A Câmara dos Deputados abriu processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff em meio a denúncias de corrupção na Petrobras e crise econômica. Eduardo Cunha e Delcídio do Amaral foram alvos da Operação Lava Jato. O rompimento de uma barragem em Mariana causou o maior desastre ambiental do Brasil.
4. Câmara abre processo de impeachment contra Dilm
Rousseff
Dilma Rousseff (PT) assumiu o segundo mandato e
janeiro de 2015 sob intensa pressão. As denúncias
corrupção na Petrobras, a relação turbulenta com o
Congresso e o agravamento da crise econômica
minaram sua popularidade. Três grandes
manifestações contra o governo Dilma foram
realizadas em março, abril e agosto. Os protestos
serviram de estímulo para que a oposição lançasse
uma campanha para pedir o impeachment da
presidente.
O principal argumento para a cassação do mandato
de Dilma é a edição de decretos que ampliaram os
gastos federais sem a autorização do Congresso –
segundo a acusação, a medida seria ilegal por ferir
Lei Orçamentária.
5. Em 2 de dezembro, o presidente da Câmara dos
Deputados, Eduardo Cunha (PMDB) autorizou a
abertura do processo de impeachment contra Dilma.
Sua decisão é considerada uma retaliação ao PT –
horas antes o partido havia decidido apoiar o pedido
de cassação do mandato de Cunha no Conselho de
Ética, onde o deputado é acusado de mentir sobre a
existência de contas secretas na Suíça. Com a
decisão, o processo deve tramitar nos primeiros
meses de 2016.
6. Eduardo Cunha e Delcídio do Amaral são alvos da
Operação Lava Jato
Deflagrada pela Polícia Federal em março de 2014, a
Operação Lava Jato investiga um amplo esquema de
lavagem e desvio de dinheiro da Petrobras,
envolvendo executivos da estatal, grandes
empreiteiras e políticos de alto escalão. Em 2015, a
operação avançou com os depoimentos das
testemunhas de acusação. Em março, o Supremo
Tribunal Federal (STF) e o Superior Tribunal de Justiça
(STJ) autorizaram a abertura de inquérito para
investigar 50 políticos do PT, PSDB, PMDB, PP, SD e
PTB. Entre eles estão o tesoureiro do PT Vaccari Neto
(que é condenado a 15 anos de prisão em setembro), o
presidente do Senado Renan Calheiros (PMDB) e o
presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha
(PMDB).
7. Entre as denúncias que pesam contra Cunha estão o
recebimento de 5 milhões de dólares em propina da
Petrobras e a existência de contas secretas na Suíça
em seu nome. Como Cunha havia negado possuir
contas no exterior em depoimento à CPI da
Petrobras, o Conselho de Ética da Câmara aprovou a
abertura de uma investigação contra o deputado por
quebra de decoro, em 15 de dezembro.
Em outro importante desdobramento da Lava Jato,
em 25 de novembro, o STF autorizou a prisão do
senador do PT Delcídio do Amaral por tentar obstruir
as investigações da operação. A detenção do
parlamentar ocorreu após a revelação de uma
gravação na qual Delcídio oferece dinheiro para que
o ex-diretor da Petrobras, Nestor Cerveró, não
fechasse acordo de delação premiada com a Polícia
Federal. É a primeira vez que um senador é preso no
Brasil desde a redemocratização, em 1985.
8. Elevado endividamento agrava a crise econômica
O Brasil enfrentou em 2015 uma das mais intensas crises
econômicas dos últimos anos. O desequilíbrio das contas
públicas levou o ministro da Fazenda Joaquim Levy a
adotar uma série de medidas para cortar os gastos do
governo. O chamado ajuste fiscal afetou o acesso ao
seguro-desemprego, aos benefícios da previdência e ao
abono salarial, além de cortar investimentos do governo
em diversas áreas. Para conter a alta da inflação, os juros
subiram ainda mais, dificultando o acesso ao crédito. Além
disso, a desconfiança do mercado diante do cenário
econômico brasileiro inibiu investimentos na indústria e a
desaceleração da economia chinesa afetou as exportações
de commodities.
Tudo isso levou a uma redução da atividade econômica,
que pode ser medida pelos indicadores: entre janeiro e
setembro, o PIB caiu 3,2%, colocando o país em recessão;
em novembro, a inflação superou 10% no acumulado de
12 meses (a maior taxa desde novembro de 2003); e o
desemprego bateu 7,5% em novembro (um crescimento
de 2,7% em um ano).
9. No dia 5 de novembro, o rompimento de uma barragem
de rejeitos de mineração da empresa Samarco, na zona
rural de Mariana (MG), provocou o maior desastre
ambiental já ocorrido no Brasil. Uma enxurrada de 50
bilhões de litros de lama atingiu nove cidades percorrendo
o Rio Doce até desaguar no litoral do Espírito Santo, a mais
de 600 quilômetros de distância. A região mais afetada foi
o distrito de Bento Rodrigues, onde ao menos 17 pessoas
morreram e mais de 600 ficaram desabrigadas.
Rompimento de barragem provoca desastre ambiental em
Mariana
10. Ainda não é possível dimensionar os efeitos ambientais do
desastre, mas a recuperação das áreas afetadas levará
muitos anos e consumirá bilhões de reais. O Ministério
Público de Minas Gerais entrou com uma ação para que a
Samarco providencie ajuda financeira e indenização às
vítimas. A empresa, que é controlada pelas mineradoras
Vale (brasileira) e BHP Billiton (anglo-australiana), também
foi multada em 250 milhões de reais pelo Ibama.
11.
12. Casos de dengue, chikungunya e zika se multiplicam
O aedes aegypit foi presença constante no noticiário em
2015. Isso porque os casos de dengue, chikungunya e zika
– doenças que tem o mosquito como vetor – se
multiplicaram pelo Brasil. Em 2015, o país registrou recorde
de casos de dengue: até 14 de novembro foram
identificados 1,5 milhão de pessoas infectadas, com mais
de 700 mortes confirmadas. A região Sudeste concentra
quase dois terços dos casos, e os estados mais atingidos
pelo surto são Goiás, São Paulo e Pernambuco.
A chikungunya, que chegou ao Brasil em 2014, também se
espalhou por diversos municípios do país em 2015. Já os
casos da febre zika tiveram seus primeiros registros em
maio de 2015. A chegada da doença ao Brasil veio
acompanhada de um agravante: diversos casos de
microcefalia em recém-nascidos estão associados ao
contágio de mães pela febre zika durante a gravidez. A
situação é especialmente grave em Piauí, Alagoas,
Pernambuco, Rio Grande do Norte, Sergipe e Paraíba, que
decretaram estado de emergência em virtude da febre zika.
15. No dia 7 de janeiro, dois homens armados invadiram a
sede do jornal satírico Charlie Hebdo, em Paris,
matando 12 pessoas. O atentado aconteceu durante a
reunião editorial da equipe do jornal e teve como alvo
alguns dos principais cartunistas da França. A
motivação para o ataque teria sido a publicação de
charges e artigos que ridicularizavam a figura do
profeta Maomé e dos fundamentalistas islâmicos.
Dois dias depois, os atiradores foram mortos – eram
dois irmãos franceses de origem argelina,
supostamente membros da Al Qaeda na Península
Arábica. Os atentados provocaram comoção mundial.
Em 11 de janeiro, 1,5 milhão de pessoas saíram às ruas
de Paris para homenagear as vítimas e manifestarem-
se a favor da liberdade de expressão.
16.
17. Potências fecham acordo nuclear com o Irã
No dia 14 de julho, o Irã e as principais potências
mundiais assinaram um acordo histórico para
restringir o alcance do programa nuclear iraniano. A
conclusão das negociações coloca um ponto final em
um impasse que já durava desde 2001, quando a
comunidade internacional descobriu que o Irã
mantinha um programa de enriquecimento de
urânio.
Em termos gerais, o acordo determina que o Irã terá
sua atividade nuclear monitorada e restrita. Alguns
dos principais termos do documento estabelecem
que o país reduzirá em dois terços o número de
centrífugas em suas usinas durante 15 anos e
reduzirá seu estoque de urânio enriquecido. Em
contrapartida, serão gradualmente retiradas as
sanções que provocaram perdas significativas na
economia iraniana.
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19. Número de refugiados é o maior desde a II Guerra
Em 2015, o mundo enfrentou a mais grave crise
migratória desde a II Guerra Mundial. Segundo a
Organização das Nações Unidas (ONU), existem mais
de 60 milhões de refugiados em todo o planeta.
A crise ganhou enorme visibilidade na Europa. Mais de
300 mil pessoas tentaram cruzar o Mar Mediterrâneo
para chegar ao Velho Continente em 2015. A maioria
dos refugiados vem da África e do Oriente Médio,
fugindo de perseguições políticas e guerras, como a
que castiga a Síria desde 2011. Como a travessia é
feita em embarcações precárias e superlotadas, os
naufrágios são frequentes. Durante o ano, cerca de 3
mil pessoas morreram afogadas no Mar Mediterrâneo.
Entre as vítimas está o garoto sírio Aylan Kurdi – a
imagem de seu corpo estendido na praia turca de
Bodrum comoveu o mundo e simbolizou o drama dos
refugiados em 2015.
A Alemanha se dispôs a acolher até 1 milhão de
refugiados, mas nações como Hungria, Eslovênia e
Áustria resistem em deixar que os estrangeiros cruzem
as fronteiras e dificultam sua movimentação pelo
continente, agravando a crise.
20.
21. Estado Islâmico realizam atentados em Paris
No dia 13 de novembro, Paris voltou a ser alvo de
atentados terroristas. A organização fundamentalista
Estado Islâmico (EI) realizou uma série de ataques
simultâneos na capital francesa, que deixou 127
mortos e mais de 180 feridos. Os ataques atingiram
seis locais diferentes – bares, restaurantes, uma casa
noturna e a entrada do Stade de France. Nos dias
seguintes à tragédia, Bruxelas, capital da Bélgica,
entrou em alerta máximo devido a suspeitas de
atentados terroristas.
Os ataques dão uma nova dimensão ao EI, que,
desde 2014 vem expandindo as áreas sob seu
controle no Iraque e na Síria. Após o episódio, a
França intensificou os bombardeios a bases do EI no
Oriente Médio. Em resposta, o grupo extremista
ameaçou realizar outros atentados em cidades
europeias.
22.
23. líderes mundiais assinam acordo ambiental em Paris
No dia 12 de dezembro, representantes de 195 países
assinaram o Acordo de Paris durante a 21ª Conferência
Geral das Partes (COP-21), realizada na capital francesa.
Trata-se do mais abrangente entendimento ambiental
desde o Protocolo de Kyoto, assinado em 1997. O
acordo também representa um marco histórico, pois
obriga todos os países a apresentar metas para reduzir
as emissões de carbono – até então apenas os países
ricos tinham este compromisso.
O objetivo é que todos os países signatários organizem
estratégias para limitar o aquecimento médio do planeta
em 1,5 graus centígrados até 2100. No entanto, o
acordo é criticado por não criar mecanismos que
obriguem o cumprimento dessas metas. Mesmo com
alguns pontos estabelecidos em termos genéricos, o
documento é considerado a melhor oportunidade para
que os países trabalhem de forma conjunta e tentem
minimizar os efeitos do aquecimento global.
26. Universidade portuguesa vai selecionar
brasileiros que fizeram o Enem
Desde o ano passado, após o acordo do Instituto
Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais
(Inep) com o governo de Portugal, aumentou o
número de instituições portuguesas de ensino
que aceitam o resultado do Exame Nacional do
Ensino Médio (Enem) para selecionar estudantes
brasileiros.
Se a sua vontade é arrumar as malas e ir estudar
fora, saiba que a Universidade de Aveiro, em
Portugal, vai abrir um processo seletivo de bolsas
a alunos brasileiros que fizeram o Enem. A
universidade vai ofertar um total de 50 bolsas de
estudo para 53 cursos de licenciatura e mestrado
integrado. Todos os cursos têm duração de cinco
anos.
As inscrições deverão ser feitas no site da
instituição, de 18 a 29 de abril. Os alunos são
isentos de quaisquer outras provas de
avaliação. No entanto, os interessados
precisam ter alcançado média superior a 650
pontos na média do exame.
Além disso, o estudante passará por fase de
pré-candidatura, preenchendo o formulário de
cadastro disponível também no site. Entre os
requisitos para participar é não ter
nacionalidade de um estado-membro na
União Europeia, nem morar há mais de dois
anos seguidos em Portugal.
https://www.ua.pt/internation
alstudent/page/20148
27. Estudante brasileiro grava paródia de ‘Baile de Favela’
em Stanford
O estudante carioca Gil Sant'Anna, de 26
anos, nasceu no Complexo do Alemão,
mas levou o passinho brasileiro para
dentro da Universidade Stanford, uma das
instituições americanas mais prestigiadas
do mundo.
Lá na Califórnia, EUA, Gil é aluno de
doutorado em Neurociências em Educação
e gravou um vídeo parodiando o funk
“Baile de Favela”. Nesta versão, a música
de MC João ganhou o título de “Baile de
Decoreba”. A letra descreve a conjuntura
da vida escolar hoje em dia no Brasil e faz
uma crítica bem humorada ao modelo
“copia e decora” das salas de aula.