SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 12
Baixar para ler offline
MARIA ALMIRA SOARES
OSCLÁSSICOS
Ler
Hoje
Luís de camões
poesia lírica e épica
ÍNDICE GERAL
CONTEXTUALIZAÇÃO
HISTÓRICO-LITERÁRIA .................................. 6
Época clássica – renascimento...................... 6
Biografia de luís de camões .......................... 8
Importância e valor literário da obra
camoniana .................................................. 9
A POESIA LÍRICA DE CAMÕES
1. INTRODUÇÃO ............................................ 11
2. EDUCAÇÃO LITERÁRIA – POEMAS
ESCOLHIDOS DAS RIMAS
DE LUÍS DE CAMÕES................................... 15
A reflexão sobre a vida pessoal – o tema
da mudança
Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades...... 15
O tema do desconcerto do mundo
Os bons vi sempre passar .............................. 19
A reflexão sobre a vida pessoal
Erros meus, má fortuna, amor ardente ............. 21
O dia em que eu nasci, moura e pereça............. 24
A experiência amorosa – a reflexão sobre
o amor
Amor é um fogo que arde sem se ver................. 27
Transforma-se o amador na cousa amada.......... 30
Aquela triste e leda madrugada...................... 33
A representação da amada
Ondados fios d’ouro reluzente........................ 36
A representação da amada – a representação
da natureza
Descalça vai para a fonte ............................. 39
Verdes são os campos ................................... 42
A POESIA ÉPICA DE CAMÕES
1. INTRODUÇÃO ............................................ 45
2. EDUCAÇÃO LITERÁRIA – TEXTOS
ESCOLHIDOS DE OS LUSÍADAS
DE LUÍS DE CAMÕES................................... 47
A matéria épica – os feitos históricos
– a viagem
Canto I, 1-3 ............................................ 47
A epopeia – estrutura da obra....................... 52
O conteúdo de cada canto........................... 53
A sublimidade do canto
Canto I, 4-5 ............................................ 57
As reflexões do poeta
Canto I, 105-106...................................... 60
Canto V, 96-98......................................... 63
Os quatro planos:
Viagem, Mitologia, História de Portugal,
Reflexões do poeta...................................... 67
A constituição da matéria épica
– a mitificação do herói
Canto IX, 52-53 ....................................... 68
A constituição da matéria épica
– a mitificação do herói e o imaginário épico
Canto IX, 68-70 ....................................... 71
A constituição da matéria épica
– a mitificação do herói
Canto IX, 89-92 ....................................... 74
As reflexões do poeta
Canto X, 146-148..................................... 77
15
2. EDUCAÇÃO LITERÁRIA – POEMAS
ESCOLHIDOS DAS RIMAS
DE LUÍS DE CAMÕES1
A reflexão sobre a vida pessoal
– o tema da mudança
 Texto 
(A leitura deste soneto faz-nos compreender como o
poeta relaciona as mudanças operadas no mundo que o
cerca com a reflexão sobre as alterações em si próprio.)
Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,
muda-se o ser, muda-se a confiança;
todo o mundo é composto de mudança,
tomando sempre novas qualidades.
Continuamente vemos novidades,
diferentes em tudo da esperança;
do mal ficam as mágoas na lembrança,
e do bem (se algum houve), as saudades.
O tempo cobre o chão de verde manto,
que já coberto foi de neve fria,
e, em mim, converte em choro o doce canto.
E, afora2
este mudar-se cada dia,
outra mudança faz de mor3
espanto,
que não se muda já como soía4
.
Contexto
Ao longo da sua vida, Camões assiste à decadên-
cia moral e à desintegração de valores, no mundo
à sua volta. Entre outras mudanças históricas
1
Poemas selecionados de Luís de Camões, Rimas, texto
estabelecido e prefaciado por Álvaro J. da Costa Pimpão,
Almedina, Coimbra, 2005.
2
afora = para além de
3
mor = maior
4
soía = era costume (do verbo arcaico soer = ser costume)
16
ocorridas, salientam-se o desenvolvimento da
Reforma e da Contra-Reforma, as lutas religiosas, o
estabelecimento da Inquisição em Portugal. Pessoal-
mente, Camões sofre a prisão, o desterro na Índia, o
regresso em condições de pobreza e a falta de reco-
nhecimento da sua arte literária por parte da Pátria.
Estes são aspetos contextuais que se refletem na sua
expressão lírica.
Relacionação com outros textos
O âmbito da reflexão contida neste soneto é
comum a outros textos desta época, que exprimem o
mesmo sentir e pensar perante as alterações profun-
das, institucionais ou pessoais. Por exemplo, numa
ode de Camões, podemos ler: «Tudo, enfim, faz
mudança, quanto o claro Sol vê, quanto alumia; [...]
Só a minha inimiga e dura condição nunca mudou,
[...]». Refira-se, também, pela larga divulgação que
alcançou, um soneto do poeta Sá de Miranda: «O sol
é grande, caem co’a calma as aves», que termina com
o verso: «E tudo o mais renova, isto é sem cura!»
Educação literária – as questões
1. A ideia fundamental deste poema assenta
na repetição insistente de um verbo e de outras
palavras de significado afim. Identifique todas as
formas desse verbo e todas as referidas palavras.
1.1 Distinga e assinale duas situações: aquela
em que o referido verbo é usado afirmativamente;
aquela em que é conjugado na forma negativa.
1.2 Explique a razão da alteração: afirmação/
negação, relacionando-a com os diferentes sujei-
tos que esse verbo tem ao longo do soneto.
2. Indique a ideia fundamental, ou seja, o
tema deste soneto, e integre-a no contexto das
correntes literárias vigentes.
3. A repetição da mesma palavra no início de
frases sucessivas é um recurso expressivo. Assinale
no poema a presença deste recurso, nomeie-o e
aprecie o efeito assim produzido.
17
4. Observe a composição formal. Caracterize
a forma soneto, não deixando de salientar a fun-
ção específica do último terceto.
Educação literária – as respostas
1. Formas repetidas do verbo mudar e
palavras de significado afim: «Mudam-se»,
«mudam-se» (v.1); «Muda-se», «muda-se» (v.2);
«mudar-se» (v.12); «não se muda» (v.14); «mu-
dança» (v.3); «novidades» (v.5); «converte» (v.11);
«mudança» (v.13).
1.1 Só no último verso o verbo mudar está
conjugado na forma negativa: «que não se muda
já como soía.»
1.2 Durante as três primeiras estrofes do
soneto, as várias e repetidas formas do verbo
mudar têm como sujeitos «os tempos», «as von-
tades», «o ser», «a confiança», «todo o mundo».
Trata-se de uma visão geral das mudanças do
mundo e da vida, das consequências naturais do
ciclo das estações do ano. Nesta primeira parte,
as frases são afirmativas. Demonstram, assim,
que a permanente capacidade de mudar permite
a renovação. No âmbito pessoal («as mágoas»;
o «choro» em que se converteu «o doce canto»),
o sentido da mudança é pessimista. No entanto,
tem-se mantido em aberto a possibilidade de
renovação («todo o mundo é composto de mu-
dança, / tomando sempre novas qualidades»).
No momento final, porém, e perante a espantosa
impossibilidade de alterar uma enigmática situa-
ção, o verbo mudar passa a ser usado na forma
negativa: «que não se muda já como soía». Em
conclusão: num mundo em que tudo está sempre
a mudar, só a angústia presente do eu se revela
imutável e sem esperança.
2. A ideia fundamental deste soneto é o cha-
mado «tema da mudança», ou seja, a tomada de
consciência de que, no mundo, nada, nem o pró-
prio Homem, permanece constante. Não se trata
já da visão serena, fixada num ideal imutável,
18
própria do Renascimento. Este soneto reflete já
uma certa crise do Renascimento, a inquietação
permanente do ser humano, representada pelo
Maneirismo.5
3. Neste soneto, o recurso expressivo mais
saliente no tratamento do tema da mudança é a
anáfora. Na verdade, frases sucessivas são inicia-
das pela mesma palavra, o verbo-chave do tema,
mudar: «mudam-se», «mudam-se», «muda-se»,
«muda-se», etc. A repetição deste verbo num
ponto estratégico da frase, o seu início, não só
reforça o sentido, mas também cria um ritmo
insistente que contribui para esse reforço.
4. Esta composição é um soneto, forma
poética clássica renascentista, constituída pela
sequência de duas quadras e dois tercetos. O seu
verso longo (decassílabo), é a chamada medida
nova importada de Itália, país-berço do Renas-
cimento. Como o seu nome diz, é constituído
por dez sílabas métricas: mu[1] – dam[2] – s(e)
os[3] – tem[4] – pos[5] – mu[6] – dam[7] – s(e)
as[8] – von[9] – ta[10]-. Como é próprio da
estrutura interna do soneto, o tema da mudança
vai sendo desenvolvido ao longo das três primei-
ras estrofes, mas só no último terceto ganha o
valor e o significado mais importante, ou seja,
o do desencanto e desesperança em relação ao
futuro.
O tema do desconcerto
do mundo
 Texto 
(Muitas vezes, a expressão lírica de Camões reflete
sobre o sentido da vida ou sobre as circunstâncias
5
Vd. pág. 13
19
reveladoras da natureza do ser humano. É o caso desta
Esparsa sua ao desconcerto do mundo, cujo sentido
é de uma atualidade indiscutível.)
Esparsa ao desconcerto do mundo
Os bons vi sempre passar
no mundo graves tormentos;
e, para mais m’espantar,
os maus vi sempre nadar
em mar de contentamentos.
Cuidando alcançar assim
o bem tão mal ordenado,
fui mau, mas fui castigado:
Assi que, só para mim
anda o mundo concertado.
Contexto
Camões, como outros seus contemporâneos,
sentiu as contradições, injustiças, incoerências do
seu tempo. Tratava-se de um tempo de grandes
mudanças: científicas, filosóficas, materiais, morais.
Algumas, pouco justas, pouco coerentes. Em algu-
mas das suas composições líricas, está refletida uma
visão desencantada que testemunha a sua sensibi-
lidade perante os desacertos da vida e da humani-
dade. É uma visão maneirista, inquieta, que já não
se limita ao comprazimento com o belo espetáculo
do mundo.
Relacionação com outros textos
N’Os Lusíadas, por vezes, sobretudo nos finais
dos cantos, Camões interrompe a narrativa para
refletir sobre as contradições, injustiças e incoerên-
cias do seu tempo. Por exemplo, no fim do canto i,
reflete sobre a condição humana, utilizando, para
se referir ao Homem, a expressão que ficou famosa:
«bicho da terra tão pequeno».6
6
Vd. pág. 60
Educação literária – as questões
Escreva um texto expositivo fruto da sua lei-
tura desta esparsa camoniana. Deve demonstrar:
1. Boa compreensão do sentido da palavra-
-chave do poema: desconcerto.
2. Conhecimento dos recursos expressivos
presentes na linguagem do poema e sensibilidade
perante os seus efeitos.
3. Conhecimento das características estrutu-
rais e temáticas da forma esparsa7
.
Educação literária – as respostas
Camões revela-se muito acutilante no trata-
mento de um tema, que provavelmente preocu-
paria os espíritos do seu tempo: o desconcerto do
mundo. Este tema abarca uma visão reflexiva da
falta de coerência, de justiça, de harmonia, mani-
festada no caminho que o mundo estava a seguir.
Esta observação da falta de um claro sentido de
justiça na ordenação do mundo é acompanhada
da sensação de que é impossível repor as coisas no
devido lugar. Verifica-se uma inversão de valores,
em que o mal sai premiado. Nesta situação, o eu
lírico sente-se completamente injustiçado.
O poema, escrito na medida velha, a redondi-
lha, é uma esparsa, composição breve, formada
por uma única estrofe de oito versos. Esta brevi-
dade obriga à concisão no tratamento do tema.
Os versos são de redondilha maior, sete sílabas
métricas, dentro da tradição medieval. Sendo o
tema muito sério, não deixam de estar presentes
recursos expressivos que lhe dão vivacidade e cau-
sam até um certo sorriso: a ironia e o jogo de pala-
vras. Em torno da palavra-chave, desconcerto,
estes recursos expressivos revestem o tema de
algum sentido de humor que não lhe rouba gravi-
dade. Há um jogo de conceitos que ironicamente
inverte a lógica expectável da diferença entre o
bem e o mal. Assim se torna evidente a cadeia de
7
Vd. pág. 11
20
21
injustiças que o eu quer denunciar: «os bons» /
/«graves tormentos»; «os maus» /«mar de con-
tentamentos». A denúncia é levada ao limite
através da ironia da situação do próprio eu.
Mesmo quando resolve seguir a lógica de inver-
são de valores que vigora à sua volta, continua
a ser vítima do sistema que aqui denuncia: «fui
mau, mas fui castigado»; «Assi que, só para mim /
/ anda o mundo concertado».
Em conclusão, através destes jogos de ironia
amarga, o eu afirma a sua natureza de vítima do
desconcerto do mundo.
A reflexão sobre a vida pessoal
 Texto 
(Em tom de balanço reflexivo da vida vivida, sen-
tida, sofrida, as palavras poéticas evoluem para a for-
mulação de um voto redentor.)
Erros meus, má fortuna, amor ardente
em minha perdição se conjuraram;
os erros e a fortuna sobejaram,
que para mim bastava o amor somente.
Tudo passei; mas tenho tão presente
a grande dor das cousas que passaram,
que as magoadas iras me ensinaram
a não querer já nunca ser contente.
Errei todo o discurso8
de meus anos;
dei causa [a] que a Fortuna castigasse
as minhas mal fundadas esperanças.
De amor não vi senão breves enganos.
Oh! quem tanto pudesse que fartasse
este meu duro génio9
de vinganças!
8
discurso = decurso
9
génio = temperamento difícil de controlar; ou génio = des-
tino (duro génio = destino cruel)
Contexto
O lirismo camoniano, sentimental e amoroso,
como é comum na poesia renascentista, é muitas
vezes também reflexivo. Esta reflexão debruça-se
sobre as contradições do mundo em que o sujeito
vive ou sobre as causas da sua tormentosa vida como
é o caso deste soneto. Ultrapassando a contempla-
ção da beleza e da harmonia renascentistas, esta
reflexão sobre os paradoxos da existência integra-se
já no Maneirismo.
Relacionação com outros textos
Este soneto de Camões, em que o sujeito lírico
analisa o decurso da sua vida e confessa os seus erros,
tornou-se fonte de inspiração para outros poetas,
alguns bem posteriores. Por exemplo, Bocage, no
século xviii, escreve o soneto «Já Bocage não sou...»
em que ecoam vivamente o lamento e arrependi-
mento camoniano.
Educação literária – as questões
1. Distinga, sublinhe e explique o sentido das
palavras que:
– aludem a acontecimentos;
– comentam esses acontecimentos e refletem
sobre eles.
2. Há três motivos principais que são a base
desta reflexão.
2.1 Indique-os.
3. Sublinhe exemplos de palavras que demons-
tram uma visão da vida intensamente perturba-
dora.
4. Demarque duas partes no texto:
– a primeira, em que vários elementos vão
sendo acumulados;
– asegunda,emqueestarevisãodavidasetrans-
forma num apelo à intervenção de um poder
potencialmente modificador da situação.
22
23
Educação literária – as respostas
1. Acontecimentos: «Erros meus, má fortuna,
amor ardente / em minha perdição se conjura-
ram» (atitudes e decisões erradas; falta de sorte;
amores intensos e destrutivos); «Tudo passei» (o
eu-vítima de todo o sofrimento evocado); «De
amor não vi senão breves enganos» (amores
desencontrados, efémeros e enganosos).
Comentário e reflexão: «tenho tão presente /
/ a grande dor das cousas que passaram» (a inten-
sidade do sofrimento e a nitidez da memória);
«as magoadas iras me ensinaram / a não querer
já nunca ser contente» (a resistência à desilusão
e ao sofrimento, através da negação do desejo);
«Errei todo o discurso de meus anos» (o reconhe-
cimento dos erros próprios); «dei causa [a] que
a Fortuna castigasse / as minhas mal fundadas
esperanças» (a confissão da culpa própria como
causa de um destino infeliz).
2.1 Os excessos emocionais, a pouca sorte e o
carácter impulsivo são os principais motivos que
suscitam esta reflexão.
3. As palavras que transmitem vivências nega-
tivas e uma visão da vida turbulenta e tormentosa
são, por exemplo: «ardente»; «perdição»; «grande
dor»; «magoadas iras»; «vinganças».
4. Até ao primeiro verso do último terceto
(«enganos»), desenvolve-se a acumulação de ele-
mentos tomados como base da reflexão sobre a
vida. Ao fechar (dois últimos versos), a expres-
são ganha ainda mais força e eleva-se num apelo
que é ao mesmo tempo um grito de desespero:
«Oh! quem tanto pudesse...». Assim se exprime
o desejo de acabar de vez com os tormentos vivi-
dos.

Mais conteúdo relacionado

Semelhante a Camões, poesia, lírica camoniana. Lusíadas, Camões épico.pdf

Sentimento do mundo material
Sentimento do mundo   materialSentimento do mundo   material
Sentimento do mundo materialrafabebum
 
Antologia poética em pp
Antologia poética em ppAntologia poética em pp
Antologia poética em ppBriefCase
 
Apresentação para décimo segundo ano, aula 6
Apresentação para décimo segundo ano, aula 6Apresentação para décimo segundo ano, aula 6
Apresentação para décimo segundo ano, aula 6luisprista
 
Exercícios comentados de interpretação textual
Exercícios comentados de interpretação textualExercícios comentados de interpretação textual
Exercícios comentados de interpretação textualSeduc/AM
 
Luís de Camões_Rimas_Síntese_Porto Editora
Luís de Camões_Rimas_Síntese_Porto EditoraLuís de Camões_Rimas_Síntese_Porto Editora
Luís de Camões_Rimas_Síntese_Porto Editoraana salema
 
Guia de Correcção do Teste/Fevereiro 2011/Camões Lírico
Guia de Correcção do Teste/Fevereiro 2011/Camões LíricoGuia de Correcção do Teste/Fevereiro 2011/Camões Lírico
Guia de Correcção do Teste/Fevereiro 2011/Camões LíricoVanda Sousa
 
Apresentação para décimo segundo ano de 2016 7, primeira aula de cábulas
Apresentação para décimo segundo ano de 2016 7, primeira aula de cábulasApresentação para décimo segundo ano de 2016 7, primeira aula de cábulas
Apresentação para décimo segundo ano de 2016 7, primeira aula de cábulasluisprista
 
Guia de Correcção do Teste 1 Fevereiro
Guia de Correcção do Teste 1  FevereiroGuia de Correcção do Teste 1  Fevereiro
Guia de Correcção do Teste 1 FevereiroVanda Sousa
 
Poesia moderna
Poesia modernaPoesia moderna
Poesia modernaDeia1975
 
Autobiografia de Erico Verissimo by José Roig
Autobiografia de Erico Verissimo by José RoigAutobiografia de Erico Verissimo by José Roig
Autobiografia de Erico Verissimo by José RoigJosé Antonio Klaes Roig
 
Classicismo nota de aula biografia
Classicismo nota de aula biografiaClassicismo nota de aula biografia
Classicismo nota de aula biografiaPéricles Penuel
 
Movimento Literário Realismo
Movimento Literário Realismo Movimento Literário Realismo
Movimento Literário Realismo Luiz Fernando
 
3373897 literatura-aula-26-modernismo-no-brasil-3-fase
3373897 literatura-aula-26-modernismo-no-brasil-3-fase3373897 literatura-aula-26-modernismo-no-brasil-3-fase
3373897 literatura-aula-26-modernismo-no-brasil-3-fasejacsonufcmestrado
 
Literaturas sobre realismo (7)
Literaturas sobre realismo (7)Literaturas sobre realismo (7)
Literaturas sobre realismo (7)Equipemundi2014
 

Semelhante a Camões, poesia, lírica camoniana. Lusíadas, Camões épico.pdf (20)

Sentimento do mundo material
Sentimento do mundo   materialSentimento do mundo   material
Sentimento do mundo material
 
12. o lutador
12. o lutador12. o lutador
12. o lutador
 
Antologia poética em pp
Antologia poética em ppAntologia poética em pp
Antologia poética em pp
 
Literatura.pdf
Literatura.pdfLiteratura.pdf
Literatura.pdf
 
O lutador
O lutadorO lutador
O lutador
 
O lutador
O lutadorO lutador
O lutador
 
Apresentação para décimo segundo ano, aula 6
Apresentação para décimo segundo ano, aula 6Apresentação para décimo segundo ano, aula 6
Apresentação para décimo segundo ano, aula 6
 
Exercícios comentados de interpretação textual
Exercícios comentados de interpretação textualExercícios comentados de interpretação textual
Exercícios comentados de interpretação textual
 
Teste Luis de Camões
Teste Luis de CamõesTeste Luis de Camões
Teste Luis de Camões
 
Luís de Camões_Rimas_Síntese_Porto Editora
Luís de Camões_Rimas_Síntese_Porto EditoraLuís de Camões_Rimas_Síntese_Porto Editora
Luís de Camões_Rimas_Síntese_Porto Editora
 
Autobiogr..
Autobiogr..Autobiogr..
Autobiogr..
 
Guia de Correcção do Teste/Fevereiro 2011/Camões Lírico
Guia de Correcção do Teste/Fevereiro 2011/Camões LíricoGuia de Correcção do Teste/Fevereiro 2011/Camões Lírico
Guia de Correcção do Teste/Fevereiro 2011/Camões Lírico
 
Apresentação para décimo segundo ano de 2016 7, primeira aula de cábulas
Apresentação para décimo segundo ano de 2016 7, primeira aula de cábulasApresentação para décimo segundo ano de 2016 7, primeira aula de cábulas
Apresentação para décimo segundo ano de 2016 7, primeira aula de cábulas
 
Guia de Correcção do Teste 1 Fevereiro
Guia de Correcção do Teste 1  FevereiroGuia de Correcção do Teste 1  Fevereiro
Guia de Correcção do Teste 1 Fevereiro
 
Poesia moderna
Poesia modernaPoesia moderna
Poesia moderna
 
Autobiografia de Erico Verissimo by José Roig
Autobiografia de Erico Verissimo by José RoigAutobiografia de Erico Verissimo by José Roig
Autobiografia de Erico Verissimo by José Roig
 
Classicismo nota de aula biografia
Classicismo nota de aula biografiaClassicismo nota de aula biografia
Classicismo nota de aula biografia
 
Movimento Literário Realismo
Movimento Literário Realismo Movimento Literário Realismo
Movimento Literário Realismo
 
3373897 literatura-aula-26-modernismo-no-brasil-3-fase
3373897 literatura-aula-26-modernismo-no-brasil-3-fase3373897 literatura-aula-26-modernismo-no-brasil-3-fase
3373897 literatura-aula-26-modernismo-no-brasil-3-fase
 
Literaturas sobre realismo (7)
Literaturas sobre realismo (7)Literaturas sobre realismo (7)
Literaturas sobre realismo (7)
 

Mais de ssuserf541be

RelativePronouns [Projectar] Anexo 3.ppt
RelativePronouns [Projectar] Anexo 3.pptRelativePronouns [Projectar] Anexo 3.ppt
RelativePronouns [Projectar] Anexo 3.pptssuserf541be
 
As várias formas de construir o futuro em inglês.
As várias formas de construir o futuro em inglês.As várias formas de construir o futuro em inglês.
As várias formas de construir o futuro em inglês.ssuserf541be
 
Caracteristicas_formais_da_lirica-camoniana-1.pdf
Caracteristicas_formais_da_lirica-camoniana-1.pdfCaracteristicas_formais_da_lirica-camoniana-1.pdf
Caracteristicas_formais_da_lirica-camoniana-1.pdfssuserf541be
 
Daily_RoutineB.ppt
Daily_RoutineB.pptDaily_RoutineB.ppt
Daily_RoutineB.pptssuserf541be
 
Fashion - clothes.ppt
Fashion - clothes.pptFashion - clothes.ppt
Fashion - clothes.pptssuserf541be
 
Daily_RoutineB.ppt
Daily_RoutineB.pptDaily_RoutineB.ppt
Daily_RoutineB.pptssuserf541be
 
IIGUERRA_MundialBD.pdf
IIGUERRA_MundialBD.pdfIIGUERRA_MundialBD.pdf
IIGUERRA_MundialBD.pdfssuserf541be
 
7 - POR QUE ESTUDAMOS OS LUSIADAS.ppt
7 - POR QUE ESTUDAMOS OS LUSIADAS.ppt7 - POR QUE ESTUDAMOS OS LUSIADAS.ppt
7 - POR QUE ESTUDAMOS OS LUSIADAS.pptssuserf541be
 

Mais de ssuserf541be (10)

RelativePronouns [Projectar] Anexo 3.ppt
RelativePronouns [Projectar] Anexo 3.pptRelativePronouns [Projectar] Anexo 3.ppt
RelativePronouns [Projectar] Anexo 3.ppt
 
As várias formas de construir o futuro em inglês.
As várias formas de construir o futuro em inglês.As várias formas de construir o futuro em inglês.
As várias formas de construir o futuro em inglês.
 
Caracteristicas_formais_da_lirica-camoniana-1.pdf
Caracteristicas_formais_da_lirica-camoniana-1.pdfCaracteristicas_formais_da_lirica-camoniana-1.pdf
Caracteristicas_formais_da_lirica-camoniana-1.pdf
 
Daily_RoutineB.ppt
Daily_RoutineB.pptDaily_RoutineB.ppt
Daily_RoutineB.ppt
 
Fashion - clothes.ppt
Fashion - clothes.pptFashion - clothes.ppt
Fashion - clothes.ppt
 
Daily_RoutineB.ppt
Daily_RoutineB.pptDaily_RoutineB.ppt
Daily_RoutineB.ppt
 
Modal Verbs.ppt
Modal Verbs.pptModal Verbs.ppt
Modal Verbs.ppt
 
IIGUERRA_MundialBD.pdf
IIGUERRA_MundialBD.pdfIIGUERRA_MundialBD.pdf
IIGUERRA_MundialBD.pdf
 
nazismo.ppt
nazismo.pptnazismo.ppt
nazismo.ppt
 
7 - POR QUE ESTUDAMOS OS LUSIADAS.ppt
7 - POR QUE ESTUDAMOS OS LUSIADAS.ppt7 - POR QUE ESTUDAMOS OS LUSIADAS.ppt
7 - POR QUE ESTUDAMOS OS LUSIADAS.ppt
 

Último

Construção (C)erta - Nós Propomos! Sertã
Construção (C)erta - Nós Propomos! SertãConstrução (C)erta - Nós Propomos! Sertã
Construção (C)erta - Nós Propomos! SertãIlda Bicacro
 
Libras Jogo da memória em LIBRAS Memoria
Libras Jogo da memória em LIBRAS MemoriaLibras Jogo da memória em LIBRAS Memoria
Libras Jogo da memória em LIBRAS Memorialgrecchi
 
Manual da CPSA_1_Agir com Autonomia para envio
Manual da CPSA_1_Agir com Autonomia para envioManual da CPSA_1_Agir com Autonomia para envio
Manual da CPSA_1_Agir com Autonomia para envioManuais Formação
 
Slides Lição 5, Betel, Ordenança para uma vida de vigilância e oração, 2Tr24....
Slides Lição 5, Betel, Ordenança para uma vida de vigilância e oração, 2Tr24....Slides Lição 5, Betel, Ordenança para uma vida de vigilância e oração, 2Tr24....
Slides Lição 5, Betel, Ordenança para uma vida de vigilância e oração, 2Tr24....LuizHenriquedeAlmeid6
 
análise de redação completa - Dissertação
análise de redação completa - Dissertaçãoanálise de redação completa - Dissertação
análise de redação completa - DissertaçãoMaiteFerreira4
 
VARIEDADES LINGUÍSTICAS - 1. pptx
VARIEDADES        LINGUÍSTICAS - 1. pptxVARIEDADES        LINGUÍSTICAS - 1. pptx
VARIEDADES LINGUÍSTICAS - 1. pptxMarlene Cunhada
 
Rotas Transaarianas como o desrto prouz riqueza
Rotas Transaarianas como o desrto prouz riquezaRotas Transaarianas como o desrto prouz riqueza
Rotas Transaarianas como o desrto prouz riquezaronaldojacademico
 
Ficha de trabalho com palavras- simples e complexas.pdf
Ficha de trabalho com palavras- simples e complexas.pdfFicha de trabalho com palavras- simples e complexas.pdf
Ficha de trabalho com palavras- simples e complexas.pdfFtimaMoreira35
 
Bullying - Atividade com caça- palavras
Bullying   - Atividade com  caça- palavrasBullying   - Atividade com  caça- palavras
Bullying - Atividade com caça- palavrasMary Alvarenga
 
Slides Lição 5, CPAD, Os Inimigos do Cristão, 2Tr24, Pr Henrique.pptx
Slides Lição 5, CPAD, Os Inimigos do Cristão, 2Tr24, Pr Henrique.pptxSlides Lição 5, CPAD, Os Inimigos do Cristão, 2Tr24, Pr Henrique.pptx
Slides Lição 5, CPAD, Os Inimigos do Cristão, 2Tr24, Pr Henrique.pptxLuizHenriquedeAlmeid6
 
PRÉDIOS HISTÓRICOS DE ASSARÉ Prof. Francisco Leite.pdf
PRÉDIOS HISTÓRICOS DE ASSARÉ Prof. Francisco Leite.pdfPRÉDIOS HISTÓRICOS DE ASSARÉ Prof. Francisco Leite.pdf
PRÉDIOS HISTÓRICOS DE ASSARÉ Prof. Francisco Leite.pdfprofesfrancleite
 
Música Meu Abrigo - Texto e atividade
Música   Meu   Abrigo  -   Texto e atividadeMúsica   Meu   Abrigo  -   Texto e atividade
Música Meu Abrigo - Texto e atividadeMary Alvarenga
 
o ciclo do contato Jorge Ponciano Ribeiro.pdf
o ciclo do contato Jorge Ponciano Ribeiro.pdfo ciclo do contato Jorge Ponciano Ribeiro.pdf
o ciclo do contato Jorge Ponciano Ribeiro.pdfCamillaBrito19
 
JOGO FATO OU FAKE - ATIVIDADE LUDICA(1).pptx
JOGO FATO OU FAKE - ATIVIDADE LUDICA(1).pptxJOGO FATO OU FAKE - ATIVIDADE LUDICA(1).pptx
JOGO FATO OU FAKE - ATIVIDADE LUDICA(1).pptxTainTorres4
 
Rota das Ribeiras Camp, Projeto Nós Propomos!
Rota das Ribeiras Camp, Projeto Nós Propomos!Rota das Ribeiras Camp, Projeto Nós Propomos!
Rota das Ribeiras Camp, Projeto Nós Propomos!Ilda Bicacro
 
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...azulassessoria9
 
GÊNERO TEXTUAL - TIRINHAS - Charges - Cartum
GÊNERO TEXTUAL - TIRINHAS - Charges - CartumGÊNERO TEXTUAL - TIRINHAS - Charges - Cartum
GÊNERO TEXTUAL - TIRINHAS - Charges - CartumAugusto Costa
 
A poesia - Definições e Característicass
A poesia - Definições e CaracterísticassA poesia - Definições e Característicass
A poesia - Definições e CaracterísticassAugusto Costa
 

Último (20)

Construção (C)erta - Nós Propomos! Sertã
Construção (C)erta - Nós Propomos! SertãConstrução (C)erta - Nós Propomos! Sertã
Construção (C)erta - Nós Propomos! Sertã
 
CINEMATICA DE LOS MATERIALES Y PARTICULA
CINEMATICA DE LOS MATERIALES Y PARTICULACINEMATICA DE LOS MATERIALES Y PARTICULA
CINEMATICA DE LOS MATERIALES Y PARTICULA
 
Libras Jogo da memória em LIBRAS Memoria
Libras Jogo da memória em LIBRAS MemoriaLibras Jogo da memória em LIBRAS Memoria
Libras Jogo da memória em LIBRAS Memoria
 
Manual da CPSA_1_Agir com Autonomia para envio
Manual da CPSA_1_Agir com Autonomia para envioManual da CPSA_1_Agir com Autonomia para envio
Manual da CPSA_1_Agir com Autonomia para envio
 
Slides Lição 5, Betel, Ordenança para uma vida de vigilância e oração, 2Tr24....
Slides Lição 5, Betel, Ordenança para uma vida de vigilância e oração, 2Tr24....Slides Lição 5, Betel, Ordenança para uma vida de vigilância e oração, 2Tr24....
Slides Lição 5, Betel, Ordenança para uma vida de vigilância e oração, 2Tr24....
 
análise de redação completa - Dissertação
análise de redação completa - Dissertaçãoanálise de redação completa - Dissertação
análise de redação completa - Dissertação
 
Bullying, sai pra lá
Bullying,  sai pra láBullying,  sai pra lá
Bullying, sai pra lá
 
VARIEDADES LINGUÍSTICAS - 1. pptx
VARIEDADES        LINGUÍSTICAS - 1. pptxVARIEDADES        LINGUÍSTICAS - 1. pptx
VARIEDADES LINGUÍSTICAS - 1. pptx
 
Rotas Transaarianas como o desrto prouz riqueza
Rotas Transaarianas como o desrto prouz riquezaRotas Transaarianas como o desrto prouz riqueza
Rotas Transaarianas como o desrto prouz riqueza
 
Ficha de trabalho com palavras- simples e complexas.pdf
Ficha de trabalho com palavras- simples e complexas.pdfFicha de trabalho com palavras- simples e complexas.pdf
Ficha de trabalho com palavras- simples e complexas.pdf
 
Bullying - Atividade com caça- palavras
Bullying   - Atividade com  caça- palavrasBullying   - Atividade com  caça- palavras
Bullying - Atividade com caça- palavras
 
Slides Lição 5, CPAD, Os Inimigos do Cristão, 2Tr24, Pr Henrique.pptx
Slides Lição 5, CPAD, Os Inimigos do Cristão, 2Tr24, Pr Henrique.pptxSlides Lição 5, CPAD, Os Inimigos do Cristão, 2Tr24, Pr Henrique.pptx
Slides Lição 5, CPAD, Os Inimigos do Cristão, 2Tr24, Pr Henrique.pptx
 
PRÉDIOS HISTÓRICOS DE ASSARÉ Prof. Francisco Leite.pdf
PRÉDIOS HISTÓRICOS DE ASSARÉ Prof. Francisco Leite.pdfPRÉDIOS HISTÓRICOS DE ASSARÉ Prof. Francisco Leite.pdf
PRÉDIOS HISTÓRICOS DE ASSARÉ Prof. Francisco Leite.pdf
 
Música Meu Abrigo - Texto e atividade
Música   Meu   Abrigo  -   Texto e atividadeMúsica   Meu   Abrigo  -   Texto e atividade
Música Meu Abrigo - Texto e atividade
 
o ciclo do contato Jorge Ponciano Ribeiro.pdf
o ciclo do contato Jorge Ponciano Ribeiro.pdfo ciclo do contato Jorge Ponciano Ribeiro.pdf
o ciclo do contato Jorge Ponciano Ribeiro.pdf
 
JOGO FATO OU FAKE - ATIVIDADE LUDICA(1).pptx
JOGO FATO OU FAKE - ATIVIDADE LUDICA(1).pptxJOGO FATO OU FAKE - ATIVIDADE LUDICA(1).pptx
JOGO FATO OU FAKE - ATIVIDADE LUDICA(1).pptx
 
Rota das Ribeiras Camp, Projeto Nós Propomos!
Rota das Ribeiras Camp, Projeto Nós Propomos!Rota das Ribeiras Camp, Projeto Nós Propomos!
Rota das Ribeiras Camp, Projeto Nós Propomos!
 
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
 
GÊNERO TEXTUAL - TIRINHAS - Charges - Cartum
GÊNERO TEXTUAL - TIRINHAS - Charges - CartumGÊNERO TEXTUAL - TIRINHAS - Charges - Cartum
GÊNERO TEXTUAL - TIRINHAS - Charges - Cartum
 
A poesia - Definições e Característicass
A poesia - Definições e CaracterísticassA poesia - Definições e Característicass
A poesia - Definições e Característicass
 

Camões, poesia, lírica camoniana. Lusíadas, Camões épico.pdf

  • 1. MARIA ALMIRA SOARES OSCLÁSSICOS Ler Hoje Luís de camões poesia lírica e épica
  • 2. ÍNDICE GERAL CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICO-LITERÁRIA .................................. 6 Época clássica – renascimento...................... 6 Biografia de luís de camões .......................... 8 Importância e valor literário da obra camoniana .................................................. 9 A POESIA LÍRICA DE CAMÕES 1. INTRODUÇÃO ............................................ 11 2. EDUCAÇÃO LITERÁRIA – POEMAS ESCOLHIDOS DAS RIMAS DE LUÍS DE CAMÕES................................... 15 A reflexão sobre a vida pessoal – o tema da mudança Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades...... 15 O tema do desconcerto do mundo Os bons vi sempre passar .............................. 19 A reflexão sobre a vida pessoal Erros meus, má fortuna, amor ardente ............. 21 O dia em que eu nasci, moura e pereça............. 24 A experiência amorosa – a reflexão sobre o amor Amor é um fogo que arde sem se ver................. 27 Transforma-se o amador na cousa amada.......... 30 Aquela triste e leda madrugada...................... 33 A representação da amada Ondados fios d’ouro reluzente........................ 36 A representação da amada – a representação da natureza Descalça vai para a fonte ............................. 39 Verdes são os campos ................................... 42
  • 3. A POESIA ÉPICA DE CAMÕES 1. INTRODUÇÃO ............................................ 45 2. EDUCAÇÃO LITERÁRIA – TEXTOS ESCOLHIDOS DE OS LUSÍADAS DE LUÍS DE CAMÕES................................... 47 A matéria épica – os feitos históricos – a viagem Canto I, 1-3 ............................................ 47 A epopeia – estrutura da obra....................... 52 O conteúdo de cada canto........................... 53 A sublimidade do canto Canto I, 4-5 ............................................ 57 As reflexões do poeta Canto I, 105-106...................................... 60 Canto V, 96-98......................................... 63 Os quatro planos: Viagem, Mitologia, História de Portugal, Reflexões do poeta...................................... 67 A constituição da matéria épica – a mitificação do herói Canto IX, 52-53 ....................................... 68 A constituição da matéria épica – a mitificação do herói e o imaginário épico Canto IX, 68-70 ....................................... 71 A constituição da matéria épica – a mitificação do herói Canto IX, 89-92 ....................................... 74 As reflexões do poeta Canto X, 146-148..................................... 77
  • 4. 15 2. EDUCAÇÃO LITERÁRIA – POEMAS ESCOLHIDOS DAS RIMAS DE LUÍS DE CAMÕES1 A reflexão sobre a vida pessoal – o tema da mudança Texto (A leitura deste soneto faz-nos compreender como o poeta relaciona as mudanças operadas no mundo que o cerca com a reflexão sobre as alterações em si próprio.) Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades, muda-se o ser, muda-se a confiança; todo o mundo é composto de mudança, tomando sempre novas qualidades. Continuamente vemos novidades, diferentes em tudo da esperança; do mal ficam as mágoas na lembrança, e do bem (se algum houve), as saudades. O tempo cobre o chão de verde manto, que já coberto foi de neve fria, e, em mim, converte em choro o doce canto. E, afora2 este mudar-se cada dia, outra mudança faz de mor3 espanto, que não se muda já como soía4 . Contexto Ao longo da sua vida, Camões assiste à decadên- cia moral e à desintegração de valores, no mundo à sua volta. Entre outras mudanças históricas 1 Poemas selecionados de Luís de Camões, Rimas, texto estabelecido e prefaciado por Álvaro J. da Costa Pimpão, Almedina, Coimbra, 2005. 2 afora = para além de 3 mor = maior 4 soía = era costume (do verbo arcaico soer = ser costume)
  • 5. 16 ocorridas, salientam-se o desenvolvimento da Reforma e da Contra-Reforma, as lutas religiosas, o estabelecimento da Inquisição em Portugal. Pessoal- mente, Camões sofre a prisão, o desterro na Índia, o regresso em condições de pobreza e a falta de reco- nhecimento da sua arte literária por parte da Pátria. Estes são aspetos contextuais que se refletem na sua expressão lírica. Relacionação com outros textos O âmbito da reflexão contida neste soneto é comum a outros textos desta época, que exprimem o mesmo sentir e pensar perante as alterações profun- das, institucionais ou pessoais. Por exemplo, numa ode de Camões, podemos ler: «Tudo, enfim, faz mudança, quanto o claro Sol vê, quanto alumia; [...] Só a minha inimiga e dura condição nunca mudou, [...]». Refira-se, também, pela larga divulgação que alcançou, um soneto do poeta Sá de Miranda: «O sol é grande, caem co’a calma as aves», que termina com o verso: «E tudo o mais renova, isto é sem cura!» Educação literária – as questões 1. A ideia fundamental deste poema assenta na repetição insistente de um verbo e de outras palavras de significado afim. Identifique todas as formas desse verbo e todas as referidas palavras. 1.1 Distinga e assinale duas situações: aquela em que o referido verbo é usado afirmativamente; aquela em que é conjugado na forma negativa. 1.2 Explique a razão da alteração: afirmação/ negação, relacionando-a com os diferentes sujei- tos que esse verbo tem ao longo do soneto. 2. Indique a ideia fundamental, ou seja, o tema deste soneto, e integre-a no contexto das correntes literárias vigentes. 3. A repetição da mesma palavra no início de frases sucessivas é um recurso expressivo. Assinale no poema a presença deste recurso, nomeie-o e aprecie o efeito assim produzido.
  • 6. 17 4. Observe a composição formal. Caracterize a forma soneto, não deixando de salientar a fun- ção específica do último terceto. Educação literária – as respostas 1. Formas repetidas do verbo mudar e palavras de significado afim: «Mudam-se», «mudam-se» (v.1); «Muda-se», «muda-se» (v.2); «mudar-se» (v.12); «não se muda» (v.14); «mu- dança» (v.3); «novidades» (v.5); «converte» (v.11); «mudança» (v.13). 1.1 Só no último verso o verbo mudar está conjugado na forma negativa: «que não se muda já como soía.» 1.2 Durante as três primeiras estrofes do soneto, as várias e repetidas formas do verbo mudar têm como sujeitos «os tempos», «as von- tades», «o ser», «a confiança», «todo o mundo». Trata-se de uma visão geral das mudanças do mundo e da vida, das consequências naturais do ciclo das estações do ano. Nesta primeira parte, as frases são afirmativas. Demonstram, assim, que a permanente capacidade de mudar permite a renovação. No âmbito pessoal («as mágoas»; o «choro» em que se converteu «o doce canto»), o sentido da mudança é pessimista. No entanto, tem-se mantido em aberto a possibilidade de renovação («todo o mundo é composto de mu- dança, / tomando sempre novas qualidades»). No momento final, porém, e perante a espantosa impossibilidade de alterar uma enigmática situa- ção, o verbo mudar passa a ser usado na forma negativa: «que não se muda já como soía». Em conclusão: num mundo em que tudo está sempre a mudar, só a angústia presente do eu se revela imutável e sem esperança. 2. A ideia fundamental deste soneto é o cha- mado «tema da mudança», ou seja, a tomada de consciência de que, no mundo, nada, nem o pró- prio Homem, permanece constante. Não se trata já da visão serena, fixada num ideal imutável,
  • 7. 18 própria do Renascimento. Este soneto reflete já uma certa crise do Renascimento, a inquietação permanente do ser humano, representada pelo Maneirismo.5 3. Neste soneto, o recurso expressivo mais saliente no tratamento do tema da mudança é a anáfora. Na verdade, frases sucessivas são inicia- das pela mesma palavra, o verbo-chave do tema, mudar: «mudam-se», «mudam-se», «muda-se», «muda-se», etc. A repetição deste verbo num ponto estratégico da frase, o seu início, não só reforça o sentido, mas também cria um ritmo insistente que contribui para esse reforço. 4. Esta composição é um soneto, forma poética clássica renascentista, constituída pela sequência de duas quadras e dois tercetos. O seu verso longo (decassílabo), é a chamada medida nova importada de Itália, país-berço do Renas- cimento. Como o seu nome diz, é constituído por dez sílabas métricas: mu[1] – dam[2] – s(e) os[3] – tem[4] – pos[5] – mu[6] – dam[7] – s(e) as[8] – von[9] – ta[10]-. Como é próprio da estrutura interna do soneto, o tema da mudança vai sendo desenvolvido ao longo das três primei- ras estrofes, mas só no último terceto ganha o valor e o significado mais importante, ou seja, o do desencanto e desesperança em relação ao futuro. O tema do desconcerto do mundo Texto (Muitas vezes, a expressão lírica de Camões reflete sobre o sentido da vida ou sobre as circunstâncias 5 Vd. pág. 13
  • 8. 19 reveladoras da natureza do ser humano. É o caso desta Esparsa sua ao desconcerto do mundo, cujo sentido é de uma atualidade indiscutível.) Esparsa ao desconcerto do mundo Os bons vi sempre passar no mundo graves tormentos; e, para mais m’espantar, os maus vi sempre nadar em mar de contentamentos. Cuidando alcançar assim o bem tão mal ordenado, fui mau, mas fui castigado: Assi que, só para mim anda o mundo concertado. Contexto Camões, como outros seus contemporâneos, sentiu as contradições, injustiças, incoerências do seu tempo. Tratava-se de um tempo de grandes mudanças: científicas, filosóficas, materiais, morais. Algumas, pouco justas, pouco coerentes. Em algu- mas das suas composições líricas, está refletida uma visão desencantada que testemunha a sua sensibi- lidade perante os desacertos da vida e da humani- dade. É uma visão maneirista, inquieta, que já não se limita ao comprazimento com o belo espetáculo do mundo. Relacionação com outros textos N’Os Lusíadas, por vezes, sobretudo nos finais dos cantos, Camões interrompe a narrativa para refletir sobre as contradições, injustiças e incoerên- cias do seu tempo. Por exemplo, no fim do canto i, reflete sobre a condição humana, utilizando, para se referir ao Homem, a expressão que ficou famosa: «bicho da terra tão pequeno».6 6 Vd. pág. 60
  • 9. Educação literária – as questões Escreva um texto expositivo fruto da sua lei- tura desta esparsa camoniana. Deve demonstrar: 1. Boa compreensão do sentido da palavra- -chave do poema: desconcerto. 2. Conhecimento dos recursos expressivos presentes na linguagem do poema e sensibilidade perante os seus efeitos. 3. Conhecimento das características estrutu- rais e temáticas da forma esparsa7 . Educação literária – as respostas Camões revela-se muito acutilante no trata- mento de um tema, que provavelmente preocu- paria os espíritos do seu tempo: o desconcerto do mundo. Este tema abarca uma visão reflexiva da falta de coerência, de justiça, de harmonia, mani- festada no caminho que o mundo estava a seguir. Esta observação da falta de um claro sentido de justiça na ordenação do mundo é acompanhada da sensação de que é impossível repor as coisas no devido lugar. Verifica-se uma inversão de valores, em que o mal sai premiado. Nesta situação, o eu lírico sente-se completamente injustiçado. O poema, escrito na medida velha, a redondi- lha, é uma esparsa, composição breve, formada por uma única estrofe de oito versos. Esta brevi- dade obriga à concisão no tratamento do tema. Os versos são de redondilha maior, sete sílabas métricas, dentro da tradição medieval. Sendo o tema muito sério, não deixam de estar presentes recursos expressivos que lhe dão vivacidade e cau- sam até um certo sorriso: a ironia e o jogo de pala- vras. Em torno da palavra-chave, desconcerto, estes recursos expressivos revestem o tema de algum sentido de humor que não lhe rouba gravi- dade. Há um jogo de conceitos que ironicamente inverte a lógica expectável da diferença entre o bem e o mal. Assim se torna evidente a cadeia de 7 Vd. pág. 11 20
  • 10. 21 injustiças que o eu quer denunciar: «os bons» / /«graves tormentos»; «os maus» /«mar de con- tentamentos». A denúncia é levada ao limite através da ironia da situação do próprio eu. Mesmo quando resolve seguir a lógica de inver- são de valores que vigora à sua volta, continua a ser vítima do sistema que aqui denuncia: «fui mau, mas fui castigado»; «Assi que, só para mim / / anda o mundo concertado». Em conclusão, através destes jogos de ironia amarga, o eu afirma a sua natureza de vítima do desconcerto do mundo. A reflexão sobre a vida pessoal Texto (Em tom de balanço reflexivo da vida vivida, sen- tida, sofrida, as palavras poéticas evoluem para a for- mulação de um voto redentor.) Erros meus, má fortuna, amor ardente em minha perdição se conjuraram; os erros e a fortuna sobejaram, que para mim bastava o amor somente. Tudo passei; mas tenho tão presente a grande dor das cousas que passaram, que as magoadas iras me ensinaram a não querer já nunca ser contente. Errei todo o discurso8 de meus anos; dei causa [a] que a Fortuna castigasse as minhas mal fundadas esperanças. De amor não vi senão breves enganos. Oh! quem tanto pudesse que fartasse este meu duro génio9 de vinganças! 8 discurso = decurso 9 génio = temperamento difícil de controlar; ou génio = des- tino (duro génio = destino cruel)
  • 11. Contexto O lirismo camoniano, sentimental e amoroso, como é comum na poesia renascentista, é muitas vezes também reflexivo. Esta reflexão debruça-se sobre as contradições do mundo em que o sujeito vive ou sobre as causas da sua tormentosa vida como é o caso deste soneto. Ultrapassando a contempla- ção da beleza e da harmonia renascentistas, esta reflexão sobre os paradoxos da existência integra-se já no Maneirismo. Relacionação com outros textos Este soneto de Camões, em que o sujeito lírico analisa o decurso da sua vida e confessa os seus erros, tornou-se fonte de inspiração para outros poetas, alguns bem posteriores. Por exemplo, Bocage, no século xviii, escreve o soneto «Já Bocage não sou...» em que ecoam vivamente o lamento e arrependi- mento camoniano. Educação literária – as questões 1. Distinga, sublinhe e explique o sentido das palavras que: – aludem a acontecimentos; – comentam esses acontecimentos e refletem sobre eles. 2. Há três motivos principais que são a base desta reflexão. 2.1 Indique-os. 3. Sublinhe exemplos de palavras que demons- tram uma visão da vida intensamente perturba- dora. 4. Demarque duas partes no texto: – a primeira, em que vários elementos vão sendo acumulados; – asegunda,emqueestarevisãodavidasetrans- forma num apelo à intervenção de um poder potencialmente modificador da situação. 22
  • 12. 23 Educação literária – as respostas 1. Acontecimentos: «Erros meus, má fortuna, amor ardente / em minha perdição se conjura- ram» (atitudes e decisões erradas; falta de sorte; amores intensos e destrutivos); «Tudo passei» (o eu-vítima de todo o sofrimento evocado); «De amor não vi senão breves enganos» (amores desencontrados, efémeros e enganosos). Comentário e reflexão: «tenho tão presente / / a grande dor das cousas que passaram» (a inten- sidade do sofrimento e a nitidez da memória); «as magoadas iras me ensinaram / a não querer já nunca ser contente» (a resistência à desilusão e ao sofrimento, através da negação do desejo); «Errei todo o discurso de meus anos» (o reconhe- cimento dos erros próprios); «dei causa [a] que a Fortuna castigasse / as minhas mal fundadas esperanças» (a confissão da culpa própria como causa de um destino infeliz). 2.1 Os excessos emocionais, a pouca sorte e o carácter impulsivo são os principais motivos que suscitam esta reflexão. 3. As palavras que transmitem vivências nega- tivas e uma visão da vida turbulenta e tormentosa são, por exemplo: «ardente»; «perdição»; «grande dor»; «magoadas iras»; «vinganças». 4. Até ao primeiro verso do último terceto («enganos»), desenvolve-se a acumulação de ele- mentos tomados como base da reflexão sobre a vida. Ao fechar (dois últimos versos), a expres- são ganha ainda mais força e eleva-se num apelo que é ao mesmo tempo um grito de desespero: «Oh! quem tanto pudesse...». Assim se exprime o desejo de acabar de vez com os tormentos vivi- dos.