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CONTRIBUIÇÃO PARA O ENTENDIMENTO DA ESTABILIDADE DOS
TALUDES SUJEITOS À ACÇÃO DINÂMICA DO DESMONTE COM RECURSO
A EXPLOSIVOS NA OBRA A7/IC5/IC25, SUBLANÇO BASTO – RIBEIRA DE
PENA.


Por JOSÉ PINTO
Eng.º Geotécnico



1. INTRODUÇÃO.

A EXPLO – Empresa de demolições, Lda., subcontratada do Empreiteiro Geral – Rosas
Construtores, S.A., executou o desmonte de rocha com recurso a explosivos na obra
A7/IC5/IC25, sublanço Basto – Ribeira de Pena.

Na presente memória pretende-se, de forma ponderada e cuidada, contribuir para um
entendimento mais esclarecedor sobre o comportamento do maciço rochoso na vizinhança do
talude de escavação após o método de desmonte utilizado. Face às reais condições
geomecânicas encontradas durante a execução dos trabalhos, propomo-nos aqui
consubstanciar sobre o critério adoptado da não aplicação de algum dos tratamentos de
contenção preconizados no Estudo Geológico – Geotécnico, Caracterização Geomecânica e
Análise de Estabilidade.


2. CARACTERIZAÇÃO GENÉRICA              DA    GEOLOGIA-GEOTECNIA          DOS    MACIÇOS
   ROCHOSOS ESCAVADOS.

A intervenção da EXPLO ocorreu ao longo de um traçado dominado, quase na sua totalidade,
por maciços graníticos intrusivos, hercínicos, de grão médio a grosseiro, frequentemente com
tendência porfiróide com duas micas. De forma errática encerram apreciável quantidade de
veios de quartzo. Apresentam-se pouco alterados próxima da superfície, conjugando um
sistema de diaclases desenvolvido, resultado dos diferentes movimentos orogénicos sofridos.

Sensivelmente ao quilómetro 7+050, o traçado atravessa um afloramento de xistos negros com
intercalações de quartzofilitos e quartzitos. Esta unidade metamórfica ocorre muito alterada
com alguma compacidade.


3. OBJECTIVO GERAL DA INTERVENÇÃO DA EXPLO.

Correspondendo aos mais elevados interesses de execução da subempreitada segundo as
melhores regras de arte na actividade que nos especializa, a EXPLO planeou a sua
subempreitada e dimensionou os seus diagramas de fogo tendo em linha de conta os
seguintes requisitos que privilegiou:


                                                                                          1
- Boa execução técnica;
- Elevada produtividade.

Neste sentido, a intervenção da EXPLO, necessária nas zonas de afloramentos rochosos,
consistiu na demolição dos maciços anteriormente referidos, recorrendo à técnica de desmonte
de rocha em bancada; para definição do plano e inclinação dos taludes, à técnica do pré-corte
(fig. 1) como forma de minimizar o efeito perturbador na periferia do maciço rochoso pela
acção do método de desmonte com recurso a explosivos.




                                            Fig.1

4. AVALIAÇÃO DA ESTABILIDADE DOS TALUDES.

Antes de efectuarmos uma abordagem sobre a metodologia do desmonte para a definição dos
taludes com recurso a explosivos e seus efeitos, vamos avaliar as possíveis situações de
rotura do maciço na presença do desconfinamento lateral devido à escavação.


4.1 PRINCÍPIOS ANALÍTICOS.

Esta análise baseou-se na metodologia proposta por autores como Markland (1972), Hocking
(1976) e Hoek e Bray (1977), aplicada aos elementos geométricos recolhidos em obra.

Para avaliação de possíveis situações de rotura tivemos a preocupação de analisar
estereográficamente eventuais deslizamentos ocorrerem por rotura planar, por cunha e por
basculamento.

   a) Rotura planar.

   Para que o deslizamento possa ocorrer num simples plano, devem ser satisfeitas as
   seguintes condições geométricas:

   a.1 - A inclinação da face do talude (ψf) deve ser maior que a do plano da descontinuidade
   (ψp), que por sua vez deve ser maior que o ângulo de atrito dessa descontinuidade (Øp),
   ψf>ψp>Øp.




                                                                                           2
a.2 - A descontinuidade deve ter uma direcção paralela ou quase paralela à face do talude
   (dentro aproximadamente de ± 20º), isto é, |αp - αf| ≤ 20º, sendo αp e αf as direcções de
   inclinação da descontinuidade e da face do talude, respectivamente.

   b) Rotura por cunha.

   O método de Markland faz a avaliação da possibilidade da rotura por cunha ocorrer ao
   longo da linha de intersecção de duas descontinuidades planares. As condições para
   satisfazer o método são:

   b.1 - O ângulo de inclinação da face do talude (ψf) é maior que o ângulo de inclinação da
   recta de intersecção dos planos (ψi) e por sua vez maior que o ângulo de atrito (Øp) das
   superfícies que se intersectam, ψf>ψi>Øp.

   b.2 - O ângulo formado pela direcção de inclinação da recta de intersecção (αi) e pela
   direcção de inclinação da face do talude (αf) tem que estar compreendido entre 0º e 25º, |αi
   - αf| ≤ 25º.

   c) Rotura por basculamento.

   Para que este tipo de rotura ocorra, devem ser cumpridas as seguintes condições
   geométricas:

   c.1 - A descontinuidade deve ter uma direcção paralela ou quase paralela à face do talude
   (dentro aproximadamente de ± 30º), isto é, |αp - αf| ≤ 30º, sendo αp e αf as direcções de
   inclinação da descontinuidade e da face do talude, respectivamente.

   c.2 - A inclinação da face do talude (ψf) > (90º - a inclinação do plano da descontinuidade
   (ψp)) + o ângulo de atrito dessa descontinuidade (Øp).

4.2 RECOLHA DE ELEMENTOS GEOMÉTRICOS.

A observação de campo e a recolha dos elementos geométricos das diferentes
descontinuidades incidiu sobre duas importantes escavações do traçado (fig.2), marcadamente
diferindo e sobressaindo das restantes pelas suas elevadas diferenças de cotas topográficas:
do Pk 6+225 ao 6+575 e do Pk 6+775 ao Pk 7+250.




                                                                              Fig. 2

                                                                                             3
4.2.1   Do Pk 6+225 ao 6+575 (Granito).

                                                  Atitude
                 Diaclase        Convenção Americana    Convenção Europeia
                    D1                N80W,84N               (84º,10º)
                    D2               N66NE,70SE             (70º,156º)
                    D3              N60NE,60NW              (60º,330º)
                    D4              N60NW,80NE               (80º,30º)
                    D5               N70NW,36S              (36º,200º)


4.2.2   Do Pk 6+775 ao 7+250.

Nesta zona recolhemos, distintamente, os elementos geométricos referentes às
descontinuidades dos afloramentos do maciço granítico (entre o Pk 6+775 e o Pk 7±050) e do
maciço de xistos negros (entre ± o Pk 7±050 e o Pk 7+250).

4.2.2.1 Do Pk 6+775 ao 7±050 (Granito).

                                                  Atitude
                 Diaclase        Convenção Americana    Convenção Europeia
                    D6              N45NW,80NE               (80º,45º)
                    D7              N50NE,86NW              (86º,320º)
                    D8               N40NE,Vert.             (90º,40º)
                    D9                N80W,50N               (50º,10º)
                   D10               N20NE,20SE             (20º,290º)

4.2.2.2 Do Pk 7±050 ao 7+250 (Xisto negros).

                                                   Atitude
                 Diaclase         Convenção Americana    Convenção Europeia
                   D11                N50NE,Vert.            (90º,320º)
                   D12                N10NE,65E              (65º,100º)
                   D13                 N-S, 58E              (58º,360º)
             D14 (Xistosidade)       N32NW,78NE               (78º,58º)


4.3 ANÁLISE DA ESTABILIDADE DOS TALUDES DE ESCAVAÇÃO.

A análise da estabilidade dos taludes de escavação foi baseada nas observações de campo
com a recolha dos elementos geométricos das descontinuidades (já identificadas no subtítulo
4.2), nas características de atrito estimadas para os maciços, na inclinação dos taludes
esquerdos e na direcção da estrada num local sensivelmente tangente ao traçado. Estes dois
últimos parâmetros estão identificados e descriminados na seguinte tabela:

                                                                       Ângulo
                 Troço                Tipo rocha    Atitude talude
                                                                     atrito desc.
        Do Pk 6+225 ao Pk 6+575        Granito       E-W, 58S            35º
        Do Pk 6+775 ao Pk 7±050        Granito      N50NE,45NW           35º
        Do Pk 7±050 ao Pk 6+250     Xistos negros   N50NE,45NW           30º



                                                                                         4
Na posse de todos os elementos, projectamos na Rede de Lambert-Schmidt (rede equiárea)
as várias diaclases, a face dos taludes de escavação e o círculo de atrito admitido como
parâmetro definidor da rugosidade das paredes de uma descontinuidade.

4.3.1   Do Pk 6+225 ao 6+575 (Granito).

4.3.1.1 Análise da possibilidade de um deslizamento planar.

                                                             Condições
 Plano        Orientação      ψ       α       Øp       ψf>ψp>Øp   |αp - αf| ≤ 20º       Conclusão
 Talude       E-W, 58S       58º     180º
  D1          N80W,84N       84º     10º      35º     Não satisfaz      Não satisfaz     Estável
  D2         N66NE,70SE      70º     156º     35º     Não satisfaz      Não satisfaz     Estável
  D3        N60ºNE,60NW      60º     330º     35º     Não satisfaz      Não satisfaz     Estável
  D4        N60NW,80NE       80º     30º      35º     Não satisfaz      Não satisfaz     Estável
  D5         N70NW,34S       34º     200º     35º     Não satisfaz       Satisfaz        Estável


4.3.1.2 Análise da possibilidade de deslizamento por cunha definida por duas
        descontinuidades que se intersectam.

                                                            Condições
  Plano       Orientação     ψ       α       Øp       ψf>ψi>Øp   |αp - αi| ≤ 25º       Conclusão
  Talude      (58º,180º)    58º     180º
 D1 c/ D2      (51º,92º)    51º     92º      35º      Satisfaz       Não satisfaz       Estável
 D1 c/ D3     (53º,288º)    53º     288º     35º      Satisfaz       Não satisfaz       Estável
 D1 c/ D4      (76º,73º)    76º     73º      35º     Não satisfaz    Não satisfaz       Estável
 D1 c/ D5      (5º,281º)    5º      281º     35º     Não satisfaz    Não satisfaz       Estável
 D2 c/ D3      (6º,244º)    6º      244º     35º     Não satisfaz    Não satisfaz       Estável
 D2 c/ D4     (57º,130º)    57º     130º     35º      Satisfaz       Não satisfaz       Estável
 D2 c/ D5     (23º,255º)    23º     255º     35º     Não satisfaz    Não satisfaz       Estável
 D3 c/ D4     (60º,318º)    60º     318º     35º     Não satisfaz    Não satisfaz       Estável
 D3 c/ D5     (22º,254º)    22º     254º     35º     Não satisfaz    Não satisfaz       Estável
 D4 c/ D5      (6º,119º)    6º      119º     35º     Não satisfaz    Não satisfaz       Estável


4.3.1.3 Análise da possibilidade de deslizamento por basculamento.

                                                                 Condições
 Plano         Orientação      ψ       α       Øp       ψf>(90-ψp)+Øp |αp - αf| ≤ 30º       Conclusão
 Talude        E-W, 58S       58º     180º
  D1           N80W,84N       84º     10º      35º        Satisfaz          Não satisfaz      Estável
  D2          N66NE,70SE      70º     156º     35º        Satisfaz           Satisfaz        Instável
  D3         N60ºNE,60NW      60º     330º     35º       Não satisfaz       Não satisfaz      Estável
  D4         N60NW,80NE       80º     30º      35º        Satisfaz          Não satisfaz      Estável
  D5          N70NW,34S       34º     200º     35º       Não satisfaz        Satisfaz         Estável




                                                                                                    5
4.3.2   Do Pk 6+755 ao 7±050 (Granito).

4.3.2.1 Análise da possibilidade de um deslizamento planar.

                                                      Condições
 Plano      Orientação       ψ     α      Øp    ψf>ψp>Øp   |αp - αf| ≤ 20º     Conclusão
 Talude    N50NE,45NW       45º   320º
  D6       N45NW,80NE       80º   45º     35º   Não satisfaz    Não satisfaz      Estável
  D7       N50NE,86NW       86º   320º    35º   Não satisfaz     Satisfaz         Estável
  D8       N40NE,Vert.      90º   40º     35º   Não satisfaz    Não satisfaz      Estável
  D9        N80W,50N        50º   10º     35º   Não satisfaz    Não satisfaz      Estável
  D10      N20NE,20SE       20º   290º    35º   Não satisfaz    Não satisfaz      Estável


4.3.2.2 Análise da possibilidade de deslizamento por cunha definida por duas
        descontinuidades que se intersectam.

                                                       Condições
  Plano        Orientação    ψ      α     Øp     ψf>ψi>Øp   |αp - αi| ≤ 25º       Conclusão
  Talude       (45º,320º)   45º   320º
 D6 c/ D7       (80º,28º)   80º    28º    35º   Não satisfaz    Não satisfaz       Estável
 D6 c/ D8       (80º,46º)   80º    46º    35º   Não satisfaz    Não satisfaz       Estável
 D6 c/ D9      (38º,324º)   38º   324º    35º    Satisfaz        Satisfaz         Instável
 D6 c/ D10     (29º,132º)   29º   132     35º   Não satisfaz    Não satisfaz       Estável
 D7 c/ D8       (67º,41º)   67º    41º    35º   Não satisfaz    Não satisfaz       Estável
 D7 c/ D9       (43º,47º)   43º    47º    35º    Satisfaz       Não satisfaz       Estável
 D7 c/ D10      (10º,50º)   10º    50º    35º   Não satisfaz    Não satisfaz       Estável
 D8 c/ D9       (46º,41º)   46º    41º    35º   Não satisfaz    Não satisfaz       Estável
 D8 c/ D10       (7º,40º)   7º     40º    35º   Não satisfaz    Não satisfaz       Estável
 D9 c/ D10      (18º,84º)   18º    84º    35º   Não satisfaz    Não satisfaz       Estável

4.3.2.3 Análise da possibilidade de deslizamento por basculamento.

                                                         Condições
 Plano      Orientação       ψ      α     Øp    ψf>(90-ψp)+Øp |αp - αf| ≤ 30º       Conclusão
 Talude    N50NE,45NW       45º   320º
  D6       N45NW,80NE       80º    45º    35º    Não satisfaz      Não satisfaz       Estável
  D7       N50NE,86NW       86º   320º    35º     Satisfaz          Satisfaz         Instável
  D8       N40NE,Vert.      90º    40º    35º     Satisfaz         Não satisfaz       Estável
  D9        N80W,50N        50º    10º    35º    Não satisfaz      Não satisfaz       Estável
  D10      N20NE,20SE       20º   290º    35º    Não satisfaz      Não satisfaz       Estável

4.3.3   Do Pk 7±050 ao 7+250 (Xistos negros).

4.3.3.1 Análise da possibilidade de um deslizamento planar.

                                                      Condições
 Plano      Orientação       ψ      α     Øp    ψf>ψp>Øp   |αp - αf| ≤ 20º     Conclusão
 Talude    N50NE,45NW       45º   320º
  D11      N50NE,Vert.      90º   320º    30º   Não satisfaz     Satisfaz          Estável
  D12       N10NE,65E       65º   100º    30º   Não satisfaz    Não satisfaz       Estável
  D13        N-S, 58E       58º   360º    30º   Não satisfaz    Não satisfaz       Estável
  D14      N32NW,78NE       78º    58º    30º   Não satisfaz    Não satisfaz       Estável

                                                                                              6
4.3.3.2 Análise da possibilidade de deslizamento por cunha definida por duas
        descontinuidades que se intersectam.

                                                               Condições
   Plano        Orientação      ψ        α      Øp       ψf>ψi>Øp   |αp - αi| ≤ 25º    Conclusão
  Talude        (45º,320º)     45º     320º
 D11 c/ D12      (54º,50º)     54º      50º     30º     Não satisfaz   Não satisfaz     Estável
 D11 c/ D13      (51º,50º)     51º      50º     30º     Não satisfaz   Não satisfaz     Estável
 D11 c/ D14      (78º,50º)     78º      50º     30º     Não satisfaz   Não satisfaz     Estável
 D12 c/ D13      (43º,38º)     43º      38º     30º      Satisfaz      Não satisfaz     Estável
 D12 c/ D14     (64º,122º)     64º     122º     30º     Não satisfaz   Não satisfaz     Estável
 D13 c/ D14     (50º,133º)     50º     133º     30º     Não satisfaz   Não satisfaz     Estável


4.3.3.3 Análise da possibilidade de deslizamento por basculamento.

                                                               Condições
 Plano      Orientação        ψ        α      Øp      ψf>(90-ψp)+Øp |αp - αf| ≤ 30º    Conclusão
 Talude    N50NE,45NW        45º     320º
  D11      N50NE,Vert.       90º     320º     30º       Satisfaz         Satisfaz       Instável
  D12       N10NE,65E        65º     100º     30º      Não satisfaz     Não satisfaz     Estável
  D13        N-S, 58E        58º     360º     30º      Não satisfaz     Não satisfaz     Estável
  D14      N32NW,78NE        78º      58º     30º       Satisfaz        Não satisfaz     Estável


4.3.4   Conclusão da análise da estabilidade pela aplicação dos princípios analíticos.

Com base nos resultados obtidos e apresentados, podemos afirmar que, no geral, os taludes
oferecem favorável estabilidade não se prevendo roturas planares, circunscrevendo-se os
riscos a uma situação particular de rotura por cunha na intersecção da diaclase D6 com a
diaclase D9, e a instabilidade pelo efeito de rotura por basculamento, pelas diaclases D2, D7 e
D11.

Entendemos que a localização de blocos com probabilidade de rotura por cunha, a acontecer,
situar-se-á nas cristas dos taludes devido ao desconfinamento lateral. O saneamento/limpeza
mecânica efectuada pelo equipamento de escavação terá contribuído para o afastamento
dessa probabilidade.

Superficialmente poderá ocorrer o deslizamento, por intemperismo, de pequenas pedras em
zonas onde a limpeza não terá sido tão eficaz.


5. METODOLOGIA DO DESMONTE PARA DEFINIÇÃO DOS TALUDES COM RECURSO A
   EXPLOSIVOS E SEUS EFEITOS.

Para a definição dos taludes de escavação, a EXPLO recorreu à técnica do pré-corte tendo
como objectivo criar superfícies aparentemente regulares, minimizando as sobre escavações e
indução de vibrações no maciço rochoso.

Para obedecer a estes critérios apertados, foi dimensionado e aferido na obra um diagrama de
fogo que resultou na aplicação de um espaçamento entre furos de 1,0 metro e uma carga de
coluna adequada para produzir o corte da rocha, isto é, foram atingidos valores limite de
funcionalidade.

                                                                                                  7
Atingido o objectivo pretendido, comprovadamente confirmado pelo resultado final que os
taludes apresentam, com a presença perfeitamente visível das “meias canas” e superfícies
regulares entre furos do pré-corte (fig. 3), entendemos poder afirmar salvo melhor opinião, não
ter havido perturbação da estrutura da rocha pelo processo de detonação em redor dos furos.




                                                                      Fig. 3

Como complemento fidedigno, a observação pormenorizada que fomos fazendo ao longo do
desenvolvimento das escavações (e ao alcance de todos), permitiu constatar após
saneamento dos taludes, que o comportamento periférico do maciço não deu mostras de
qualquer alteração.

Ora, sabendo que a cedência depende da posição das juntas em relação ao talude, em face
deste comportamento estrutural, permitimo-nos afirmar que, uma eventual redistribuição de
tensões operada pela escavação não acarretou nenhum escorregamento ao longo das
superfícies de descontinuidade, o que consolida a conclusão da análise de estabilidade.

Convém referir que tudo atrás referido enquadra-se nos taludes executados no maciço
granítico. Na zona dos xistos negros, dado tratar-se de um maciço com características menos
resistentes, com acentuado índice de alteração, o método de pré-corte foi preterido em favor
da utilização de meios mecânicos como forma de minimizar a perturbação na estrutura da
rocha (fig. 4).




                                                                      Fig. 4



                                                                                             8
6. CONCLUSÃO.

A decisão da não tomada de qualquer medida para reforço dos taludes partiu da análise
progressiva, em obra, das condições de estabilidade durante a execução das escavações.

Assim, verificou-se que as condições geomecânicas do maciço rochoso em profundidade,
revelaram-se melhores do que aquelas inicialmente previstas no Estudo Geológico-
Geotécnico. No nosso entender julgamos que isso se tenha devido, compreensivelmente, à
«… limitada informação geotécnica disponível» para a análise de estabilidade incluída no
referido estudo, pelo que, as conclusões obtidas demonstram valores conservativos de
prudência. Alia-se à qualidade do maciço a boa execução técnica do pré-corte obtido.

Durante a fase das escavações e posteriormente até à data não foram detectadas eventuais
instabilizações que aconselhassem a encetar operações de reforço do maciço. Por outras
palavras, podemos afirmar que as variações térmicas ao longo dos últimos meses de seca e a
continuada pluviosidade registada nos últimos dias em nada fizeram sentir eventuais
movimentos.




8 de Novembro de 2005




                                                                                        9

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CONTRIBUIÇÃO PARA O ENTENDIMENTO DA ESTABILIDADE DOS TALUDES SUJEITOS À ACÇÃO DINÂMICA DO DESMONTE COM RECURSO A EXPLOSIVOS NA OBRA A7/IC5/IC25, SUBLANÇO BASTO – RIBEIRA DE PENA.

  • 1. CONTRIBUIÇÃO PARA O ENTENDIMENTO DA ESTABILIDADE DOS TALUDES SUJEITOS À ACÇÃO DINÂMICA DO DESMONTE COM RECURSO A EXPLOSIVOS NA OBRA A7/IC5/IC25, SUBLANÇO BASTO – RIBEIRA DE PENA. Por JOSÉ PINTO Eng.º Geotécnico 1. INTRODUÇÃO. A EXPLO – Empresa de demolições, Lda., subcontratada do Empreiteiro Geral – Rosas Construtores, S.A., executou o desmonte de rocha com recurso a explosivos na obra A7/IC5/IC25, sublanço Basto – Ribeira de Pena. Na presente memória pretende-se, de forma ponderada e cuidada, contribuir para um entendimento mais esclarecedor sobre o comportamento do maciço rochoso na vizinhança do talude de escavação após o método de desmonte utilizado. Face às reais condições geomecânicas encontradas durante a execução dos trabalhos, propomo-nos aqui consubstanciar sobre o critério adoptado da não aplicação de algum dos tratamentos de contenção preconizados no Estudo Geológico – Geotécnico, Caracterização Geomecânica e Análise de Estabilidade. 2. CARACTERIZAÇÃO GENÉRICA DA GEOLOGIA-GEOTECNIA DOS MACIÇOS ROCHOSOS ESCAVADOS. A intervenção da EXPLO ocorreu ao longo de um traçado dominado, quase na sua totalidade, por maciços graníticos intrusivos, hercínicos, de grão médio a grosseiro, frequentemente com tendência porfiróide com duas micas. De forma errática encerram apreciável quantidade de veios de quartzo. Apresentam-se pouco alterados próxima da superfície, conjugando um sistema de diaclases desenvolvido, resultado dos diferentes movimentos orogénicos sofridos. Sensivelmente ao quilómetro 7+050, o traçado atravessa um afloramento de xistos negros com intercalações de quartzofilitos e quartzitos. Esta unidade metamórfica ocorre muito alterada com alguma compacidade. 3. OBJECTIVO GERAL DA INTERVENÇÃO DA EXPLO. Correspondendo aos mais elevados interesses de execução da subempreitada segundo as melhores regras de arte na actividade que nos especializa, a EXPLO planeou a sua subempreitada e dimensionou os seus diagramas de fogo tendo em linha de conta os seguintes requisitos que privilegiou: 1
  • 2. - Boa execução técnica; - Elevada produtividade. Neste sentido, a intervenção da EXPLO, necessária nas zonas de afloramentos rochosos, consistiu na demolição dos maciços anteriormente referidos, recorrendo à técnica de desmonte de rocha em bancada; para definição do plano e inclinação dos taludes, à técnica do pré-corte (fig. 1) como forma de minimizar o efeito perturbador na periferia do maciço rochoso pela acção do método de desmonte com recurso a explosivos. Fig.1 4. AVALIAÇÃO DA ESTABILIDADE DOS TALUDES. Antes de efectuarmos uma abordagem sobre a metodologia do desmonte para a definição dos taludes com recurso a explosivos e seus efeitos, vamos avaliar as possíveis situações de rotura do maciço na presença do desconfinamento lateral devido à escavação. 4.1 PRINCÍPIOS ANALÍTICOS. Esta análise baseou-se na metodologia proposta por autores como Markland (1972), Hocking (1976) e Hoek e Bray (1977), aplicada aos elementos geométricos recolhidos em obra. Para avaliação de possíveis situações de rotura tivemos a preocupação de analisar estereográficamente eventuais deslizamentos ocorrerem por rotura planar, por cunha e por basculamento. a) Rotura planar. Para que o deslizamento possa ocorrer num simples plano, devem ser satisfeitas as seguintes condições geométricas: a.1 - A inclinação da face do talude (ψf) deve ser maior que a do plano da descontinuidade (ψp), que por sua vez deve ser maior que o ângulo de atrito dessa descontinuidade (Øp), ψf>ψp>Øp. 2
  • 3. a.2 - A descontinuidade deve ter uma direcção paralela ou quase paralela à face do talude (dentro aproximadamente de ± 20º), isto é, |αp - αf| ≤ 20º, sendo αp e αf as direcções de inclinação da descontinuidade e da face do talude, respectivamente. b) Rotura por cunha. O método de Markland faz a avaliação da possibilidade da rotura por cunha ocorrer ao longo da linha de intersecção de duas descontinuidades planares. As condições para satisfazer o método são: b.1 - O ângulo de inclinação da face do talude (ψf) é maior que o ângulo de inclinação da recta de intersecção dos planos (ψi) e por sua vez maior que o ângulo de atrito (Øp) das superfícies que se intersectam, ψf>ψi>Øp. b.2 - O ângulo formado pela direcção de inclinação da recta de intersecção (αi) e pela direcção de inclinação da face do talude (αf) tem que estar compreendido entre 0º e 25º, |αi - αf| ≤ 25º. c) Rotura por basculamento. Para que este tipo de rotura ocorra, devem ser cumpridas as seguintes condições geométricas: c.1 - A descontinuidade deve ter uma direcção paralela ou quase paralela à face do talude (dentro aproximadamente de ± 30º), isto é, |αp - αf| ≤ 30º, sendo αp e αf as direcções de inclinação da descontinuidade e da face do talude, respectivamente. c.2 - A inclinação da face do talude (ψf) > (90º - a inclinação do plano da descontinuidade (ψp)) + o ângulo de atrito dessa descontinuidade (Øp). 4.2 RECOLHA DE ELEMENTOS GEOMÉTRICOS. A observação de campo e a recolha dos elementos geométricos das diferentes descontinuidades incidiu sobre duas importantes escavações do traçado (fig.2), marcadamente diferindo e sobressaindo das restantes pelas suas elevadas diferenças de cotas topográficas: do Pk 6+225 ao 6+575 e do Pk 6+775 ao Pk 7+250. Fig. 2 3
  • 4. 4.2.1 Do Pk 6+225 ao 6+575 (Granito). Atitude Diaclase Convenção Americana Convenção Europeia D1 N80W,84N (84º,10º) D2 N66NE,70SE (70º,156º) D3 N60NE,60NW (60º,330º) D4 N60NW,80NE (80º,30º) D5 N70NW,36S (36º,200º) 4.2.2 Do Pk 6+775 ao 7+250. Nesta zona recolhemos, distintamente, os elementos geométricos referentes às descontinuidades dos afloramentos do maciço granítico (entre o Pk 6+775 e o Pk 7±050) e do maciço de xistos negros (entre ± o Pk 7±050 e o Pk 7+250). 4.2.2.1 Do Pk 6+775 ao 7±050 (Granito). Atitude Diaclase Convenção Americana Convenção Europeia D6 N45NW,80NE (80º,45º) D7 N50NE,86NW (86º,320º) D8 N40NE,Vert. (90º,40º) D9 N80W,50N (50º,10º) D10 N20NE,20SE (20º,290º) 4.2.2.2 Do Pk 7±050 ao 7+250 (Xisto negros). Atitude Diaclase Convenção Americana Convenção Europeia D11 N50NE,Vert. (90º,320º) D12 N10NE,65E (65º,100º) D13 N-S, 58E (58º,360º) D14 (Xistosidade) N32NW,78NE (78º,58º) 4.3 ANÁLISE DA ESTABILIDADE DOS TALUDES DE ESCAVAÇÃO. A análise da estabilidade dos taludes de escavação foi baseada nas observações de campo com a recolha dos elementos geométricos das descontinuidades (já identificadas no subtítulo 4.2), nas características de atrito estimadas para os maciços, na inclinação dos taludes esquerdos e na direcção da estrada num local sensivelmente tangente ao traçado. Estes dois últimos parâmetros estão identificados e descriminados na seguinte tabela: Ângulo Troço Tipo rocha Atitude talude atrito desc. Do Pk 6+225 ao Pk 6+575 Granito E-W, 58S 35º Do Pk 6+775 ao Pk 7±050 Granito N50NE,45NW 35º Do Pk 7±050 ao Pk 6+250 Xistos negros N50NE,45NW 30º 4
  • 5. Na posse de todos os elementos, projectamos na Rede de Lambert-Schmidt (rede equiárea) as várias diaclases, a face dos taludes de escavação e o círculo de atrito admitido como parâmetro definidor da rugosidade das paredes de uma descontinuidade. 4.3.1 Do Pk 6+225 ao 6+575 (Granito). 4.3.1.1 Análise da possibilidade de um deslizamento planar. Condições Plano Orientação ψ α Øp ψf>ψp>Øp |αp - αf| ≤ 20º Conclusão Talude E-W, 58S 58º 180º D1 N80W,84N 84º 10º 35º Não satisfaz Não satisfaz Estável D2 N66NE,70SE 70º 156º 35º Não satisfaz Não satisfaz Estável D3 N60ºNE,60NW 60º 330º 35º Não satisfaz Não satisfaz Estável D4 N60NW,80NE 80º 30º 35º Não satisfaz Não satisfaz Estável D5 N70NW,34S 34º 200º 35º Não satisfaz Satisfaz Estável 4.3.1.2 Análise da possibilidade de deslizamento por cunha definida por duas descontinuidades que se intersectam. Condições Plano Orientação ψ α Øp ψf>ψi>Øp |αp - αi| ≤ 25º Conclusão Talude (58º,180º) 58º 180º D1 c/ D2 (51º,92º) 51º 92º 35º Satisfaz Não satisfaz Estável D1 c/ D3 (53º,288º) 53º 288º 35º Satisfaz Não satisfaz Estável D1 c/ D4 (76º,73º) 76º 73º 35º Não satisfaz Não satisfaz Estável D1 c/ D5 (5º,281º) 5º 281º 35º Não satisfaz Não satisfaz Estável D2 c/ D3 (6º,244º) 6º 244º 35º Não satisfaz Não satisfaz Estável D2 c/ D4 (57º,130º) 57º 130º 35º Satisfaz Não satisfaz Estável D2 c/ D5 (23º,255º) 23º 255º 35º Não satisfaz Não satisfaz Estável D3 c/ D4 (60º,318º) 60º 318º 35º Não satisfaz Não satisfaz Estável D3 c/ D5 (22º,254º) 22º 254º 35º Não satisfaz Não satisfaz Estável D4 c/ D5 (6º,119º) 6º 119º 35º Não satisfaz Não satisfaz Estável 4.3.1.3 Análise da possibilidade de deslizamento por basculamento. Condições Plano Orientação ψ α Øp ψf>(90-ψp)+Øp |αp - αf| ≤ 30º Conclusão Talude E-W, 58S 58º 180º D1 N80W,84N 84º 10º 35º Satisfaz Não satisfaz Estável D2 N66NE,70SE 70º 156º 35º Satisfaz Satisfaz Instável D3 N60ºNE,60NW 60º 330º 35º Não satisfaz Não satisfaz Estável D4 N60NW,80NE 80º 30º 35º Satisfaz Não satisfaz Estável D5 N70NW,34S 34º 200º 35º Não satisfaz Satisfaz Estável 5
  • 6. 4.3.2 Do Pk 6+755 ao 7±050 (Granito). 4.3.2.1 Análise da possibilidade de um deslizamento planar. Condições Plano Orientação ψ α Øp ψf>ψp>Øp |αp - αf| ≤ 20º Conclusão Talude N50NE,45NW 45º 320º D6 N45NW,80NE 80º 45º 35º Não satisfaz Não satisfaz Estável D7 N50NE,86NW 86º 320º 35º Não satisfaz Satisfaz Estável D8 N40NE,Vert. 90º 40º 35º Não satisfaz Não satisfaz Estável D9 N80W,50N 50º 10º 35º Não satisfaz Não satisfaz Estável D10 N20NE,20SE 20º 290º 35º Não satisfaz Não satisfaz Estável 4.3.2.2 Análise da possibilidade de deslizamento por cunha definida por duas descontinuidades que se intersectam. Condições Plano Orientação ψ α Øp ψf>ψi>Øp |αp - αi| ≤ 25º Conclusão Talude (45º,320º) 45º 320º D6 c/ D7 (80º,28º) 80º 28º 35º Não satisfaz Não satisfaz Estável D6 c/ D8 (80º,46º) 80º 46º 35º Não satisfaz Não satisfaz Estável D6 c/ D9 (38º,324º) 38º 324º 35º Satisfaz Satisfaz Instável D6 c/ D10 (29º,132º) 29º 132 35º Não satisfaz Não satisfaz Estável D7 c/ D8 (67º,41º) 67º 41º 35º Não satisfaz Não satisfaz Estável D7 c/ D9 (43º,47º) 43º 47º 35º Satisfaz Não satisfaz Estável D7 c/ D10 (10º,50º) 10º 50º 35º Não satisfaz Não satisfaz Estável D8 c/ D9 (46º,41º) 46º 41º 35º Não satisfaz Não satisfaz Estável D8 c/ D10 (7º,40º) 7º 40º 35º Não satisfaz Não satisfaz Estável D9 c/ D10 (18º,84º) 18º 84º 35º Não satisfaz Não satisfaz Estável 4.3.2.3 Análise da possibilidade de deslizamento por basculamento. Condições Plano Orientação ψ α Øp ψf>(90-ψp)+Øp |αp - αf| ≤ 30º Conclusão Talude N50NE,45NW 45º 320º D6 N45NW,80NE 80º 45º 35º Não satisfaz Não satisfaz Estável D7 N50NE,86NW 86º 320º 35º Satisfaz Satisfaz Instável D8 N40NE,Vert. 90º 40º 35º Satisfaz Não satisfaz Estável D9 N80W,50N 50º 10º 35º Não satisfaz Não satisfaz Estável D10 N20NE,20SE 20º 290º 35º Não satisfaz Não satisfaz Estável 4.3.3 Do Pk 7±050 ao 7+250 (Xistos negros). 4.3.3.1 Análise da possibilidade de um deslizamento planar. Condições Plano Orientação ψ α Øp ψf>ψp>Øp |αp - αf| ≤ 20º Conclusão Talude N50NE,45NW 45º 320º D11 N50NE,Vert. 90º 320º 30º Não satisfaz Satisfaz Estável D12 N10NE,65E 65º 100º 30º Não satisfaz Não satisfaz Estável D13 N-S, 58E 58º 360º 30º Não satisfaz Não satisfaz Estável D14 N32NW,78NE 78º 58º 30º Não satisfaz Não satisfaz Estável 6
  • 7. 4.3.3.2 Análise da possibilidade de deslizamento por cunha definida por duas descontinuidades que se intersectam. Condições Plano Orientação ψ α Øp ψf>ψi>Øp |αp - αi| ≤ 25º Conclusão Talude (45º,320º) 45º 320º D11 c/ D12 (54º,50º) 54º 50º 30º Não satisfaz Não satisfaz Estável D11 c/ D13 (51º,50º) 51º 50º 30º Não satisfaz Não satisfaz Estável D11 c/ D14 (78º,50º) 78º 50º 30º Não satisfaz Não satisfaz Estável D12 c/ D13 (43º,38º) 43º 38º 30º Satisfaz Não satisfaz Estável D12 c/ D14 (64º,122º) 64º 122º 30º Não satisfaz Não satisfaz Estável D13 c/ D14 (50º,133º) 50º 133º 30º Não satisfaz Não satisfaz Estável 4.3.3.3 Análise da possibilidade de deslizamento por basculamento. Condições Plano Orientação ψ α Øp ψf>(90-ψp)+Øp |αp - αf| ≤ 30º Conclusão Talude N50NE,45NW 45º 320º D11 N50NE,Vert. 90º 320º 30º Satisfaz Satisfaz Instável D12 N10NE,65E 65º 100º 30º Não satisfaz Não satisfaz Estável D13 N-S, 58E 58º 360º 30º Não satisfaz Não satisfaz Estável D14 N32NW,78NE 78º 58º 30º Satisfaz Não satisfaz Estável 4.3.4 Conclusão da análise da estabilidade pela aplicação dos princípios analíticos. Com base nos resultados obtidos e apresentados, podemos afirmar que, no geral, os taludes oferecem favorável estabilidade não se prevendo roturas planares, circunscrevendo-se os riscos a uma situação particular de rotura por cunha na intersecção da diaclase D6 com a diaclase D9, e a instabilidade pelo efeito de rotura por basculamento, pelas diaclases D2, D7 e D11. Entendemos que a localização de blocos com probabilidade de rotura por cunha, a acontecer, situar-se-á nas cristas dos taludes devido ao desconfinamento lateral. O saneamento/limpeza mecânica efectuada pelo equipamento de escavação terá contribuído para o afastamento dessa probabilidade. Superficialmente poderá ocorrer o deslizamento, por intemperismo, de pequenas pedras em zonas onde a limpeza não terá sido tão eficaz. 5. METODOLOGIA DO DESMONTE PARA DEFINIÇÃO DOS TALUDES COM RECURSO A EXPLOSIVOS E SEUS EFEITOS. Para a definição dos taludes de escavação, a EXPLO recorreu à técnica do pré-corte tendo como objectivo criar superfícies aparentemente regulares, minimizando as sobre escavações e indução de vibrações no maciço rochoso. Para obedecer a estes critérios apertados, foi dimensionado e aferido na obra um diagrama de fogo que resultou na aplicação de um espaçamento entre furos de 1,0 metro e uma carga de coluna adequada para produzir o corte da rocha, isto é, foram atingidos valores limite de funcionalidade. 7
  • 8. Atingido o objectivo pretendido, comprovadamente confirmado pelo resultado final que os taludes apresentam, com a presença perfeitamente visível das “meias canas” e superfícies regulares entre furos do pré-corte (fig. 3), entendemos poder afirmar salvo melhor opinião, não ter havido perturbação da estrutura da rocha pelo processo de detonação em redor dos furos. Fig. 3 Como complemento fidedigno, a observação pormenorizada que fomos fazendo ao longo do desenvolvimento das escavações (e ao alcance de todos), permitiu constatar após saneamento dos taludes, que o comportamento periférico do maciço não deu mostras de qualquer alteração. Ora, sabendo que a cedência depende da posição das juntas em relação ao talude, em face deste comportamento estrutural, permitimo-nos afirmar que, uma eventual redistribuição de tensões operada pela escavação não acarretou nenhum escorregamento ao longo das superfícies de descontinuidade, o que consolida a conclusão da análise de estabilidade. Convém referir que tudo atrás referido enquadra-se nos taludes executados no maciço granítico. Na zona dos xistos negros, dado tratar-se de um maciço com características menos resistentes, com acentuado índice de alteração, o método de pré-corte foi preterido em favor da utilização de meios mecânicos como forma de minimizar a perturbação na estrutura da rocha (fig. 4). Fig. 4 8
  • 9. 6. CONCLUSÃO. A decisão da não tomada de qualquer medida para reforço dos taludes partiu da análise progressiva, em obra, das condições de estabilidade durante a execução das escavações. Assim, verificou-se que as condições geomecânicas do maciço rochoso em profundidade, revelaram-se melhores do que aquelas inicialmente previstas no Estudo Geológico- Geotécnico. No nosso entender julgamos que isso se tenha devido, compreensivelmente, à «… limitada informação geotécnica disponível» para a análise de estabilidade incluída no referido estudo, pelo que, as conclusões obtidas demonstram valores conservativos de prudência. Alia-se à qualidade do maciço a boa execução técnica do pré-corte obtido. Durante a fase das escavações e posteriormente até à data não foram detectadas eventuais instabilizações que aconselhassem a encetar operações de reforço do maciço. Por outras palavras, podemos afirmar que as variações térmicas ao longo dos últimos meses de seca e a continuada pluviosidade registada nos últimos dias em nada fizeram sentir eventuais movimentos. 8 de Novembro de 2005 9