SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 14
Baixar para ler offline
CASO No. 15
Patrocínio
educacional:
Caso gentilmente cedido pela Dra.
Paula de Camargo Moraes
Subespecialidade:
MAMA
História Clínica
Paciente feminina, 36 anos
Dor nos quadrantes superiores da mama direita com início súbito há 2 dias
Mamoplastia redutora há 2 anos
Antecedente familiar negativo para câncer de mama
Mamografia – incidência CC
Ampliação CC direita. Marcador cutâneo na área
de maior dor
Ampliação MLO direita. Marcador cutâneo na área
de maior dor
Ultrassonografia mama direita
Ultrassonografia com Doppler de amplitude da mama direita
Qual o seu diagnóstico?
a) Cisto inflamado
b) Tromboflebite superficial
c) Necrose Gordurosa
d) Mastite periductal
e) Papiloma intraductal
A partir deste slide só será
publicado após o fim da
Maratona
Gabarito
B – Tromboflebite
Superficial
Subespecialidade:
- Mama
Qual o seu diagnóstico? – reposta correta (favor
assinalar em vermelho
a) Cisto inflamado
b) Tromboflebite superficial
c) Necrose Gordurosa
d) Mastite periductal
e) Papiloma intraductal
Comentário/ discussão
Dor (ou sensibilidade) mamária é um sintoma comum, referido por até 80% das mulheres em algum
momento de suas vidas. Felizmente, raramente está associado ao câncer de mama.
No entanto, a dor mamária continua sendo uma causa comum de encaminhamento para avaliação
diagnóstica por imagem da mama.
A propedêutica adequada depende da natureza e da localização da dor, bem como da idade da paciente.
A avaliação por imagem geralmente não é indicada se a dor for cíclica ou não focal.
Para dor focal não cíclica, exames de imagem podem ser indicados, principalmente para tranquilizar e
identificar causas tratáveis.
A ultrassonografia pode ser o exame inicial em mulheres com menos de 30 anos com dor mamária focal e
não cíclica; para mulheres com 30 anos ou mais, mamografia diagnóstica (com tomossíntese se disponível) e
ultrassonografia podem servir como exames iniciais apropriados.
Tromboflebite superficial (doença de Mondor) é rara e consiste de trombose de veia superficial da parede torácica,
sendo a veia epigátrica superior a mais frequentemente acometida.
Apresentação clínica: cordão palpável doloroso na região mamária
Causa: 45% dos casos não tem causa conhecida. Pode ter associação com trauma local, incluindo lesão de repetição
por sutiã apertado, exercício extenuante ou lesão direta associada à cirurgia. No entanto, potencial associação com
malignidade, estado de hipercoagulabilidade ou vasculite sistêmica requerem vigilância e investigação destes
pacientes por parte dos profissionais de saúde.
Acomete 3X mais mulheres que homens, sobretudo dos 30 aos 60 anos.
O diagnóstico é clínico. Quando necessário, a ultrassonografia demonstra estrutura tubular superficial, não
compressível (veia trombosada) com ausência de fluxo interno ao Doppler colorido.
Cuidados de suporte e conduta expectante são suficientes na maioria dos casos de doença de Mondor. Compressas
quentes, medicamentos anti-inflamatórios não esteroides e abstinência de roupas ou atividades
irritantes são a terapia de primeira linha.
Sugestão de leitura (referências bibliográficas)
1. ACR Appropriateness Criteria® Breast Pain.Expert Panel on Breast Imaging:, Holbrook AI, Moy L, Akin EA, Baron P,
Didwania AD, Heller SL, Le-Petross HT, Lewin AA, Lourenco AP, Mehta TS, Niell BL, Slanetz PJ, Stuckey AR, Tuscano DS,
Vincoff NS, Weinstein SP, Newell MS.J Am Coll Radiol. 2018 Nov;15(11S):S276-S282. doi:
10.1016/j.jacr.2018.09.014.PMID: 30392596
2. Mondor's Disease: A Review of the Literature.Amano M, Shimizu T.Intern Med. 2018 Sep 15;57(18):2607-2612.
doi: 10.2169/internalmedicine.0495-17. Epub 2018 May 18.PMID: 29780120

Mais conteúdo relacionado

Semelhante a caso-15_para uploads_caso-15_uploads.pdf

Clínica médica pneumologia - neoplasias pulmonares
Clínica médica   pneumologia - neoplasias pulmonaresClínica médica   pneumologia - neoplasias pulmonares
Clínica médica pneumologia - neoplasias pulmonaresLucas Nicola
 
Tumores Benignos Hepáticos
Tumores Benignos HepáticosTumores Benignos Hepáticos
Tumores Benignos HepáticosFernanda Clara
 
01 intercorrências em mamoplastia de aumento para enviar por e mail
01 intercorrências em mamoplastia de aumento para enviar por e mail01 intercorrências em mamoplastia de aumento para enviar por e mail
01 intercorrências em mamoplastia de aumento para enviar por e mailleorinx1
 
01 intercorrências em mamoplastia de aumento para enviar por e mail
01 intercorrências em mamoplastia de aumento para enviar por e mail01 intercorrências em mamoplastia de aumento para enviar por e mail
01 intercorrências em mamoplastia de aumento para enviar por e mailleorinx1
 
Aula de Câncer de Ovário
Aula de Câncer de OvárioAula de Câncer de Ovário
Aula de Câncer de OvárioMateus Cornélio
 
Câncer de ânus
Câncer de ânusCâncer de ânus
Câncer de ânusElís Souza
 
Protocolo De Tumor De Esôfago
Protocolo De Tumor De EsôfagoProtocolo De Tumor De Esôfago
Protocolo De Tumor De EsôfagoVagner
 
Câncer de Mama no Brasil
Câncer de Mama no BrasilCâncer de Mama no Brasil
Câncer de Mama no BrasilLuiz Barros
 
Massa cervical graduação
Massa cervical   graduaçãoMassa cervical   graduação
Massa cervical graduaçãoLeonardo Rangel
 
derrame pleural + neoplasias.pdf
derrame pleural + neoplasias.pdfderrame pleural + neoplasias.pdf
derrame pleural + neoplasias.pdfBrenoSouto2
 
Acompanhamento doenca trofoblastica_gestacional
Acompanhamento doenca trofoblastica_gestacionalAcompanhamento doenca trofoblastica_gestacional
Acompanhamento doenca trofoblastica_gestacionalYolanda Sampaio
 
Tumores malignos de cólon e reto
Tumores malignos de cólon e retoTumores malignos de cólon e reto
Tumores malignos de cólon e retoJacqueline Menezes
 
Tumor Phylloides - Reconstrucao com TRAM
Tumor Phylloides - Reconstrucao com TRAMTumor Phylloides - Reconstrucao com TRAM
Tumor Phylloides - Reconstrucao com TRAMDouglas Pires
 
Linfadenectomia em urologia
Linfadenectomia em urologiaLinfadenectomia em urologia
Linfadenectomia em urologiaPedro Romanelli
 

Semelhante a caso-15_para uploads_caso-15_uploads.pdf (20)

Clínica médica pneumologia - neoplasias pulmonares
Clínica médica   pneumologia - neoplasias pulmonaresClínica médica   pneumologia - neoplasias pulmonares
Clínica médica pneumologia - neoplasias pulmonares
 
Tumores do estômago
Tumores do estômagoTumores do estômago
Tumores do estômago
 
Tumores Benignos Hepáticos
Tumores Benignos HepáticosTumores Benignos Hepáticos
Tumores Benignos Hepáticos
 
01 intercorrências em mamoplastia de aumento para enviar por e mail
01 intercorrências em mamoplastia de aumento para enviar por e mail01 intercorrências em mamoplastia de aumento para enviar por e mail
01 intercorrências em mamoplastia de aumento para enviar por e mail
 
01 intercorrências em mamoplastia de aumento para enviar por e mail
01 intercorrências em mamoplastia de aumento para enviar por e mail01 intercorrências em mamoplastia de aumento para enviar por e mail
01 intercorrências em mamoplastia de aumento para enviar por e mail
 
Abordagem terapeutica no_leiomioma_uterino
Abordagem terapeutica no_leiomioma_uterinoAbordagem terapeutica no_leiomioma_uterino
Abordagem terapeutica no_leiomioma_uterino
 
Aula de Câncer de Ovário
Aula de Câncer de OvárioAula de Câncer de Ovário
Aula de Câncer de Ovário
 
Câncer de ânus
Câncer de ânusCâncer de ânus
Câncer de ânus
 
Protocolo De Tumor De Esôfago
Protocolo De Tumor De EsôfagoProtocolo De Tumor De Esôfago
Protocolo De Tumor De Esôfago
 
Câncer de Mama no Brasil
Câncer de Mama no BrasilCâncer de Mama no Brasil
Câncer de Mama no Brasil
 
Massa cervical graduação
Massa cervical   graduaçãoMassa cervical   graduação
Massa cervical graduação
 
derrame pleural + neoplasias.pdf
derrame pleural + neoplasias.pdfderrame pleural + neoplasias.pdf
derrame pleural + neoplasias.pdf
 
Apresentação.pptx
Apresentação.pptxApresentação.pptx
Apresentação.pptx
 
Apresentação-1.pptx
Apresentação-1.pptxApresentação-1.pptx
Apresentação-1.pptx
 
Acompanhamento doenca trofoblastica_gestacional
Acompanhamento doenca trofoblastica_gestacionalAcompanhamento doenca trofoblastica_gestacional
Acompanhamento doenca trofoblastica_gestacional
 
Tumores malignos de cólon e reto
Tumores malignos de cólon e retoTumores malignos de cólon e reto
Tumores malignos de cólon e reto
 
Tumor Phylloides - Reconstrucao com TRAM
Tumor Phylloides - Reconstrucao com TRAMTumor Phylloides - Reconstrucao com TRAM
Tumor Phylloides - Reconstrucao com TRAM
 
Linfadenectomia em urologia
Linfadenectomia em urologiaLinfadenectomia em urologia
Linfadenectomia em urologia
 
Trauma abdominal i
Trauma abdominal iTrauma abdominal i
Trauma abdominal i
 
Prevenção de câncer de colo do útero
Prevenção de câncer de colo do úteroPrevenção de câncer de colo do útero
Prevenção de câncer de colo do útero
 

caso-15_para uploads_caso-15_uploads.pdf

  • 2. Caso gentilmente cedido pela Dra. Paula de Camargo Moraes Subespecialidade: MAMA
  • 3. História Clínica Paciente feminina, 36 anos Dor nos quadrantes superiores da mama direita com início súbito há 2 dias Mamoplastia redutora há 2 anos Antecedente familiar negativo para câncer de mama
  • 5. Ampliação CC direita. Marcador cutâneo na área de maior dor Ampliação MLO direita. Marcador cutâneo na área de maior dor
  • 7. Ultrassonografia com Doppler de amplitude da mama direita
  • 8. Qual o seu diagnóstico? a) Cisto inflamado b) Tromboflebite superficial c) Necrose Gordurosa d) Mastite periductal e) Papiloma intraductal
  • 9. A partir deste slide só será publicado após o fim da Maratona
  • 11. Qual o seu diagnóstico? – reposta correta (favor assinalar em vermelho a) Cisto inflamado b) Tromboflebite superficial c) Necrose Gordurosa d) Mastite periductal e) Papiloma intraductal
  • 12. Comentário/ discussão Dor (ou sensibilidade) mamária é um sintoma comum, referido por até 80% das mulheres em algum momento de suas vidas. Felizmente, raramente está associado ao câncer de mama. No entanto, a dor mamária continua sendo uma causa comum de encaminhamento para avaliação diagnóstica por imagem da mama. A propedêutica adequada depende da natureza e da localização da dor, bem como da idade da paciente. A avaliação por imagem geralmente não é indicada se a dor for cíclica ou não focal. Para dor focal não cíclica, exames de imagem podem ser indicados, principalmente para tranquilizar e identificar causas tratáveis. A ultrassonografia pode ser o exame inicial em mulheres com menos de 30 anos com dor mamária focal e não cíclica; para mulheres com 30 anos ou mais, mamografia diagnóstica (com tomossíntese se disponível) e ultrassonografia podem servir como exames iniciais apropriados.
  • 13. Tromboflebite superficial (doença de Mondor) é rara e consiste de trombose de veia superficial da parede torácica, sendo a veia epigátrica superior a mais frequentemente acometida. Apresentação clínica: cordão palpável doloroso na região mamária Causa: 45% dos casos não tem causa conhecida. Pode ter associação com trauma local, incluindo lesão de repetição por sutiã apertado, exercício extenuante ou lesão direta associada à cirurgia. No entanto, potencial associação com malignidade, estado de hipercoagulabilidade ou vasculite sistêmica requerem vigilância e investigação destes pacientes por parte dos profissionais de saúde. Acomete 3X mais mulheres que homens, sobretudo dos 30 aos 60 anos. O diagnóstico é clínico. Quando necessário, a ultrassonografia demonstra estrutura tubular superficial, não compressível (veia trombosada) com ausência de fluxo interno ao Doppler colorido. Cuidados de suporte e conduta expectante são suficientes na maioria dos casos de doença de Mondor. Compressas quentes, medicamentos anti-inflamatórios não esteroides e abstinência de roupas ou atividades irritantes são a terapia de primeira linha.
  • 14. Sugestão de leitura (referências bibliográficas) 1. ACR Appropriateness Criteria® Breast Pain.Expert Panel on Breast Imaging:, Holbrook AI, Moy L, Akin EA, Baron P, Didwania AD, Heller SL, Le-Petross HT, Lewin AA, Lourenco AP, Mehta TS, Niell BL, Slanetz PJ, Stuckey AR, Tuscano DS, Vincoff NS, Weinstein SP, Newell MS.J Am Coll Radiol. 2018 Nov;15(11S):S276-S282. doi: 10.1016/j.jacr.2018.09.014.PMID: 30392596 2. Mondor's Disease: A Review of the Literature.Amano M, Shimizu T.Intern Med. 2018 Sep 15;57(18):2607-2612. doi: 10.2169/internalmedicine.0495-17. Epub 2018 May 18.PMID: 29780120