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Gênero textual: entrevista

       Trata-se de um gênero textual facilmente encontrado em quase todos os
veículos de comunicação de massa, tal como jornais, revistas, televisão, etc.
Este texto é construído tendo como base o conhecimento dos entrevistados
acerca da temática escolhida. Assim sendo, para que possamos acessar tais
conhecimentos fazemos perguntas aos entrevistados. Por esta razão, podemos
afirmar que se trata de um texto quase que estritamente oral, muito embora
possamos fazer a transcrição das entrevistas, isto é, passar da fala para a
escrita.
       No tocante à elaboração da entrevista, é importante que seja levado em
consideração o público ao qual se destina a matéria a ser publicada, pois a
linguagem é elaborada para atender as especificidades do tema, e do formato
da entrevista, isto é, uma entrevista de caráter jornalístico, por exemplo, requer
dos participantes um uso mais apurado da linguagem. Portanto, podemos
afirmar que o interesse e as expectativas do público são de grande importância
no processo de construção de uma entrevista.
                 A elaboração prévia a respeito do assunto que será discutido
                 é de suma importância, pois o entrevistador precisa dominar o
                 assunto em pauta, de modo a evitar algumas falhas
                 indesejáveis. Como também o mesmo deverá se manter
                 totalmente imparcial, na qual a objetividade deverá prevalecer
                 sempre, sobretudo porque nesse momento é preciso que se
                 promova uma total credibilidade. (DUARTE, 2010, p.1).


Geralmente, a entrevista costuma compor-se de:
      Manchete ou título – Tem por finalidade despertar o interesse no
       público expectador e costuma vir acompanhada de uma frase de efeito,
       proferida de modo marcante por parte do entrevistador.
      Apresentação - Nesse momento apresenta-se o entrevistado,
       divulgando seus conhecimentos, ou seja, sua autoridade em relação ao
       assunto em questão, como, por exemplo, experiência profissional e
       conhecimentos.
      Perguntas e respostas – Trata-se do discurso propriamente dito, em
       que perguntas e respostas são elaboradas de acordo com o tema
       abordado, devendo existir um controle por parte do entrevistador para
       demarcar o momento da atuação dos participantes.
Portanto, podemos concluir que a entrevista é utilizada para dar veracidade a
uma reportagem ou para saciar a curiosidade dos leitores sobre aspectos da
vida profissional ou pessoal do entrevistado. Quer ver um exemplo? Então leia
com atenção a entrevista abaixo.

Manchete: Brasileiros sabem falar Português!

Apresentação: A entrevistada é a professora Mestre em Educação Laine de
Andrade e Silva, autora do livro Redação: qualidade na comunicação escrita.
Ela é professora universitária de Língua Portuguesa há 25 anos. Atualmente
ministra aulas no UNIVAG, CFO e SEDAC.

Entrevistador: Professora Laine de Andrade e Silva, qual é sua profissão?

Entrevistada: Sou professora de Língua Portuguesa. Atualmente ministro
aulas no UNIVAG de Produção de Leitura e Texto (PLT), dentre outras
disciplinas. Também sou professora no CFO e no SEDAC da mesma disciplina.

Entrevistador: A senhora concorda com o que as pessoas falam a respeito da
Língua Portuguesa, isto é, que se trata de um idioma difícil de aprender e de se
falar?

Entrevistada: Você acha difícil falar Português?

Entrevistador: Sim, é muito difícil.

Entrevistada: Em que idioma está conversando? Sânscrito? Aramaico?

Entrevistador: A senhora está brincando? É claro que é em Português.

Entrevistada: Viu? Não é difícil a comunicação em nosso idioma. O que as
pessoas acham difícil é a gramática normativa. Mas nossa Língua é muito mais
do que apenas as regras da sua gramática. Assim sendo, afirmo que todo
brasileiro sabe falar Português. É claro que não podemos nos esquecer de que
há as variantes linguísticas, isto é, diferentes formas de se falar a mesma
coisa.

Entrevistador: É bastante interessante esse seu posicionamento. A que a
senhora atribui essa máxima de que brasileiros não sabem Português?

Entrevistada: Ao reducionismo que fazemos em relação à nossa Língua e pelo
fato de se considerar a gramática (conjunto de regras) como um princípio e fim
em si mesmos. Não pretendo afirmar que a gramática não tem importância,
mas também não podemos nos ater apenas a ela. Outro fator interessante é o
contexto e a relação existente entre os falantes. Estão-se num ambiente
informal, não há necessidade de aplicarmos as regras com rigor.

Entrevistador: Obrigado pela entrevista! Fica marcada a nossa próxima sobre
variantes linguísticas.


CRÔNICAS
        Em geral, na crônica a narração capta um momento, um flagrante do dia a dia; o
desfecho, embora possa ser conclusivo, nem sempre representa a resolução do conflito, e a
imaginação do leitor é estimulada a tirar suas próprias conclusões. Os fatos cotidianos e as
personagens descritas podem ser fictícias ou reais, embora nunca se espere da crônica a
objetividade de uma notícia de jornal, de uma reportagem ou de um ensaio, nela aparece,
geralmente, uma linguagem subjetiva e literária.
O Cronista escolhe a dedo as palavras. Sua linguagem é simples, espontânea, quase
uma conversa ao pé do ouvido com o leitor. Tempera os fatos diários com humor, ironia ou
emoção, revelando peculiaridades que as pessoas, em sua correria, deixam de perceber.
        Na Crônica, o autor expressa sua opinião a partir de uma observação detalhada das
coisas, das pessoas e da vida. Diante de um fato o cronista faz inferências não apenas com a
razão, mas também com a sensibilidade.
        Para ler um texto, não basta identificar letras, sílabas e palavras; é preciso buscar o
sentido, compreender, interpretar, relacionar e reter o que for mais relevante. Quando lemos
algo, temos sempre um objetivo: buscar informação, ampliar conhecimento, meditar,
entreter-nos.
        O objetivo da leitura é que vai mobilizar as estratégias que o leitor utilizará. Sendo
assim, ler um artigo de jornal é diferente de ler um romance, uma história em quadrinhos ou
um poema. Ler textos traz desafios para os alunos. Para melhor compreender um texto, é
preciso saber em que situação de comunicação ele foi produzido: “Quem é o autor”? Para
quem ele escreveu? Em que veículo ele publicou a crônica (jornal, revista, internet, livros)?



                                            A pipoca
                                                                                      Rubem Alves
       As comidas, para mim, são entidades oníricas. Provocam a minha capacidade de sonhar.
Nunca imaginei, entretanto, que chegaria um dia em que a pipoca iria me fazer sonhar. Pois foi
precisamente isso que aconteceu.
         A pipoca, milho mirrado, grãos redondos e duros, me pareceu uma simples
molecagem, brincadeira deliciosa, sem dimensões metafísicas ou psicanalíticas. Entretanto,
dias atrás, conversando com uma paciente, ela mencionou a pipoca. E algo inesperado na
minha mente aconteceu. Minhas ideias começaram a estourar como pipoca. Percebi, então, a
relação metafórica entre a pipoca e o ato de pensar. Um bom pensamento nasce como uma
pipoca que estoura, de forma inesperada e imprevisível.
         A pipoca se revelou a mim, então, como um extraordinário objeto poético. Poético
porque, ao pensar nelas, as pipocas, meu pensamento se pôs a dar estouros e pulos como
àqueles das pipocas dentro de uma panela. Lembrei-me do sentido religioso da pipoca. A
pipoca tem sentido religioso? Pois tem.
         Para os cristãos, religiosos são o pão e o vinho, que simbolizam o corpo e o sangue de
Cristo, a mistura de vida e alegria (porque vida só vida, sem alegria, não é vida...). Pão e vinho
devem ser bebidos juntos. Vida e alegria devem existir juntas. Lembrei-me, então, de lição que
aprendi com a Mãe Stella, sábia poderosa do Candomblé baiano: que a pipoca é a comida
sagrada do Candomblé.
         A pipoca é um milho mirrado, subdesenvolvido. Fosse eu agricultor ignorante, e se no
meio dos meus milhos graúdos aparecessem àquelas espigas nanicas, eu ficaria bravo e
trataria de me livrar delas. Pois o fato é que, sob o ponto de vista de tamanho, os milhos da
pipoca não podem competir com os milhos normais. Não sei como isso aconteceu, mas o fato
é que houve alguém que teve a ideia de debulhar as espigas e colocá-las numa panela sobre o
fogo, esperando que assim os grãos amolecessem e pudessem ser comidos. Havendo
fracassado a experiência com água, tentou a gordura. O que aconteceu, ninguém jamais
poderia ter imaginado. Repentinamente os grãos começaram a estourar, saltavam da panela
com uma enorme barulheira. Mas o extraordinário era o que acontecia com eles: os grãos
duros Quebra-Dentes se transformavam em flores brancas e macias que até as crianças
podiam comer. O estouro das pipocas se transformou, então, de uma simples operação
culinária, em uma festa, brincadeira, molecagem, para os risos de todos, especialmente as
crianças. É muito divertido ver o estouro das pipocas!
E o que é que isso tem a ver com o Candomblé? É que a transformação do milho duro
em pipoca macia é símbolo da grande transformação porque devem passar os homens para
que eles venham a ser o que devem ser. O milho da pipoca não é o que deve ser. Ele deve ser
aquilo que acontece depois do estouro. O milho da pipoca somos nós: duros, Quebra-Dentes,
impróprios para comer, pelo poder do fogo podemos repentinamente, nos transformar em
outra coisa — voltar a serem crianças! Mas a transformação só acontece pelo poder do fogo.
         Milho de pipoca que não passa pelo fogo continua a ser milho de pipoca, para sempre.
Assim acontece com a gente. As grandes transformações acontecem quando passamos pelo
fogo. Quem não passa pelo fogo fica do mesmo jeito, a vida inteira. São pessoas de uma
mesmice e dureza assombrosa. Só que elas não percebem. Acham que o seu jeito de ser é o
melhor jeito de ser.
         Mas, de repente, vem o fogo. O fogo é quando a vida nos lança numa situação que
nunca imaginamos. Dor. Pode ser fogo de fora: perder um amor, perder um filho, ficar doente,
perder um emprego, ficar pobre. Pode ser fogo de dentro. Pânico, medo, ansiedade,
depressão — sofrimentos cujas causas ignoramos. Há sempre o recurso aos remédios. Apagar
o fogo. Sem fogo o sofrimento diminui. E com isso a possibilidade da grande transformação.
         Imagino que a pobre pipoca, fechada dentro da panela, lá dentro ficando cada vez
mais quente, pense que sua hora chegou: vai morrer. De dentro de sua casca dura, fechada em
si mesma, ela não pode imaginar destino diferente. Não pode imaginar a transformação que
está sendo preparada. A pipoca não imagina aquilo de que ela é capaz. Aí, sem aviso prévio,
pelo poder do fogo, a grande transformação acontece: PUF! — e ela aparece como outra coisa,
completamente diferente, que ela mesma nunca havia sonhado. É a lagarta rastejante e feia
que surge do casulo como borboleta voante. Na simbologia cristã o milagre do milho de
pipoca está representado pela morte e ressurreição de Cristo: a ressurreição é o estouro do
milho de pipoca. É preciso deixar de ser de um jeito para ser de outro. "Morre e transforma-
te!" — dizia Goethe.
         Em Minas, todo mundo sabe o que é piruá. Falando sobre os piruás com os paulistas,
descobri que eles ignoram o que seja. Alguns, inclusive, acharam que era gozação minha, que
piruá é palavra inexistente. Cheguei a ser forçado a me valer do Aurélio para confirmar o meu
conhecimento da língua. Piruá é o milho de pipoca que se recusa a estourar.
         Meu amigo William, extraordinário professor pesquisador da Unicamp, especializou-se
em milhos, e desvendou cientificamente o assombro do estouro da pipoca. Com certeza ele
tem uma explicação científica para os piruás. Mas, no mundo da poesia, as explicações
científicas não valem. Por exemplo: em Minas "piruá" é o nome que se dá às mulheres que não
conseguiram casar. Minha prima, passada dos quarenta, lamentava: "Fiquei piruá!" Mas acho
que o poder metafórico dos piruás é maior. Piruás são aquelas pessoas que, por mais que o
fogo esquente, se recusam a mudar. Elas acham que não pode existir coisa mais maravilhosa
do que o jeito delas serem. Ignoram o dito de Jesus: "Quem preservar a sua vida perdê-la-á". A
sua presunção e o seu medo são a dura casca do milho que não estoura. O destino delas é
triste. Vai ficar duras a vida inteira. Não vão se transformar na flor branca macia. Não vão dar
alegria para ninguém. Terminado o estouro alegre da pipoca, no fundo a panela ficam os
piruás que não servem para nada. Seu destino é o lixo.
         Quanto às pipocas que estouraram, são adultos que voltaram a serem crianças e que
sabem que a vida é uma grande brincadeira...
          "Nunca imaginei que chegaria um dia em que a pipoca iria me fazer sonhar. Pois foi
precisamente isso que aconteceu".

O texto acima foi extraído do jornal "Correio Popular", de Campinas (SP), onde o escritor
mantém coluna bissemanal.
1) Depois da leitura da crônica de Rubens Braga, faça uma reflexão sobre as mudanças que
ocorrem nas vidas das pessoas, na sua vida, o que você era há algum tempo, e como você é
hoje, o que mudou? Lembre-se de usar os conectores adequados para dar coesão e coerência
ao seu texto.

        Fique atento aos efeitos da publicidade em sua vida cotidiana. Reflita bem sobre o que
você realmente necessita para ser feliz e tudo aquilo que geralmente você compra para
satisfazer os desejos fabricados pela propaganda. Vivemos em um momento singular em nossa
sociedade de consumo. Já consumimos muito mais do que podíamos graças a força da
publicidade e ao modelo de nossa sociedade.

Soneto da Fidelidade - Vinícius de Moraes

De tudo, ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.

Quero vivê-lo em todos os vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento

E assim quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama.

Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que seja chama
Mas que seja infinito enquanto dure.

          A função de metalinguagem estrutura, comumente, textos que procuram expressar
sua natureza própria, para entendermos melhor, pensaremos em uma linguagem que se utiliza
de seus próprios recursos linguísticos e comunicacionais para emitir uma mensagem sobre si
mesma, ou sobre a natureza de sua organização linguística. Assim um texto de natureza
filosófica explicará assuntos que tangem a Filosofia, textos escritos em língua portuguesa
tentarão explanar assuntos relativos à gramática...
          Bem, será comum a sua realidade acadêmica a presença de tal função da linguagem,
isso, pois, você irá se deparar com textos de natureza metalinguística corriqueiramente. Em
nossa aula, por exemplo. Estamos, por meio da linguagem, propondo a reflexão acerca dessa
mesma linguagem.
          Veja o exemplo:
                                            Sabe o Português?


        [...] Temos muitos modos. Mas não só modos de boa educação, daqueles que a sua
mãe aconselha a mostrar às visitas; e sim modos verbais. Dispomos de três, cada qual
subdividido em tempos: indicativo, subjuntivo e imperativo – o menos usado e mais legal. Ou
você não acharia o máximo dizer “faze tu!” quando seu irmão pede alguma coisa?
        Mas vamos nos ater ao indicativo, que exprime algo certo. Nele, conjugamos em seis
tempos: presente (ok), pretérito imperfeito (que não se trata necessariamente de um passado
maculado), pretérito perfeito (tampouco se refere a uma biografia certinha), pretérito mais-
que-perfeito (mania de grandeza!), futuro do presente (eu pensava “mas, afinal, isso é futuro
ou presente?” e, pasme futuro do pretérito (que embananou de vez minha cabeça ginasial)).
        Portanto, irmão em língua, conjuguemos. Eu conjugo, tu conjugas, ele conjuga. Nós
conjugamos, vós conjugais, eles conjugam. Fácil, pois se trata de um verbo regular de primeira
conjugação. É só trocar por qualquer outra ação terminada em – ar e copiar os finais: eu copio,
tu copias, ele copia, nós copiamos, vós copiais, eles copiam.
        A não ser que o verbo esteja irregular. Alguns nem chegam a mudar tanto, mas outros
só podem estar de sacanagem. Como o verbo ir. Tão pequeno e tão feroz, o danado é uma
anomalia. Literalmente: ir é um verbo anômalo, ou seja, tem mais de um radical quando
conjugado. Vejamos, em rápido passeio pelos tempos: eu vou, eu ia, eu fui eu fora, eu irei, eu
iria. Que vá você. Se eu fosse. Quando eu for. Não vás. Ou vá, você é quem sabe! Já podia ter
ido. Eu “tô” indo. E pensar que chegamos à escola já intuindo boa parte disso. Por isso é que
eu digo: Português é para os fortes.
         PASSOS, Clarissa. Garotas que dizem ni! Disponível em: http://www.garotas que dizem
                                           ni.com/archives/001504. Acesso em 15 de fev. 2012.


Para dialogar com o texto.

O processo de compreensão de textos atrelando a cada texto disposto em nosso meio social
uma determinada função, pois, cada texto apresentará, quase sempre, variadas funções que se
relacionam para melhor cumprir as intencionalidades comunicativas.

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Aula v gãªnero textual

  • 1. Gênero textual: entrevista Trata-se de um gênero textual facilmente encontrado em quase todos os veículos de comunicação de massa, tal como jornais, revistas, televisão, etc. Este texto é construído tendo como base o conhecimento dos entrevistados acerca da temática escolhida. Assim sendo, para que possamos acessar tais conhecimentos fazemos perguntas aos entrevistados. Por esta razão, podemos afirmar que se trata de um texto quase que estritamente oral, muito embora possamos fazer a transcrição das entrevistas, isto é, passar da fala para a escrita. No tocante à elaboração da entrevista, é importante que seja levado em consideração o público ao qual se destina a matéria a ser publicada, pois a linguagem é elaborada para atender as especificidades do tema, e do formato da entrevista, isto é, uma entrevista de caráter jornalístico, por exemplo, requer dos participantes um uso mais apurado da linguagem. Portanto, podemos afirmar que o interesse e as expectativas do público são de grande importância no processo de construção de uma entrevista. A elaboração prévia a respeito do assunto que será discutido é de suma importância, pois o entrevistador precisa dominar o assunto em pauta, de modo a evitar algumas falhas indesejáveis. Como também o mesmo deverá se manter totalmente imparcial, na qual a objetividade deverá prevalecer sempre, sobretudo porque nesse momento é preciso que se promova uma total credibilidade. (DUARTE, 2010, p.1). Geralmente, a entrevista costuma compor-se de:  Manchete ou título – Tem por finalidade despertar o interesse no público expectador e costuma vir acompanhada de uma frase de efeito, proferida de modo marcante por parte do entrevistador.  Apresentação - Nesse momento apresenta-se o entrevistado, divulgando seus conhecimentos, ou seja, sua autoridade em relação ao assunto em questão, como, por exemplo, experiência profissional e conhecimentos.  Perguntas e respostas – Trata-se do discurso propriamente dito, em que perguntas e respostas são elaboradas de acordo com o tema abordado, devendo existir um controle por parte do entrevistador para demarcar o momento da atuação dos participantes. Portanto, podemos concluir que a entrevista é utilizada para dar veracidade a uma reportagem ou para saciar a curiosidade dos leitores sobre aspectos da vida profissional ou pessoal do entrevistado. Quer ver um exemplo? Então leia com atenção a entrevista abaixo. Manchete: Brasileiros sabem falar Português! Apresentação: A entrevistada é a professora Mestre em Educação Laine de Andrade e Silva, autora do livro Redação: qualidade na comunicação escrita.
  • 2. Ela é professora universitária de Língua Portuguesa há 25 anos. Atualmente ministra aulas no UNIVAG, CFO e SEDAC. Entrevistador: Professora Laine de Andrade e Silva, qual é sua profissão? Entrevistada: Sou professora de Língua Portuguesa. Atualmente ministro aulas no UNIVAG de Produção de Leitura e Texto (PLT), dentre outras disciplinas. Também sou professora no CFO e no SEDAC da mesma disciplina. Entrevistador: A senhora concorda com o que as pessoas falam a respeito da Língua Portuguesa, isto é, que se trata de um idioma difícil de aprender e de se falar? Entrevistada: Você acha difícil falar Português? Entrevistador: Sim, é muito difícil. Entrevistada: Em que idioma está conversando? Sânscrito? Aramaico? Entrevistador: A senhora está brincando? É claro que é em Português. Entrevistada: Viu? Não é difícil a comunicação em nosso idioma. O que as pessoas acham difícil é a gramática normativa. Mas nossa Língua é muito mais do que apenas as regras da sua gramática. Assim sendo, afirmo que todo brasileiro sabe falar Português. É claro que não podemos nos esquecer de que há as variantes linguísticas, isto é, diferentes formas de se falar a mesma coisa. Entrevistador: É bastante interessante esse seu posicionamento. A que a senhora atribui essa máxima de que brasileiros não sabem Português? Entrevistada: Ao reducionismo que fazemos em relação à nossa Língua e pelo fato de se considerar a gramática (conjunto de regras) como um princípio e fim em si mesmos. Não pretendo afirmar que a gramática não tem importância, mas também não podemos nos ater apenas a ela. Outro fator interessante é o contexto e a relação existente entre os falantes. Estão-se num ambiente informal, não há necessidade de aplicarmos as regras com rigor. Entrevistador: Obrigado pela entrevista! Fica marcada a nossa próxima sobre variantes linguísticas. CRÔNICAS Em geral, na crônica a narração capta um momento, um flagrante do dia a dia; o desfecho, embora possa ser conclusivo, nem sempre representa a resolução do conflito, e a imaginação do leitor é estimulada a tirar suas próprias conclusões. Os fatos cotidianos e as personagens descritas podem ser fictícias ou reais, embora nunca se espere da crônica a objetividade de uma notícia de jornal, de uma reportagem ou de um ensaio, nela aparece, geralmente, uma linguagem subjetiva e literária.
  • 3. O Cronista escolhe a dedo as palavras. Sua linguagem é simples, espontânea, quase uma conversa ao pé do ouvido com o leitor. Tempera os fatos diários com humor, ironia ou emoção, revelando peculiaridades que as pessoas, em sua correria, deixam de perceber. Na Crônica, o autor expressa sua opinião a partir de uma observação detalhada das coisas, das pessoas e da vida. Diante de um fato o cronista faz inferências não apenas com a razão, mas também com a sensibilidade. Para ler um texto, não basta identificar letras, sílabas e palavras; é preciso buscar o sentido, compreender, interpretar, relacionar e reter o que for mais relevante. Quando lemos algo, temos sempre um objetivo: buscar informação, ampliar conhecimento, meditar, entreter-nos. O objetivo da leitura é que vai mobilizar as estratégias que o leitor utilizará. Sendo assim, ler um artigo de jornal é diferente de ler um romance, uma história em quadrinhos ou um poema. Ler textos traz desafios para os alunos. Para melhor compreender um texto, é preciso saber em que situação de comunicação ele foi produzido: “Quem é o autor”? Para quem ele escreveu? Em que veículo ele publicou a crônica (jornal, revista, internet, livros)? A pipoca Rubem Alves As comidas, para mim, são entidades oníricas. Provocam a minha capacidade de sonhar. Nunca imaginei, entretanto, que chegaria um dia em que a pipoca iria me fazer sonhar. Pois foi precisamente isso que aconteceu. A pipoca, milho mirrado, grãos redondos e duros, me pareceu uma simples molecagem, brincadeira deliciosa, sem dimensões metafísicas ou psicanalíticas. Entretanto, dias atrás, conversando com uma paciente, ela mencionou a pipoca. E algo inesperado na minha mente aconteceu. Minhas ideias começaram a estourar como pipoca. Percebi, então, a relação metafórica entre a pipoca e o ato de pensar. Um bom pensamento nasce como uma pipoca que estoura, de forma inesperada e imprevisível. A pipoca se revelou a mim, então, como um extraordinário objeto poético. Poético porque, ao pensar nelas, as pipocas, meu pensamento se pôs a dar estouros e pulos como àqueles das pipocas dentro de uma panela. Lembrei-me do sentido religioso da pipoca. A pipoca tem sentido religioso? Pois tem. Para os cristãos, religiosos são o pão e o vinho, que simbolizam o corpo e o sangue de Cristo, a mistura de vida e alegria (porque vida só vida, sem alegria, não é vida...). Pão e vinho devem ser bebidos juntos. Vida e alegria devem existir juntas. Lembrei-me, então, de lição que aprendi com a Mãe Stella, sábia poderosa do Candomblé baiano: que a pipoca é a comida sagrada do Candomblé. A pipoca é um milho mirrado, subdesenvolvido. Fosse eu agricultor ignorante, e se no meio dos meus milhos graúdos aparecessem àquelas espigas nanicas, eu ficaria bravo e trataria de me livrar delas. Pois o fato é que, sob o ponto de vista de tamanho, os milhos da pipoca não podem competir com os milhos normais. Não sei como isso aconteceu, mas o fato é que houve alguém que teve a ideia de debulhar as espigas e colocá-las numa panela sobre o fogo, esperando que assim os grãos amolecessem e pudessem ser comidos. Havendo fracassado a experiência com água, tentou a gordura. O que aconteceu, ninguém jamais poderia ter imaginado. Repentinamente os grãos começaram a estourar, saltavam da panela com uma enorme barulheira. Mas o extraordinário era o que acontecia com eles: os grãos duros Quebra-Dentes se transformavam em flores brancas e macias que até as crianças podiam comer. O estouro das pipocas se transformou, então, de uma simples operação culinária, em uma festa, brincadeira, molecagem, para os risos de todos, especialmente as crianças. É muito divertido ver o estouro das pipocas!
  • 4. E o que é que isso tem a ver com o Candomblé? É que a transformação do milho duro em pipoca macia é símbolo da grande transformação porque devem passar os homens para que eles venham a ser o que devem ser. O milho da pipoca não é o que deve ser. Ele deve ser aquilo que acontece depois do estouro. O milho da pipoca somos nós: duros, Quebra-Dentes, impróprios para comer, pelo poder do fogo podemos repentinamente, nos transformar em outra coisa — voltar a serem crianças! Mas a transformação só acontece pelo poder do fogo. Milho de pipoca que não passa pelo fogo continua a ser milho de pipoca, para sempre. Assim acontece com a gente. As grandes transformações acontecem quando passamos pelo fogo. Quem não passa pelo fogo fica do mesmo jeito, a vida inteira. São pessoas de uma mesmice e dureza assombrosa. Só que elas não percebem. Acham que o seu jeito de ser é o melhor jeito de ser. Mas, de repente, vem o fogo. O fogo é quando a vida nos lança numa situação que nunca imaginamos. Dor. Pode ser fogo de fora: perder um amor, perder um filho, ficar doente, perder um emprego, ficar pobre. Pode ser fogo de dentro. Pânico, medo, ansiedade, depressão — sofrimentos cujas causas ignoramos. Há sempre o recurso aos remédios. Apagar o fogo. Sem fogo o sofrimento diminui. E com isso a possibilidade da grande transformação. Imagino que a pobre pipoca, fechada dentro da panela, lá dentro ficando cada vez mais quente, pense que sua hora chegou: vai morrer. De dentro de sua casca dura, fechada em si mesma, ela não pode imaginar destino diferente. Não pode imaginar a transformação que está sendo preparada. A pipoca não imagina aquilo de que ela é capaz. Aí, sem aviso prévio, pelo poder do fogo, a grande transformação acontece: PUF! — e ela aparece como outra coisa, completamente diferente, que ela mesma nunca havia sonhado. É a lagarta rastejante e feia que surge do casulo como borboleta voante. Na simbologia cristã o milagre do milho de pipoca está representado pela morte e ressurreição de Cristo: a ressurreição é o estouro do milho de pipoca. É preciso deixar de ser de um jeito para ser de outro. "Morre e transforma- te!" — dizia Goethe. Em Minas, todo mundo sabe o que é piruá. Falando sobre os piruás com os paulistas, descobri que eles ignoram o que seja. Alguns, inclusive, acharam que era gozação minha, que piruá é palavra inexistente. Cheguei a ser forçado a me valer do Aurélio para confirmar o meu conhecimento da língua. Piruá é o milho de pipoca que se recusa a estourar. Meu amigo William, extraordinário professor pesquisador da Unicamp, especializou-se em milhos, e desvendou cientificamente o assombro do estouro da pipoca. Com certeza ele tem uma explicação científica para os piruás. Mas, no mundo da poesia, as explicações científicas não valem. Por exemplo: em Minas "piruá" é o nome que se dá às mulheres que não conseguiram casar. Minha prima, passada dos quarenta, lamentava: "Fiquei piruá!" Mas acho que o poder metafórico dos piruás é maior. Piruás são aquelas pessoas que, por mais que o fogo esquente, se recusam a mudar. Elas acham que não pode existir coisa mais maravilhosa do que o jeito delas serem. Ignoram o dito de Jesus: "Quem preservar a sua vida perdê-la-á". A sua presunção e o seu medo são a dura casca do milho que não estoura. O destino delas é triste. Vai ficar duras a vida inteira. Não vão se transformar na flor branca macia. Não vão dar alegria para ninguém. Terminado o estouro alegre da pipoca, no fundo a panela ficam os piruás que não servem para nada. Seu destino é o lixo. Quanto às pipocas que estouraram, são adultos que voltaram a serem crianças e que sabem que a vida é uma grande brincadeira... "Nunca imaginei que chegaria um dia em que a pipoca iria me fazer sonhar. Pois foi precisamente isso que aconteceu". O texto acima foi extraído do jornal "Correio Popular", de Campinas (SP), onde o escritor mantém coluna bissemanal.
  • 5. 1) Depois da leitura da crônica de Rubens Braga, faça uma reflexão sobre as mudanças que ocorrem nas vidas das pessoas, na sua vida, o que você era há algum tempo, e como você é hoje, o que mudou? Lembre-se de usar os conectores adequados para dar coesão e coerência ao seu texto. Fique atento aos efeitos da publicidade em sua vida cotidiana. Reflita bem sobre o que você realmente necessita para ser feliz e tudo aquilo que geralmente você compra para satisfazer os desejos fabricados pela propaganda. Vivemos em um momento singular em nossa sociedade de consumo. Já consumimos muito mais do que podíamos graças a força da publicidade e ao modelo de nossa sociedade. Soneto da Fidelidade - Vinícius de Moraes De tudo, ao meu amor serei atento Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto Que mesmo em face do maior encanto Dele se encante mais meu pensamento. Quero vivê-lo em todos os vão momento E em seu louvor hei de espalhar meu canto E rir meu riso e derramar meu pranto Ao seu pesar ou seu contentamento E assim quando mais tarde me procure Quem sabe a morte, angústia de quem vive Quem sabe a solidão, fim de quem ama. Eu possa me dizer do amor (que tive): Que não seja imortal, posto que seja chama Mas que seja infinito enquanto dure. A função de metalinguagem estrutura, comumente, textos que procuram expressar sua natureza própria, para entendermos melhor, pensaremos em uma linguagem que se utiliza de seus próprios recursos linguísticos e comunicacionais para emitir uma mensagem sobre si mesma, ou sobre a natureza de sua organização linguística. Assim um texto de natureza filosófica explicará assuntos que tangem a Filosofia, textos escritos em língua portuguesa tentarão explanar assuntos relativos à gramática... Bem, será comum a sua realidade acadêmica a presença de tal função da linguagem, isso, pois, você irá se deparar com textos de natureza metalinguística corriqueiramente. Em nossa aula, por exemplo. Estamos, por meio da linguagem, propondo a reflexão acerca dessa mesma linguagem. Veja o exemplo: Sabe o Português? [...] Temos muitos modos. Mas não só modos de boa educação, daqueles que a sua mãe aconselha a mostrar às visitas; e sim modos verbais. Dispomos de três, cada qual subdividido em tempos: indicativo, subjuntivo e imperativo – o menos usado e mais legal. Ou você não acharia o máximo dizer “faze tu!” quando seu irmão pede alguma coisa? Mas vamos nos ater ao indicativo, que exprime algo certo. Nele, conjugamos em seis tempos: presente (ok), pretérito imperfeito (que não se trata necessariamente de um passado
  • 6. maculado), pretérito perfeito (tampouco se refere a uma biografia certinha), pretérito mais- que-perfeito (mania de grandeza!), futuro do presente (eu pensava “mas, afinal, isso é futuro ou presente?” e, pasme futuro do pretérito (que embananou de vez minha cabeça ginasial)). Portanto, irmão em língua, conjuguemos. Eu conjugo, tu conjugas, ele conjuga. Nós conjugamos, vós conjugais, eles conjugam. Fácil, pois se trata de um verbo regular de primeira conjugação. É só trocar por qualquer outra ação terminada em – ar e copiar os finais: eu copio, tu copias, ele copia, nós copiamos, vós copiais, eles copiam. A não ser que o verbo esteja irregular. Alguns nem chegam a mudar tanto, mas outros só podem estar de sacanagem. Como o verbo ir. Tão pequeno e tão feroz, o danado é uma anomalia. Literalmente: ir é um verbo anômalo, ou seja, tem mais de um radical quando conjugado. Vejamos, em rápido passeio pelos tempos: eu vou, eu ia, eu fui eu fora, eu irei, eu iria. Que vá você. Se eu fosse. Quando eu for. Não vás. Ou vá, você é quem sabe! Já podia ter ido. Eu “tô” indo. E pensar que chegamos à escola já intuindo boa parte disso. Por isso é que eu digo: Português é para os fortes. PASSOS, Clarissa. Garotas que dizem ni! Disponível em: http://www.garotas que dizem ni.com/archives/001504. Acesso em 15 de fev. 2012. Para dialogar com o texto. O processo de compreensão de textos atrelando a cada texto disposto em nosso meio social uma determinada função, pois, cada texto apresentará, quase sempre, variadas funções que se relacionam para melhor cumprir as intencionalidades comunicativas.