SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 2
Baixar para ler offline
ENSAIO
76 • CIÊNCIA HOJE • vol. 31 • nº 184
bre as leis da hereditariedade, ele utilizou várias
espécies de ervilhas que havia cultivado no jardim
do mosteiro, com extensão aproximada de 7 m de
largura por 35 m de comprimento. Acredita-se que
tenha analisado cerca de 12 mil plantas, e por volta
de 300 mil sementes.
Mendel pode não ter sido pioneiro nas pesquisas
científicas sobre hibridação mas foi o primeiro a
estabelecer leis para explicar a variedade entre as
plantas. Seu sucesso deve-se a vários fatores: 1) ter
trabalhado com plantas que apresentavam caracte-
rísticas distintas e podiam ser facilmente reunidas
em grupos bem definidos; 2) a rapidez com que as
ervilhas se reproduziam e a grande quantidade de
descendentes; 3) aspectos ligados ao mecanismo de
reprodução das ervilhas como, por exemplo, o auto-
cruzamento; 4) a grande quantidade de dados
coletados; e 5) o uso essencial da estatística para a
análise dos resultados.
Fria recepção
Mendel apresentou os resultados de suas pesquisas
pela primeira vez em duas conferências para a So-
ciedade de História Natural de Brno, nos dias 8 de
fevereiro e 8 de março de 1865. Existem duas ver-
em uma família de camponeses muito pobres. So-
freu privações excessivas na infância, caindo doen-
te várias vezes. A falta de dinheiro e saúde quase o
impediram de realizar seus estudos superiores. Para
contornar essas dificuldades, resolveu ingressar no
mosteiro agostiniano de São Tomás de Brünn (hoje
Brno), na Morávia (na então Tchecoslováquia), em
1843. Ao ser admitido, Johann foi rebatizado, pas-
sando a se chamar Gregor. Nascia assim o nome
Gregor Mendel.
Entrar para um mosteiro não significava ficar iso-
lado do mundo. Pelo contrário, a direção exigia que
seus membros ministrassem aulas nas instituições
de ensino superior de Brno. Por causa dessa exigên-
cia, muitos monges realizavam pes-
quisas científicas com o objetivo
de ilustrar suas aulas. Assim
que Mendel entrou no mostei-
ro foi enviado para a Univer-
sidade de Viena, a fim de
terminar sua formação. Vi-
veu nessa cidade de 1851 a
1853, tendo a oportunidade
de conviver com professores
ilustres.
Quando regressou ao mos-
teiro em 1854 iniciou um estudo
com o objetivo de entender as leis da
hibridação das variedades de vegetais. A es-
colha do seu material de trabalho foi influenciada
por dois fatores: (1) a Morávia, na época, era uma
região economicamente ativa graças ao bom desen-
volvimento da horticultura; (2) como filho de cam-
poneses, foi iniciado muito cedo nas artes da agri-
cultura e da realização de enxertos. Para realizar os
experimentos que resultaram no clássico estudo so-
ohann Mendel nasceu em 1822 na aldeia de
Heinzendorf, na Silésia austríaca (hoje Hyncice),J
Como filho de
camponeses,Mendel
foi iniciado muito cedo
nasartesdaagricultura
edarealizaçãode
enxertos
Aparecido Divino da CruzAparecido Divino da CruzAparecido Divino da CruzAparecido Divino da CruzAparecido Divino da Cruz
e Antonio Márcioe Antonio Márcioe Antonio Márcioe Antonio Márcioe Antonio Márcio TTTTTeodoreodoreodoreodoreodoro Coro Coro Coro Coro Cordeirdeirdeirdeirdeiro Silvo Silvo Silvo Silvo Silvaaaaa
Núcleo de Pesquisas Replicon, Departamento de Biologia,
Universidade Católica de Goiás
ENSAIO
Gregor Mendel: persistência
nos jardins do mosteiro
BBBBBIOLIOLIOLIOLIOLOOOOOGGGGGIAIAIAIAIA Autor das ‘leis da hereditariedade’ teve trabalho reconhecido somente após a morte
Gregor Mendel: persistência
nos jardins do mosteiro
ENSAIO
julho de 2002 • CIÊNCIA HOJE • 77
sões para esses acontecimentos. A primeira relata
que as conferências foram assistidas por um públi-
co muito pequeno, o que fez com que o monge cien-
tista se limitasse à leitura de seus manuscritos. Por-
tanto, sua apresentação teria sido considerada pou-
co interessante. Uma segunda versão relata que o
público era numeroso, e que ele não só apresentou
seus dados como também os demonstrou com fór-
mulas matemáticas. A propósito, ele era considera-
do um excelente professor.
Os textos das duas conferências foram publica-
dos em 1866 na revista Relatórios dos Trabalhos da
Sociedade Natural de Brno. Algumas cópias foram
enviadas para Alemanha, Áustria, Estados Unidos e
Inglaterra. Porém, devido à distribuição limitada,
muitos dos grandes cientistas da época – como o na-
turalista inglês Charles Darwin (1809-1882) – não
tiveram acesso à publicação. Isso justifica a falta de
interesse com que os trabalhos de Mendel foram re-
cebidos. A melhor maneira de explicar essa fria re-
cepção talvez seja o fato de que muitos outros traba-
lhos sobre as leis da hereditariedade foram apresen-
tados na mesma época. Todos foram considerados
absurdos e cheios de erros, de modo que o tema per-
deu credibilidade no meio acadêmico.
Após o fracasso da primeira publicação, Mendel
publicou um segundo artigo em 1869. Este, porém,
se resumia ao relato do início de novas pesquisas
que não chegaram a ser realizadas. O motivo é que
nesse mesmo ano ele foi eleito o superior do mostei-
ro de Brno, fato que o afastaria de uma vez por todas
das pesquisas científicas. Passou a dedicar-se exclu-
sivamente à vida monástica, morrendo no dia 6 de
janeiro de 1884.
As pesquisas do monge, entretanto, tiveram con-
seqüências práticas enquanto ele era vivo. Com base
em sua teoria sobre hibridação, ele foi capaz de aper-
feiçoar diversas variedades de plantas ornamentais,
assim como algumas variedades de legumes e de
árvores frutíferas do mosteiro de Brno. Isso lhe ren-
deu algum reconhecimento e, pouco antes de sua
morte, foi premiado com uma medalha.
Mesmo sendo ignorado pela comunidade cientí-
fica da época, Mendel manteve seu otimismo e a
confiança em sua obra. Certo dia, conversando com
um colega no jardim do mosteiro onde toda a pes-
quisa foi realizada, disse uma frase célebre que se
tornaria profética: “Meu tempo virá.”
O pai da genética
Segundo o biólogo francês Marcel Blanc, em seu ar-
tigo ‘Gregor Mendel: la légende du génie inconnu’
(La Recherche, no
151, janeiro de 1984), vários auto-
res do século 20 expressaram sua indignação pela
maneira pouco prestigiosa com que Mendel e sua
obra foram tratados em 1866. Por exemplo, A. D.
Darbishire (citado por R. C. Olby em History of
Science, 17:53, 1979) escreveu que o trabalho do
monge foi como “pérolas deitadas a porcos”. W. H.
Freeman, em 1966, disse que o artigo deveria ter
sido considerado “um dos triunfos da mente huma-
na” e “uma das obras-primas imortais do espírito
humano” (The origin of genetics – A Mendel source
book, Curt Stern, and Eva R. Sherwood, editores). Já
R. C. Olby, em 1996, chamou a elaboração das leis
de “um ato de suprema criativi-
dade” (Origins of mendelism,
Schoken Books). Para fina-
lizar as citações, a des-
coberta de Mendel foi
considerada por um
desses autores como
“uma das mais bri-
lhantes de toda a his-
tória das ciências” (The
growth of biological
thought, E. Mayr, The
Belknap Press of Harvard
University Press, 1982).
De fato, em 1900, a obra do monge
cientista foi revista, adquirindo a importância que
lhe era devida. Essa valorização, ainda que tardia,
deve-se a três biólogos: o holandês Hugo de Vries
(1848-1935), o alemão Carls Correns (1864-1933) e
o austríaco Erich Tschermak (1871-1962), que obti-
veram resultados idênticos aos de Mendel em seus
experimentos. Esses pesquisadores, através de uma
consulta bibliográfica, verificaram que o trabalho
do monge sobre hereditariedade tinha sido publica-
do 35 anos antes de seus próprios estudos. Em sua
homenagem, batizaram as leis da hereditariedade
de Leis de Mendel. Elas são o marco inicial de uma
nova ciência que seria chamada de ‘genética’. A par-
tir de então, vários pesquisadores se voltaram para
essa área de estudo e fizeram com que a mesma
evoluísse até o nível de conhecimento atual.
Gregor Mendel é considerado, hoje, um grande
cientista – o primeiro a determinar as leis da he-
reditariedade e, por isso, o fundador e ‘pai’ da ge-
nética. Muitos afirmam que sua obra é tão impor-
tante para a biologia quanto a de Newton foi para a
física. No jardim do mosteiro de Brno foi erguida,
em 1910, uma estátua em sua homenagem. Em
1922, ao lado da estátua – hoje totalmente coberta
por hera – foi construído um pequeno edifício para
identificar o local onde o monge cultivou suas ervi-
lhas. Uma placa indica o local com a inscrição:
“Aqui o padre superior Gregor Mendel realizou suas
experiências para estabelecer as leis da heredita-
riedade.” Essas foram tentativas de prestigiar, mes-
mo tardiamente, o monge que morreu antes de ver
sua obra valorizada. I
Mesmosendo
ignoradopela
comunidade científica
da época, ele manteve
ootimismoeaconfiança
em seu trabalho
ENSAIO

Mais conteúdo relacionado

Semelhante a Artigo Mendel, nos jardins do mosteiro

Mendel e hereditariedade
Mendel e hereditariedadeMendel e hereditariedade
Mendel e hereditariedadeAdila Trubat
 
Exercícios resolvidos
Exercícios resolvidosExercícios resolvidos
Exercícios resolvidosEgas Armando
 
II_Os primórdios de uma nova disciplina - Genética Mendeliana - UCB
II_Os primórdios de uma nova disciplina - Genética Mendeliana - UCBII_Os primórdios de uma nova disciplina - Genética Mendeliana - UCB
II_Os primórdios de uma nova disciplina - Genética Mendeliana - UCBRinaldo Pereira
 
564564554
564564554564564554
564564554sr adil
 
( Espiritismo) # - alfred r wallace - o aspecto cientifico do sobrenatural
( Espiritismo)   # - alfred r wallace - o aspecto cientifico do sobrenatural( Espiritismo)   # - alfred r wallace - o aspecto cientifico do sobrenatural
( Espiritismo) # - alfred r wallace - o aspecto cientifico do sobrenaturalInstituto de Psicobiofísica Rama Schain
 
( Espiritismo) # - alfred r wallace - o aspecto cientifico do sobrenatural(1)
( Espiritismo)   # - alfred r wallace - o aspecto cientifico do sobrenatural(1)( Espiritismo)   # - alfred r wallace - o aspecto cientifico do sobrenatural(1)
( Espiritismo) # - alfred r wallace - o aspecto cientifico do sobrenatural(1)Instituto de Psicobiofísica Rama Schain
 
Jacob de Castro Sarmento (1691-1762) e a conversao a ciencia moderna
Jacob de Castro Sarmento (1691-1762) 
e a conversao a ciencia modernaJacob de Castro Sarmento (1691-1762) 
e a conversao a ciencia moderna
Jacob de Castro Sarmento (1691-1762) e a conversao a ciencia modernaJosé Pedro Sousa Dias
 
Fichamento de biologia
Fichamento de biologia Fichamento de biologia
Fichamento de biologia Lorenna Brito
 
A historia da biologia
A historia da biologiaA historia da biologia
A historia da biologiaIsabela Asher
 
Os grandes cientistas acreditavam em Deus
Os grandes cientistas acreditavam em DeusOs grandes cientistas acreditavam em Deus
Os grandes cientistas acreditavam em DeusPaulo Dea
 
Allan Kardec, vida e obra
Allan Kardec, vida e obraAllan Kardec, vida e obra
Allan Kardec, vida e obrahome
 
Genetica 1 lei de mendel
Genetica 1 lei de mendelGenetica 1 lei de mendel
Genetica 1 lei de mendelEstude Mais
 
O que é divulgação científica? - Henrique César da Silva
O que é divulgação científica? - Henrique César da SilvaO que é divulgação científica? - Henrique César da Silva
O que é divulgação científica? - Henrique César da SilvaCleberson Moura
 

Semelhante a Artigo Mendel, nos jardins do mosteiro (20)

Mendel e hereditariedade
Mendel e hereditariedadeMendel e hereditariedade
Mendel e hereditariedade
 
Genetica 2a
Genetica 2aGenetica 2a
Genetica 2a
 
Exercícios resolvidos
Exercícios resolvidosExercícios resolvidos
Exercícios resolvidos
 
II_Os primórdios de uma nova disciplina - Genética Mendeliana - UCB
II_Os primórdios de uma nova disciplina - Genética Mendeliana - UCBII_Os primórdios de uma nova disciplina - Genética Mendeliana - UCB
II_Os primórdios de uma nova disciplina - Genética Mendeliana - UCB
 
564564554
564564554564564554
564564554
 
Carl von linné
Carl von linnéCarl von linné
Carl von linné
 
( Espiritismo) # - alfred r wallace - o aspecto cientifico do sobrenatural
( Espiritismo)   # - alfred r wallace - o aspecto cientifico do sobrenatural( Espiritismo)   # - alfred r wallace - o aspecto cientifico do sobrenatural
( Espiritismo) # - alfred r wallace - o aspecto cientifico do sobrenatural
 
( Espiritismo) # - alfred r wallace - o aspecto cientifico do sobrenatural(1)
( Espiritismo)   # - alfred r wallace - o aspecto cientifico do sobrenatural(1)( Espiritismo)   # - alfred r wallace - o aspecto cientifico do sobrenatural(1)
( Espiritismo) # - alfred r wallace - o aspecto cientifico do sobrenatural(1)
 
Museu
MuseuMuseu
Museu
 
Jacob de Castro Sarmento (1691-1762) e a conversao a ciencia moderna
Jacob de Castro Sarmento (1691-1762) 
e a conversao a ciencia modernaJacob de Castro Sarmento (1691-1762) 
e a conversao a ciencia moderna
Jacob de Castro Sarmento (1691-1762) e a conversao a ciencia moderna
 
Fichamento de biologia
Fichamento de biologia Fichamento de biologia
Fichamento de biologia
 
A historia da biologia
A historia da biologiaA historia da biologia
A historia da biologia
 
Charles darwin
Charles darwinCharles darwin
Charles darwin
 
EVOLUCIONISMO
EVOLUCIONISMOEVOLUCIONISMO
EVOLUCIONISMO
 
Os grandes cientistas acreditavam em Deus
Os grandes cientistas acreditavam em DeusOs grandes cientistas acreditavam em Deus
Os grandes cientistas acreditavam em Deus
 
Allan Kardec, vida e obra
Allan Kardec, vida e obraAllan Kardec, vida e obra
Allan Kardec, vida e obra
 
Espiritismo e genetica
Espiritismo e geneticaEspiritismo e genetica
Espiritismo e genetica
 
ECOLBAS_1.pptx
ECOLBAS_1.pptxECOLBAS_1.pptx
ECOLBAS_1.pptx
 
Genetica 1 lei de mendel
Genetica 1 lei de mendelGenetica 1 lei de mendel
Genetica 1 lei de mendel
 
O que é divulgação científica? - Henrique César da Silva
O que é divulgação científica? - Henrique César da SilvaO que é divulgação científica? - Henrique César da Silva
O que é divulgação científica? - Henrique César da Silva
 

Último

CIÊNCIAS HUMANAS - ENSINO MÉDIO. 2024 2 bimestre
CIÊNCIAS HUMANAS - ENSINO MÉDIO. 2024 2 bimestreCIÊNCIAS HUMANAS - ENSINO MÉDIO. 2024 2 bimestre
CIÊNCIAS HUMANAS - ENSINO MÉDIO. 2024 2 bimestreElianeElika
 
PRÉDIOS HISTÓRICOS DE ASSARÉ Prof. Francisco Leite.pdf
PRÉDIOS HISTÓRICOS DE ASSARÉ Prof. Francisco Leite.pdfPRÉDIOS HISTÓRICOS DE ASSARÉ Prof. Francisco Leite.pdf
PRÉDIOS HISTÓRICOS DE ASSARÉ Prof. Francisco Leite.pdfprofesfrancleite
 
o ciclo do contato Jorge Ponciano Ribeiro.pdf
o ciclo do contato Jorge Ponciano Ribeiro.pdfo ciclo do contato Jorge Ponciano Ribeiro.pdf
o ciclo do contato Jorge Ponciano Ribeiro.pdfCamillaBrito19
 
Rota das Ribeiras Camp, Projeto Nós Propomos!
Rota das Ribeiras Camp, Projeto Nós Propomos!Rota das Ribeiras Camp, Projeto Nós Propomos!
Rota das Ribeiras Camp, Projeto Nós Propomos!Ilda Bicacro
 
ATIVIDADE PARA ENTENDER -Pizzaria dos Descritores
ATIVIDADE PARA ENTENDER -Pizzaria dos DescritoresATIVIDADE PARA ENTENDER -Pizzaria dos Descritores
ATIVIDADE PARA ENTENDER -Pizzaria dos DescritoresAnaCarinaKucharski1
 
COMPETÊNCIA 2 da redação do enem prodção textual professora vanessa cavalcante
COMPETÊNCIA 2 da redação do enem prodção textual professora vanessa cavalcanteCOMPETÊNCIA 2 da redação do enem prodção textual professora vanessa cavalcante
COMPETÊNCIA 2 da redação do enem prodção textual professora vanessa cavalcanteVanessaCavalcante37
 
Noções de Farmacologia - Flávia Soares.pdf
Noções de Farmacologia - Flávia Soares.pdfNoções de Farmacologia - Flávia Soares.pdf
Noções de Farmacologia - Flávia Soares.pdflucassilva721057
 
VARIEDADES LINGUÍSTICAS - 1. pptx
VARIEDADES        LINGUÍSTICAS - 1. pptxVARIEDADES        LINGUÍSTICAS - 1. pptx
VARIEDADES LINGUÍSTICAS - 1. pptxMarlene Cunhada
 
"É melhor praticar para a nota" - Como avaliar comportamentos em contextos de...
"É melhor praticar para a nota" - Como avaliar comportamentos em contextos de..."É melhor praticar para a nota" - Como avaliar comportamentos em contextos de...
"É melhor praticar para a nota" - Como avaliar comportamentos em contextos de...Rosalina Simão Nunes
 
Manual da CPSA_1_Agir com Autonomia para envio
Manual da CPSA_1_Agir com Autonomia para envioManual da CPSA_1_Agir com Autonomia para envio
Manual da CPSA_1_Agir com Autonomia para envioManuais Formação
 
Aula de História Ensino Médio Mesopotâmia.pdf
Aula de História Ensino Médio Mesopotâmia.pdfAula de História Ensino Médio Mesopotâmia.pdf
Aula de História Ensino Médio Mesopotâmia.pdfFernandaMota99
 
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...azulassessoria9
 
GEOGRAFIA - ENSINO FUNDAMENTAL ANOS FINAIS.pdf
GEOGRAFIA - ENSINO FUNDAMENTAL ANOS FINAIS.pdfGEOGRAFIA - ENSINO FUNDAMENTAL ANOS FINAIS.pdf
GEOGRAFIA - ENSINO FUNDAMENTAL ANOS FINAIS.pdfElianeElika
 
Nós Propomos! " Pinhais limpos, mundo saudável"
Nós Propomos! " Pinhais limpos, mundo saudável"Nós Propomos! " Pinhais limpos, mundo saudável"
Nós Propomos! " Pinhais limpos, mundo saudável"Ilda Bicacro
 
5 bloco 7 ano - Ensino Relogioso- Lideres Religiosos _ Passei Direto.pdf
5 bloco 7 ano - Ensino Relogioso- Lideres Religiosos _ Passei Direto.pdf5 bloco 7 ano - Ensino Relogioso- Lideres Religiosos _ Passei Direto.pdf
5 bloco 7 ano - Ensino Relogioso- Lideres Religiosos _ Passei Direto.pdfLeloIurk1
 
Dicionário de Genealogia, autor Gilber Rubim Rangel
Dicionário de Genealogia, autor Gilber Rubim RangelDicionário de Genealogia, autor Gilber Rubim Rangel
Dicionário de Genealogia, autor Gilber Rubim RangelGilber Rubim Rangel
 
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...azulassessoria9
 
A QUATRO MÃOS - MARILDA CASTANHA . pdf
A QUATRO MÃOS  -  MARILDA CASTANHA . pdfA QUATRO MÃOS  -  MARILDA CASTANHA . pdf
A QUATRO MÃOS - MARILDA CASTANHA . pdfAna Lemos
 
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...azulassessoria9
 

Último (20)

CIÊNCIAS HUMANAS - ENSINO MÉDIO. 2024 2 bimestre
CIÊNCIAS HUMANAS - ENSINO MÉDIO. 2024 2 bimestreCIÊNCIAS HUMANAS - ENSINO MÉDIO. 2024 2 bimestre
CIÊNCIAS HUMANAS - ENSINO MÉDIO. 2024 2 bimestre
 
PRÉDIOS HISTÓRICOS DE ASSARÉ Prof. Francisco Leite.pdf
PRÉDIOS HISTÓRICOS DE ASSARÉ Prof. Francisco Leite.pdfPRÉDIOS HISTÓRICOS DE ASSARÉ Prof. Francisco Leite.pdf
PRÉDIOS HISTÓRICOS DE ASSARÉ Prof. Francisco Leite.pdf
 
o ciclo do contato Jorge Ponciano Ribeiro.pdf
o ciclo do contato Jorge Ponciano Ribeiro.pdfo ciclo do contato Jorge Ponciano Ribeiro.pdf
o ciclo do contato Jorge Ponciano Ribeiro.pdf
 
Rota das Ribeiras Camp, Projeto Nós Propomos!
Rota das Ribeiras Camp, Projeto Nós Propomos!Rota das Ribeiras Camp, Projeto Nós Propomos!
Rota das Ribeiras Camp, Projeto Nós Propomos!
 
ATIVIDADE PARA ENTENDER -Pizzaria dos Descritores
ATIVIDADE PARA ENTENDER -Pizzaria dos DescritoresATIVIDADE PARA ENTENDER -Pizzaria dos Descritores
ATIVIDADE PARA ENTENDER -Pizzaria dos Descritores
 
COMPETÊNCIA 2 da redação do enem prodção textual professora vanessa cavalcante
COMPETÊNCIA 2 da redação do enem prodção textual professora vanessa cavalcanteCOMPETÊNCIA 2 da redação do enem prodção textual professora vanessa cavalcante
COMPETÊNCIA 2 da redação do enem prodção textual professora vanessa cavalcante
 
Noções de Farmacologia - Flávia Soares.pdf
Noções de Farmacologia - Flávia Soares.pdfNoções de Farmacologia - Flávia Soares.pdf
Noções de Farmacologia - Flávia Soares.pdf
 
VARIEDADES LINGUÍSTICAS - 1. pptx
VARIEDADES        LINGUÍSTICAS - 1. pptxVARIEDADES        LINGUÍSTICAS - 1. pptx
VARIEDADES LINGUÍSTICAS - 1. pptx
 
"É melhor praticar para a nota" - Como avaliar comportamentos em contextos de...
"É melhor praticar para a nota" - Como avaliar comportamentos em contextos de..."É melhor praticar para a nota" - Como avaliar comportamentos em contextos de...
"É melhor praticar para a nota" - Como avaliar comportamentos em contextos de...
 
Manual da CPSA_1_Agir com Autonomia para envio
Manual da CPSA_1_Agir com Autonomia para envioManual da CPSA_1_Agir com Autonomia para envio
Manual da CPSA_1_Agir com Autonomia para envio
 
Aula de História Ensino Médio Mesopotâmia.pdf
Aula de História Ensino Médio Mesopotâmia.pdfAula de História Ensino Médio Mesopotâmia.pdf
Aula de História Ensino Médio Mesopotâmia.pdf
 
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
 
GEOGRAFIA - ENSINO FUNDAMENTAL ANOS FINAIS.pdf
GEOGRAFIA - ENSINO FUNDAMENTAL ANOS FINAIS.pdfGEOGRAFIA - ENSINO FUNDAMENTAL ANOS FINAIS.pdf
GEOGRAFIA - ENSINO FUNDAMENTAL ANOS FINAIS.pdf
 
Nós Propomos! " Pinhais limpos, mundo saudável"
Nós Propomos! " Pinhais limpos, mundo saudável"Nós Propomos! " Pinhais limpos, mundo saudável"
Nós Propomos! " Pinhais limpos, mundo saudável"
 
5 bloco 7 ano - Ensino Relogioso- Lideres Religiosos _ Passei Direto.pdf
5 bloco 7 ano - Ensino Relogioso- Lideres Religiosos _ Passei Direto.pdf5 bloco 7 ano - Ensino Relogioso- Lideres Religiosos _ Passei Direto.pdf
5 bloco 7 ano - Ensino Relogioso- Lideres Religiosos _ Passei Direto.pdf
 
Dicionário de Genealogia, autor Gilber Rubim Rangel
Dicionário de Genealogia, autor Gilber Rubim RangelDicionário de Genealogia, autor Gilber Rubim Rangel
Dicionário de Genealogia, autor Gilber Rubim Rangel
 
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...
 
A QUATRO MÃOS - MARILDA CASTANHA . pdf
A QUATRO MÃOS  -  MARILDA CASTANHA . pdfA QUATRO MÃOS  -  MARILDA CASTANHA . pdf
A QUATRO MÃOS - MARILDA CASTANHA . pdf
 
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
 
CINEMATICA DE LOS MATERIALES Y PARTICULA
CINEMATICA DE LOS MATERIALES Y PARTICULACINEMATICA DE LOS MATERIALES Y PARTICULA
CINEMATICA DE LOS MATERIALES Y PARTICULA
 

Artigo Mendel, nos jardins do mosteiro

  • 1. ENSAIO 76 • CIÊNCIA HOJE • vol. 31 • nº 184 bre as leis da hereditariedade, ele utilizou várias espécies de ervilhas que havia cultivado no jardim do mosteiro, com extensão aproximada de 7 m de largura por 35 m de comprimento. Acredita-se que tenha analisado cerca de 12 mil plantas, e por volta de 300 mil sementes. Mendel pode não ter sido pioneiro nas pesquisas científicas sobre hibridação mas foi o primeiro a estabelecer leis para explicar a variedade entre as plantas. Seu sucesso deve-se a vários fatores: 1) ter trabalhado com plantas que apresentavam caracte- rísticas distintas e podiam ser facilmente reunidas em grupos bem definidos; 2) a rapidez com que as ervilhas se reproduziam e a grande quantidade de descendentes; 3) aspectos ligados ao mecanismo de reprodução das ervilhas como, por exemplo, o auto- cruzamento; 4) a grande quantidade de dados coletados; e 5) o uso essencial da estatística para a análise dos resultados. Fria recepção Mendel apresentou os resultados de suas pesquisas pela primeira vez em duas conferências para a So- ciedade de História Natural de Brno, nos dias 8 de fevereiro e 8 de março de 1865. Existem duas ver- em uma família de camponeses muito pobres. So- freu privações excessivas na infância, caindo doen- te várias vezes. A falta de dinheiro e saúde quase o impediram de realizar seus estudos superiores. Para contornar essas dificuldades, resolveu ingressar no mosteiro agostiniano de São Tomás de Brünn (hoje Brno), na Morávia (na então Tchecoslováquia), em 1843. Ao ser admitido, Johann foi rebatizado, pas- sando a se chamar Gregor. Nascia assim o nome Gregor Mendel. Entrar para um mosteiro não significava ficar iso- lado do mundo. Pelo contrário, a direção exigia que seus membros ministrassem aulas nas instituições de ensino superior de Brno. Por causa dessa exigên- cia, muitos monges realizavam pes- quisas científicas com o objetivo de ilustrar suas aulas. Assim que Mendel entrou no mostei- ro foi enviado para a Univer- sidade de Viena, a fim de terminar sua formação. Vi- veu nessa cidade de 1851 a 1853, tendo a oportunidade de conviver com professores ilustres. Quando regressou ao mos- teiro em 1854 iniciou um estudo com o objetivo de entender as leis da hibridação das variedades de vegetais. A es- colha do seu material de trabalho foi influenciada por dois fatores: (1) a Morávia, na época, era uma região economicamente ativa graças ao bom desen- volvimento da horticultura; (2) como filho de cam- poneses, foi iniciado muito cedo nas artes da agri- cultura e da realização de enxertos. Para realizar os experimentos que resultaram no clássico estudo so- ohann Mendel nasceu em 1822 na aldeia de Heinzendorf, na Silésia austríaca (hoje Hyncice),J Como filho de camponeses,Mendel foi iniciado muito cedo nasartesdaagricultura edarealizaçãode enxertos Aparecido Divino da CruzAparecido Divino da CruzAparecido Divino da CruzAparecido Divino da CruzAparecido Divino da Cruz e Antonio Márcioe Antonio Márcioe Antonio Márcioe Antonio Márcioe Antonio Márcio TTTTTeodoreodoreodoreodoreodoro Coro Coro Coro Coro Cordeirdeirdeirdeirdeiro Silvo Silvo Silvo Silvo Silvaaaaa Núcleo de Pesquisas Replicon, Departamento de Biologia, Universidade Católica de Goiás ENSAIO Gregor Mendel: persistência nos jardins do mosteiro BBBBBIOLIOLIOLIOLIOLOOOOOGGGGGIAIAIAIAIA Autor das ‘leis da hereditariedade’ teve trabalho reconhecido somente após a morte Gregor Mendel: persistência nos jardins do mosteiro
  • 2. ENSAIO julho de 2002 • CIÊNCIA HOJE • 77 sões para esses acontecimentos. A primeira relata que as conferências foram assistidas por um públi- co muito pequeno, o que fez com que o monge cien- tista se limitasse à leitura de seus manuscritos. Por- tanto, sua apresentação teria sido considerada pou- co interessante. Uma segunda versão relata que o público era numeroso, e que ele não só apresentou seus dados como também os demonstrou com fór- mulas matemáticas. A propósito, ele era considera- do um excelente professor. Os textos das duas conferências foram publica- dos em 1866 na revista Relatórios dos Trabalhos da Sociedade Natural de Brno. Algumas cópias foram enviadas para Alemanha, Áustria, Estados Unidos e Inglaterra. Porém, devido à distribuição limitada, muitos dos grandes cientistas da época – como o na- turalista inglês Charles Darwin (1809-1882) – não tiveram acesso à publicação. Isso justifica a falta de interesse com que os trabalhos de Mendel foram re- cebidos. A melhor maneira de explicar essa fria re- cepção talvez seja o fato de que muitos outros traba- lhos sobre as leis da hereditariedade foram apresen- tados na mesma época. Todos foram considerados absurdos e cheios de erros, de modo que o tema per- deu credibilidade no meio acadêmico. Após o fracasso da primeira publicação, Mendel publicou um segundo artigo em 1869. Este, porém, se resumia ao relato do início de novas pesquisas que não chegaram a ser realizadas. O motivo é que nesse mesmo ano ele foi eleito o superior do mostei- ro de Brno, fato que o afastaria de uma vez por todas das pesquisas científicas. Passou a dedicar-se exclu- sivamente à vida monástica, morrendo no dia 6 de janeiro de 1884. As pesquisas do monge, entretanto, tiveram con- seqüências práticas enquanto ele era vivo. Com base em sua teoria sobre hibridação, ele foi capaz de aper- feiçoar diversas variedades de plantas ornamentais, assim como algumas variedades de legumes e de árvores frutíferas do mosteiro de Brno. Isso lhe ren- deu algum reconhecimento e, pouco antes de sua morte, foi premiado com uma medalha. Mesmo sendo ignorado pela comunidade cientí- fica da época, Mendel manteve seu otimismo e a confiança em sua obra. Certo dia, conversando com um colega no jardim do mosteiro onde toda a pes- quisa foi realizada, disse uma frase célebre que se tornaria profética: “Meu tempo virá.” O pai da genética Segundo o biólogo francês Marcel Blanc, em seu ar- tigo ‘Gregor Mendel: la légende du génie inconnu’ (La Recherche, no 151, janeiro de 1984), vários auto- res do século 20 expressaram sua indignação pela maneira pouco prestigiosa com que Mendel e sua obra foram tratados em 1866. Por exemplo, A. D. Darbishire (citado por R. C. Olby em History of Science, 17:53, 1979) escreveu que o trabalho do monge foi como “pérolas deitadas a porcos”. W. H. Freeman, em 1966, disse que o artigo deveria ter sido considerado “um dos triunfos da mente huma- na” e “uma das obras-primas imortais do espírito humano” (The origin of genetics – A Mendel source book, Curt Stern, and Eva R. Sherwood, editores). Já R. C. Olby, em 1996, chamou a elaboração das leis de “um ato de suprema criativi- dade” (Origins of mendelism, Schoken Books). Para fina- lizar as citações, a des- coberta de Mendel foi considerada por um desses autores como “uma das mais bri- lhantes de toda a his- tória das ciências” (The growth of biological thought, E. Mayr, The Belknap Press of Harvard University Press, 1982). De fato, em 1900, a obra do monge cientista foi revista, adquirindo a importância que lhe era devida. Essa valorização, ainda que tardia, deve-se a três biólogos: o holandês Hugo de Vries (1848-1935), o alemão Carls Correns (1864-1933) e o austríaco Erich Tschermak (1871-1962), que obti- veram resultados idênticos aos de Mendel em seus experimentos. Esses pesquisadores, através de uma consulta bibliográfica, verificaram que o trabalho do monge sobre hereditariedade tinha sido publica- do 35 anos antes de seus próprios estudos. Em sua homenagem, batizaram as leis da hereditariedade de Leis de Mendel. Elas são o marco inicial de uma nova ciência que seria chamada de ‘genética’. A par- tir de então, vários pesquisadores se voltaram para essa área de estudo e fizeram com que a mesma evoluísse até o nível de conhecimento atual. Gregor Mendel é considerado, hoje, um grande cientista – o primeiro a determinar as leis da he- reditariedade e, por isso, o fundador e ‘pai’ da ge- nética. Muitos afirmam que sua obra é tão impor- tante para a biologia quanto a de Newton foi para a física. No jardim do mosteiro de Brno foi erguida, em 1910, uma estátua em sua homenagem. Em 1922, ao lado da estátua – hoje totalmente coberta por hera – foi construído um pequeno edifício para identificar o local onde o monge cultivou suas ervi- lhas. Uma placa indica o local com a inscrição: “Aqui o padre superior Gregor Mendel realizou suas experiências para estabelecer as leis da heredita- riedade.” Essas foram tentativas de prestigiar, mes- mo tardiamente, o monge que morreu antes de ver sua obra valorizada. I Mesmosendo ignoradopela comunidade científica da época, ele manteve ootimismoeaconfiança em seu trabalho ENSAIO