3. FARMACOCINÉTICA DISTRIBUIÇÃO DOS
FÁRMACOS
Depois da absorção sistêmica na corrente sanguínea, o fármaco distribui-
se para os
líquidos intersticiais e intracelulares;
Esse processo depende de alguns fatores fisiológicos e das propriedades
físico-químicas específicas de cada fármaco;
Débito cardíaco, fluxo sanguíneo regional, permeabilidade capilar e
volume tecidual determinam a taxa de liberação e a quantidade potencial
do fármaco distribuído aos tecidos.
4. FARMACOCINÉTICA DISTRIBUIÇÃO DOS
FÁRMACOS
Inicialmente, o fígado, os rins, o cérebro e outros órgãos bem
irrigados recebem a maior parte do fármaco; a liberação aos
músculos, à maioria das vísceras, à pele e aos tecidos adiposos é
mais lenta e esta segunda fase de distribuição pode demorar de
alguns minutos a várias horas, antes que a concentração do
fármaco nos tecidos esteja em equilíbrio com o nível sanguíneo.
5. FARMACOCINÉTICA DISTRIBUIÇÃO DOS
FÁRMACOS
A segunda fase também envolve uma fração muito maior da massa corporal
(ex. Músculos) do que a fase inicial e, em geral, é responsável pela maior
parte do fármaco distribuído ao espaço extravascular.
Com exceção do cérebro e alguns outros órgãos, a difusão do fármaco para
o líquido intersticial ocorre de modo rápido, tendo em vista a natureza
altamente permeável da membrana endotelial dos capilares.
Dessa forma, a distribuição tecidual é determinada pelo fracionamento do
fármaco
entre o sangue e os tecidos específicos.
O determinante mais importante do fracionamento entre o sangue e os
tecidos é a ligação relativa do fármaco às proteínas plasmáticas e
macromoléculas teciduais, que limita a concentração do fármaco livre.
6. FARMACOCINÉTICA PROTEÍNAS PLASMÁTICAS
Alguns fármacos circulam na corrente sanguínea ligados às proteínas
plasmáticas.
A albumina é o principal carreador dos fármacos ácidos, enquanto a
glicoproteína α1liga-se aos fármacos básicos.
A ligação inespecífica às outras proteínas plasmáticas geralmente ocorre em
uma fração muito menor. Em geral essa ligação é reversível, embora algumas
vezes possam ocorrer ligações covalentes dos fármacos reativos, como os
7. FARMACOCINÉTICA PROTEÍNAS PLASMÁTICAS
Além da ligação dos fármacos às proteínas carreadoras como a albumina,
alguns compostos podem ligar-se às proteínas que funcionam como
carreadoras de hormônios específicos, por exemplo, a ligação do estrogênio
ou da testosterona à globulina de ligação dos hormônios sexuais, ou a
ligação do hormônio da tireoide à globulina de ligação da tiroxina.
A fração de todo fármaco presente no plasma ligado às proteínas é
determinada pela concentração do fármaco, pela afinidade e pelo número
dos locais de ligação do fármaco.
8. FARMACOCINÉTICA LIGAÇÃO AOS TECIDOS
Alguns fármacos acumulam-se nos tecidos em concentrações mais altas do que as
detectadas os líquidos extracelulares e no sangue;
Por exemplo, durante o uso prolongado do antimalárico , a concentração do
fármaco no fígado pode ser milhares de vezes maior do que o nível sanguíneo;
Essa acumulação pode ser atribuída ao transporte ativo, ou mais comumente, à
ligação tecidual;
Em geral, a ligação tecidual dos fármacos ocorre com os componentes celulares
como proteínas, fosfolipídeos ou proteínas nucleares e geralmente é reversível.
9. FARMACOCINÉTICA LIGAÇÃO AOS TECIDOS
Uma fração expressiva do fármaco no corpo pode estar ligada dessa forma e
funciona como reservatório, que prolonga a ação do fármaco nesse mesmo tecido
ou em locais distantes, depois do transporte pela circulação sanguínea;
Essa ligação e acumulação teciduais também podem causar efeitos tóxicos locais,
como ocorre depois da acumulação do antibiótico aminoglicosídeo gentamicina
nos rins e nos sistema vestibular;
Muitos fármacos lipossolúveis são armazenados por solubilização física na
gordura neutra;
Nos indivíduos obesos, o teor de gordura corporal pode chegar a 50%, e nas
10. FARMACOCINÉTICA LIGAÇÃO AOS TECIDOS
Por exemplo, até 70% do tiopental (um barbitúrico altamente lipossolúvel)
podem estar presentes na gordura corporal, cerca de 3 horas depois da
administração, quando as concentrações plasmáticas são inexpressivas e não
há efeitos anestésico detectáveis;
O tecido adiposo é um reservatório muito estável, porque sua irrigação
sanguínea é relativamente escassa;
Entretanto, entre os fármacos altamente lipossolúveis (alguns
11. FARMACOCINÉTICA OSSOS
Os antibióticos do grupo da tetraciclina e os metais pesados podem
acumular-se nos ossos por ação à superfície dos cristais ósseos e por
incorporação final à sua estrutura cristalina;
Os ossos podem tornar-se reservatórios para a liberação lenta de agentes
tóxicos como chumbo ou rádio para o sangue; por essa razão, os efeitos
desses tóxicos podem persistir por muito tempo depois de cessada a
exposição;
A destruição local da medula óssea também pode reduzir o fluxo
sanguíneo e prolongar o efeito de reservatório, porque o agente tóxico fica
12. FARMACOCINÉTICA REDISTRIBUIÇÃO
A cessação do efeito farmacológico depois da interrupção do uso de um
fármaco em geral ocorre metabolismo e excreção, mas também pode ser
causada pela redistribuição do fármaco do seu local de ação para outros
tecidos ou locais;
A redistribuição é um fator importante para a cessação do efeito
farmacológico, principalmente quando um composto altamente lipossolúvel
que atua no cérebro ou sistema cardiovascular for administrado rapidamente
por injeção intravenosa ou inalação;
Um exemplo é a utilização do anestésico intravenoso tiopental, um fármaco
13. FARMACOCINÉTICA REDISTRIBUIÇÃO
Como o fluxo sanguíneo cerebral é muito grande, o fármaco
atinge sua concentração máxima no cérebro no decorrer de 1
minuto após a injeção intravenosa;
Depois da injeção, a concentração plasmática diminui à medida
que o tiopental difunde-se para outros tecidos como, por
exemplo, os músculos;
A concentração do fármaco no cérebro mantém-se proporcional
ao nível plasmático, porque há pouca ligação do tiopental aos
14. FARMACOCINÉTICA
TRANSFERÊNCIA PLACENTÁRIA DOS
FÁRMACOS
A transferência dos fármacos pela placenta tem importância fundamental, porque
alguns compostos podem causar anomalias no desenvolvimento do feto;
Os fármacos administrados pouco antes do parto, como ocorre frequentemente
com os agentes tocolíticos usados para postergar o parto prematuro, também pode
produzir efeitos adversos no recém-nascido;
Entretanto, o conceito que a placenta é uma barreira absolutamente eficaz para os
fármacos é totalmente incorreto. Até certo ponto o feto fica exposto a todos os
fármacos utilizados pela mãe.
15. FARMACOCINÉTICA VOLUME DE
DISTRIBUIÇÃO
O volume de distribuição (Vd) relaciona a quantidade da droga no organismo
com a sua concentração (C) no sangue ou plasma:
Vd= Quantidade de droga no corpo
-------------------------------------------
C
O volume aparente de distribuição reflete um equilíbrio entre a droga nos tecidos,
que diminui a sua concentração plasmática e torna o volume aparentemente maior,
e a sua ligação às proteínas plasmáticas, que aumenta a concentração plasmática e
torna o volume aparente menor.
16. FARMACOCINÉTICA VOLUME DE
DISTRIBUIÇÃO
A ocorrência de alterações na ligação do fármaco aos tecidos ou às
proteínas plasmáticas pode modificar o volume de distribuição aparente
determinado a partir de mediadas da concentração plasmática;
Os indivíduos idosos apresentam uma redução relativa da massa muscular
esquelética e tendem a apresentar um volume de distribuição aparente
menor da digoxina (que se liga às proteínas musculares);
O volume de distribuição pode ser superestimado em pacientes obesos
quando baseado no peso corporal, e quando a droga não penetra
adequadamente os tecidos adiposos, como é o caso da digoxina
17. FARMACOCINÉTICA VOLUME DE
DISTRIBUIÇÃO
O acúmulo anormal de líquido - edema, ascite, derrame pleural
– pode aumentar acentuadamente o volume de distribuição de
fármacos como a gentamicina, que são hidrofílicos e
apresentam pequenos volumes de distribuição.
18. EXERCICIOS PRATICOS
Caso 2
1. Um paciente precisa receber Gentamicina IV para tratamento de pneumonia.
Sabe-se que a concentração plasmática minima para prevenir o crescimento bacteriano é de
80mg/L. O Volume de distribuição desta droga é de 40L.
Caso 2
2. Administro 10mg de uma droga A, IV/distribuição /eliminação .
Qual a concentração plasmática da droga em um adulto jovem?
Qual deve ser a dose iv administrada para este paciente?