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DALTON TREVISAN
BIOGRAFIA
 Dalton Jérson Trevisan, nascido em
Curitiba em 14 de junho de 1925, hoje com
87 anos.
 Escritor brasileiro, famoso por seus
contos, tais como:
 O Vampiro de Curitiba (1965)
 Cemitério de Elefantes (1964)
 Morte na Praça (1964)
 Reconhecido como um importante contista da literatura
brasileira por grande parte dos críticos do país.
 É avesso a entrevistas e exposições.
 Recebeu o apelido de "Vampiro de Curitiba.
 Assina apenas "D. Trevis" e não recebe a visita de estranhos.
 Trevisan trabalhou durante sua juventude na fábrica de sua
família e chegou a exercer a advocacia durante 7 anos, depois
de se formar pela Faculdade de Direito do Paraná.
 Liderou o grupo literário que publicou, entre 1946 e 1948, a
revista Joaquim. Tal publicação tornou-se porta-voz de uma
geração de escritores, críticos e poetas.
 Reunia ensaios assinados por Antonio Cândido, Mário de
Andrade e Otto Maria Carpeaux e poemas até então
inéditos, como "O Caso do Vestido", de Carlos Drummond de
Andrade. A publicação, circulou até dezembro de 1948, continha
o material de seus primeiros livros de ficção.
 Em 1954 publicou o Guia Histórico de Curitiba, Crônicas da
Província de Curitiba, O Dia de Marcos e Os Domingos ou Ao
Armazém do Lucas, edições populares à maneira dos folhetos de
feira.
 Inspirado nos habitantes da cidade, criou personagens e
situações de significado universal, que valoriza os incidentes do
cotidiano sofrido e angustiante.
 Publicou também Novelas Nada Exemplares (1959) e ganhou
o Prêmio Jabuti da Câmara Brasileira do Livro.
 Isolado dos meios intelectuais e concorrendo sob
pseudônimo, Trevisan conquistou o primeiro lugar do I Concurso
Nacional de Contos do Estado do Paraná, em 1968.
 Escreveu depois A Guerra Conjugal (1969), posteriormente
transformada em um premiado filme.Em 1994 publicou Ah, é?,
obra-prima do estilo minimalista.
 Seu único romance publicado é A Polaquinha.
ESTRUTURA DE SEUS CONTOS
 Contos curtos, escritos em linguagem tão resumida que
muitas vezes chega a ser elíptica: "do conto para o
soneto e dele para o haicai".
 Direto e ágil, suas narrativas apresentam os dramas de
pessoas que se movem entre as expectativas de
felicidade e realização que aprenderam a alimentar e a
realidade crua e desumana, que as frustra e aniquila.
 As relações humanas que apresenta comprovam que a
realidade é degradada e cruel.
 Sua escrita sintética e contundente pode ser considerada
uma referência constante no trabalho de muitos contistas
recentemente surgidos, como os da Geração de 90.
PRÊMIOS
 Recebeu o Premio Camões de 2012.
 O maior contista brasileiro contemporâneo.
 Recebeu o Prêmio Ministério da Cultura de
Literatura.
 Em 2012 também recebeu o Prêmio
Machado de Assis, da Academia Brasileira
de Letras.
OBRAS PUBLICADAS
 Cemitério de Elefantes (1964)
 Morte na Praça (1964)
 O Vampiro de Curitiba (1965)
 Mistérios de Curitiba (1968)
 A Guerra Conjugal (1969)
 Crimes Contos Eróticos (1984)
 A Polaquinha (1985)
CONTO
A ponte
Depois que a filha de dezoito anos morreu num acidente, a pobre senhora
nunca mais foi a mesma. Se Deus, que era o seu Deus de fervorosas preces
diárias, matava a filha no lugar e na vez da mãe, tudo carecia de sentido.
Deprimida, sem ânimo, ela não fazia nada. Não conversava, não
cozinhava, não bordava, não lia. Não nada.
E nunca, nunca mais rezou.
Ali diante dos outros, porém ausente. Cabisbaixa, gesto manso, alheia ao
mundo em redor. Se alguém lhe falava, única resposta era um olhar triste -
mas tão triste que antes não olhasse.
Anos se passaram. Ela achou que era tempo de se reunir à filha perdida.
Acabar com essa angústia sem fim. Sacudiu a apatia, invocou toda a coragem.
E decidiu, sim, atirar-se da ponte da cidade.
Acorda bem cedo, veste o melhor vestido. E - faz frio - um casaco marrom de
lã. Rabisca bilhete em despedida: não mais que sete linhas (com duas
palavras riscadas, quais serão?). Uma vida inteira, já pensou, no simples
adeus de sete linhas? Antes que a família se levante deixa na mesa da cozinha
a folha de caderno, sem dobrar.
Vai até a porta, reluta um pouco e volta. Do dedo anular com esforço repuxa a
aliança. Um e outro toque fácil, se livra da dentadura. E, sobre o
bilhete, deposita as duas prendas.
Chegando ao meio da ponte demora-se algum tempo a olhar - choveu à noite -
as águas revoltas do rio. Perdeu a coragem ou está em dúvida?
Seja porque é muito alta, cruza toda a ponte, começa a descer
pela encosta. A grama úmida, daí escorrega. Desliza pela
ribanceira, bate a cabeça numa pedra e tomba suavemente
na água.
É domingo, Dia das Mães. A família acorda mais tarde.
Assim que acham o bilhete, em desespero, correm de lá para
cá. Alguém se lembra da ponte preferida pelos suicidas da
cidade.
De longe vêem um bando de crianças que brincam à beira
do rio. O corpo está preso numa forquilha, de borco, meio
afundado na água escura.
E, como elas não sabem o que é, atiram pedras apostando
quem acerta mais vezes.
No velório, apesar de ferida, a pobre mãe mostra o tempo
todo a suave expressão de paz encontrada. E uma sombra
de sorriso triste.
Mas tão triste que antes não sorrise.
ALUNOS
 Bruna de Oliveira n° 06 2°D
 Gabriela Pereira n°13
 João Vitor n°19
 Leonardo Castro n°25
 Michele Fortunato n°31

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Dalton trevisan

  • 2. BIOGRAFIA  Dalton Jérson Trevisan, nascido em Curitiba em 14 de junho de 1925, hoje com 87 anos.  Escritor brasileiro, famoso por seus contos, tais como:  O Vampiro de Curitiba (1965)  Cemitério de Elefantes (1964)  Morte na Praça (1964)
  • 3.  Reconhecido como um importante contista da literatura brasileira por grande parte dos críticos do país.  É avesso a entrevistas e exposições.  Recebeu o apelido de "Vampiro de Curitiba.  Assina apenas "D. Trevis" e não recebe a visita de estranhos.  Trevisan trabalhou durante sua juventude na fábrica de sua família e chegou a exercer a advocacia durante 7 anos, depois de se formar pela Faculdade de Direito do Paraná.  Liderou o grupo literário que publicou, entre 1946 e 1948, a revista Joaquim. Tal publicação tornou-se porta-voz de uma geração de escritores, críticos e poetas.  Reunia ensaios assinados por Antonio Cândido, Mário de Andrade e Otto Maria Carpeaux e poemas até então inéditos, como "O Caso do Vestido", de Carlos Drummond de Andrade. A publicação, circulou até dezembro de 1948, continha o material de seus primeiros livros de ficção.
  • 4.  Em 1954 publicou o Guia Histórico de Curitiba, Crônicas da Província de Curitiba, O Dia de Marcos e Os Domingos ou Ao Armazém do Lucas, edições populares à maneira dos folhetos de feira.  Inspirado nos habitantes da cidade, criou personagens e situações de significado universal, que valoriza os incidentes do cotidiano sofrido e angustiante.  Publicou também Novelas Nada Exemplares (1959) e ganhou o Prêmio Jabuti da Câmara Brasileira do Livro.  Isolado dos meios intelectuais e concorrendo sob pseudônimo, Trevisan conquistou o primeiro lugar do I Concurso Nacional de Contos do Estado do Paraná, em 1968.  Escreveu depois A Guerra Conjugal (1969), posteriormente transformada em um premiado filme.Em 1994 publicou Ah, é?, obra-prima do estilo minimalista.  Seu único romance publicado é A Polaquinha.
  • 5. ESTRUTURA DE SEUS CONTOS  Contos curtos, escritos em linguagem tão resumida que muitas vezes chega a ser elíptica: "do conto para o soneto e dele para o haicai".  Direto e ágil, suas narrativas apresentam os dramas de pessoas que se movem entre as expectativas de felicidade e realização que aprenderam a alimentar e a realidade crua e desumana, que as frustra e aniquila.  As relações humanas que apresenta comprovam que a realidade é degradada e cruel.  Sua escrita sintética e contundente pode ser considerada uma referência constante no trabalho de muitos contistas recentemente surgidos, como os da Geração de 90.
  • 6. PRÊMIOS  Recebeu o Premio Camões de 2012.  O maior contista brasileiro contemporâneo.  Recebeu o Prêmio Ministério da Cultura de Literatura.  Em 2012 também recebeu o Prêmio Machado de Assis, da Academia Brasileira de Letras.
  • 7. OBRAS PUBLICADAS  Cemitério de Elefantes (1964)  Morte na Praça (1964)  O Vampiro de Curitiba (1965)  Mistérios de Curitiba (1968)  A Guerra Conjugal (1969)  Crimes Contos Eróticos (1984)  A Polaquinha (1985)
  • 8. CONTO A ponte Depois que a filha de dezoito anos morreu num acidente, a pobre senhora nunca mais foi a mesma. Se Deus, que era o seu Deus de fervorosas preces diárias, matava a filha no lugar e na vez da mãe, tudo carecia de sentido. Deprimida, sem ânimo, ela não fazia nada. Não conversava, não cozinhava, não bordava, não lia. Não nada. E nunca, nunca mais rezou. Ali diante dos outros, porém ausente. Cabisbaixa, gesto manso, alheia ao mundo em redor. Se alguém lhe falava, única resposta era um olhar triste - mas tão triste que antes não olhasse. Anos se passaram. Ela achou que era tempo de se reunir à filha perdida. Acabar com essa angústia sem fim. Sacudiu a apatia, invocou toda a coragem. E decidiu, sim, atirar-se da ponte da cidade. Acorda bem cedo, veste o melhor vestido. E - faz frio - um casaco marrom de lã. Rabisca bilhete em despedida: não mais que sete linhas (com duas palavras riscadas, quais serão?). Uma vida inteira, já pensou, no simples adeus de sete linhas? Antes que a família se levante deixa na mesa da cozinha a folha de caderno, sem dobrar. Vai até a porta, reluta um pouco e volta. Do dedo anular com esforço repuxa a aliança. Um e outro toque fácil, se livra da dentadura. E, sobre o bilhete, deposita as duas prendas. Chegando ao meio da ponte demora-se algum tempo a olhar - choveu à noite - as águas revoltas do rio. Perdeu a coragem ou está em dúvida?
  • 9. Seja porque é muito alta, cruza toda a ponte, começa a descer pela encosta. A grama úmida, daí escorrega. Desliza pela ribanceira, bate a cabeça numa pedra e tomba suavemente na água. É domingo, Dia das Mães. A família acorda mais tarde. Assim que acham o bilhete, em desespero, correm de lá para cá. Alguém se lembra da ponte preferida pelos suicidas da cidade. De longe vêem um bando de crianças que brincam à beira do rio. O corpo está preso numa forquilha, de borco, meio afundado na água escura. E, como elas não sabem o que é, atiram pedras apostando quem acerta mais vezes. No velório, apesar de ferida, a pobre mãe mostra o tempo todo a suave expressão de paz encontrada. E uma sombra de sorriso triste. Mas tão triste que antes não sorrise.
  • 10. ALUNOS  Bruna de Oliveira n° 06 2°D  Gabriela Pereira n°13  João Vitor n°19  Leonardo Castro n°25  Michele Fortunato n°31