1) A China seguiu inicialmente um modelo econômico socialista após a revolução de 1949, mas fracassou no "Grande Salto à Frente" de 1957-1961.
2) Em 1978, sob Deng Xiaoping, a China iniciou reformas econômicas adotando elementos de mercado e atraindo investimentos para zonas econômicas especiais.
3) Essas reformas levaram a um crescimento econômico chinês médio de 9% ao ano nas décadas seguintes, tornando a China uma potência econômica global.
SOCIAL REVOLUTIONS, THEIR TRIGGERS FACTORS AND CURRENT BRAZIL
Como a China promoveu seu crescimento
1. COMO A CHINA PROMOVEU SEU DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO
Fernando Alcoforado*
Após a Revolução Chinesa em 1949, a China passou a seguir o modelo político-
econômico da ex-União Soviética. Politicamente, implantou-se um sistema político
centralizado socialista sob o controle do Partido Comunista Chinês, cujo líder máximo
era Mao Tse-tung. O Estado passou a controlar as fabricas e recursos naturais da China.
A Revolução Chinesa foi na essência camponesa, visto que na época os operários
correspondiam apenas a 0,6% da população. Assim, após a revolução, a China começou
seu processo de industrialização. Inicialmente, a China passou a planejar a economia.
Em 1957, Mao lançou um plano conhecido como o “Grande Salto à Frente”, que se
estendeu até 1961. Este plano visava implantar um parque industrial diversificado e
amplo. Para isso, a China priorizou investimento na indústria de base, na indústria
bélica e em outras de infraestrutura que ajudasse a sustentar o processo de
industrialização. Mas, o grande “Grande Salto à Frente” fracassou.
Ao tentar seguir o modelo da União Soviética, a China acabou também sofrendo os
mesmos problemas: baixa produtividade, baixa qualidade dos produtos, concentração de
capitais no setor armamentista e burocratização excessiva. Com a morte de Mao Tse-
tung, em 1976, um novo líder assume o poder, Deng Xiaoping, que abandona os
conceitos socialistas de Mao e inicia-se um processo de abertura capitalista na economia
chinesa. Sob o comando de Deng Xiaoping, teve início, a partir de 1978, uma reforma
na economia, paralelamente à abertura da economia chinesa em relação ao exterior. Os
chineses no poder queriam fazer reformas econômicas e também justificar
ideologicamente a simbiose da economia de mercado capitalista com a economia
planificada sob o controle do estado que foi denominada de socialismo de mercado. Foi
uma tentativa de evitar o mesmo destino da União Soviética e perpetuar a hegemonia do
Partido Comunista Chinês.
A grande revolução na economia, porém, veio com a criação de zonas especiais de
exportação em várias províncias litorâneas. As primeiras foram implantadas em Shezen,
Zhuhai, Xiamen. Essas zonas econômicas tinham como objetivo atrair investimentos de
empresas estrangeiras, que trariam além de capital, tecnologia e experiência de gestão
empresarial. Numa tentativa de ampliar suas exportações, a China concedeu liberdade
quase total ao capital estrangeiro nessas zonas econômicas, espécie de enclaves
capitalistas dentro da China. Em resultado disso tudo, a economia da China cresceu com
uma taxa media de 9% ao ano nas décadas de 1980 e 1990. E a província de
Guangdond, localizada próxima a Hong Kong, a mais dinâmica do país, crescia com
uma media de 12,5% ao ano desde 1979. No período, a taxa mais alta do mundo.
A China é um país que passou a ter, portanto, dois sistemas econômicos controlados por
um único sistema político. Esse sistema é definido como “economia socialista de
mercado”. É preciso observar, também, que, além da liberdade econômica, um fator
fundamental que atraiu e ainda está atraindo capitais para a China, é o baixo custo de
mão de obra muito disciplinada e trabalhadora. Com base em uma abertura econômica e
baixos salários da China, o mundo foi invadido por produtos chineses. Em 1980,
período de inicio das reformas econômicas, a China ficou em 25º lugar no ranking de
exportadores, exportando 18 bilhões de dólares. Em 1997, porém o país exportou 183
bilhões de dólares, tornando-se o 10º maior exportador do mundo. O comércio total da
2. China excedeu 2,4 trilhões de dólares em 2008. A China tem atualmente um parque
industrial muito diversificado. Entretanto, tem apresentado um crescimento bem
desigual territorialmente, e também setorialmente. As zonas especiais e as cidades
abertas crescem muito mais rapidamente, e as empresas privadas e mistas crescem
muito mais que as estatais.
Na China, prevalece o denominado Socialismo de Mercado, proclamado por Deng
Xiaoping, que significa na prática capitalismo sob o controle do estado. O governo
chinês adota uma política industrial tecnocrática com o objetivo de criar grandes
empresas nacionais com capacidade de concorrer nos mercados globalizados. A
concessão de subsídios pelo governo tem se constituído em uma peça fundamental da
estratégia chinesa para transformar a estrutura produtiva nacional, coordenando o
processo de transformação de uma indústria trabalho-intensiva para uma indústria
capital-intensiva. Ainda que as interações entre Estado e mercado constituam a coluna
dorsal de qualquer capitalismo moderno, o processo de acumulação de capital é
realizado pelo Estado, por meio do direcionamento dos investimentos e do controle do
mercado de trabalho.
O Estado chinês é bastante ativo na criação e no suporte de empresas, detém
participações majoritárias em diversos grupos econômicos, controla decisões críticas e
mobiliza capitais. As empresas estatais chinesas competem com outras empresas no
mercado e seus dirigentes obtêm recompensas econômicas à medida que conseguem
atingir os objetivos estabelecidos pelo Estado. Aquelas empresas estatais pertencentes a
setores considerados estratégicos e que são eleitas como “campeãs nacionais” são
favorecidas por incentivos à fusão ou aquisição de outras empresas, pelo acesso a fontes
de capital de baixo custo e pela restrição da concorrência em seu mercado. Tanto o
governo central como os governos das províncias chinesas dirigem, ainda, todas as
grandes instituições financeiras do país.
Os produtos chineses são muito competitivos resultantes, entre outros fatores, da mão
de obra barata. Outro diferencial é o tecnológico, pois os chineses utilizam a tecnologia
de última geração. Nenhum país nos dias atuais consegue esse feito, o que faz com que
os custos caiam bastante e aumente a diversidade dos produtos mantendo uma
originalidade própria. Mais uma vantagem chinesa é a interação das empresas na troca
de informações e a criação dos chamados distritos industriais ou “clusters”. É
importante a criação pela China do Banco Asiático de Investimentos em Infraestrutura
que já conta com a adesão ou interesse de dezenas de países - do Reino Unido à
Austrália, passando pelo Brasil. O novo banco é mais um movimento dos chineses para
espalhar seus tentáculos financeiros pelo mundo.
A China desde 1999 tem tido um crescimento acima do normal, mesmo sendo um país
semiperiférico em desenvolvimento. Os números não mentem porque, desde o fim da
década de 1990, seu crescimento ficou entre 7,5% e 11,7%. As principais causas desse
crescimento podem ser atribuídas aos investimentos diretos externos na produção
industrial voltada para exportação, processo este acompanhado de mão de obra barata
junto com o alto nível de qualificação e o incentivo do governo para que as empresas
multinacionais invistam no país e, sobretudo, ao papel ativo do estado chinês na
promoção do desenvolvimento nacional. A economia da China é a segunda maior do
mundo, superada somente pelos Estados Unidos. A China é a nação com o maior
3. crescimento econômico dos últimos 25 anos no mundo, com a média do crescimento do
PIB em torno de 10% ao ano.
A China está a ponto de ultrapassar os Estados Unidos como maior economia do
planeta. A China é hoje uma grande potência no comércio internacional. É o tamanho de
seu mercado que determina sua influência nas barganhas mundiais. Uma dimensão
importante do poder econômico de um país são as reservas cambiais que na China
corresponde a US$ 4 trilhões. Para alcançar elevado nível de desenvolvimento
econômico no País, houve grande investimento por parte do governo chinês na melhoria
da qualidade na educação que teve nos professores o principal impulso para alcançar
este objetivo.
*Fernando Alcoforado, 76, membro da Academia Baiana de Educação, engenheiro e doutor em
Planejamento Territorial e Desenvolvimento Regional pela Universidade de Barcelona, professor
universitário e consultor nas áreas de planejamento estratégico, planejamento empresarial, planejamento
regional e planejamento de sistemas energéticos, é autor dos livros Globalização (Editora Nobel, São
Paulo, 1997), De Collor a FHC- O Brasil e a Nova (Des)ordem Mundial (Editora Nobel, São Paulo,
1998), Um Projeto para o Brasil (Editora Nobel, São Paulo, 2000), Os condicionantes do
desenvolvimento do Estado da Bahia (Tese de doutorado. Universidade de
Barcelona,http://www.tesisenred.net/handle/10803/1944, 2003), Globalização e Desenvolvimento
(Editora Nobel, São Paulo, 2006), Bahia- Desenvolvimento do Século XVI ao Século XX e Objetivos
Estratégicos na Era Contemporânea (EGBA, Salvador, 2008), The Necessary Conditions of the
Economic and Social Development- The Case of the State of Bahia (VDM Verlag Dr. Müller
Aktiengesellschaft & Co. KG, Saarbrücken, Germany, 2010), Aquecimento Global e Catástrofe
Planetária (P&A Gráfica e Editora, Salvador, 2010), Amazônia Sustentável- Para o progresso do Brasil e
combate ao aquecimento global (Viena- Editora e Gráfica, Santa Cruz do Rio Pardo, São Paulo, 2011),
Os Fatores Condicionantes do Desenvolvimento Econômico e Social (Editora CRV, Curitiba, 2012),
Energia no Mundo e no Brasil- Energia e Mudança Climática Catastrófica no Século XXI (Editora CRV,
Curitiba, 2015) e As Grandes Revoluções Científicas, Econômicas e Sociais que Mudaram o Mundo
(Editora CRV, Curitiba, 2016). Possui blog na Internet (http://fernando.alcoforado.zip.net). E-mail:
falcoforado@uol.com.br.