4. HISTÓRIA E ARQUIVO
Lat. archivum, - 'palácio, tribunal, arquivo, lugar
onde se guardam papéis e documentos antigos,
cartório‘.
Greg. arkheîon 'residência dos principais
magistrados, onde se guardavam os arquivos de
Atenas‘.
5. Conjunto de documentos manuscritos, gráficos, fotográficos etc.
produzidos, recebidos e acumulados no decurso das atividades de uma
entidade pública ou privada, us. inicialmente como instrumentos de
trabalho e posteriormente conservados como prova e evidência do
passado, para fins de direito dessa entidade ou de terceiros, ou ainda
para fins culturais e informativos.
Conjunto de documentos relativos à história de um país, região, cidade,
instituição, família, pessoa etc.
Instituição ou serviço que tem por finalidade a custódia, o
processamento técnico, a conservação e o acesso a documentos.
Recinto onde se guardam esses documentos.
Móvel de escritório que facilita a guarda sistemática de documentos ou
papéis.
Informática :conjunto de dados digitalizados que pode ser gravado em
um dispositivo de armazenamento e tratado como ente único [Arquivos
podem conter representações de documentos, figuras estáticas ou em
movimentos, sons e quaisquer outros elementos capazes de serem
digitalizados.]
(Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa; Dicionário Brasileiro de
Terminologia Arquivística, 2005.)
8. ANTIGUIDADE ORIENTAL
Biblioteca de Assurbanipal : 22 mil tabuletas de argila
escapadas ao incêndio de Nínive
Proclamações reais
Despachos diplomáticos
Leis
Decisões judiciárias
Contratos
Narrativas legendárias
Coletâneas de provérbios
9. Ugarit ( Síria)
Narrativa do Dilúvio
Três depósitos de arquivos administrativos,
diplomáticos e financeiros
Mari
20 mil tabuletas de arquivos diplomáticos
Antiguidade Oriental: essencialmente arquivos
privados = convenções comerciais e jurídicas entre
particulares, constituem a maior parte das 750 mil
tabuletas reunidas nas coleções contemporâneas
10. ANTIGUIDADE OCIDENTAL
Grécia e Roma – Arquivos Imperiais, destruídos
pelas invasões “bárbaras”.
Métodos e regras de registro e conservação
transferidas aos mosteiros e estados medievais.
Pesquisa histórica: arqueologia e literatura
11. Pouca valorização dos arquivos pelos historiadores
Heródoto: Histórias -narra Guerras Pérsicas – salvar
do esquecimento ações de gregos e
bárbaros(estrangeiros: persas).
Tucídides: História da Guerra do Peloponeso – narra
guerras entre os gregos : História é Política
Epistemologia: Ver – Ouvir
Operação contra o tempo destruidor
História do Presente
12. Outro tipo de pesquisador : Antiquário
Antiguidade: crítico, erudito, filólogo, gramático,
literato : archaiologo
Pesquisa de arquivos: monografias regionais
15. EUROPA OCIDENTAL
RENASCIMENTO E REFORMAS RELIGIOSAS
RENASCIMENTO
Bibliotecas de Príncipes ( Sforza em Milão, Médici em
Florença, Este em Módena e Ferrara)
Coleções de Arte, textos literários
ABSOLUTISMO
Reino de Nápoles, Inglaterra e França ( século XIV)
Felipe II : Século XVI –administração do império
espanhol ( que abarcava Europa, África, Ásia e América)
Característica central – Arquivos Secretos
16. Arquivos “privados” já que visavam preservar
documentação que subsidiasse pretensões
dinásticas e religiosas, “direitos” territoriais.
Direitos “privados” das elites. Não há possibilidade
de acesso público.
Documento: prova de veracidade
Privilégio - lat. privilegìum,ìi 'lei excepcional
concernente a um particular ou a poucas pessoas;
privilégio, favor, graça'; ver privilegi-; f.hist. sXIII
privilegio, sXIV priuylegyos, sXV preuilegi )
17. REFORMA
Questionamento dos dogmas católicos e pretensões da
Igreja
Estimulo à crítica erudita – Contra Reforma : Jesuítas –
Critica documental ou filológica
Estimulo à pesquisa de arquivo pelos historiadores
Valorização social dos arquivos / Notas de rodapé
surgimento da crítica histórica ( erudito-
filológica)
pesquisa antiquaria: vestígios das civilizações
antigas.
18. SÉCULOS XVIII E XIX
Transição do Antigo Regime para a República
mais longo que supõe a historiografia
Revoluções Americanas e Francesa – início e
não conclusão dos processos
Início de transformação epistemológica nas
Ciências Morais e Políticas ( Ciências Humanas) :
História, Sociologia, Antropologia, Arquivologia,
Patrimônio, Ciência Política, Geografia
19. Político: Revoluções e Nações
Novo estatuto jurídico aos homens. Igualdade
civil. Emerge a concepção de gestão das coisas de
todos por todos: Res publica.
Fim dos “direitos privados na administração do
Estado” a publicização dos arquivos significou a
saída dos atos do Estado do campo do segredo, da
obscuridade para a nova “esfera da liberdade
pública”.
20. Bens Nacionais: Antigas Bibliotecas Reais, Arquivos,
Documentos e Palácios transformados em Museus
(Confisco das propriedades aristocráticas e eclesiásticas).
Bibliotecas, Arquivos e Museus Nacionais.
1793 – Durante a Revolução o Louvre é aberto à visitação pública como Museu.
Função política e pedagógica: apropriação pela nação dos bens da Monarquia.
21. História científica – nacionalismos, identidades
nacionais
Arquivo Público: administração pública e história
Atividades do antiquário introduzidas no trabalho
do historiador: École de Chartes
Documento: prova de verdade administrativa, e
prova de direitos do cidadão
22. REVOLUÇÃO DOCUMENTAL
Emergência das sociedades republicanas e democráticas
– interesse sobre vários aspectos da vida das
populações: econômicos e sociais. Produção de
documentos: inventários, relatórios, entrevistas, etc.
Desenvolvimento tecnológico – ampliação da
necessidade e da capacidade de gerar ilimitadamente
documentação. Novos tipos, como por exemplo, som e
imagem em vários suportes: papel, magnético e digital.
Problemas para os Arquivos: conservação, organização,
classificação e difusão das informações
23. NATUREZA E OBJETIVOS
DOS ARQUIVOS MODERNOS
Padrões internacionais de:
Acolhida da documentação;
Conservação (métodos e técnicas);
Classificação;
Descrição documental;
Disponibilização e reprodução;
Preservação;
Arte da destruição controlada.
Cultura Organizacional de Gestão Arquivística
24. ARQUIVO PÚBLICO
Administração privada e pública;
Difusão da informação;
Direitos individuais e sociais;
Arquivo : Relação Social /Inter(ação)
Centro de Cultura
25. CENTROS DE DOCUMENTAÇÃO
Instituição ou serviço responsável pela centralização de documentos e
disseminação de informações” (Dicionário Brasileiro de Terminologia
Arquivística)
Reúne documentos (compra, permuta, doação ou recolhimento
obrigatório) com características das outras entidades;
Órgão colecionador e/ou referenciador;
Finalidades: informação cultural, científica, funcional, jurídica ou social
especializada;
Objetivos: informar, instruir e provar;
Forma de organização: segundo a natureza do documento;
Descrição: de acordo com as especificidades do acervo:
biblioteconômica ou arquivística.
26. CDPH – CENTRO DE DOCUMENTAÇÃO
E PESQUISA HISTÓRICA - UEL
27. Definição Institucional: Departamento de História
Tema: História das Américas
Organização do acervo
Política de descrição documental
Conservação e Reprodução: microfilmagem e
digitalização
Disponibilização e consulta: analógica e
informatizada
Especialização do corpo técnico
Centro de cultura
28. BIBLIOTECA
Edifício onde se instala coleção de livros e documentos congêneres,
organizada para estudo, leitura e consulta. ( Dic. Aurélio)
Documentos originados das atividades culturais e pesquisa científica,
reunidos artificialmente;
Documentos múltiplos;
Órgão colecionador (compra, permuta ou doação);
Finalidades: educativas, científicas e culturais;
Objetivo: informar para instruir;
Forma de organização: Sistemas pré-determinados e universais
(CDU/CDD);
Descrição: documento isolado.
29. MUSEU
Estabelecimento permanente criado para conservar, estudar, valorizar pelos
mais diversos modos, e sobretudo expor para deleite e educação do
público, coleções de interesse artístico, histórico e técnico ( Dic. Aurélio)
Objetos bi/tridimensionais (origem: atividade humana ou da natureza);
exemplar único, reunidos artificialmente, sob a forma de coleção
(conteúdo ou função);
Finalidades: educativa, cultural e científica;
Objetivos: informar visualmente para instruir e entreter;
Forma de organização: segundo a natureza do material e finalidade
específica do Museu;
Descrição: Peça a peça.
30. ARQUIVOS, MUSEUS, BIBLIOTECAS, CENTROS DE
DOCUMENTAÇÃO CONTEMPORÂNEOS
ARQUIVOS, MUSEUS, BIBLIOTECAS, CENTROS DE
DOCUMENTAÇÃO
ESPAÇOS DE DISSONÂNCIAS
IDENTIDADES MÚLTIPLAS
REPÚBLICA MULTICULTURAL
31. HISTÓRIA E DOCUMENTO
História: discursos políticos e filosóficos.
Pesquisa Antiquária: vestígios materiais =
documentos, cultura material = Arqueólogo,
Arquivista, Antiquário, Livreiro, Cientista,
Astrônomo, Cartógrafo, Filólogo.
32. Historia = investigação
Heródoto: historiador cosmopolita; narrativas
culturais
Tucídides: política, factual e cronológica
Antiquários: Organizavam Catálogos, Coleções,
Monumentas Documentais, Descrições, etc.
Duas tradições separadas e até mesmo opostas:
pesquisa contemporânea – objeto/pesquisa
( rodapé – prova/história da pesquisa)
33. Concepção de História: França é o ápice da evolução da
civilização. Ao contrário do Renascimento, a Antiguidade
deixa de ser um modelo e passa ser uma “Introdução” à
história européia e francesa.
Surgimento da concepção linear de História na França e
na Prússia com a emergência da Escola Metódica:
Antiguidade – I. Média – I. Moderna – I. Contemporânea
Epistemologia: Idéia de progresso/ tempo linear :
passado é introdução ao presente– Herança cultural
34. Documentos das elites: direitos privados para
suportes das narrativas sobre o “nascimento da
nação”.
École de Chartes ( antiquário).
Incorpora ao trabalho do historiador a ars
antiquaria.
Ideal cientificista: método científico para a História.
Crítica erudita, imparcialidade na análise e a
isenção do julgamento.
Critérios para “seleção” dos documentos que
confeririam realidade e identidade à Nação.
35. Selecionar porque o documento é visto e concebido
como representação, como versão.
Recorte documento das “elites” , mas submetidos a
uma análise marcada pelo problema principal
destes historiadores que é conferir uma
longevidade e continuidade ( elementos da
identidade) a algo novo: Nação.
36. Marcos constitutivos: Heróis ( que servem de
modelo pedagógico de cidadania aos tempos
presentes); Batalhas que configuram os territórios
nacionais; Reis que espelham e encarnam ( outro
modelo) a nação e mais do que isto, atestam sua
antiguidade.
Historicização do mundo: novas disciplinas são
antes de tudo históricas:
Ex: Arquivística, Museologia, Biblioteconomia;
Geografia, Política, Patrimônio Nacional = Auxiliares
da História na constituição de espaços e narrativas
nacionais ( Atlas Histórico, Caráter do Povo)
37. Numismática, filologia, heráldica, etc: Auxiliares da
História na constituição do discurso do nacional;
Filosofia do Iluminismo: o progresso, o nascimento
da nação.
Liberal-aristocrático, principalmente após 1848,
quando o pânico das revoluções socialistas
provocam uma remobilização do Ancién Régime.
Decididamente Imperial, Nacional e Aristocrático
após 1870 quando o surgimento da Alemanha
redesenha a engenharia política traçada desde
1815, isto é, do Congresso de Viena.
38. Crise Geral e Guerra: 1914-1945;
Ruptura epistemológica. Fim do modelo
nacionalista: identidades plurais, grupos sociais;
Revolução documental;
História, Arquivo, Museu, Biblioteca = estilhaçados
na sua perspectiva nacional, hoje redimensionados
Documento(s), monumento(s): desconstruções e
reconstruções;
Sucessivos deslocamentos da Memória e da História
Múltiplos grupos, múltiplas narrativas, múltiplos
suportes= República Multicultural.
39. BIBLIOGRAFIA
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_______________. O conceito de História – Antigo e Moderno. In Entre o passado e o
futuro. São Paulo: Perspectiva, 2001, p. 69-126.
AYALA, Felipe Guaman Poma de. Nueva crónica y buen gobierno. Madrid: Siglo XXI, 1987.
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(org.). Fontes históricas. São Paulo: Contexto, 2005.
FURET, François. A oficina da história. Lisboa: Gradiva, s/d
GLÉNISSON, Jean. Iniciação aos estudos históricos. São Paulo: DIFEL, 1979.
HARTOG, François. O século XIX e a História: o caso Fustel de Coulanges. Rio de Janeiro:
Editora UFRJ, 2003.
HOLANDA, Sérgio B. O atual e o inatual em Leopold von Ranke. In HOLANDA, Sérgio B.
Leopold von Ranke. São Paulo: Ática,1979, p.7-61.
LEFORT, Claude. A invenção democrática: os limites da dominação totalitária. São Paulo:
Brasiliense, 1983.
MOMIGLIANO, Arnaldo. As raízes clássicas da historiografia moderna. Bauru: EDUSC,
2004.
SILVA, Glaydson J. (Org.) A escola metódica.Campinas: UNICAMP, 1990.