4. Objetivo do autor
• Ainda na introdução de seu livro propõe a pergunta: O que é um mito?
“rótulo que permite identificar a falsidade do real?”, ou “interpretação
repleta de forças irracionais?”; “uma vontade de conhecer limitada,
domesticada pela ilusão, intoxicada por emoções como o espanto e a
fascinação?”. Não! Mas, “uma fonte de informações relevantes sobre o
mundo” a partir das experiências “sociais e, como tal, um modo de
pensar que reforça certezas, negações e, principalmente ,interesses.
[...] Mito é uma maneira coletiva de classificar certos valores, atitudes
e decisões como convenientes ou prioritários”. Tendo discutido
brevemente o que vem a ser mito ele se propõe a provocar o leitor a
refletir sobre a maneira como certas narrativas míticas, por assim dizer
interferem em nossos planos de natureza política.
5. O primeiro mito: No princípio era... Pio XII:
o papado de Pedro
• A discussão entorno do primeiro mito que gera o capítulo um da obra, carrega
o título de: No princípio era... Pio XII: o papado de Pedro. Constatado que
no fim da segunda guerra mundial Pio XII necessitava “reconstituir a
civilização cristã recuperando valores fortes e tradicionais” (RUST, 2015, p.37)
manchados por episódios trágicos de toda natureza, o papa Pacelli (1876-
1958), volta-se a uma política de publicidade surpreendentes. Rádios e jornais
passam a publicar seus discursos em línguas nacionais e até mesmo, de hora
em hora sua agonia ante a morte. “ Pio buscou novo amanhecer para o
catolicismo. [...]. O Vaticano deu início a uma aventura que afetaria a realidade
do catolicismo”. Com a arqueologia ele punha o audacioso propósito de
“encontrar a tumba de São Pedro. Ávida por renovar sua unidade a Igreja
Católica buscou reencontrar seu fundador.” (RUST, 2015, p.38).
(Monsenhor Georges Roche e
Philippe St. Germain, Pie XII devant
l'Histoire, Laffont, Paris, 1972, pp
52–53)
6. O desenvolvimento
• Nas palavras do professor Leandro “De fato, não é difícil encontrar
autores que alimentem incertezas sobre Pedro ter sido o primeiro
papa”. Após uma sequência de citações que colaboram para tal
argumento, concluímos que usar a imagem de Pedro como estando em
Roma e sendo o primeiro papa parecia mais uma ideia das gerações
pós I século, na construção do símbolo da resistência ao Império
Romano. Contudo, a imagem de uma linhagem de regentes espirituais
iniciadas por Pedro é facilmente aceita e tatuada no imaginário
católico comum a despeito dos historiadores profissionais que pouco
conseguem com seus discursos.
7. O passado a serviço de Pio XII
• Pio XII precisava demonstrar cientificamente o que a fé já dizia.
Montou a primeira equipe de arqueólogos e arquitetos liderada por
Monsenhor Ludwig Kaas destinada a produzirem a prova cabal sobre a
presença e a liderança de São Pedro naquele lugar. Munidos de
espátulas e cinzéis, orientados por esquemas modernos de verificações
e investigações arqueológicas, produziram um documento que dizia
sobre a existência da tumba mas não sobre o apóstolo. Espanto!
atestar a autenticidade da relíquia aí existente era algo muito difícil,
pois eles se depararam com um cemitério em dois níveis de
profundidade. Vamos as imagens!
8. PLAN OF OLD S. PETER’S, SHOWING ITS RELATION TO THE CIRCUS OF NERO. Source: http://deu.archinform.net/projekte/3830.htm acessado em 30/05/2017
9. Três níveis da Basílica de São Pedro. Ilustração por Fabbrica de Saint Peter.
10. Um problema...resolvido!?
• Havia muitos ossos, muitos rastros dos
antigos costumes do culto às relíquias que
marcavam disputas por unhas e até cabelos
dos santos mortos a fim de que esses
pudessem trazer algum tipo de sorte aos
vivos. Assim o problema configurava-se
dentro de uma perspectiva onde se assumia
que as ossadas podiam ter viajado para
diversos lugares e percorrido grandes
distâncias. Como ter certeza que naquela
tumba estava os restos mortais de São
Pedro? A certeza chegou por mãos,
paradoxalmente, de uma mulher: Madame
Margherita Guarducci (1902-1999).
11. A arqueóloga e epigrafista grega em busca do
passado
• A experiente professora de Antiguidade Grega da Universidade de Roma La
Sapienza por mais de quarenta anos, agora estava prestes a mostrar ao
mundo o que Pio XII queria ouvir ante de morrer: “Aqueles ossos são do
Apóstolo e Líder da Igreja!”
• Primeiro Argumento de Guarducci: prova documental.
• Testemunho de Pedro.
Os autores do mundo antigo testemunharam a presença de Pedro em
Roma e isso pode ser provado a começar por ele mesmo: “a comunidade dos
eleitos na Babilônia vos saúda, e meu filho Marcos” (I Pe 5.13). Seguindo o
suposto costume de referirem-se a Roma como a Babilônia em função de sua
hostilidade à comunidade cristã, Guarducci conclui: “um claro testemunho da
estada de Pedro em Roma” (GUARDUCCI apud RUST, 2015, p.48)
12. • O contra argumento de Rust:
• Se lermos as cartas de Paulo aos Romanos (57 d.C.), aos Colossenses
e a Timóteo I e II (60 e 62 d.C.) ou até mesmo Atos dos Apóstolos, não
existe qualquer menção do Apóstolo Pedro em Roma ou viajando para
a cidade dos Césares. O termo Babilônia pode também ser interpretado
como uma referência que Pedro faz a sua condição de exilado de
Jerusalém e não necessariamente uma referência a Roma. Rust
também afirma ser genérico o termo e utilizado por cristãos sempre
quando sofriam hostilidades, o mundo em si pode ser uma Babilônia
para os cristãos que se veem como tendo o céu o lugar de morada.
• Vamos a outros testemunhos documentais!
13. • Testemunho de I Clemente aos Coríntios V. I-VI. (96 d.C.).
• 1.Agora, para colocarmos fim aos exemplos antigos, passemos aos atletas que nos
tocam de perto; verifiquemos os nobres exemplos da nossa geração. 2 - Por ciúme
e inveja foram perseguidos e lutaram até à morte as nossas colunas mais elevadas
e retas. 3 - Fixemos nossos olhos sobre os valorosos apóstolos: 4 - Pedro, que por
ciúme injusto não suportou apenas uma ou duas, mas numerosas provas e, depois
de assim render testemunho, chegou ao merecido lugar da glória. 5 - Por ciúme e
discórdia, Paulo ostentou o preço da paciência.
• A arqueóloga diz que Clemente se refere a perseguição de Nero aos cristãos em
Roma, porquê? Então elenca primeiro Tácito (55-120 d.C.) que relata no livro XV
a morte dos cristãos imposta pelo Imperador Nero, depois recruta o Bispo Inácio
de Antioquia (68-107 d.C.) na carta que dita aos romanos suplicando pela morte,
onde diz: “eu não voz comando como Pedro e Paulo, eles foram apóstolos, eu sou
um condenado; eles foram homens livres, eu, até o momento, sou escravo.
Contudo, se eu sofrer o martírio, eu serei um homem livre em Jesus e nele
ressurgirei livre”.
14. A primeira conclusão quanto as provas
documentais
• O Problema é que todas fontes e possivelmente outras (martírio de São Pedro e
Atos de São Pedro) não mencionam a existência de um episcopado romano, de um
organização institucional perpetuada com lideranças identificáveis e seus
sucessores (RUST, 2015, p.55).
• “Este exame das fontes literárias está orientado para chegar a um ponto conhecido:
a lista de pontífices romanos definida por Irineu, bispo de Lyon (130?-202)”
(RUST, 2015, p.56). onde se lê claramente que Pedro e Paulo fundaram a Igreja de
Roma.
• Mesmo que se prove a presença, a morte e o sepultamento de Pedro em Roma,
para Rust ela vem calhar com a tradição da Igreja, “ou se preferirmos os termos
mais sutis empregados pela arqueóloga: o ‘detalhado exame das fontes literárias
conduz, como temos visto, para um resultado que não entra em conflito com a
tradição’ (GUARDUCCI, 1960, p.43)” (RUST, 2015, p.56). Ou seja provar que
Pedro foi enterrado em Roma era o mesmo que dizer que foi o primeiro apóstolo e
bispo da igreja romana.
15. O testemunho das Inscrições
• Madame Guarducci utilizou o documento Martírio de São Pedro como
fonte suficiente para dizer onde Pedro fora sepultado: no mesmo local
onde a centenas de anos os cristãos fazem visitações frequentes: “no
Numachiae, próximo ao obelisco de Nero na colina”. Continuando...
Ela então usa Eusébio de Cesareia (263-339) que narra um evento que
ocorreu aproximadamente nos finais do II século, onde um cristão
chamado Gaio, num debate teológico menciona: eu, porém posso
mostrar os troféus dos apóstolos. Se, portanto, queres ir ao Vaticano
ou à Via Ostiense, encontrarás os troféus dos fundadores desta Igreja
(Patrologia Graeca, vol. 20 col.208-209 (RUST, 2015, p.59). Então
não havia razão para dizer que as relíquias e a sepultura eram locais
diferentes. TROFÉUS = RELÍQUIAS DE SÃO PEDRO.
16. O uso da epigrafia na
construção do passado
Fonte: http://www.korazym.org/11203/la-tomba-di-san-pietro-e-il-giallo-delle-reliquie/
17. • Em 1940 a equipe anterior encontrou um local com muitos ossários e com
muitas inscrições denominando o local de campo “P”. No fundo uma parede
avermelhada que permeava o muro “G”. Tendo a ‘certeza’ dado pelo troféu,
a epigrafia lhe conduziria a novas pistas. Este muro G continha o que
Guarducci denominou criptografia religiosa. Dentre várias inscrições que
ela decodificou como orações de cristãos ao longo dos séculos, uma lhe
chamou mais atenção: Pi, Épsilon, Tau e Rô = Pedro em grego. Logo a
baixo, Épsilon, Nu e Iota, formas contraídas que significam “está aqui”.
Pronto, PEDRO ESTÁ AQUI! MAS ONDE? Eram muitos ossos. Nem Pio
XII, nem João XXIII (1881-1963) viveriam para ver a conclusão final dessa
busca.
• 20 anos depois, com a permissão de Paulo VI (1897-1978), uma urna
suspeita desde o princípio foi autorizada a ser investigada. Alí, os
microscópios revelaram: eram ossos de um “homem robusto, de 1,70m de
altura, falecido entre os 60 e 70 anos”, com moedas medievais e tecidos que
provavelmente inseridos mais tardes pós IV século.
• Em 26 de junho de 1968 foi declarado que os “sagrados ossos de São Pedro
o fundador da Igreja”
• Os arqueólogos fizeram os muros e o chão falarem!
18. O fundador: ou a busca pela unidade.
• Morte e sepultamento em Roma e liderança da igreja romana são
plausíveis de aceitação, porém fundação da Igreja Romana ou o
primeiro papa, seria difícil. Porquê?
• Resposta: “há um forte sentido histórico por trás deste reencontro real
com os restos do fundador”. Não devemos examinar técnicas e
métodos sobre o caminho percorrido pela empreitada, mas perguntar:
“o que motivou esta saga científica? Por que ela ocorre no meio da
Segunda Guerra e não antes ou depois? E, porque a certa altura da vida
contemporânea, a tradição religiosa deixou de saciar a certeza da
realidade história do fundador da Igreja Romana?
19. Possíveis respostas
• 1ª a motivação se dá pela necessidade de “oferecer às populações novas
referências, encontrar novos modelos que expressassem a verdade e
sossegassem as consciências, exorcizando os traumas coletivos” (RUST,
2015, p.68).
• 2ª era preciso resolver um problema mais persistente: o descompasso com
Modernidade. Encontrar o “fundador” da Igreja por meios científicos era
“dar a mão” para a sociedade que parecia não querer mais o catolicismo
VELHO num pós guerra que anunciava o NOVO.
• “Nesse sentido a história se revelou crucial para exorcizar os medos gerais
e reencontrar certa normalidade” (RUST, 2015, p.70) Razão científica e
Religião católica agora estavam de mãos dadas e provando ser a tradição
uma ideia milenar e irrefutável. A Igreja construía assim sua autoridade para
dar nos sentidos ao mundo mergulhado no trauma e nas incertezas.
20. O Segundo mito: O
Cristianismo
Primitivo,
Constantino e a
utopia do público
Constantino convocou os bispos da Igreja Cristã para Nicéia para abordar as
divisões na Igreja (mosaico em Santa Sofia, Constantinopla (Istambul), cerca de
1000).
21. Capa da revista L’Assiette de 18/11/1905, por
Gabriele Galantara (1867-1937)
“O Antigo Santo Ofício e o moderno” – L’Assiette -1905
22.
23. O que vem a ser essas imagens?
• A crítica que de 1900 dura até hoje gira em torno dos perigos da Religião, e
nesse caso o cristianismo se unir ao Estado, ou institucionalizar-se, pois o
bom e “verdadeiro” cristianismo foi corrompido. Mas quando essa
corrupção aconteceu? Geralmente se ouve a resposta: na Era de Constantino
(272-337). O argumento segue... Porque antes de Constantino a Igreja era
conduzida por homens que obedeciam a Deus, simples, pobres, a conversão
de Constantino marcou o início da queda do cristianismo primitivo, pois
agora a vida da igreja era assunto público. Constantino tomou a direção da
Igreja e a usou para consolidar seu Império que balança querendo cair.
“Uma identidade cristã coletiva cristalizou-se nas instituições clericais, e
estas cobriram a vida política ocidental com o espesso manto de seus
interesses, cada vez mais governamentais”(RUST, 2015, p.80)
24. A inocência da religião
• O problema do conceito de cristianismo primitivo não é que as utilizações
geralmente não fazem menção e não permitem pensar na existência da
diversidade do cristianismo durante longos três séculos. Quem costuma
usar, costuma falar das grandes diversidades em diferentes períodos. O
problema é que isso vai até Constantino, pois ali temos um divisor de águas.
Antes dele temos um cristianismo diverso, mais distante de interesses
políticos mundanos, formado por pessoas simples e os mais intelectuais se
debruçavam em proteger a igreja hora das filosofias pagãs hora das
judaicas. O cristianismo primitivo era uma espécie de contra-cultura;
““organismo completo” capaz de envolver seus integrantes em um convívio
que escapava e desafiava a ordem vigente” (RUST, 2015, p.83), geralmente
é assim que o tal conceito expressa. Então, a unificação da Igreja e a ideia
de papado foram obras da política mundana em marcha desde Constantino.
Assim, a cultura clássica cai (“QUEDA DO ÍMPÉRIO”) e a igreja
institucionalizada sobra.
25. “O Imperador nos pertence”
• O argumento de Rust: mesmo antes de Constantino os cristãos já
estavam envolvidos com a vida pública nos laços do poder. É difícil
distinguir pagãos e cristãos a não ser pelo sentimento de desvinculação
com o mundo. Na prática, possivelmente desde o II século a
aristocracia romana já sentia infiltrações pelo cristianismo. Tanto
Pastor de Hermas quanto Tertuliano testificariam sobre o uso do poder
por parte de pessoas da igreja. O cristianismo sempre foi marcado por
cisões, instabilidades e conflitos que não mudara com o imperador
cristão. As divisões sectárias no mundo não era uma excepcionalidade
para os cristãos, era a regra (RUST, 2015, p.89-96).
26. O chefe das casas de Deus
• Um problema: o que é política? “Quando lidamos a formação da autoridade
papal o conceito de política deve ser outro [...]. A projeção política dos
sucessores de Pedro se deu através de padrões de condutas mais
tradicionais, menos semelhantes à realidade de um mundo com chefes de
governo” (RUST, 2015, p.99). A ascensão dos bispos a uma esfera que
convenceu as lideranças aristocráticas de seu poder, se deu por meio do
governo da vida doméstica quanto um modelo político de gestão. Os bispos
se mostraram grandes gestores daquilo que os gregos chamavam de
oikonomia. A melhor gestão do sistema social encontrava seu discurso
dentro da vida doméstica onde a autoridade masculina se revelava eficiente.
O talento de governar a vida doméstica era a prova para um governo eficaz
da vida pública. Para Rust foi através dessa autoridade reconhecida que os
bispos de Roma governaram clérigos e laicos, não por uma corrupção do
primitivismo ou por um gosto pelo poder (RUST, 2015, p.99-103).
27. A utopia do público
• A ideia de cristianismo primitivo, não é algo fora do lugar, antes serve
para mostrar que nós perdemos muito quando deixamos Igreja e
Estado se confundirem. Assim, o IV século da Era de Constantino
mostra-se severo, para política tempos de corrupção e, para a Igreja,
um pacto com o diabo. “Sob este prima, os três primeiros séculos da
religião cristã narram a história da um mito inteiramente moderno. Ou
melhor, de uma utopia moderna” (RUST, 2015, p.104).
28. Na ilha chamada Utopia
• Fascinado pela leitura dos relatos dos navegadores ibéricos,
Sir Thomas More (1478-1535) compôs um dos principais
sentidos por trás desta forma de pensar e ensinar o passado
cristão. O título de sua obra no século XVI “Sobre o melhor
estado de uma república e sobre a nova ilha de Utopia”. A
perfeição utopiana era a presença comedida da religião nos
lugares de interação comum. Os cultos não eram assuntos de
natureza pública. A avaliação das culpas e do perdão eram
da alçada eclesiástica. Lá os padres eram poucos, mas
perfeitos, simples, com hierarquias modestas – como no
primitivo cristianismo. Escolhidos pelo povo, tinham
autoridades limitadas, não podiam prender nem punir, mas
aconselhar.
29. • “A separação de Igreja e Estado fazia de Utopia não apenas a melhor,
mas a única sociedade onde florescia a justiça republicana” (RUST,
2015, p.106). As projeções de More deram respostas a grande questão:
quais caminhos levam à harmonia e à justiça social? Resposta:
separação entre igreja e Estado! Embora nos faça sonhar com um
realidade que não é a nossa, ele provoca a experiencia da perda. Ele
não diz somente o que não temos, mas aquilo que perdemos, a
essência, a pureza de valores para mantermos um República. O
isolamento é que permitiu Utopia ser perfeitamente republicana
(RUST, 2015, p.107).
• “O conceito de Cristianismo Primitivo cumpre a mesma função: fazer
ver uma idade de ouro corrompida; uma época dourada perdida, mas
que já foi nossa” (RUST, 2015, p.107). Juntos, os conceitos de
Cristianismo Primitivo e de Virada Constantiniana mantêm viva uma
utopia iluminista sobre o espaço público. (RUST, 2015, p.110).