responde fingindo desdém.
- Não precisa, viu? Só tenho olhos pra você, Amélia... - ele garante.
Amélia finalmente olha para Vitor, com um sorriso triste:
- Nem posso te cobrar nada... O que nós somos? Na realidade, apenas
amigos. E eu ainda sou uma mulher casada...
- Somos apaixonados... - ele diz no ouvido dela.
- Não faz assim, alguém pode ver... - ela pede, nervosa.
- Estamos só conversando, que mal tem?
Amélia apenas olha para ele e sorri, encantada com o jeito dele.
Vitor também fica olhando para ela, com olhar apaixonado. Depois de uns
instantes em silêncio, ele fala com doçura:
- Larga o Max de uma vez e fica comigo...
- Queria que fosse tão simples assim - ela responde, ficando triste de novo -
Mas eu vou resolver minha vida, é só uma questão de tempo.
- Eu vou esperar - ele afirma, pegando a mão dela e beijando com carinho.
Vitor ainda está com os lábios na mão de Amélia quando Manu e Solano se
aproximam.
- Que bonitinho... - brinca Manu - Até parece que você está cortejando a minha
mãe...
Amélia e Vitor ficam sem graça.
- Foi só um gesto de carinho - ele explica.
- É, isso mesmo - ela reforça, nervosa.
- Eu sei, tava só brincando - Manu esclarece.
- E não se preocupem, que a gente não vai contar nada pro Max - acrescenta
Solano, em tom brincalhão.
- Ainda bem - emenda Vitor, com um sorriso amarelo.
Amélia tenta acabar com aquela situação:
- Vamos pra casa, filha?
- Vim justamente chamar a senhora.
- Então vamos logo - diz Amélia, levantando do banco e se despedindo de Vitor
sem conseguir olhar pra ele direito - Até mais, Vitor.
- Até - ele diz, ainda meio atordoado, e fica olhando ela se afastar com Manu e
Solano.


E se... Amélia e Vitor se reconciliassem na fazenda
(cena de 15 de janeiro – escrito antes da cena, em que Vitor procura
Amélia na fazenda para saber porque rompeu com ele)
Vitor chega na fazenda e aborda Amélia, perguntando porque ela está fugindo
dele.
- Vitor, vai embora, por favor... - ela pede com olhar de súplica.
- Não, só saio daqui depois que você me explicar o que está acontecendo - ele
avisa com firmeza.
- Não torne tudo mais difícil...
- Difícil por quê? Porque você também não quer ficar longe de mim, né? Tenho
certeza que um amor tão grande não acaba de uma hora para a outra.
Ele chega mais perto e cola seus lábios aos dela. Por alguns instantes, ela se
entrega ao beijo, mas logo tenta empurrar Vitor.
- Não faz isso, se o Max vê... - ela diz assustada.
- Por que você tem tanto medo dele? - Vitor questiona, bem sério, mas com
doçura.
- Por você! - Amélia diz quase gritando - Não quero ser indiretamente
responsável pela morte do homem que eu mais amei na vida... - ela olha nos
olhos dele, com sofrimento no olhar, e continua - ...que eu amo...
Vitor mantém o olhar fixo nos olhos dela e responde:
- Amélia, eu prefiro morrer do que ficar sem você.
- Não fala assim... - ela diz com lágrimas querendo brotar nos olhos - Escuta:
tenha paciência... quando eu puder, vou te encontrar. E agora vai embora, pelo
amor de deus...
- Tá... eu vou esperar o tempo que for preciso... porque eu te amo. Não
esquece disso.
- Jamais. Eu também te amo - ela esboça um sorriso, mas logo fica apreensiva
de novo - Por isso estou pedindo pra você ir embora.
- Eu vou - ele afirma, mas antes se sair dali dá um rápido beijo nos lábios dela.
Amélia fica olhando Vitor se afastar, com um sorriso triste e o olhar
preocupado. E solta um profundo suspiro.



E se... Max fosse impedido de violentar Amélia
(cena de 29 de janeiro)
Manu e Solano estão dançando quando de repente ela fica com uma
expressão preocupada, pára e diz:
- Solano, preciso voltar pra fazenda.
- Mas por quê, guria? A festa tá tão boa...
- Eu sei, mas to com um mau pressentimento. Se você não for comigo, vou
sozinha.
- Tá bom, vamos lá.

Max entra no quarto de Amélia e exige seus direitos de marido, avisando:
- Não quero te machucar, mas se não tiver outro jeito...
Amélia olha para ele com repulsa:
- Só mesmo à força. Jamais serei sua novamente!
- Ah, é? - ele a segura com força, joga-a sobre a cama e deita sobre a esposa.
- Me larga, seu porco imundo! - grita ela, se debatendo - Me larga!
- Grita, Amélia, grita! Não tem ninguém aqui pra te ouvir.

Ao chegarem na fazenda, Manu pede para Solano esperar no carro, para evitar
mais brigas com Max.
Manu entra em casa e ouve os gritos de Amélia e Max.
- Me solta!
- Tu és minha mulher e tens que fazer o que eu quero!
- Não! Você pode até me matar, mas não serei mais sua mulher!
- Mas quem falou em matar? Te quero bem viva, nos meus braços!
- Não! Me larga!
Manu pega o celular e liga imediatamente para o irmão:
- Fred, vem pra fazenda agora, o mais rápido possível. A mãe e o pai estão aos
gritos, acho que ele tá agredindo ela.
- Tô indo!
Fred, que está na casa de shows, procura Nancy:
- Você viu o Vitor?
- Infelizmente, não. Acho que ele não veio.
- Tá. Segura as pontas aí que tenho que resolver um problema urgente.
- Peraí, aonde você vai? Isso é hora de me deixar na mão? - reclama Nancy,
mas antes que ela termine de falar Fred já está distante.
Ele vai até a estalagem, sobe depressa as escadas e entra no quarto de Vitor:
- Vitor, vem comigo, rápido! No caminho te explico.
- Aconteceu alguma coisa com a Amélia? - Vitor pergunta, enquanto pega a
primeira camisa que vê pela frente.
- Sim, vamos logo.
Os dois saem da estalagem para pegar o quadriciclo. Vitor insiste, nervoso:
- Foi o Max? O que ele fez?
Fred vai dando a partida no quadriciclo enquanto responde:
- A Manu ligou, disse que o pai tá brigando com a mãe, pelo jeito tentou agredi-
la.
Vitor engole em seco antes de dizer:
- Toca rápido, Fred. Se o Max machucar a Amélia eu... - ele não consegue
terminar a frase.
- Tenta manter a cabeça fria, é melhor - devolve Fred, num tom de quem está
tentando convencer até a si mesmo.

Enquanto isso, Manu tenta entrar no quarto da mãe, mas a porta está trancada.
Ela chama:
- Mãe, tá tudo bem?
Max tapa a boca de Amélia e responde:
- Filha, tu não tinhas saído, ido pra cidade?
- Só passei pra buscar um negócio que esqueci. Tá tudo bem? - ela pergunta,
cada vez mais desconfiada.
- Tudo mais que bem. Eu e tua mãe só estamos tendo um dedo de prosa.
Assunto de casal, entende? Vai te divertir sossegada.
- Tá certo - concorda Manu, tentando disfarçar a preocupação.
Ela desce as escadas fazendo barulho, para que o pai pense que ela foi
embora. Mas fica na sala. Logo, os gritos recomeçam:
- Não, Max, não! Me solta! Eu tenho nojo de você, nojo!
Solano, que estava esperando no carro, entra na sala:
- Que aconteceu, guria, que estás demorando tanto?
- Meu pai tá trancado no quarto com minha mãe, e pelos gritos dela... - Manu
não tem coragem de terminar a frase.
- Quer que eu suba lá e arrombe a porta?
- Não, pode ser pior, meu pai pode ficar descontrolado ao te ver. Já chamei o
Fred.
Solano abraça Manu, que solta um suspiro preocupado.

Dali a pouco Fred e Vitor chegam. Manu avisa:
- Eles estão no quarto dela, com a porta trancada. O pai nem deixou a mãe
falar comigo.
Fred e Vitor se olham, dizendo "Vamos lá" com o olhar um pro outro. Eles
correm para as escadas, Manu vai atrás, depois de pedir para Solano esperar
na sala.
Fred dá um chute na porta e eles entram, vendo Max com as calças abertas,
tentando tomar Amélia à força, e ela se debatendo, tentando se soltar.
- Larga a minha mãe, seu velho nojento! - grita Fred, puxando Max para longe
de Amélia e imobilizando-o.
Vitor e Manu correm até Amélia. Ele a abraça, dizendo:
- Meu amor...
Amélia esconde o rosto no peito de Vitor, e não diz nada.
Manu diz para Vitor:
- Leva ela pro meu quarto, já vou lá.
Vitor assente com a cabeça e sai carregando Amélia nos braços.
Max grita com o filho:
- Me larga, moleque!
Mas Fred continua segurando-o com força.
Manu lança um olhar de profunda decepção para o pai:
- Se eu ainda tinha algum respeito por você, agora não resta mais nenhum.
- Por supuesto que vocês não me respeitam... Trazem pra dentro da minha
casa o amante da mãe de vocês! - esbraveja Max
- Amante, não, seu Max. É o homem que ama a dona Amélia de verdade, como
ela merece... e que jamais vai ser capaz de um ato tão covarde quanto o seu! -
responde Fred, com jeito de quem está esfregando essas palavras na cara do
pai.
- Me solta, vou acabar com essa pouca-vergonha agora mesmo! Max Martinez
não nasceu pra corno! - Max grita ainda mais alto.
Fred aperta mais os braços do pai:
- Quietinho, aí! Você vai é ficar sozinho pra pensar um pouco. Embora eu ache
que não vai adiantar nada.
- Isso mesmo. Só espera um pouquinho - pede Manu, indo até o guarda-roupa
da mãe e botando algumas roupas numa mala - Pronto.
Manu sai. Fred solta o pai, que apalpa os braços doloridos, e sai também,
trancando a porta. Max fica bufando.

Amélia está abraçada a Vitor, ainda em estado de choque, como se não tivesse
forças nem pra chorar, quando Manu e Fred entram no quarto.
- Mãe, peguei algumas roupas suas. Se troca e vamos.
- Pra onde?
- Pra estância, pra estalagem, tanto faz. Você só não pode continuar aqui.
- Melhor ela ir com a gente pra estalagem. Se o velho aparecer por lá, vai ter
que passar por cima de mim e do Vitor para chegar perto dela - sugere Fred.
- Nem por cima do meu cadáver ele toca na Amélia de novo - afirma Vitor, com
ódio no olhar.
Manu concorda:
- Tá certo. Agora vocês dois deem licença que vou ajudar minha mãe a se
trocar.
- Vou esperar na porta, tá? - avisa Vitor, beijando delicadamente os lábios de
Amélia.
Eles saem, e Manu abraça a mãe com força, dizendo:
- Vai ficar tudo bem.

Amélia, Vitor e Fred chegam na estalagem e são recebidos por Terê, que
questiona, preocupada:
- Amélia? Você aqui essa hora? Que aconteceu?
- O Max... Você nem imagina do que ele foi capaz... - Amélia responde, com a
voz embargada.
- Minha amiga... - Terê segura as mãos dela, lhe dirigindo um olhar carinhoso.
Vitor abraça Amélia e pede:
- Terê, você leva um chá pra Amélia lá no meu quarto? Ela vai ter que passar
essa noite aqui, tá?
- Claro... podem subir que eu já levo o chá.
Fred deixa a mãe com Vitor, na porta do quarto deste, avisando:
- Qualquer coisa me chamem. Estarei no meu quarto. Nem vou voltar pra casa
de shows, vou ligar pra Jana e pedir pra ela dar uma força pra Nancy. Você
agora precisa mais de mim do que elas, mãe. Fica bem - ele dá um beijo no
rosto da mãe, que retribui.

Assim que entram no quarto, Vitor ajeita os travesseiros e se recosta na cama,
com Amélia abraçada a ele, a cabeça sobre o peito dele. Só então ela chora,
tão instensamente que chega a soluçar.
- Calma, meu amor... Já passou... ele não vai mais encostar em você, eu não
vou deixar... - diz Vitor, com doçura.
- Eu sei... Mas foi horrível, quando vocês chegaram eu já estava no limite das
minhas forças, o Max ia acabar conseguindo... - Amélia desabafa entre
soluços.
- Mas agora você está aqui comigo, protegida - ele a estreita em seus braços.
Ela o abraça com força, e fica em silêncio por alguns instantes, com lágrimas
correndo por seu rosto. Vitor beija com carinho a testa dela, sem parar de
abraçá-la. O silêncio é quebrado por duas batidas na porta.
- Eu trouxe o chá - avisa Terê.
- Entra - diz Vitor.
Terê se aproxima da cama com a bandeja e vê que Amélia está com o rosto
banhado em lágrimas.
- Minha amiga... tenta não pensar mais no que aconteceu. Aqui você está em
segurança, entre amigos - afirma a vidente, segurando as mãos de Amélia -
Toma esse chá e tenta dormir. Descansa, que amanhã é outro dia e tudo vai se
ajeitar.
- Obrigada, Terê... você é um anjo.
Terê sorri, abraça Amélia e sai do quarto.
Amélia bebe o chá devagarinho. Mais calma, mas ainda com a voz embargada,
ela diz a Vitor:
- Preciso tomar um banho... tirar qualquer resquício do Max que ainda esteja no
meu corpo...
Vitor assente com a cabeça. Amélia se levanta e pergunta:
- Onde tem uma toalha?
- Vai indo que eu já levo pra você - ele avisa, tentando conter um sorriso.
- Você está querendo me ver no banho? - ela finalmente sorri.
- Não pode? - ele finge inocência.
- Não! - Amélia responde meio encabulada, mas sorrindo.
- Tá bem... pelo menos fiz você sorrir. Eu sei que hoje não é o momento - ele
se levanta, entrega uma toalha para ela e senta novamente na cama - Vou ficar
esperando aqui, bem comportadinho.
Amélia olha para ele com um olhar que parece dizer "te amo", e entra no
banheiro.
Alguns minutos depois ela sai com os cabelos molhados e vestindo uma
camisola que Manu tinha colocado na mala.
- Agora sim, estou renovada, e limpa - ela comenta, enquanto se aproxima e
senta na cama, se recostando no peito de Vitor de novo.
- Meu amor... você precisa descansar - ele deita na cama, com Amélia deitada
sobre o peito dele - Dorme tranquila, eu estou cuidando de você.
Ela levanta a cabeça um pouquinho e olha para ele dizendo:
- Te amo.
- Também te amo - ele responde, dando um suave beijo nos lábios dela.
Amélia deita novamente, e seus olhos vão se fechando. Vitor fica observando,
enquanto acarinha os cabelos dela.

II
No dia seguinte, Vitor acorda e fica acarinhando os cabelos de Amélia, que
ainda dorme. Logo Terê entra trazendo uma bandeja de café da manhã.
- Achei melhor trazer o café de vocês aqui.
- Fez bem - ele concorda - Pode deixar a bandeja, vou esperar a Amélia
acordar.
Quando Terê está saindo, Fred e Manu chegam, carregando malas. Só então
Amélia desperta.
- Bom dia, mãe... Como você está? - pergunta Manu, se aproximando da cama.
- Bem. Vem cá - ela responde, abrindo os braços.
Amélia abraça a filha com força, depois Fred se aproxima e abraça as duas.
Ao se soltarem do abraço, Manu avisa:
- Mãe, trouxe quase todas as suas coisas, tudo que deu pra carregar. E as
minhas também - ela se aproxima de Terê, que continuava na porta - Terê,
você tem um quarto vago, com duas camas? Ou pode ser até com uma cama
de casal, minha mãe e eu podemos dormir juntas.
- Claro, Manu, vou providenciar. Já volto com a chave - a vidente responde e
sai.
Amélia olha para a filha, sem saber o que dizer.
- Desculpa ter tomado essa decisão sem te consultar, mas acho que é a melhor
saída por enquanto - comenta Manu.
- Não tem outro jeito mesmo - concorda Amélia.
- Deixa que eu arrumo tudo, mãe. Fica aí descansando.
- E eu preciso trabalhar, mas podem me ligar a qualquer hora - avisa Fred.
Vitor garante:
- Fiquem tranquilos, eu não vou sair de perto da Amélia nem um minuto.

Antes de sair da estalagem, Fred pede a Terê:
- Se o seu Max aparecer por aqui, me liga na mesma hora.
- Pode deixar.

Na fazenda, Lurdinha sobe para arrumar os quartos, cantarolando Vida Boa.
Ao ouvir a voz da empregada, Max bate na porta e grita:
- Abre aqui, imbecil!
Lurdinha abre e pergunta:
- Ué, seu Max, dormiu no quarto da dona Amélia?
- Não te interessa - ele responde rispidamente, e sai.

Mais tarde, Max entra na estalagem e aborda Terê:
- Onde está minha mulher?
- Não sei, e se soubesse não diria - responde ela.
- Achas que sou idiota? Vou subir já e pegá-la, no quarto daquele loirinho. E lá
que ela está, não é?
- Não mesmo, você não tem licença para subir.
- E Max Martinez lá precisa de licença? - ele diz, e vai subindo as escadas.
Terê pega o telefone e liga para Fred.

No quarto, Amélia e Vitor estão recostados na cama, trocando carinhos.
- Tão bom ter você aqui o dia inteiro juntinho de mim... - ele comenta - Isso está
acontecendo mesmo?
- Está - ela sorri - E eu quero deixar os problemas lá fora, pelo menos hoje.
- Nenhum problema entra aqui. Este quarto só está aberto para o amor.
Amélia olha nos olhos dele e diz:
- Você é muito especial. Nem sei se mereço tanto...
- Merece sim - ele responde sem tirar os olhos dos olhos dela.
Eles vão aproximando os lábios e beijam-se apaixonadamente. Estão aos
beijos quando Max abre a porta bruscamente:
- Eu sabia! - ele grita e vai entrando no quarto - Vamos Amélia, vim te buscar.
Vitor levanta rapidamente e vai ao encontro de Max.
- Pode ir dando meia-volta, Max. Fora do meu quarto!
- Quem vai me tirar daqui? Tu? - Max ri.
Vitor olha com ódio para Max, e vai andando para a frente, empurrando o velho
para fora. Max vai saindo de costas. Quando finalmente chegam no corredor,
Fred aparece e segura os braços do pai, avisando:
- Agora deixa comigo, Vitor.
- Boa sorte - diz Vitor, entrando no quarto.
Fred explica ao pai:
- Eu só não te arrasto até a rua em consideração à minha mãe, para não
envolvê-la num escândalo. Minha mãe não merece ficar na boca dos
fofoqueiros - ele solta o pai e se posiciona em frente à porta do quarto de Vitor -
Mas dessa porta você não passa.
- Tu merecias uma surra de relho, pra ver se aprendes a respeitar teu pai!
Achas bonito isso, ficar acobertando as safadezas da tua mãe?
- Lava essa boca para falar da minha mãe!
Max, bufando, olha para o filho, depois para a maçaneta da porta, e para o filho
de novo. Ele tenta ir chegando perto de mansinho para abrir a porta, pensando
que isso facilitaria passar por Fred. Mas quando ele tenta pôr a mão na
maçaneta, o filho lhe dá um empurrão que o faz cair contra a parede em frente.
- Desculpa, seu Max, não queria lhe machucar... - diz Fred com ironia.
- Tá certo, eu vou embora... mas não penses que me dei por vencido. Eu volto -
esbraveja Max.
- Vai perder a viagem de novo.
- E não adianta esconder tua mãe que eu encontro ela nem que seja no inferno
- diz Max, e sai.
Fred espera um pouco, depois vai ao topo da escada e olha para baixo para
verificar se o pai foi mesmo embora. Terê lhe faz um sinal de positivo e Fred
volta até o quarto de Vitor:
- Posso entrar?
- Entra - confirma Vitor.
Fred entra e tranca a porta.
- O velho já foi. Mas deixou bem claro que vai voltar - ele conta, preocupado.
- Ai, meu Deus... - murmura Amélia, nervosa.
- Calma - diz Vitor, abraçando ela.
Manu bate na porta e entra:
- Vi o pai saindo aqui da estalagem.
- Nem precisa dizer o que ele veio fazer, né? - Fred devolve.
- Mas não se preocupa, porque como eu e o Fred prometemos, não deixamos
ele chegar nem perto da Amélia - acrescenta Vitor.
- Dona Amélia e seus fiéis escudeiros... - brinca Manu, provocando risadas de
todos.
- Agora falando sério, Manu... a gente precisa pensar em um jeito de manter o
seu Max longe da nossa mãe. Não dá pra ela viver trancada aqui - comenta
Fred, preocupado.
- É, precisamos de uma solução - ela concorda.
Vitor fica pensativo por alguns instantes e diz, num impulso:
- Se eu conseguisse provar que ele sabotou meu avião, botava esse canalha
na cadeia de uma vez.
Fred e Manu olham para Vitor, chocados:
- Que história é essa, Vitor? Foi o velho que fez isso também? - questiona
Fred.
- Quem mais ia querer me matar? Logo antes daquela viagem eu tive uma
discussão feia com o Max sobre o frigorífico, porque ele me trapaceou...
literalmente declarei guerra.
- Meu Deus, o que falta mais eu descobrir sobre meu pai? - murmura Manu,
ainda chocada.
- E se a gente armasse um plano para arrancar uma confissão dele? Usando
um gravador? Eu aperto o velho até ele confessar - sugere Fred.
- Mesmo que a gente conseguisse gravar a confissão, não teria valor legal
como prova - lembra Vitor - O ideal seria pedir ajuda pra polícia.
Amélia fica desanimada e comenta:
- O delegado é amigo do Max, comparsa dele.
- É mesmo - concorda Vitor, que fica pensativo por alguns instantes e depois
sorri - Mas a sargento Mourão não é! Ela deu a maior força no caso do
Pimpinela.
- Bem lembrado, Vitor! - exclama Manu.
- Fred, hoje à noite você traz a sargento Mourão aqui, pode ser? - pede Vitor.
- Claro. Aí a gente traça uma estratégia pra pegar o seu Max de jeito. Agora eu
preciso voltar ao trabalho. Até mais tarde.
- Se cuida, filho - diz Amélia.

Quando Fred retorna, à noitinha, ele vai direto ao quarto de Vitor:
- Está tudo bem por aqui?
- Está, por quê? - questiona Amélia.
- Quando eu tava chegando vi um homem estranho que parecia estar de olho
na estalagem - Fred vai até a janela, olha para a rua e acrescenta - Ele
continua lá, no mesmo lugar.
- Você tá achando que é um capanga do Max? - pergunta Vitor.
- Só pode ser.
Vitor pensa um pouco e comenta:
- Esse sujeito pode nos ajudar a atrair o Max para a armadilha... Fred, você
falou com a sargento Mourão?
- Não, mas vou agora mesmo - ele responde e sai.
Logo ele volta com Glorinha (ela está à paisana). Vitor explica seu plano para
ela, que aceita ajudar.
III
No início da tarde seguinte, Vitor sai da estalagem e caminha e entra no
armazém. O homem que estava vigiando a estalagem liga para Max e avisa.
- Então ela deve estar sozinha... É agora que eu pego a fujona - diz Max, rindo.
Ele pega o carro e vai para a cidade.
Enquanto isso, Vitor volta para a estalagem, cuidando para que o homem não o
veja, e entra pela porta da cozinha. Depois, vai para o quarto de Amélia e
Manu, onde as duas o esperam, aflitas. Quando o vê entrar, Amélia corre e o
abraça.
- Pronto. O Max já deve estar a caminho - ele avisa.

Max chega na estalagem e nem fala com Terê, já vai subindo as escadas. E
entra no quarto de Vitor, já falando:
- Agora tu não me escapas, Amélia!
Mas ele estaca ao ver que apenas Fred está no quarto.
- Cadê tua mãe?
- Em segurança, bem longe de você.
- Não tenho tempo a perder contigo, filho ingrato - Max responde, já virando as
costas.
- Por que, tem mais uma emboscada para armar? Quem vai ser a próxima
vítima?
Max se vira para o filho de novo:
- Do que tu estás falando?
- Do avião do Vitor. Que você mandou sabotar!
- Mas que sabotagem? Teu amiguinho Vitor não te mostrou o laudo da perícia?
Não foram encontrados índicios de sabotagem.
- Isso só quer dizer que seus capangas fizeram um bom serviço. Quase
perfeito, não é mesmo? - Fred insiste, com ironia, e enfatizando o "quase".
- Como podes pensar assim do teu pai? - Max tenta se fazer de vítima.
- Motivos não faltam - Fred continua firme - Vamos, seu Max, me conta, porque
você mandou matar o Vitor? Só porque ele botou o dedo na sua cara e
prometeu recuperar o que você lhe roubou?
- Já era motivo suficiente. Ninguém desafia Max Martinez.
- Então não foi só por isso...
- Aquele bostinha andava muito íntimo da minha mulher. E eu estava certo, não
é mesmo? Pena que não consegui cortar o mal pela raiz. O serviço foi muito
bem feito, não deixou rastro... mas esse moleque parece gato que tem sete
vidas, desgraçado - esbraveja Max.
- Então foi você mesmo?
- Fui eu, sim. Mandei matar aquele bostinha, pena que o infeliz conseguiu
escapar! É isso que você queria ouvir?
- Isso mesmo, seu Max - Sargento Mourão sai do banheiro - Você está preso.
Acabou de confessar uma tentativa de homicídio.
Max tenta correr na direção da porta, mas Fred segura o pai, enquanto a
sargento o algema.
Mourão sai para o corredor levando Max, Fred vai atrás. Eles encontram com
Amélia e Vitor. Max não diz nada, apenas olha para os dois com os olhos
vermelhos de ódio. Vitor lhe devolve um olhar superior e um sorriso sarcástico.
Amélia tem um olhar de desprezo.
A sargento desce as escadas com Max. Fred entra no quarto para conversar
com Manu, que não quis ver o pai sendo preso.
Vitor e Amélia continuam no corredor. Ele olha nos olhos dela:
- Estamos livres!
Amélia deixa cair uma lágrima, e Vitor a abraça com força, e lhe beija o rosto,
os cabelos, murmurando:
- Meu amor... meu amor... meu amor... - e finalmente eles se beijam
intensamente.

Depois de um longo beijo, Amélia e Vitor entram no quarto dela, abraçados.
Manu se aproxima e abraça os dois, e Fred em seguida se junta ao abraço.
Depois, ele pergunta:
- E agora, o que vocês vão fazer?
Vitor abre um grande sorriso:
- Vamos ser felizes!
Amélia sorri também, olhando para Vitor.
- Tá certo. Todos nós agora vamos ter paz, viver em paz... Preciso dividir isso
com a minha morena. Tchau pra quem fica - avisa Fred, saindo.
- Eu também to louca pra ver meu gaúcho - diz Manu. Ela dá um beijo na mãe
e depois se dirige a Vitor - Cuida dela?
- E precisa pedir? - ele responde sorrindo.
Manu ri, e sai também.
Vitor fica bem em frente à Amélia, olha bem pra ela e pergunta:
- E nós? Ficamos aqui mesmo ou vamos para o meu quarto?
- Para o seu. Lá eu fico mais à vontade.
- Então vem - ele rapidamente pega Amélia no colo.
- Vitor! - ela exclama, sorrindo encantada.
Vitor entra no quarto carregando Amélia e a coloca sobre a cama. Fica por
alguns instantes apenas a observando com um olhar apaixonado, que ela
retribui. Então cola seus lábios aos dela, num beijo mais intenso do que nunca.
Delicadamente, ele vai tirando a blusa dela e beija cada pedacinho do colo de
Amélia. Ela também tira a camisa dele, e o abraça. Eles sentem seus corpos
cada vez mais juntos, e não pensam em mais nada. Apenas se entregam aos
sentimentos, como se o tempo tivesse parado naquele instante. Como se não
existisse mais nada além do amor que os une.

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E se... parte I

  • 1. E SE... – Cenas Alternativas (4 e 5 de janeiro - as duas cenas seguintes são versões à noite da festa da colheita, em que Amélia vê Vitor conversando com Nancy.) E se... Nancy não existisse? Amélia saiu da casa de shows e foi buscando Vitor com os olhos. Ao passar pelas barraquinhas, já fechadas, sentiu uma mão pegar a sua: - Vem! - era Vitor, que a puxou para um canto escuro e bem escondido, atrás de uma das barraquinhas. Antes que Amélia pudesse dizer qualquer coisa, Vitor a beijou intensamente. - Você está maluco? - ela disse assim que conseguiu, quase sem ar. - Não estava mais aguentando de vontade de te beijar, Amélia... - ele justificou, olhando para os lábios dela. - Eu também... mas estamos nos arriscando muito - ela sorriu, mas com um olhar preocupado. - Só mais um beijo, Amélia... só mais um... - Vitor pediu com olhar suplicante. Amélia olhou para ele quase suspirando e não conseguiu resistir, deixou-se beijar. Beijaram-se com paixão, até que Vitor descolou seus lábios dos dela e ficou apenas a abraçando, com os olhos fechados. Depois respirou fundo e se afastou um pouco. Ele ficou segurando as mãos de Amélia enquanto se olhavam em silêncio por alguns instantes. - Temos que voltar pra festa... mas não posso voltar nesse estado - ela comentou, ainda um pouco ofegante. - Até quando vai ser assim, Amélia? Escondido, clandestino... Porque você não deixa o Max de uma vez? - questionou Vitor. Ela respondeu com tristeza no olhar: - Porque não é tão simples assim, Vitor. Eu construí uma vida ao lado daquele homem. Até hoje vivi apenas pra minha família. Muita coisa vai mudar pra mim a partir do momento em que eu sair daquela casa, já parou pra pensar? - Mas você não precisa se preocupar, Amélia, eu cuido de nós dois... - ele afirmou com ternura. - Não, eu quero assumir as rédeas da minha vida... ser dona de mim, não depender mais de ninguém. - É, você tem razão. Prometo que vou ter paciência. Ela sorriu e acariciou o rosto dele. - Obrigada... Agora vamos antes que a Manuela comece a me procurar. Vitor conferiu se não havia ninguém passando. - Podemos ir - ele avisou, mas antes que Amélia saísse, roubou-lhe um selinho. Amélia riu e foi saindo. Vitor foi logo atrás, ficando quase ao lado dela. Ele se aproximou mais e fez que ia pegar na mão dela, mas ficaram apenas roçando os dedos de leve. Tinham dado poucos passos quando encontraram Manu e Solano. - Filha? - Amélia murmurou com voz trêmula, enquanto tirava rapidamente a mão de perto de Vitor. - Que foi, mãe? A senhora tá pálida... - Nada não, estou só cansada - ela tentou disfarçar - Vamos pra casa? Solano percebeu que Vitor também estava estranho, tenso, e ficou com jeito de quem estava pensando "será?".
  • 2. - Até amanhã, meu gaúcho... - Manu se despediu do noivo, dando-lhe um beijo demorado. Enquanto isso, Amélia e Vitor se olharam. Ele jogou um beijo discretamente. Ela não conseguiu segurar um sorriso, enquanto o olhar dizia "não faz assim..." - Vamos, mãe - Manu chamou, sem olhar para os dois. Vitor ficou observando Amélia se afastar, quase em transe. Só despertou quando Solano deu uma batidinha no ombro dele e comentou: - Toma cuidado, rapaz... tá dando muito na cara. Solano riu e se afastou, enquanto Vitor ficou sem graça, sem saber direito o que pensar. E se... Vitor tivesse ido atrás de Amélia? Amélia saiu da casa de shows e foi buscando Vitor com os olhos. Quase perdeu o chão ao vê-lo conversando com Nancy. Tentou manter o equilíbrio e deu meia-volta, em direção à casa de shows. Vitor não queria acreditar no que estava acontecendo quando viu Amélia dando meia-volta. Nem sabia mais o que Nancy estava falando. - Desculpa, Nancy, mas preciso voltar lá pra dentro. - avisou. - Ah, Vitor, fica aqui mais um pouco, a conversa tá tão boa... - Não dá, preciso ir ao banheiro - ele justificou sem graça, e saiu depressa. Amélia estava quase na porta da casa de shows quando Vitor segurou o braço dela. - Espera, Amélia... - ele pediu. - Já terminou a conversa com a Nancy? - ela questionou em voz baixa, sem conseguir disfarçar o ciúme. - Foi ela que me abordou, ficou no meu pé... Acha mesmo que eu ia preferir a Nancy a você? - Não sei... ela é jovem, bonita... - Quer que eu mostre aqui na frente de todo mundo que pra mim não existe mulher mais linda do que você? - Vitor perguntou olhando nos olhos dela, com jeito de que a beijaria ali mesmo. - Claro que não, ficou maluco? - ela devolveu com voz trêmula. - Então vem comigo. - Tá, mas me solta - ela olhou em volta, cuidando se ninguém estava vendo os dois - Vamos. Eles vão para a rua, tomando cuidado. Sentam num banco, lado a lado. Vitor se vira na direção dela e comenta, com um sorriso travesso: - Você ficou com ciúme só de me conversando com outra mulher? - Ciúme? De você? Até parece... - ela responde fingindo desdém. - Não precisa, viu? Só tenho olhos pra você, Amélia... - ele garante. Amélia finalmente olha para Vitor, com um sorriso triste: - Nem posso te cobrar nada... O que nós somos? Na realidade, apenas amigos. E eu ainda sou uma mulher casada... - Somos apaixonados... - ele diz no ouvido dela. - Não faz assim, alguém pode ver... - ela pede, nervosa. - Estamos só conversando, que mal tem?
  • 3. Amélia apenas olha para ele e sorri, encantada com o jeito dele. Vitor também fica olhando para ela, com olhar apaixonado. Depois de uns instantes em silêncio, ele fala com doçura: - Larga o Max de uma vez e fica comigo... - Queria que fosse tão simples assim - ela responde, ficando triste de novo - Mas eu vou resolver minha vida, é só uma questão de tempo. - Eu vou esperar - ele afirma, pegando a mão dela e beijando com carinho. Vitor ainda está com os lábios na mão de Amélia quando Manu e Solano se aproximam. - Que bonitinho... - brinca Manu - Até parece que você está cortejando a minha mãe... Amélia e Vitor ficam sem graça. - Foi só um gesto de carinho - ele explica. - É, isso mesmo - ela reforça, nervosa. - Eu sei, tava só brincando - Manu esclarece. - E não se preocupem, que a gente não vai contar nada pro Max - acrescenta Solano, em tom brincalhão. - Ainda bem - emenda Vitor, com um sorriso amarelo. Amélia tenta acabar com aquela situação: - Vamos pra casa, filha? - Vim justamente chamar a senhora. - Então vamos logo - diz Amélia, levantando do banco e se despedindo de Vitor sem conseguir olhar pra ele direito - Até mais, Vitor. - Até - ele diz, ainda meio atordoado, e fica olhando ela se afastar com Manu e Solano. E se... Amélia e Vitor se reconciliassem na fazenda (cena de 15 de janeiro – escrito antes da cena, em que Vitor procura Amélia na fazenda para saber porque rompeu com ele) Vitor chega na fazenda e aborda Amélia, perguntando porque ela está fugindo dele. - Vitor, vai embora, por favor... - ela pede com olhar de súplica. - Não, só saio daqui depois que você me explicar o que está acontecendo - ele avisa com firmeza. - Não torne tudo mais difícil... - Difícil por quê? Porque você também não quer ficar longe de mim, né? Tenho certeza que um amor tão grande não acaba de uma hora para a outra. Ele chega mais perto e cola seus lábios aos dela. Por alguns instantes, ela se entrega ao beijo, mas logo tenta empurrar Vitor. - Não faz isso, se o Max vê... - ela diz assustada. - Por que você tem tanto medo dele? - Vitor questiona, bem sério, mas com doçura. - Por você! - Amélia diz quase gritando - Não quero ser indiretamente responsável pela morte do homem que eu mais amei na vida... - ela olha nos olhos dele, com sofrimento no olhar, e continua - ...que eu amo... Vitor mantém o olhar fixo nos olhos dela e responde: - Amélia, eu prefiro morrer do que ficar sem você.
  • 4. - Não fala assim... - ela diz com lágrimas querendo brotar nos olhos - Escuta: tenha paciência... quando eu puder, vou te encontrar. E agora vai embora, pelo amor de deus... - Tá... eu vou esperar o tempo que for preciso... porque eu te amo. Não esquece disso. - Jamais. Eu também te amo - ela esboça um sorriso, mas logo fica apreensiva de novo - Por isso estou pedindo pra você ir embora. - Eu vou - ele afirma, mas antes se sair dali dá um rápido beijo nos lábios dela. Amélia fica olhando Vitor se afastar, com um sorriso triste e o olhar preocupado. E solta um profundo suspiro. E se... Max fosse impedido de violentar Amélia (cena de 29 de janeiro) Manu e Solano estão dançando quando de repente ela fica com uma expressão preocupada, pára e diz: - Solano, preciso voltar pra fazenda. - Mas por quê, guria? A festa tá tão boa... - Eu sei, mas to com um mau pressentimento. Se você não for comigo, vou sozinha. - Tá bom, vamos lá. Max entra no quarto de Amélia e exige seus direitos de marido, avisando: - Não quero te machucar, mas se não tiver outro jeito... Amélia olha para ele com repulsa: - Só mesmo à força. Jamais serei sua novamente! - Ah, é? - ele a segura com força, joga-a sobre a cama e deita sobre a esposa. - Me larga, seu porco imundo! - grita ela, se debatendo - Me larga! - Grita, Amélia, grita! Não tem ninguém aqui pra te ouvir. Ao chegarem na fazenda, Manu pede para Solano esperar no carro, para evitar mais brigas com Max. Manu entra em casa e ouve os gritos de Amélia e Max. - Me solta! - Tu és minha mulher e tens que fazer o que eu quero! - Não! Você pode até me matar, mas não serei mais sua mulher! - Mas quem falou em matar? Te quero bem viva, nos meus braços! - Não! Me larga! Manu pega o celular e liga imediatamente para o irmão: - Fred, vem pra fazenda agora, o mais rápido possível. A mãe e o pai estão aos gritos, acho que ele tá agredindo ela. - Tô indo! Fred, que está na casa de shows, procura Nancy: - Você viu o Vitor? - Infelizmente, não. Acho que ele não veio. - Tá. Segura as pontas aí que tenho que resolver um problema urgente. - Peraí, aonde você vai? Isso é hora de me deixar na mão? - reclama Nancy, mas antes que ela termine de falar Fred já está distante. Ele vai até a estalagem, sobe depressa as escadas e entra no quarto de Vitor:
  • 5. - Vitor, vem comigo, rápido! No caminho te explico. - Aconteceu alguma coisa com a Amélia? - Vitor pergunta, enquanto pega a primeira camisa que vê pela frente. - Sim, vamos logo. Os dois saem da estalagem para pegar o quadriciclo. Vitor insiste, nervoso: - Foi o Max? O que ele fez? Fred vai dando a partida no quadriciclo enquanto responde: - A Manu ligou, disse que o pai tá brigando com a mãe, pelo jeito tentou agredi- la. Vitor engole em seco antes de dizer: - Toca rápido, Fred. Se o Max machucar a Amélia eu... - ele não consegue terminar a frase. - Tenta manter a cabeça fria, é melhor - devolve Fred, num tom de quem está tentando convencer até a si mesmo. Enquanto isso, Manu tenta entrar no quarto da mãe, mas a porta está trancada. Ela chama: - Mãe, tá tudo bem? Max tapa a boca de Amélia e responde: - Filha, tu não tinhas saído, ido pra cidade? - Só passei pra buscar um negócio que esqueci. Tá tudo bem? - ela pergunta, cada vez mais desconfiada. - Tudo mais que bem. Eu e tua mãe só estamos tendo um dedo de prosa. Assunto de casal, entende? Vai te divertir sossegada. - Tá certo - concorda Manu, tentando disfarçar a preocupação. Ela desce as escadas fazendo barulho, para que o pai pense que ela foi embora. Mas fica na sala. Logo, os gritos recomeçam: - Não, Max, não! Me solta! Eu tenho nojo de você, nojo! Solano, que estava esperando no carro, entra na sala: - Que aconteceu, guria, que estás demorando tanto? - Meu pai tá trancado no quarto com minha mãe, e pelos gritos dela... - Manu não tem coragem de terminar a frase. - Quer que eu suba lá e arrombe a porta? - Não, pode ser pior, meu pai pode ficar descontrolado ao te ver. Já chamei o Fred. Solano abraça Manu, que solta um suspiro preocupado. Dali a pouco Fred e Vitor chegam. Manu avisa: - Eles estão no quarto dela, com a porta trancada. O pai nem deixou a mãe falar comigo. Fred e Vitor se olham, dizendo "Vamos lá" com o olhar um pro outro. Eles correm para as escadas, Manu vai atrás, depois de pedir para Solano esperar na sala. Fred dá um chute na porta e eles entram, vendo Max com as calças abertas, tentando tomar Amélia à força, e ela se debatendo, tentando se soltar. - Larga a minha mãe, seu velho nojento! - grita Fred, puxando Max para longe de Amélia e imobilizando-o. Vitor e Manu correm até Amélia. Ele a abraça, dizendo: - Meu amor... Amélia esconde o rosto no peito de Vitor, e não diz nada.
  • 6. Manu diz para Vitor: - Leva ela pro meu quarto, já vou lá. Vitor assente com a cabeça e sai carregando Amélia nos braços. Max grita com o filho: - Me larga, moleque! Mas Fred continua segurando-o com força. Manu lança um olhar de profunda decepção para o pai: - Se eu ainda tinha algum respeito por você, agora não resta mais nenhum. - Por supuesto que vocês não me respeitam... Trazem pra dentro da minha casa o amante da mãe de vocês! - esbraveja Max - Amante, não, seu Max. É o homem que ama a dona Amélia de verdade, como ela merece... e que jamais vai ser capaz de um ato tão covarde quanto o seu! - responde Fred, com jeito de quem está esfregando essas palavras na cara do pai. - Me solta, vou acabar com essa pouca-vergonha agora mesmo! Max Martinez não nasceu pra corno! - Max grita ainda mais alto. Fred aperta mais os braços do pai: - Quietinho, aí! Você vai é ficar sozinho pra pensar um pouco. Embora eu ache que não vai adiantar nada. - Isso mesmo. Só espera um pouquinho - pede Manu, indo até o guarda-roupa da mãe e botando algumas roupas numa mala - Pronto. Manu sai. Fred solta o pai, que apalpa os braços doloridos, e sai também, trancando a porta. Max fica bufando. Amélia está abraçada a Vitor, ainda em estado de choque, como se não tivesse forças nem pra chorar, quando Manu e Fred entram no quarto. - Mãe, peguei algumas roupas suas. Se troca e vamos. - Pra onde? - Pra estância, pra estalagem, tanto faz. Você só não pode continuar aqui. - Melhor ela ir com a gente pra estalagem. Se o velho aparecer por lá, vai ter que passar por cima de mim e do Vitor para chegar perto dela - sugere Fred. - Nem por cima do meu cadáver ele toca na Amélia de novo - afirma Vitor, com ódio no olhar. Manu concorda: - Tá certo. Agora vocês dois deem licença que vou ajudar minha mãe a se trocar. - Vou esperar na porta, tá? - avisa Vitor, beijando delicadamente os lábios de Amélia. Eles saem, e Manu abraça a mãe com força, dizendo: - Vai ficar tudo bem. Amélia, Vitor e Fred chegam na estalagem e são recebidos por Terê, que questiona, preocupada: - Amélia? Você aqui essa hora? Que aconteceu? - O Max... Você nem imagina do que ele foi capaz... - Amélia responde, com a voz embargada. - Minha amiga... - Terê segura as mãos dela, lhe dirigindo um olhar carinhoso. Vitor abraça Amélia e pede: - Terê, você leva um chá pra Amélia lá no meu quarto? Ela vai ter que passar essa noite aqui, tá?
  • 7. - Claro... podem subir que eu já levo o chá. Fred deixa a mãe com Vitor, na porta do quarto deste, avisando: - Qualquer coisa me chamem. Estarei no meu quarto. Nem vou voltar pra casa de shows, vou ligar pra Jana e pedir pra ela dar uma força pra Nancy. Você agora precisa mais de mim do que elas, mãe. Fica bem - ele dá um beijo no rosto da mãe, que retribui. Assim que entram no quarto, Vitor ajeita os travesseiros e se recosta na cama, com Amélia abraçada a ele, a cabeça sobre o peito dele. Só então ela chora, tão instensamente que chega a soluçar. - Calma, meu amor... Já passou... ele não vai mais encostar em você, eu não vou deixar... - diz Vitor, com doçura. - Eu sei... Mas foi horrível, quando vocês chegaram eu já estava no limite das minhas forças, o Max ia acabar conseguindo... - Amélia desabafa entre soluços. - Mas agora você está aqui comigo, protegida - ele a estreita em seus braços. Ela o abraça com força, e fica em silêncio por alguns instantes, com lágrimas correndo por seu rosto. Vitor beija com carinho a testa dela, sem parar de abraçá-la. O silêncio é quebrado por duas batidas na porta. - Eu trouxe o chá - avisa Terê. - Entra - diz Vitor. Terê se aproxima da cama com a bandeja e vê que Amélia está com o rosto banhado em lágrimas. - Minha amiga... tenta não pensar mais no que aconteceu. Aqui você está em segurança, entre amigos - afirma a vidente, segurando as mãos de Amélia - Toma esse chá e tenta dormir. Descansa, que amanhã é outro dia e tudo vai se ajeitar. - Obrigada, Terê... você é um anjo. Terê sorri, abraça Amélia e sai do quarto. Amélia bebe o chá devagarinho. Mais calma, mas ainda com a voz embargada, ela diz a Vitor: - Preciso tomar um banho... tirar qualquer resquício do Max que ainda esteja no meu corpo... Vitor assente com a cabeça. Amélia se levanta e pergunta: - Onde tem uma toalha? - Vai indo que eu já levo pra você - ele avisa, tentando conter um sorriso. - Você está querendo me ver no banho? - ela finalmente sorri. - Não pode? - ele finge inocência. - Não! - Amélia responde meio encabulada, mas sorrindo. - Tá bem... pelo menos fiz você sorrir. Eu sei que hoje não é o momento - ele se levanta, entrega uma toalha para ela e senta novamente na cama - Vou ficar esperando aqui, bem comportadinho. Amélia olha para ele com um olhar que parece dizer "te amo", e entra no banheiro. Alguns minutos depois ela sai com os cabelos molhados e vestindo uma camisola que Manu tinha colocado na mala. - Agora sim, estou renovada, e limpa - ela comenta, enquanto se aproxima e senta na cama, se recostando no peito de Vitor de novo. - Meu amor... você precisa descansar - ele deita na cama, com Amélia deitada sobre o peito dele - Dorme tranquila, eu estou cuidando de você.
  • 8. Ela levanta a cabeça um pouquinho e olha para ele dizendo: - Te amo. - Também te amo - ele responde, dando um suave beijo nos lábios dela. Amélia deita novamente, e seus olhos vão se fechando. Vitor fica observando, enquanto acarinha os cabelos dela. II No dia seguinte, Vitor acorda e fica acarinhando os cabelos de Amélia, que ainda dorme. Logo Terê entra trazendo uma bandeja de café da manhã. - Achei melhor trazer o café de vocês aqui. - Fez bem - ele concorda - Pode deixar a bandeja, vou esperar a Amélia acordar. Quando Terê está saindo, Fred e Manu chegam, carregando malas. Só então Amélia desperta. - Bom dia, mãe... Como você está? - pergunta Manu, se aproximando da cama. - Bem. Vem cá - ela responde, abrindo os braços. Amélia abraça a filha com força, depois Fred se aproxima e abraça as duas. Ao se soltarem do abraço, Manu avisa: - Mãe, trouxe quase todas as suas coisas, tudo que deu pra carregar. E as minhas também - ela se aproxima de Terê, que continuava na porta - Terê, você tem um quarto vago, com duas camas? Ou pode ser até com uma cama de casal, minha mãe e eu podemos dormir juntas. - Claro, Manu, vou providenciar. Já volto com a chave - a vidente responde e sai. Amélia olha para a filha, sem saber o que dizer. - Desculpa ter tomado essa decisão sem te consultar, mas acho que é a melhor saída por enquanto - comenta Manu. - Não tem outro jeito mesmo - concorda Amélia. - Deixa que eu arrumo tudo, mãe. Fica aí descansando. - E eu preciso trabalhar, mas podem me ligar a qualquer hora - avisa Fred. Vitor garante: - Fiquem tranquilos, eu não vou sair de perto da Amélia nem um minuto. Antes de sair da estalagem, Fred pede a Terê: - Se o seu Max aparecer por aqui, me liga na mesma hora. - Pode deixar. Na fazenda, Lurdinha sobe para arrumar os quartos, cantarolando Vida Boa. Ao ouvir a voz da empregada, Max bate na porta e grita: - Abre aqui, imbecil! Lurdinha abre e pergunta: - Ué, seu Max, dormiu no quarto da dona Amélia? - Não te interessa - ele responde rispidamente, e sai. Mais tarde, Max entra na estalagem e aborda Terê: - Onde está minha mulher? - Não sei, e se soubesse não diria - responde ela. - Achas que sou idiota? Vou subir já e pegá-la, no quarto daquele loirinho. E lá que ela está, não é? - Não mesmo, você não tem licença para subir.
  • 9. - E Max Martinez lá precisa de licença? - ele diz, e vai subindo as escadas. Terê pega o telefone e liga para Fred. No quarto, Amélia e Vitor estão recostados na cama, trocando carinhos. - Tão bom ter você aqui o dia inteiro juntinho de mim... - ele comenta - Isso está acontecendo mesmo? - Está - ela sorri - E eu quero deixar os problemas lá fora, pelo menos hoje. - Nenhum problema entra aqui. Este quarto só está aberto para o amor. Amélia olha nos olhos dele e diz: - Você é muito especial. Nem sei se mereço tanto... - Merece sim - ele responde sem tirar os olhos dos olhos dela. Eles vão aproximando os lábios e beijam-se apaixonadamente. Estão aos beijos quando Max abre a porta bruscamente: - Eu sabia! - ele grita e vai entrando no quarto - Vamos Amélia, vim te buscar. Vitor levanta rapidamente e vai ao encontro de Max. - Pode ir dando meia-volta, Max. Fora do meu quarto! - Quem vai me tirar daqui? Tu? - Max ri. Vitor olha com ódio para Max, e vai andando para a frente, empurrando o velho para fora. Max vai saindo de costas. Quando finalmente chegam no corredor, Fred aparece e segura os braços do pai, avisando: - Agora deixa comigo, Vitor. - Boa sorte - diz Vitor, entrando no quarto. Fred explica ao pai: - Eu só não te arrasto até a rua em consideração à minha mãe, para não envolvê-la num escândalo. Minha mãe não merece ficar na boca dos fofoqueiros - ele solta o pai e se posiciona em frente à porta do quarto de Vitor - Mas dessa porta você não passa. - Tu merecias uma surra de relho, pra ver se aprendes a respeitar teu pai! Achas bonito isso, ficar acobertando as safadezas da tua mãe? - Lava essa boca para falar da minha mãe! Max, bufando, olha para o filho, depois para a maçaneta da porta, e para o filho de novo. Ele tenta ir chegando perto de mansinho para abrir a porta, pensando que isso facilitaria passar por Fred. Mas quando ele tenta pôr a mão na maçaneta, o filho lhe dá um empurrão que o faz cair contra a parede em frente. - Desculpa, seu Max, não queria lhe machucar... - diz Fred com ironia. - Tá certo, eu vou embora... mas não penses que me dei por vencido. Eu volto - esbraveja Max. - Vai perder a viagem de novo. - E não adianta esconder tua mãe que eu encontro ela nem que seja no inferno - diz Max, e sai. Fred espera um pouco, depois vai ao topo da escada e olha para baixo para verificar se o pai foi mesmo embora. Terê lhe faz um sinal de positivo e Fred volta até o quarto de Vitor: - Posso entrar? - Entra - confirma Vitor. Fred entra e tranca a porta. - O velho já foi. Mas deixou bem claro que vai voltar - ele conta, preocupado. - Ai, meu Deus... - murmura Amélia, nervosa. - Calma - diz Vitor, abraçando ela. Manu bate na porta e entra:
  • 10. - Vi o pai saindo aqui da estalagem. - Nem precisa dizer o que ele veio fazer, né? - Fred devolve. - Mas não se preocupa, porque como eu e o Fred prometemos, não deixamos ele chegar nem perto da Amélia - acrescenta Vitor. - Dona Amélia e seus fiéis escudeiros... - brinca Manu, provocando risadas de todos. - Agora falando sério, Manu... a gente precisa pensar em um jeito de manter o seu Max longe da nossa mãe. Não dá pra ela viver trancada aqui - comenta Fred, preocupado. - É, precisamos de uma solução - ela concorda. Vitor fica pensativo por alguns instantes e diz, num impulso: - Se eu conseguisse provar que ele sabotou meu avião, botava esse canalha na cadeia de uma vez. Fred e Manu olham para Vitor, chocados: - Que história é essa, Vitor? Foi o velho que fez isso também? - questiona Fred. - Quem mais ia querer me matar? Logo antes daquela viagem eu tive uma discussão feia com o Max sobre o frigorífico, porque ele me trapaceou... literalmente declarei guerra. - Meu Deus, o que falta mais eu descobrir sobre meu pai? - murmura Manu, ainda chocada. - E se a gente armasse um plano para arrancar uma confissão dele? Usando um gravador? Eu aperto o velho até ele confessar - sugere Fred. - Mesmo que a gente conseguisse gravar a confissão, não teria valor legal como prova - lembra Vitor - O ideal seria pedir ajuda pra polícia. Amélia fica desanimada e comenta: - O delegado é amigo do Max, comparsa dele. - É mesmo - concorda Vitor, que fica pensativo por alguns instantes e depois sorri - Mas a sargento Mourão não é! Ela deu a maior força no caso do Pimpinela. - Bem lembrado, Vitor! - exclama Manu. - Fred, hoje à noite você traz a sargento Mourão aqui, pode ser? - pede Vitor. - Claro. Aí a gente traça uma estratégia pra pegar o seu Max de jeito. Agora eu preciso voltar ao trabalho. Até mais tarde. - Se cuida, filho - diz Amélia. Quando Fred retorna, à noitinha, ele vai direto ao quarto de Vitor: - Está tudo bem por aqui? - Está, por quê? - questiona Amélia. - Quando eu tava chegando vi um homem estranho que parecia estar de olho na estalagem - Fred vai até a janela, olha para a rua e acrescenta - Ele continua lá, no mesmo lugar. - Você tá achando que é um capanga do Max? - pergunta Vitor. - Só pode ser. Vitor pensa um pouco e comenta: - Esse sujeito pode nos ajudar a atrair o Max para a armadilha... Fred, você falou com a sargento Mourão? - Não, mas vou agora mesmo - ele responde e sai. Logo ele volta com Glorinha (ela está à paisana). Vitor explica seu plano para ela, que aceita ajudar.
  • 11. III No início da tarde seguinte, Vitor sai da estalagem e caminha e entra no armazém. O homem que estava vigiando a estalagem liga para Max e avisa. - Então ela deve estar sozinha... É agora que eu pego a fujona - diz Max, rindo. Ele pega o carro e vai para a cidade. Enquanto isso, Vitor volta para a estalagem, cuidando para que o homem não o veja, e entra pela porta da cozinha. Depois, vai para o quarto de Amélia e Manu, onde as duas o esperam, aflitas. Quando o vê entrar, Amélia corre e o abraça. - Pronto. O Max já deve estar a caminho - ele avisa. Max chega na estalagem e nem fala com Terê, já vai subindo as escadas. E entra no quarto de Vitor, já falando: - Agora tu não me escapas, Amélia! Mas ele estaca ao ver que apenas Fred está no quarto. - Cadê tua mãe? - Em segurança, bem longe de você. - Não tenho tempo a perder contigo, filho ingrato - Max responde, já virando as costas. - Por que, tem mais uma emboscada para armar? Quem vai ser a próxima vítima? Max se vira para o filho de novo: - Do que tu estás falando? - Do avião do Vitor. Que você mandou sabotar! - Mas que sabotagem? Teu amiguinho Vitor não te mostrou o laudo da perícia? Não foram encontrados índicios de sabotagem. - Isso só quer dizer que seus capangas fizeram um bom serviço. Quase perfeito, não é mesmo? - Fred insiste, com ironia, e enfatizando o "quase". - Como podes pensar assim do teu pai? - Max tenta se fazer de vítima. - Motivos não faltam - Fred continua firme - Vamos, seu Max, me conta, porque você mandou matar o Vitor? Só porque ele botou o dedo na sua cara e prometeu recuperar o que você lhe roubou? - Já era motivo suficiente. Ninguém desafia Max Martinez. - Então não foi só por isso... - Aquele bostinha andava muito íntimo da minha mulher. E eu estava certo, não é mesmo? Pena que não consegui cortar o mal pela raiz. O serviço foi muito bem feito, não deixou rastro... mas esse moleque parece gato que tem sete vidas, desgraçado - esbraveja Max. - Então foi você mesmo? - Fui eu, sim. Mandei matar aquele bostinha, pena que o infeliz conseguiu escapar! É isso que você queria ouvir? - Isso mesmo, seu Max - Sargento Mourão sai do banheiro - Você está preso. Acabou de confessar uma tentativa de homicídio. Max tenta correr na direção da porta, mas Fred segura o pai, enquanto a sargento o algema. Mourão sai para o corredor levando Max, Fred vai atrás. Eles encontram com Amélia e Vitor. Max não diz nada, apenas olha para os dois com os olhos vermelhos de ódio. Vitor lhe devolve um olhar superior e um sorriso sarcástico. Amélia tem um olhar de desprezo.
  • 12. A sargento desce as escadas com Max. Fred entra no quarto para conversar com Manu, que não quis ver o pai sendo preso. Vitor e Amélia continuam no corredor. Ele olha nos olhos dela: - Estamos livres! Amélia deixa cair uma lágrima, e Vitor a abraça com força, e lhe beija o rosto, os cabelos, murmurando: - Meu amor... meu amor... meu amor... - e finalmente eles se beijam intensamente. Depois de um longo beijo, Amélia e Vitor entram no quarto dela, abraçados. Manu se aproxima e abraça os dois, e Fred em seguida se junta ao abraço. Depois, ele pergunta: - E agora, o que vocês vão fazer? Vitor abre um grande sorriso: - Vamos ser felizes! Amélia sorri também, olhando para Vitor. - Tá certo. Todos nós agora vamos ter paz, viver em paz... Preciso dividir isso com a minha morena. Tchau pra quem fica - avisa Fred, saindo. - Eu também to louca pra ver meu gaúcho - diz Manu. Ela dá um beijo na mãe e depois se dirige a Vitor - Cuida dela? - E precisa pedir? - ele responde sorrindo. Manu ri, e sai também. Vitor fica bem em frente à Amélia, olha bem pra ela e pergunta: - E nós? Ficamos aqui mesmo ou vamos para o meu quarto? - Para o seu. Lá eu fico mais à vontade. - Então vem - ele rapidamente pega Amélia no colo. - Vitor! - ela exclama, sorrindo encantada. Vitor entra no quarto carregando Amélia e a coloca sobre a cama. Fica por alguns instantes apenas a observando com um olhar apaixonado, que ela retribui. Então cola seus lábios aos dela, num beijo mais intenso do que nunca. Delicadamente, ele vai tirando a blusa dela e beija cada pedacinho do colo de Amélia. Ela também tira a camisa dele, e o abraça. Eles sentem seus corpos cada vez mais juntos, e não pensam em mais nada. Apenas se entregam aos sentimentos, como se o tempo tivesse parado naquele instante. Como se não existisse mais nada além do amor que os une.