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Baixar para ler offline
Nós saímos e começamos a caminhar pelo corredor. E eu com minha mania de evitar longos
silêncios, resolvi puxar assunto.
“ Preparado?” – Perguntei olhando para ele
“Minha estratégia é imaginar todos em suas roupas de baixo.” – Ele suspirou.
“Obrigada de novo.”
“É meu dever. Já que eu sou o supermen sabe?” – Seu sorriso alargou e me fez sentir segura.
“Então... Acho melhor ficarmos esperando o sinal na sua sala. Eu já combinei tudo com o Sr.
Cole ontem” – Completou
“É...” – Disse e seguimos uns 20 metros até minha sala, o único som eram nossos passos.
Chegando lá eu vi seu violão fora da capa.
“Nossa! seu violão é muito bonito.” – Será que eu não conseguia calar a boca?

“Você quer tocar?” – Seus olhos brilharam. A oferta me pareceu tentadora, ainda mais
quando seria uma oportunidade de colorir minha manhã com algo positivo. Já que tudo
parecia estar indo pela contramão.

“Eu não sei se me lembro de algum acorde.” – Eu realmente não lembrava, mas vasculhei
minha mente em busca de algum mísero acorde.

“Vamos! Não é difícil. Eu te ajudo” – Ele prometeu esboçando um sorriso discreto no canto de
sua boca. Apesar de eu constantemente ler as pessoas, não consegui ler o Richard. Aqueles
olhos havia alguma coisa. Na verdade, Eu nunca havia conseguido ler ele. Talvez isso estivesse
ligado a minha falta de coragem de encará-lo.
Então percebi que devia responder algo ao invés de ficar com aquela expressão de retardada.
“Talvez eu lembre como tocar um Dó maior e um Sol maior.” – A vontade de tocar
transbordava em meus olhos.
Ele me passou o violão e me observou atentamente enquanto eu dançava com os meus dedos
tentando achar as casas certas. Ele se aproximou arrumou meus dedos do Dó para o Sol.
Depois que consegui trocar as casas, comecei a tocar mudando de uma casa para outra e
variando o tom da batida da mão direita. Eu fiz mais caretas naquele momento do que eu já fiz
na minha vida toda. Então nossos olhares se encontraram... Por uma fração de segundos, me
senti diferente, algo como calma e segurança; depois, nós caímos na gargalhada como crianças
pequenas.
“Eu acho que vou deixar a parte de tocar com você...” – Disse entre minhas risadas.
“É... Talvez seja melhor. Mas devo adimitir Lucy Stewart é muito engraçado observar suas
caretas.”
“Você é sempre tão legal assim?” - Perguntei lembrando-me de noite passada e de nossas
conversas.
“Só quando as pessoas podem ser importantes para mim” – A resposta a minha pergunta me
fez arrepiar.
“E você dá sempre tanta atenção há garotos metidos a músicos?”
“Só quando eles me salvam de quebrar a cabeça - literalmente...” - Disse com um tom de
ironia.
Nesse momento eu podia sentir uma pequena explosão dentro de mim. Como de fosse um
vulcão entrando em erupção. Será que tudo isso seriam só hormônios? Eu como sempre não
tinha certeza do que era. Uma confusão... Eu estava triste e feliz ao mesmo tempo, sentia um
vazio ao mesmo tempo em que tudo parecia estar completo. Talvez tudo o que eu precisava
era desabafar... Mais o que? Será que realmente eu não tenho nada a dizer?Ou eu apenas não
consigo me expressar?Eu observei minha situação por um breve momento: Eu estava perto de
um garoto que realmente estava disposto a falar comigo, e que realmente estava disposto a
me ouvir. Será que as coisas estavam melhorando para mim? Pela primeira vez eu sabia que
essa era uma oportunidade única,mais porque ele estaria interessado em mim?
Olhei para o lado e Richard continuava lá,sentado,nossos olhares nos encontraram por um
segundo.Eu corei,mas ao invés de desviar meu olhar eu sorri para ele,e ele sorriu de
volta.Então ele esticou o braço e pegou uma caneta que estava na mesa a sua frente pegou
minha mão e desenhou uma pequena flor.Então peguei a caneta dele e desenhei um S em sua
mão.Eu queria que esse momento durasse para sempre.Depois alguns segundos extasiada pela
situação atual em que me encontrava ouvi o som do sinal,mas continuei em congelada na
posição em que me encontrava.Richard percebeu...Ele passou a mão na frente de meu rosto
para verificar se eu realmente estava acordada,eu pisquei voltando para o mundo e
descongelando minha posição,ele riu uma vez e me perguntou:
“Dormindo acordada?” – Ele disse ainda rindo de mim...
“É” – Menti.Eu definitivamente não estava dormindo...Ao contrário...minha mente trabalhava
sem parar se perguntando se tudo isso era realmente de verdade.
“Ajuda?” – Ele perguntou esticando suas mão para mim.
Eu sorri e então segurei as mão dele.Ele me ajudou a levantar ainda um bem cauteloso devido
a meu episódio anterior.Quando levantei,cambaleei um pouco e percebi que meus colegas
começavam a entrar pela porta agora...E todos olhavam para mim...mais não preucupados se
eu estava melhor...mais se perguntando o que eu fazia perto (até demais) daquele menino alto
e bonito.Sorri para Richard e disse:
“Obrigada...e boa sorte ...você consegue supermen!” – Eu estava começando a ficar
constrangida com toda a situação então me virei e lentamente fui para meu lugar (na segunda
fileira) e me sentei... Porque eu não havia escolhido um lugar mais no fundo mesmo? Richard
sorriu para mim como resposta.
Então aconcheguei-me em minha cadeira observando meus colegas entrarem.Todas as garotas
olhavam para Richard (isso era meio inevitável já que ele estava na frente da sala) más eu
podia ouvir os comentários do fundo da sala como: ‘Olhem para ele...’, ‘Ele é muito
charmoso...’ e coisas desse tipo. Então Anna entrou pela porta,andou pela frente da sala como
se fosse uma passarela,e é claro ela jogou um olhar para Richard que de um jeito que eu nunca
faria na minha vida toda...Mas fazer o que? Ela é minha amiga...então.Ela quis se fazer
prestativa na frente dele...Se aproximando de mim,passando a mão em meus cabelos
perguntando:
“Você está bem... Eu fiquei preocupada...” – Ela disse para mim, mas sempre voltando seus
olhos para Richard e ver sua expressão.
Eu queria muito rir de toda a situação. Tudo bem! Eu só conhecia o Richard há umas 24h mais,
só o fato de conhecê-lo já era suficiente para querer rir da situação. Então eu observei sua
expressão,ele estava fingindo que não havia reparado nos comentários sobre ele enquanto
afinava seu violão (pois provavelmente eu havia desafinado ele).Então ele olhou para frente e
sorriu em minha direção.Anna achou que foi para ela - e talvez tenha sido.Dei garças a Deus
quando Sr. Cole entrou na sala e mandou todos se sentarem antes que a Anna tivesse a
oportunidade de fazer algo mais estúpido ainda. Como passar seu número de telefone pra
ele... Será que ela faria isso?
O Sr. Cole havia se arrumado para a ocasião,ele estava usando uma camisa azul clara,com
listras finas traças na horizontal.Sua tradicional calça de nylon havia sido trocada por uma calça
jeans azul escura muito bem passada por sinal.E ele usava um cinto preto,que estava
segurando sua camisa para dentro da calça.Assim que ele entrou na sala ele não carregava sua
expressão cansada e ríspida como sempre,mais sim uma expressão leve e feliz,que evoluiu
para um grande sorriso quando ele viu Richard.Os dois se cumprimentaram,mas não como um
professor faz com seus alunos,como se eles fossem eternos companheiros. Sr. Cole estendeu
sua mão para cumprimentar Richard um pouco longe demais dele,Richard se aproximou deu
um toque em sua mão e depois,deu um leve tapinha em suas costas.Os dois foram para mais
perto da lousa,que ainda estava vazia e conversaram por alguns segundos enquanto um
zumbido de vozes se apoderava da sala. Eu ainda podia ouvir as meninas comentando sobre o
Richard.E os meninos sobre os comentários das meninas.
Depois de sua breve conversa o Sr. Cole dirigiu-se para frente da sala esperando que todos
fizessem silêncio para que ele pudesse apresentar formalmente Richard. Demorou alguns
minutos até o silêncio total.Então ele deu alguns passos para frente e começou a falar,eu não
estava prestando atenção em uma palavra que ele dissera.Então me foquei nos detalhes...eu
pude sentir o cheiro de seu perfume,bem amadeirado com um toque silvestre, parecido o do
meu pai.Mas não era hora para me distrair com meus pensamentos dirigidos a
professores.Então olhei para Richard.Ele estava apoiado com um braço na lousa,o sol estava
batendo em seu corpo agora chamando toda a atenção possível para seus olhos.Perfeitamente
brilhantes,sua cor era linda,e ainda mais agora,diante do sol parecia que a eu estava olhando
para uma cor viva.Como a cor do mar misturado com o da mata que o rodeia.Sua expressão no
entanto estava bem carregada.Um pouco áspera...ouso em dizer.Bom mais se eu estivesse no
lugar dele eu estaria carregando a mesma expressão...Talvez até pior.Ser o centro das
atenções nunca foi meu forte.Talvez isso possa esta ligado a minha falta de destreza e baixa
auto- estima.
Eu estava desconfortável de estar aqui.Como se Richard fosse um esboço do que um dia eu
desejara para mim.Quando percebi estava suando frio,meu estomago embrulhado e tudo
girando de novo.Talvez tudo fosse psicológico; talvez eu fosse covarde demais.. Ou, como
última opção essa seria uma intervenção maior que me mandava matar aula. Eu precisava sair
daqui. Não importava como.
Depois que Sr. Cole parou de falar ele pediu um segundo para sala enquanto Richard arrumava
suas coisas e se preparava para falar.Essa era minha chance.Levantei-me de minha carteira
com muito cuidado para não ser atingida por uma onda de vertigem.Cambaleei um
pouco.Mais ninguém pareceu reparar.Então fui até o Sr. Cole ele virou-se para mim e o cheiro
de seu perfume só piorava minha náusea. Respirei pela boca e tentei ser o mais convincente
em minha palavras:
“Sr. Cole...Eu não estou me sentindo muito bem...será que eu poderia ir até a enfermaria?” –
Me senti hipocondríaca no momento. Não liguei. Sendo psicológico ou não acho que eu
precisava de um tempo sozinha.
“O que você está sentindo?” Ele disse um pouco alto demais... Eu podia ver Richard me
encarando com seus olhos preocupados.
“Eu estou meio tonta...” – Disse cuidadosamente.
“Claro,claro...Pode ir.” – Ele disse hesitante como se estivesse distraído.
Então tentei não prestar atenção em meus colegas quando saia da sala... Mais foi inevitável
quando passei por Richard. Ele então tocou levemente meus ombros e perguntou
“Você está bem? Está tonta de novo?” – Ele disse preocupado.
Toda a sala me encarou criticamente, avaliando o que estava acontecendo. Não era de meu
feitio levantar e pedir para me retirar. Mas aparentemente, tudo muda.
“Estou bem,mais ou menos.” – Disse tentando o convencer não o deixar levar por seus
instintos de cavalheirismo e resolver me acompanhar até a enfermaria... De novo.
Ele hesitou ao olhar para mim. Como se ele estivesse me avaliando...

“Não se preocupe...” Eu disse

“Eu vou ficar bem... é uma pena, pois eu queria-te ver corar!” – Eu menti. Não queria isso; não
por falta de consideração com ele – nunca – mais por puro egoísmo.

Ele sorriu e levemente retirou sua mão que estava sobre meu ombro.
“Cuide-se... E eu te vejo daqui 50 min.” – Ele disse tentando parecer bem humorado...
Balancei minha cabeça e segui para fora da sala.




        4. Incerteza



   O que eu estava fazendo? Eu estava tão entusiasmada por esse momento e agora isso? Eu
   certamente não iria voltar para enfermaria apesar de estar sentindo uma leve tontura
nesse momento.Por outro lado se alguém me pegasse fora da sala de aula ia com certeza
achar que eu estava matando aula. E não era isso que eu estava fazendo?
Comecei a andar pelo longo corredor que ligava minha sala a um pátio descoberto no qual
era conhecido pelas várias mesas de madeira em baixo das árvores... Não era o lugar
preferido dos alunos no entanto... Seria um ótimo lugar para matar aula se ele não desse
bem de vista para a enorme, fria e mofada secretária. Então segui reto e lembrei-me do ano
passado quando estava extremamente frio para ficar perambulando pelos corredores
quando eu e minhas amigas nos refugiamos na biblioteca. É claro que elas foram expulsas
diversas vezes pelo falatório... Mas falar é a última coisa que eu quero agora. Então
decididamente fui até a biblioteca.
Hesitei ao passar pela porta.Mas assim que entrei senti um conforto.Aquilo não era uma
biblioteca comum.Ela tinha inúmeras janelas que iluminavam todo o canto,as prateleiras
eram espaçosas e repletas de inúmeros livros,bem perto das janelas havia um grade balcão
de madeira com várias cadeiras incrivelmente confortáveis e quase inutilizadas - já que
livros não combinam muito com adolescentes.Então,sem me importar com o olhar
espantado da bibliotecária eu andei pelas inúmeras prateleiras totalmente aberta a
sugestões.Passei pelas poesias,não exatamente o que eu queria...Segui para literatura
clássica...Obras de Shakespeare e Jane Austen estavam lá,quase intocados,mas ao invés de
parar eu prossegui,fui até os autores estrangeiros...Machado de Assis e Gabriel Garcia
Marques...Eu já havia lido algo do Machado de Assis...Mas era muito complicado para mim
no momento.Então resolvi tentar Gabriel Garcia Marques...Eu já lera seu ilustre livro “Amor
nos tempo do Cólera”,muito bom e complexo,então um outro de sua autoria me chamou a
atenção: “Cem anos de solidão”.Talvez seria perfeito para mim.Sem pensar peguei o
livro,aconcheguei-me em uma cadeira e comecei a ler.O livro é meio complicado e tem um
pouco de fantasia o começo é bem divertido conta um casal de primos que decidem ficar
juntos... Ou alguma coisa do tipo. Devo admitir que não li com muita atenção.
Quando me distrai totalmente, foquei meu olhar eu um teste vocacional deixado em cima
da mesa. Muito curiosa peguei e comecei a fazer... O resultado foi uma lástima. Eu não
apresentei nenhum interesse em nenhuma área específica.Começei a rir .Quem planeja
esses testes afinal? Comecei a me sentir estranha de novo. Então percebi que me mp3
player estava em meu bolso, sem pensar duas vezes coloquei os fones e coloquei em uma
de minhas músicas favoritas: Reverie de Debussy. Repeti-a umas duas vezes até mudar para
minha outra clássica adorada: Clair de Lune – simplesmente perfeita. Sem perceber eu
estava de olhos fechados e respirando pela boca. Meio como as pessoas fazem para aliviar
alguma dor ou extress.
Decidi então que eu não podia continuar assim. Eu iria contar para Richard. Talvez ele
pudesse me ajudar. E seria muito mais fácil para mim me abrir com uma pessoa que eu não
estava ainda profundamente ligada. Olhei para o relógio e estava quase na hora da próxima
aula,então se eu não quisesse encontrar nenhum professor na minha ida para sala de aula
eu devia sair agora.Me endireitei rapidamente, guardei o livro e simplesmente amassei
aquela porcaria de teste e joguei no lixo.Me senti um pouco melhor depois disso.Saí pela
porta e estava bem frio do lado de fora.Tremendo de frio,segui para o banheiro para um
rápido exame de minha aparência.Eu sabia que se eu chegasse na sala do jeito em que eu
estava Richard ia ficar extremamente preocupado e não ia se importar em ficar comigo a
manhã toda.Entrei no banheiro,e entendi o olhar assustado que a bibliotecária havia
lançado para mim quando entrei pela porta - Eu estava um lixo! Meu cabelo todo
bagunçado,minha pele um pouco mais branca do que o comum com machas levemente
avermelhadas debaixo de meus olhos. Então joguei água gelada em meu rosto,isso me fez
estremecer; depois me virei minha atenção para meu cabelo,tentei refazer várias vezes
meu rabo de cavalo sem sucesso.Então desisti e deixei ele solto mesmo.Até que não estava
tão ruim...Desde que eu não ficasse perto da Anna!
Respirei fundo sai do banheiro e cruzei meus braços devido ao frio...Será possível que o
tempo esteja tão frio como está?Talvez eu seja muito friorenta! Segui o longo corredor com
passos longos e lentos tentando esvaziar minha mente de tudo o que possivelmente me
causaria desconforto nas aulas seguintes. Cheguei a minha sala e sentei-me em um
banquinho que havia de frente para porta esperando o sinal...
Uns minutos depois o sinal tocou. O primeiro a sair da sala foi o Sr. Cole, ele olhou para
mim e então eu acenei com minha cabeça fazendo um sinal de que eu estava melhor agora.
Depois em seguida Richard passou pela porta com seu violão na mão. Assim que ele me viu
ele foi se sentar do meu lado.
“Como você está se sentindo?” – Ele perguntou preocupado
“Bem melhor agora...Eu acho que eu precisava de um pouco de ar...” – Disse um pouco
envergonhada da mentira que eu havia contado para me livrar dessa aula.
“Mas é uma pena...Eu realmente queria ver você tocar...O Sr. Cole falou muito bem de
você!” – Eu completei olhando bem em seus olhos.Como será que conseguir fazer isso?
“O Sr. Cole sempre foi muito exagerado...” – Ele disse se aproximando de mim. Mal pude
perceber o olhar furioso das meninas da minha sala para mim.Parecia que ela queriam
arrancar minha cabeça!
“Duvido!” – Eu disse...Pois no momento eu realmente duvidava de sua modéstia.
“Mas então... Quero que você saiba, se precisar de algo, estou aqui. Eu sou um ótimo
ouvinte.” – Ele disse com muito cuidado.
“Você tem certeza de que quer me ouvir? Porque depois que eu começar vai ser bem difícil
de me fazer parar.” – Eu disse com toda sinceridade do mundo.

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Capítulo 4

  • 1. Nós saímos e começamos a caminhar pelo corredor. E eu com minha mania de evitar longos silêncios, resolvi puxar assunto. “ Preparado?” – Perguntei olhando para ele “Minha estratégia é imaginar todos em suas roupas de baixo.” – Ele suspirou. “Obrigada de novo.” “É meu dever. Já que eu sou o supermen sabe?” – Seu sorriso alargou e me fez sentir segura. “Então... Acho melhor ficarmos esperando o sinal na sua sala. Eu já combinei tudo com o Sr. Cole ontem” – Completou “É...” – Disse e seguimos uns 20 metros até minha sala, o único som eram nossos passos. Chegando lá eu vi seu violão fora da capa. “Nossa! seu violão é muito bonito.” – Será que eu não conseguia calar a boca? “Você quer tocar?” – Seus olhos brilharam. A oferta me pareceu tentadora, ainda mais quando seria uma oportunidade de colorir minha manhã com algo positivo. Já que tudo parecia estar indo pela contramão. “Eu não sei se me lembro de algum acorde.” – Eu realmente não lembrava, mas vasculhei minha mente em busca de algum mísero acorde. “Vamos! Não é difícil. Eu te ajudo” – Ele prometeu esboçando um sorriso discreto no canto de sua boca. Apesar de eu constantemente ler as pessoas, não consegui ler o Richard. Aqueles olhos havia alguma coisa. Na verdade, Eu nunca havia conseguido ler ele. Talvez isso estivesse ligado a minha falta de coragem de encará-lo. Então percebi que devia responder algo ao invés de ficar com aquela expressão de retardada. “Talvez eu lembre como tocar um Dó maior e um Sol maior.” – A vontade de tocar transbordava em meus olhos. Ele me passou o violão e me observou atentamente enquanto eu dançava com os meus dedos tentando achar as casas certas. Ele se aproximou arrumou meus dedos do Dó para o Sol. Depois que consegui trocar as casas, comecei a tocar mudando de uma casa para outra e variando o tom da batida da mão direita. Eu fiz mais caretas naquele momento do que eu já fiz na minha vida toda. Então nossos olhares se encontraram... Por uma fração de segundos, me senti diferente, algo como calma e segurança; depois, nós caímos na gargalhada como crianças pequenas. “Eu acho que vou deixar a parte de tocar com você...” – Disse entre minhas risadas. “É... Talvez seja melhor. Mas devo adimitir Lucy Stewart é muito engraçado observar suas caretas.” “Você é sempre tão legal assim?” - Perguntei lembrando-me de noite passada e de nossas conversas. “Só quando as pessoas podem ser importantes para mim” – A resposta a minha pergunta me fez arrepiar.
  • 2. “E você dá sempre tanta atenção há garotos metidos a músicos?” “Só quando eles me salvam de quebrar a cabeça - literalmente...” - Disse com um tom de ironia. Nesse momento eu podia sentir uma pequena explosão dentro de mim. Como de fosse um vulcão entrando em erupção. Será que tudo isso seriam só hormônios? Eu como sempre não tinha certeza do que era. Uma confusão... Eu estava triste e feliz ao mesmo tempo, sentia um vazio ao mesmo tempo em que tudo parecia estar completo. Talvez tudo o que eu precisava era desabafar... Mais o que? Será que realmente eu não tenho nada a dizer?Ou eu apenas não consigo me expressar?Eu observei minha situação por um breve momento: Eu estava perto de um garoto que realmente estava disposto a falar comigo, e que realmente estava disposto a me ouvir. Será que as coisas estavam melhorando para mim? Pela primeira vez eu sabia que essa era uma oportunidade única,mais porque ele estaria interessado em mim? Olhei para o lado e Richard continuava lá,sentado,nossos olhares nos encontraram por um segundo.Eu corei,mas ao invés de desviar meu olhar eu sorri para ele,e ele sorriu de volta.Então ele esticou o braço e pegou uma caneta que estava na mesa a sua frente pegou minha mão e desenhou uma pequena flor.Então peguei a caneta dele e desenhei um S em sua mão.Eu queria que esse momento durasse para sempre.Depois alguns segundos extasiada pela situação atual em que me encontrava ouvi o som do sinal,mas continuei em congelada na posição em que me encontrava.Richard percebeu...Ele passou a mão na frente de meu rosto para verificar se eu realmente estava acordada,eu pisquei voltando para o mundo e descongelando minha posição,ele riu uma vez e me perguntou: “Dormindo acordada?” – Ele disse ainda rindo de mim... “É” – Menti.Eu definitivamente não estava dormindo...Ao contrário...minha mente trabalhava sem parar se perguntando se tudo isso era realmente de verdade. “Ajuda?” – Ele perguntou esticando suas mão para mim. Eu sorri e então segurei as mão dele.Ele me ajudou a levantar ainda um bem cauteloso devido a meu episódio anterior.Quando levantei,cambaleei um pouco e percebi que meus colegas começavam a entrar pela porta agora...E todos olhavam para mim...mais não preucupados se eu estava melhor...mais se perguntando o que eu fazia perto (até demais) daquele menino alto e bonito.Sorri para Richard e disse: “Obrigada...e boa sorte ...você consegue supermen!” – Eu estava começando a ficar constrangida com toda a situação então me virei e lentamente fui para meu lugar (na segunda fileira) e me sentei... Porque eu não havia escolhido um lugar mais no fundo mesmo? Richard sorriu para mim como resposta. Então aconcheguei-me em minha cadeira observando meus colegas entrarem.Todas as garotas olhavam para Richard (isso era meio inevitável já que ele estava na frente da sala) más eu podia ouvir os comentários do fundo da sala como: ‘Olhem para ele...’, ‘Ele é muito charmoso...’ e coisas desse tipo. Então Anna entrou pela porta,andou pela frente da sala como se fosse uma passarela,e é claro ela jogou um olhar para Richard que de um jeito que eu nunca faria na minha vida toda...Mas fazer o que? Ela é minha amiga...então.Ela quis se fazer
  • 3. prestativa na frente dele...Se aproximando de mim,passando a mão em meus cabelos perguntando: “Você está bem... Eu fiquei preocupada...” – Ela disse para mim, mas sempre voltando seus olhos para Richard e ver sua expressão. Eu queria muito rir de toda a situação. Tudo bem! Eu só conhecia o Richard há umas 24h mais, só o fato de conhecê-lo já era suficiente para querer rir da situação. Então eu observei sua expressão,ele estava fingindo que não havia reparado nos comentários sobre ele enquanto afinava seu violão (pois provavelmente eu havia desafinado ele).Então ele olhou para frente e sorriu em minha direção.Anna achou que foi para ela - e talvez tenha sido.Dei garças a Deus quando Sr. Cole entrou na sala e mandou todos se sentarem antes que a Anna tivesse a oportunidade de fazer algo mais estúpido ainda. Como passar seu número de telefone pra ele... Será que ela faria isso? O Sr. Cole havia se arrumado para a ocasião,ele estava usando uma camisa azul clara,com listras finas traças na horizontal.Sua tradicional calça de nylon havia sido trocada por uma calça jeans azul escura muito bem passada por sinal.E ele usava um cinto preto,que estava segurando sua camisa para dentro da calça.Assim que ele entrou na sala ele não carregava sua expressão cansada e ríspida como sempre,mais sim uma expressão leve e feliz,que evoluiu para um grande sorriso quando ele viu Richard.Os dois se cumprimentaram,mas não como um professor faz com seus alunos,como se eles fossem eternos companheiros. Sr. Cole estendeu sua mão para cumprimentar Richard um pouco longe demais dele,Richard se aproximou deu um toque em sua mão e depois,deu um leve tapinha em suas costas.Os dois foram para mais perto da lousa,que ainda estava vazia e conversaram por alguns segundos enquanto um zumbido de vozes se apoderava da sala. Eu ainda podia ouvir as meninas comentando sobre o Richard.E os meninos sobre os comentários das meninas. Depois de sua breve conversa o Sr. Cole dirigiu-se para frente da sala esperando que todos fizessem silêncio para que ele pudesse apresentar formalmente Richard. Demorou alguns minutos até o silêncio total.Então ele deu alguns passos para frente e começou a falar,eu não estava prestando atenção em uma palavra que ele dissera.Então me foquei nos detalhes...eu pude sentir o cheiro de seu perfume,bem amadeirado com um toque silvestre, parecido o do meu pai.Mas não era hora para me distrair com meus pensamentos dirigidos a professores.Então olhei para Richard.Ele estava apoiado com um braço na lousa,o sol estava batendo em seu corpo agora chamando toda a atenção possível para seus olhos.Perfeitamente brilhantes,sua cor era linda,e ainda mais agora,diante do sol parecia que a eu estava olhando para uma cor viva.Como a cor do mar misturado com o da mata que o rodeia.Sua expressão no entanto estava bem carregada.Um pouco áspera...ouso em dizer.Bom mais se eu estivesse no lugar dele eu estaria carregando a mesma expressão...Talvez até pior.Ser o centro das atenções nunca foi meu forte.Talvez isso possa esta ligado a minha falta de destreza e baixa auto- estima. Eu estava desconfortável de estar aqui.Como se Richard fosse um esboço do que um dia eu desejara para mim.Quando percebi estava suando frio,meu estomago embrulhado e tudo girando de novo.Talvez tudo fosse psicológico; talvez eu fosse covarde demais.. Ou, como última opção essa seria uma intervenção maior que me mandava matar aula. Eu precisava sair daqui. Não importava como.
  • 4. Depois que Sr. Cole parou de falar ele pediu um segundo para sala enquanto Richard arrumava suas coisas e se preparava para falar.Essa era minha chance.Levantei-me de minha carteira com muito cuidado para não ser atingida por uma onda de vertigem.Cambaleei um pouco.Mais ninguém pareceu reparar.Então fui até o Sr. Cole ele virou-se para mim e o cheiro de seu perfume só piorava minha náusea. Respirei pela boca e tentei ser o mais convincente em minha palavras: “Sr. Cole...Eu não estou me sentindo muito bem...será que eu poderia ir até a enfermaria?” – Me senti hipocondríaca no momento. Não liguei. Sendo psicológico ou não acho que eu precisava de um tempo sozinha. “O que você está sentindo?” Ele disse um pouco alto demais... Eu podia ver Richard me encarando com seus olhos preocupados. “Eu estou meio tonta...” – Disse cuidadosamente. “Claro,claro...Pode ir.” – Ele disse hesitante como se estivesse distraído. Então tentei não prestar atenção em meus colegas quando saia da sala... Mais foi inevitável quando passei por Richard. Ele então tocou levemente meus ombros e perguntou “Você está bem? Está tonta de novo?” – Ele disse preocupado. Toda a sala me encarou criticamente, avaliando o que estava acontecendo. Não era de meu feitio levantar e pedir para me retirar. Mas aparentemente, tudo muda. “Estou bem,mais ou menos.” – Disse tentando o convencer não o deixar levar por seus instintos de cavalheirismo e resolver me acompanhar até a enfermaria... De novo. Ele hesitou ao olhar para mim. Como se ele estivesse me avaliando... “Não se preocupe...” Eu disse “Eu vou ficar bem... é uma pena, pois eu queria-te ver corar!” – Eu menti. Não queria isso; não por falta de consideração com ele – nunca – mais por puro egoísmo. Ele sorriu e levemente retirou sua mão que estava sobre meu ombro. “Cuide-se... E eu te vejo daqui 50 min.” – Ele disse tentando parecer bem humorado... Balancei minha cabeça e segui para fora da sala. 4. Incerteza O que eu estava fazendo? Eu estava tão entusiasmada por esse momento e agora isso? Eu certamente não iria voltar para enfermaria apesar de estar sentindo uma leve tontura
  • 5. nesse momento.Por outro lado se alguém me pegasse fora da sala de aula ia com certeza achar que eu estava matando aula. E não era isso que eu estava fazendo? Comecei a andar pelo longo corredor que ligava minha sala a um pátio descoberto no qual era conhecido pelas várias mesas de madeira em baixo das árvores... Não era o lugar preferido dos alunos no entanto... Seria um ótimo lugar para matar aula se ele não desse bem de vista para a enorme, fria e mofada secretária. Então segui reto e lembrei-me do ano passado quando estava extremamente frio para ficar perambulando pelos corredores quando eu e minhas amigas nos refugiamos na biblioteca. É claro que elas foram expulsas diversas vezes pelo falatório... Mas falar é a última coisa que eu quero agora. Então decididamente fui até a biblioteca. Hesitei ao passar pela porta.Mas assim que entrei senti um conforto.Aquilo não era uma biblioteca comum.Ela tinha inúmeras janelas que iluminavam todo o canto,as prateleiras eram espaçosas e repletas de inúmeros livros,bem perto das janelas havia um grade balcão de madeira com várias cadeiras incrivelmente confortáveis e quase inutilizadas - já que livros não combinam muito com adolescentes.Então,sem me importar com o olhar espantado da bibliotecária eu andei pelas inúmeras prateleiras totalmente aberta a sugestões.Passei pelas poesias,não exatamente o que eu queria...Segui para literatura clássica...Obras de Shakespeare e Jane Austen estavam lá,quase intocados,mas ao invés de parar eu prossegui,fui até os autores estrangeiros...Machado de Assis e Gabriel Garcia Marques...Eu já havia lido algo do Machado de Assis...Mas era muito complicado para mim no momento.Então resolvi tentar Gabriel Garcia Marques...Eu já lera seu ilustre livro “Amor nos tempo do Cólera”,muito bom e complexo,então um outro de sua autoria me chamou a atenção: “Cem anos de solidão”.Talvez seria perfeito para mim.Sem pensar peguei o livro,aconcheguei-me em uma cadeira e comecei a ler.O livro é meio complicado e tem um pouco de fantasia o começo é bem divertido conta um casal de primos que decidem ficar juntos... Ou alguma coisa do tipo. Devo admitir que não li com muita atenção. Quando me distrai totalmente, foquei meu olhar eu um teste vocacional deixado em cima da mesa. Muito curiosa peguei e comecei a fazer... O resultado foi uma lástima. Eu não apresentei nenhum interesse em nenhuma área específica.Começei a rir .Quem planeja esses testes afinal? Comecei a me sentir estranha de novo. Então percebi que me mp3 player estava em meu bolso, sem pensar duas vezes coloquei os fones e coloquei em uma de minhas músicas favoritas: Reverie de Debussy. Repeti-a umas duas vezes até mudar para minha outra clássica adorada: Clair de Lune – simplesmente perfeita. Sem perceber eu estava de olhos fechados e respirando pela boca. Meio como as pessoas fazem para aliviar alguma dor ou extress. Decidi então que eu não podia continuar assim. Eu iria contar para Richard. Talvez ele pudesse me ajudar. E seria muito mais fácil para mim me abrir com uma pessoa que eu não estava ainda profundamente ligada. Olhei para o relógio e estava quase na hora da próxima aula,então se eu não quisesse encontrar nenhum professor na minha ida para sala de aula eu devia sair agora.Me endireitei rapidamente, guardei o livro e simplesmente amassei aquela porcaria de teste e joguei no lixo.Me senti um pouco melhor depois disso.Saí pela porta e estava bem frio do lado de fora.Tremendo de frio,segui para o banheiro para um rápido exame de minha aparência.Eu sabia que se eu chegasse na sala do jeito em que eu estava Richard ia ficar extremamente preocupado e não ia se importar em ficar comigo a manhã toda.Entrei no banheiro,e entendi o olhar assustado que a bibliotecária havia
  • 6. lançado para mim quando entrei pela porta - Eu estava um lixo! Meu cabelo todo bagunçado,minha pele um pouco mais branca do que o comum com machas levemente avermelhadas debaixo de meus olhos. Então joguei água gelada em meu rosto,isso me fez estremecer; depois me virei minha atenção para meu cabelo,tentei refazer várias vezes meu rabo de cavalo sem sucesso.Então desisti e deixei ele solto mesmo.Até que não estava tão ruim...Desde que eu não ficasse perto da Anna! Respirei fundo sai do banheiro e cruzei meus braços devido ao frio...Será possível que o tempo esteja tão frio como está?Talvez eu seja muito friorenta! Segui o longo corredor com passos longos e lentos tentando esvaziar minha mente de tudo o que possivelmente me causaria desconforto nas aulas seguintes. Cheguei a minha sala e sentei-me em um banquinho que havia de frente para porta esperando o sinal... Uns minutos depois o sinal tocou. O primeiro a sair da sala foi o Sr. Cole, ele olhou para mim e então eu acenei com minha cabeça fazendo um sinal de que eu estava melhor agora. Depois em seguida Richard passou pela porta com seu violão na mão. Assim que ele me viu ele foi se sentar do meu lado. “Como você está se sentindo?” – Ele perguntou preocupado “Bem melhor agora...Eu acho que eu precisava de um pouco de ar...” – Disse um pouco envergonhada da mentira que eu havia contado para me livrar dessa aula. “Mas é uma pena...Eu realmente queria ver você tocar...O Sr. Cole falou muito bem de você!” – Eu completei olhando bem em seus olhos.Como será que conseguir fazer isso? “O Sr. Cole sempre foi muito exagerado...” – Ele disse se aproximando de mim. Mal pude perceber o olhar furioso das meninas da minha sala para mim.Parecia que ela queriam arrancar minha cabeça! “Duvido!” – Eu disse...Pois no momento eu realmente duvidava de sua modéstia. “Mas então... Quero que você saiba, se precisar de algo, estou aqui. Eu sou um ótimo ouvinte.” – Ele disse com muito cuidado. “Você tem certeza de que quer me ouvir? Porque depois que eu começar vai ser bem difícil de me fazer parar.” – Eu disse com toda sinceridade do mundo.