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Disciplina de Física e Química A         11º ano de escolaridade                    Componente de Física




                                     Componente de Física


Unidade 1 – Movimentos na Terra e no Espaço
“(…)um problema fundamental, e por milhares de anos completamente obscurecido
pelas suas próprias complicações, é o do movimento. Todos os movimentos observáveis
na natureza são na realidade muito complicados. Para compreendê-los temos de
começar pelos casos mais simples e gradualmente irmos subindo.(…)”
                                           in A Evolução da Física, de Albert Einstein e Leopold Infeld


O movimento. Viajar no espaço e no tempo.
A cinemática permite escrever a história do futuro. Saber para onde se vai, sabendo de
onde se vem, definidas algumas regras do movimento. Mas também garante uma
viagem ao passado, descobrindo-o, ligando o passado e o presente pela trajectória que é
possível reconstruir através das regras matemáticas destes movimentos, no tempo e no
espaço, que passa e nos ultrapassa, acelera e desacelera, roda, tira e põe os objectos em
cada instante no seu lugar.
                                                                                F. Carvalho Rodrigues




1.1 Viagens com GPS
1.1.1 Funcionamento e aplicações do GPS
O termo GPS aparece no nosso vocabulário associado a um dispositivo capaz de dar a
nossa posição exacta esteja ela onde estiver, ou indicar uma determinada rota a seguir
para chegar a um determinado destino.
O GPS (Global Positioning System) foi desenvolvido nos EUA (a Europa está
actualmente a desenvolver um sistema concorrente, o Galileo) e é um sistema
tecnológico que recorre a uma rede de satélites com computadores e relógios atómicos a
bordo.


O sistema GPS permite determinar as coordenadas de posição de um ponto em qualquer
zona do mundo, e com uma margem muito pequena de erro, sendo constituído por 3
segmentos:




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     •    Segmento espacial
               o Rede de satélites (pelo menos 24), a uma distância de 20180 km da
                     superfície terrestre, os quais emitem sinais, demorando cada satélite 12 h
                     a dar uma volta completa à Terra
     •    Segmento de controlo
               o Rede de 5 estações de rastreio, 3 antenas terrestres e 1 central de controlo
                     (MCS), em Colorado Springs, Schriever AFB, onde a órbita de cada
                     satélite é constantemente monitorizada, podendo cada satélite receber
                     instruções para corrigir a sua órbita, por causa das atracções
                     gravitacionais do Sol e da Lua, bem como do efeito da pressão da
                     radiação solar
     •    Segmento de utilizadores
               o Utilização dos receptores, que recebem os sinais de microondas (1000 a
                     2000 MHz de frequência) emitidos por pelo menos 4 satélites, fazendo a
                     conversão dos dados fornecidos em coordenadas de posição, valores de
                     velocidade e cronometragem do tempo


Como funciona um receptor GPS?
Um receptor GPS recebe sinais provenientes de satélites que cobrem a superfície
terrestre e cuja posição em cada instante é conhecida com exactidão.
Os sinais, na banda das microondas, são característicos de cada satélite e o receptor
identifica o satélite que emitiu o sinal e faz uma comparação com registos de memória,
estabelecendo a sua localização exacta.


Os telemóveis também captam e enviam sinais na banda das microondas mas recorrem
a uma rede de antenas terrestres, designando-se a área coberta por cada antena de célula
e daí a designação de telefone celular.


Os satélites da rede GPS enviam os seus sinais em instantes precisos, os quais se
propagam à velocidade da luz (c ≈ 3,0 ×10 8 m s −1 ) , o que implica um certo tempo que
medeia o instante em que o sinal é emitido pelo satélite e o instante em que é recebido
pelo receptor. Este tempo permite determinar a distância entre o satélite e o receptor.




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Convém aqui relembrar alguns conceitos.
A velocidade escalar média é o quociente entre o deslocamento escalar e o tempo
                                     ∆x
gasto para o efectuar, v m =            , em que o deslocamento escalar, ∆x , é a diferença entre
                                     ∆t
as coordenadas final e inicial da posição. (Não confundir com rapidez média, quociente
                                                              s
entre o espaço percorrido e o tempo gasto, rm =                  ).
                                                              ∆t


Quando o movimento se dá na mesma direcção, sentido e com a mesma rapidez, o
                                              d
valor da velocidade é dado por v m =             .
                                              ∆t




Vamos analisar a situação seguinte, tratada a duas dimensões, em que o receptor está
situado num ponto P e que o satélite está a emitir a partir do ponto A, como mostra
a figura seguinte.
                                                     Após recepção do sinal proveniente de A, o
                                                     receptor em P, a partir do tempo que o sinal
                                                     demorou de A até P, vai calcular a distância
                                                      dA .
                                                     Este valor não é suficiente para localizar o
                                                     ponto P, uma vez que P pode ser qualquer
                                                     ponto pertença da circunferência centrada
                                                     em A e de raio d A .
                                                     Há que recorrer à posição de outro satélite B.


A posição de outro satélite emissor, B, é conhecida com exactidão e o sinal que emite é
captado pelo receptor em P, o que permite determinar a distância d B , como mostra a
figura seguinte.




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                                                  A posição do receptor P está então, agora,
                                                  determinada        pela       intersecção       das
                                                  circunferências de raio d A e d B , dado que
                                                  também está sobre a circunferência
                                                  centrada em B.
                                                  Mas as duas circunferências têm dois
                                                  pontos de intersecção. Será necessária a
                                                  acção de outro satélite C.
                                                  É feita uma nova medição da distância,
                                                  agora relativamente a C, cuja posição é
                                                  também conhecida, tal que essa distância
                                                  d C permite concluir que o receptor está
                                                  sobre a circunferência centrada em C, a
                                                  qual intersecta as outras duas.
                                                  Deste modo o ponto P fica localizado com
                                                  a utilização de 3 emissores.


A situação real, situação tridimensional, é semelhante à apresentada atrás só que as
circunferências dão lugar a esferas, estando o ponto P situado na intersecção das
superfícies de 3 esferas centradas nos satélites usados como pontos de referência, como
mostra a figura abaixo.
                                                          Este    método    de     localização       é
                                                          designado de triangulação e recorre
                                                          também a um 4º satélite cujo
                                                          propósito é o de sincronizar os
                                                          relógios atómicos, situados a bordo
                                                          dos satélites, e altamente precisos,
                                                          com os cronómetros de quartzo,
                                                          menos     precisos,     presentes       nos
                                                          receptores.




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Deste modo é determinada a posição tridimensional de um ponto cujas coordenadas são
a latitude, a longitude e a altitude, o que permite ao receptor GPS fornecer a
orientação numa viagem, pois indica a direcção e o sentido do movimento, identificar
a localização de pontos num mapa pelas suas coordenadas e armazenar as
coordenadas das posições, permitindo o percurso em sentido inverso.


Aplicação
Um receptor GPS recebe um sinal electromagnético de um satélite situado em órbita, o
qual demora 7,0 ×10 −2 s a chegar.
Calcula a distância do satélite ao receptor.


1.1.2 Posição – coordenadas geográficas e cartesianas
Para indicar a posição de um lugar à superfície da Terra recorremos às coordenadas
geográficas: latitude, longitude e altitude.
                                     A Terra é um geóide, não é uma esfera porque é
                                     achatada nos pólos (o raio polar é cerca de 30 km
                                     menor que o raio equatorial) e é acidentada a sua
                                     superfície, mas podemos considerá-la uma esfera
                                     quando se pretendem determinar as coordenadas.
Admitindo essa esfericidade temos que:
     •    O equador é um círculo máximo que divide a Terra em dois hemisférios, o
          Norte e o Sul, e todos os pontos do equador estão equidistantes dos pólos
          geográficos da Terra, Norte e Sul;
     •    Os paralelos são círculos menores que o equador, contidos em planos paralelos
          ao plano equatorial;
     •    Os meridianos são círculos máximos sobre a superfície terrestre que passam
          pelos pólos geográficos, sendo o meridiano de Greenwich o adoptado desde
          1884 como o meridiano de origem para a contagem das longitudes, ou seja, o 1º
          meridiano.




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A latitude é o arco de meridiano ou o valor do ângulo ao centro da Terra, expresso
em graus, medido entre o paralelo que passa pelo local considerado e o equador.
Assim:
ϕ A é a latitude do lugar A (uma latitude sul) e ϕ B a latitude de um lugar B (uma
latitude norte). O equador tem latitude 0º.




A longitude é o arco do equador ou o valor do ângulo ao centro da Terra, expresso
em graus, medido entre o meridiano que passa pelo local considerado e o
meridiano de Greenwich. Assim:
L A é a longitude de um lugar A (longitude este) e LB é a longitude de um lugar B
(longitude oeste). O semimeridiano de Greenwich tem longitude 0º e o oposto, “linha
internacional de mudança de data”, tem longitude 180º, W e E, tal que aviões e navios
que o atravessem alteram a data a bordo em 1 dia; atrasam 1 dia os que se dirigem para
este e adiantam 1 dia os que se dirigem para oeste.
A altitude é o comprimento do segmento vertical compreendido entre o nível
médio das águas do mar e o local considerado, devendo o seu valor ser dado por um
altímetro pois a indicação do GPS relativa a esta coordenada é muito pouco precisa.



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E se quisermos estudar movimentos efectuados à superfície da Terra?
Neste caso, quase sempre podemos ignorar a curvatura da Terra, considerando esta
plana, sendo conveniente recorrer às coordenadas cartesianas, coordenadas que
descrevem a posição de um corpo, ou o seu estado de movimento, relativamente a
um sistema de referência, um referencial ou referencial cartesiano, em homenagem
a René Descartes, matemático, físico e filósofo francês que viveu na primeira metade do
século XVII, o qual serve para localizar pontos no espaço através de coordenadas x ,
y e z . Um referencial é assim um sistema de eixos ligado a um objecto, i.e., em
repouso relativamente a ele.


Consideremos um ponto P no espaço. A sua posição, relativamente à origem de um
referencial cartesiano, é dada através do seu vector posição, o vector:
                                 r        r         r         r
                                 rP = x P e x + y P e y + z P e z

e que x P , y P e z P são as coordenadas da posição do ponto P medidas sobre os 3 eixos
                r r       r
cartesianos e e x , e y e e z são os vectores unitários desses eixos, que dão a sua direcção.

Se o ponto P estivesse num plano o seu vector posição seria dado apenas em função
                             r        r         r
de duas coordenadas tal que, rP = x P e x + y P e y .

Se o ponto P estivesse assente apenas sobre um eixo o seu vector posição seria dado
                                            r        r
apenas em função de uma coordenada tal que, rP = x P e x .


Mas a posição do ponto P é relativa. Porque será?
Mas a posição de um corpo pode variar, e frequentemente varia, com o tempo. Então o
corpo ocupa sucessivamente posições diferentes, caracterizadas por conjuntos diferentes
de coordenadas cartesianas, ao longo do tempo. À linha que une o conjunto das
sucessivas posições ocupadas pelo corpo em movimento, ao longo do tempo,
chamamos trajectória.


As trajectórias podem ser rectilíneas ou curvilíneas (contendo o caso particular da
trajectória circular). Quando o movimento se faz sobre uma recta o movimento é
designado de rectilíneo e quando é feito sobre uma curva assume a designação de
curvilíneo.




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Quando estudamos o movimento de um corpo sem atender aos seus movimentos de
rotação e/ou deformações ele pode ser considerado uma partícula material,
representado pelo seu centro de massa, o ponto que representa a massa do corpo e onde
podem ser supostas aplicadas todas as forças que actuam no corpo.


1.1.3 Tempo
O Universo em que vivemos possui 4 dimensões, três são espaciais e uma é temporal.
Assim, para situar um acontecimento no tempo recorremos à coordenada instante. Um
intervalo de tempo mede a duração entre dois instantes.
O tempo desempenha um papel decisivo no funcionamento do sistema GPS pois o erro
na determinação do intervalo de tempo que um sinal demora a percorrer a distância que
medeia o emissor do receptor tem de ser muito pequeno.


Qualquer tipo de relógio possui um mecanismo que produz oscilações regulares e outro
que conta as oscilações, convertendo-as numa unidade de tempo. Consoante esses
osciladores sejam mecânicos, electromagnéticos ou atómicos, assim os relógios terão
diferente precisão.
     •    Os relógios mecânicos são baseados em oscilações pendulares.
     •    Os relógios electromagnéticos, relógios de quartzo, baseiam-se nas oscilações de
          um cristal de quartzo, oscilações dos átomos de silício, pois possui propriedades
          piezoeléctricas, i.e., quando se aplica uma d.d.p. a um pequeno cristal este torna-
          se um oscilador, com frequência muito regular.
     •    Os relógios atómicos baseiam-se na frequência das radiações emitidas, ou
          absorvidas, por átomos ou moléculas. Trata-se afinal de conseguir que a
          frequência da radiação incidente coincida com a frequência da radiação emitida
          aquando da desexcitação. (Os relógios de césio apresentam uma incerteza de 0,1
          µs/dia!)


Hora e longitude
A relação entre o tempo e a longitude permite determinar a diferença entre a hora legal
de dois lugares do planeta com diferente longitude.




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Cláudio Ptolomeu, astrónomo grego do século II, introduziu o conceito de “Sol médio”,
o qual descreve no céu, aparentemente, uma circunferência com velocidade constante
tal que, se descreve um ângulo de 360º em 24 h, descreve um ângulo de 15º em 1 h e
um ângulo de 1’ em cada 4 s.


Aplicação
Calcular a diferença horária entre dois meridianos que têm entre si uma diferença de
longitude de 35º 35’.


No dia a dia recorre-se a uma grande variedade de relógios mecânicos, os menos
precisos, pois apresentam uma incerteza de 100 ms/dia, podendo também recorrer-se a
relógios de quartzo, para tarefas mais sofisticadas, que exijam maior precisão temporal,
uma vez que a sua incerteza é de 0,1 ms/dia.


Mas, e em navegação marítima, o movimento dos navios não afecta o seu
funcionamento?
Sim, mas não só!
As variações da velocidade de rotação da Terra, provocadas pelos ventos e pelas marés,
desacertam os relógios mecânicos e de quartzo.
Foi só no século XVIII que John Harrison (1693-1776) desenvolveu um relógio baseado
no auto-equilíbrio de peças com molas, compensadas do efeito de dilatação provocado
por variações de temperatura, funcionando sem qualquer posição, sendo por isso imune
ao balancear dos navios.


1.1.4 Gráficos posição-tempo para movimentos rectilíneos
A figura seguinte mostra as posições de um móvel, considerado partícula material, em
intervalos de 2 s, movendo-se da posição A até à posição F passando sucessivamente
pelas posições B, C, D e E.




Como a posição é dependente do tempo podemos dizer que é uma função do tempo, i.e.,
x = x (t ) .



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Relacionando então a posição ocupada pelo móvel e o instante em que ele ocupa a
posição obtemos:




A representação gráfica, i.e., x = f (t ) é:




O tempo, representado no eixo das abcissas, é a variável independente e a posição,
representada no eixo das ordenadas, é a variável dependente.
É a posição que depende do tempo e não o contrário.


Atenção que o gráfico obtido não é a trajectória da partícula! Esta, é uma linha recta.


Consegues descrever, a partir do gráfico posição-tempo, o movimento da partícula?
     •    Parte, no início da contagem dos tempos, da posição x = 1 m .
     •    Durante os primeiros 2 s percorre 3 m, passando da posição x = 1 m para a
          posição x = 4 m , movendo-se no sentido positivo. A função x = x (t ) é
          crescente neste intervalo de tempo.
     •    Entre os instantes t = 2 s e t = 8 s o móvel passa da posição x = 4 m para
           x = −3 m , aproximando-se da origem 0 e depois afastando-se, movendo-se no
          sentido negativo. A função x = x (t ) é decrescente neste intervalo de tempo.




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     •    Entre os instantes t = 8 s e t = 10 s o móvel passa da posição x = −3 m para
           x = 3 m , aproximando-se da origem 0 e depois afastando-se, movendo-se no
          sentido positivo. A função x = x (t ) é crescente neste intervalo de tempo.


A função x = x (t ) traduz a lei do movimento.


1.1.5 Distância entre dois pontos, espaço percorrido e deslocamento
A figura seguinte mostra as posições ocupadas por um móvel, considerado partícula
material, que parte da origem O de um referencial, coincidente com o eixo 0x, passa
sucessivamente pelos pontos A e B, terminando o movimento em C.




Quais as posições ocupadas pelo móvel?
Qual a distância entre os pontos de partida e chegada?
Qual o espaço percorrido pelo móvel?
Qual o deslocamento escalar sofrido pelo móvel?
Qual o deslocamento do móvel? Qual a sua norma?
A figura abaixo representa o deslocamento do móvel. O que podes concluir?




Vamos então, agora, definir, e distinguir, as grandezas deslocamento, deslocamento
escalar, distância entre dois pontos e espaço percorrido.




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1.1.6 Velocidade
A velocidade média de um móvel, considerado partícula material, é o quociente entre
o deslocamento do seu centro de massa e o intervalo de tempo em que este é feito,
             r            r
      r     ∆r     r     ∆x
i.e., v m =    (ou v m =    , caso o móvel se movimente sobre o eixo 0x). Trata-se de
            ∆t           ∆t
uma grandeza vectorial, a qual é, por isso mesmo, caracterizada por uma direcção, um
sentido, a direcção e o sentido são a direcção e o sentido do vector deslocamento, um
                                           r
                                   r     ∆r
ponto de aplicação e uma norma, v m =        .
                                          ∆t


Mas acontece que, na maior parte das vezes, há interesse, não em conhecer a velocidade
média do móvel durante um determinado intervalo de tempo, mas em conhecer qual a
velocidade do móvel num, ou vários, instante(s) de tempo. Para isso recorremos à
definição de velocidade instantânea, ou simplesmente velocidade, uma grandeza
vectorial que caracteriza a direcção, o sentido do movimento e a rapidez com que o
móvel muda de posição.


A definição de velocidade estabelece-se a partir da velocidade média do móvel,
considerando os intervalos de tempo cada vez mais pequenos tal que, no menor
intervalo de tempo possível, aquele que tende para zero, se obtém a velocidade do
móvel entre dois instantes extremamente próximos, admitindo que entre esses dois
                                                                      r       r
instantes está aquele em que pretendemos conhecer a velocidade, sendo v = lim v m , i.e.,
                                                                             ∆t →0
           r
r         ∆r
v = lim      .
    ∆t →0 ∆t




Consideremos o móvel (um carro) a descrever uma trajectória rectilínea sobre o eixo 0x,
durante um certo intervalo de tempo, tal que o gráfico da posição em função do tempo,
x = f (t ) , é mostrado pela figura seguinte.




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Considerando intervalos de tempo sucessivamente menores, e as correspondentes
posições ocupadas pelo móvel, como mostra a figura abaixo, e traçando rectas que os
unam, podemos responder à questão a seguir formulada.




Existe um intervalo de tempo suficientemente pequeno para o qual a recta traçada que
une as posições ocupadas pelo móvel (recta a verde) é tangente ao gráfico para a
posição P para a qual se quer conhecer a velocidade. Conhecendo o deslocamento
escalar ∆x e o intervalo de tempo ∆t correspondente conhecemos a velocidade escalar.


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Assim, a velocidade podia ser caracterizada como um vector com a direcção do eixo 0x,
sentido arbitrado como positivo, ponto de aplicação no centro de massa do móvel e
                         r
                    r   ∆x
norma dada como v =          . Note-se que a velocidade escalar, o valor algébrico da
                        ∆t
                                     ∆x
velocidade, é dada como v =             , sendo ∆x e ∆t os correspondentes a verde.
                                     ∆t


O declive da tangente num ponto da curva do gráfico é igual ao valor da
velocidade do móvel no instante correspondente a esse ponto.


Num movimento rectilíneo, aquele que é efectuado sobre uma trajectória rectilínea, a
           r
velocidade v tem direcção constante.




Mas o móvel nem sempre descreve uma trajectória rectilínea. Pode descrever uma
                                                                           r
trajectória curvilínea. Neste tipo de trajectória a direcção da velocidade v está a variar.




Se visualizarmos um ponto da trajectória, como é a seguir representado, concluímos que
a velocidade do móvel, num dado instante, é um vector tangente à trajectória.




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Porque será?
Ao considerarmos um instante, um intervalo de tempo tão pequeno que tende para zero,
temos na realidade dois instantes incrivelmente próximos (que contêm o instante
pretendido) , para os quais corresponde um deslocamento, o qual é tangente à trajectória
(não esquecer que qualquer curva pode ser considerada como uma sucessão de
pequeníssimos segmentos de recta!). Como a velocidade é o quociente entre o
deslocamento (por muito pequeno que seja!) e o intervalo de tempo gasto para o efeito
(por muito pequeno que seja também!), temos que a velocidade é sempre tangente à
trajectória para qualquer instante considerado.


Assim, generalizando, podemos afirmar que as características da velocidade são:
     •    Ponto de aplicação: centro de massa do móvel;
     •    Direcção: a da tangente à trajectória no ponto em que o móvel se encontra;
     •    Sentido: o do movimento do móvel;
     •    Norma: igual ao módulo da velocidade escalar, indica a rapidez do movimento.


As características da velocidade podem ser alteradas em diferentes instantes durante o
movimento do móvel, por alteração da sua direcção, sentido ou norma. Assim:
     •    Sempre que a trajectória seja circular existe mudança da direcção da velocidade
          ao longo do tempo pelo que não podemos dizer que esta é constante, mesmo que
          a sua norma não sofra alteração, como é o caso da roda gigante;
     •    Sempre que a trajectória seja rectilínea pode ocorrer alteração na norma da
          velocidade, mesmo que a direcção e o sentido não se alterem, como é o caso da
          descida de um plano inclinado, em que a norma aumenta;
               o Se for uma subida a norma da velocidade vai diminuído ao longo do
                     tempo, mantendo-se a direcção e o sentido desta, até ao instante em que é
                     nula, instante em que ocorre mudança no sentido da velocidade, apesar
                     da direcção se continuar a manter;
     •    Num movimento curvilíneo podem variar a direcção e a norma da velocidade, e
          até o sentido, como naquele que descreve a ida de um aluno de casa à escola e da
          escola a casa.




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1.1.7 Gráficos velocidade-tempo
Podemos traçar um gráfico que relacione a velocidade escalar de um móvel ao longo do
tempo por forma a conhecer mais sobre o movimento de um móvel.


Consideremos o movimento de um móvel em linha recta, o qual se pode deslocar no
sentido de se afastar da origem do referencial escolhido, ou de se aproximar, mais
depressa, ou mais devagar, ou eventualmente parar, tal que a figura seguinte represente
esse movimento em função da variação das posições por ele ocupadas ao longo do
tempo.




A descrição do movimento é a seguinte:
     •    Até ao instante t1 o móvel mantém a mesma posição, a qual não coincide com a
          origem do eixo 0x;
     •    Entre os instantes t1 e t2 o móvel desloca-se no sentido positivo do eixo 0x, com
          velocidade crescente pois as rectas tangentes vão tendo declives cada vez
          maiores;
     •    Entre os instantes t2 e t3 o declive das rectas tangentes ainda é positivo, mas cada
          vez menor pelo que a velocidade está a diminuir, continuando o móvel a
          deslocar-se no sentido positivo;
     •    Entre os instantes t3 e t4 o declive das rectas tangentes é negativo, o móvel
          inverteu o sentido do movimento e aproxima-se da origem do eixo 0x,
          deslocando-se no sentido negativo, mas com a velocidade a aumentar em norma,
          apesar da velocidade escalar ser negativa;
     •    Entre os instantes t4 e t5 o declive das rectas tangentes é negativo e constante
          pelo que a velocidade é constante, continuando o móvel a deslocar-se no sentido
          negativo do eixo 0x;


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     •    Entre os instantes t5 e t6 o declive das rectas tangentes é negativo mas cada vez
          menos acentuado pelo que a velocidade está a diminuir em norma (a velocidade
          escalar é negativa) e o comboio continua a deslocar-se no sentido negativo do
          eixo 0x;
     •    No instante t6 o móvel atinge a origem do eixo 0x e pára, uma vez que o declive
          da recta tangente é nulo.


Um gráfico velocidade-tempo possível para o movimento deste móvel pode ser:




Assim:
     •    O sinal de v indica o sentido do movimento;
     •    Existe inversão de sentido quando v muda de sinal e o móvel está parado quando
          v é nulo num determinado intervalo de tempo;
     •    O valor absoluto de v indica a maior ou menor rapidez do movimento.


Atentemos no gráfico representado na figura abaixo.




A área compreendida entre a linha do gráfico e o eixo das abcissas tem significado
físico. Para um gráfico v = f (t ) , essa área representa o deslocamento escalar do móvel.




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Se o movimento ocorrer no sentido positivo ∆x f 0 e v f 0 , se ocorrer no sentido
negativo ∆x p 0 e v p 0 .


Num gráfico v = f (t ) o deslocamento escalar pode ser calculado entre dois instantes
quaisquer bastando para isso tão somente calcular a área subjacente e atribuir o sinal
correcto.




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GPS e Movimento

  • 1. Disciplina de Física e Química A 11º ano de escolaridade Componente de Física Componente de Física Unidade 1 – Movimentos na Terra e no Espaço “(…)um problema fundamental, e por milhares de anos completamente obscurecido pelas suas próprias complicações, é o do movimento. Todos os movimentos observáveis na natureza são na realidade muito complicados. Para compreendê-los temos de começar pelos casos mais simples e gradualmente irmos subindo.(…)” in A Evolução da Física, de Albert Einstein e Leopold Infeld O movimento. Viajar no espaço e no tempo. A cinemática permite escrever a história do futuro. Saber para onde se vai, sabendo de onde se vem, definidas algumas regras do movimento. Mas também garante uma viagem ao passado, descobrindo-o, ligando o passado e o presente pela trajectória que é possível reconstruir através das regras matemáticas destes movimentos, no tempo e no espaço, que passa e nos ultrapassa, acelera e desacelera, roda, tira e põe os objectos em cada instante no seu lugar. F. Carvalho Rodrigues 1.1 Viagens com GPS 1.1.1 Funcionamento e aplicações do GPS O termo GPS aparece no nosso vocabulário associado a um dispositivo capaz de dar a nossa posição exacta esteja ela onde estiver, ou indicar uma determinada rota a seguir para chegar a um determinado destino. O GPS (Global Positioning System) foi desenvolvido nos EUA (a Europa está actualmente a desenvolver um sistema concorrente, o Galileo) e é um sistema tecnológico que recorre a uma rede de satélites com computadores e relógios atómicos a bordo. O sistema GPS permite determinar as coordenadas de posição de um ponto em qualquer zona do mundo, e com uma margem muito pequena de erro, sendo constituído por 3 segmentos: Paulo José Santos Carriço Portugal Página 1 de 18
  • 2. Disciplina de Física e Química A 11º ano de escolaridade Componente de Física • Segmento espacial o Rede de satélites (pelo menos 24), a uma distância de 20180 km da superfície terrestre, os quais emitem sinais, demorando cada satélite 12 h a dar uma volta completa à Terra • Segmento de controlo o Rede de 5 estações de rastreio, 3 antenas terrestres e 1 central de controlo (MCS), em Colorado Springs, Schriever AFB, onde a órbita de cada satélite é constantemente monitorizada, podendo cada satélite receber instruções para corrigir a sua órbita, por causa das atracções gravitacionais do Sol e da Lua, bem como do efeito da pressão da radiação solar • Segmento de utilizadores o Utilização dos receptores, que recebem os sinais de microondas (1000 a 2000 MHz de frequência) emitidos por pelo menos 4 satélites, fazendo a conversão dos dados fornecidos em coordenadas de posição, valores de velocidade e cronometragem do tempo Como funciona um receptor GPS? Um receptor GPS recebe sinais provenientes de satélites que cobrem a superfície terrestre e cuja posição em cada instante é conhecida com exactidão. Os sinais, na banda das microondas, são característicos de cada satélite e o receptor identifica o satélite que emitiu o sinal e faz uma comparação com registos de memória, estabelecendo a sua localização exacta. Os telemóveis também captam e enviam sinais na banda das microondas mas recorrem a uma rede de antenas terrestres, designando-se a área coberta por cada antena de célula e daí a designação de telefone celular. Os satélites da rede GPS enviam os seus sinais em instantes precisos, os quais se propagam à velocidade da luz (c ≈ 3,0 ×10 8 m s −1 ) , o que implica um certo tempo que medeia o instante em que o sinal é emitido pelo satélite e o instante em que é recebido pelo receptor. Este tempo permite determinar a distância entre o satélite e o receptor. Paulo José Santos Carriço Portugal Página 2 de 18
  • 3. Disciplina de Física e Química A 11º ano de escolaridade Componente de Física Convém aqui relembrar alguns conceitos. A velocidade escalar média é o quociente entre o deslocamento escalar e o tempo ∆x gasto para o efectuar, v m = , em que o deslocamento escalar, ∆x , é a diferença entre ∆t as coordenadas final e inicial da posição. (Não confundir com rapidez média, quociente s entre o espaço percorrido e o tempo gasto, rm = ). ∆t Quando o movimento se dá na mesma direcção, sentido e com a mesma rapidez, o d valor da velocidade é dado por v m = . ∆t Vamos analisar a situação seguinte, tratada a duas dimensões, em que o receptor está situado num ponto P e que o satélite está a emitir a partir do ponto A, como mostra a figura seguinte. Após recepção do sinal proveniente de A, o receptor em P, a partir do tempo que o sinal demorou de A até P, vai calcular a distância dA . Este valor não é suficiente para localizar o ponto P, uma vez que P pode ser qualquer ponto pertença da circunferência centrada em A e de raio d A . Há que recorrer à posição de outro satélite B. A posição de outro satélite emissor, B, é conhecida com exactidão e o sinal que emite é captado pelo receptor em P, o que permite determinar a distância d B , como mostra a figura seguinte. Paulo José Santos Carriço Portugal Página 3 de 18
  • 4. Disciplina de Física e Química A 11º ano de escolaridade Componente de Física A posição do receptor P está então, agora, determinada pela intersecção das circunferências de raio d A e d B , dado que também está sobre a circunferência centrada em B. Mas as duas circunferências têm dois pontos de intersecção. Será necessária a acção de outro satélite C. É feita uma nova medição da distância, agora relativamente a C, cuja posição é também conhecida, tal que essa distância d C permite concluir que o receptor está sobre a circunferência centrada em C, a qual intersecta as outras duas. Deste modo o ponto P fica localizado com a utilização de 3 emissores. A situação real, situação tridimensional, é semelhante à apresentada atrás só que as circunferências dão lugar a esferas, estando o ponto P situado na intersecção das superfícies de 3 esferas centradas nos satélites usados como pontos de referência, como mostra a figura abaixo. Este método de localização é designado de triangulação e recorre também a um 4º satélite cujo propósito é o de sincronizar os relógios atómicos, situados a bordo dos satélites, e altamente precisos, com os cronómetros de quartzo, menos precisos, presentes nos receptores. Paulo José Santos Carriço Portugal Página 4 de 18
  • 5. Disciplina de Física e Química A 11º ano de escolaridade Componente de Física Deste modo é determinada a posição tridimensional de um ponto cujas coordenadas são a latitude, a longitude e a altitude, o que permite ao receptor GPS fornecer a orientação numa viagem, pois indica a direcção e o sentido do movimento, identificar a localização de pontos num mapa pelas suas coordenadas e armazenar as coordenadas das posições, permitindo o percurso em sentido inverso. Aplicação Um receptor GPS recebe um sinal electromagnético de um satélite situado em órbita, o qual demora 7,0 ×10 −2 s a chegar. Calcula a distância do satélite ao receptor. 1.1.2 Posição – coordenadas geográficas e cartesianas Para indicar a posição de um lugar à superfície da Terra recorremos às coordenadas geográficas: latitude, longitude e altitude. A Terra é um geóide, não é uma esfera porque é achatada nos pólos (o raio polar é cerca de 30 km menor que o raio equatorial) e é acidentada a sua superfície, mas podemos considerá-la uma esfera quando se pretendem determinar as coordenadas. Admitindo essa esfericidade temos que: • O equador é um círculo máximo que divide a Terra em dois hemisférios, o Norte e o Sul, e todos os pontos do equador estão equidistantes dos pólos geográficos da Terra, Norte e Sul; • Os paralelos são círculos menores que o equador, contidos em planos paralelos ao plano equatorial; • Os meridianos são círculos máximos sobre a superfície terrestre que passam pelos pólos geográficos, sendo o meridiano de Greenwich o adoptado desde 1884 como o meridiano de origem para a contagem das longitudes, ou seja, o 1º meridiano. Paulo José Santos Carriço Portugal Página 5 de 18
  • 6. Disciplina de Física e Química A 11º ano de escolaridade Componente de Física A latitude é o arco de meridiano ou o valor do ângulo ao centro da Terra, expresso em graus, medido entre o paralelo que passa pelo local considerado e o equador. Assim: ϕ A é a latitude do lugar A (uma latitude sul) e ϕ B a latitude de um lugar B (uma latitude norte). O equador tem latitude 0º. A longitude é o arco do equador ou o valor do ângulo ao centro da Terra, expresso em graus, medido entre o meridiano que passa pelo local considerado e o meridiano de Greenwich. Assim: L A é a longitude de um lugar A (longitude este) e LB é a longitude de um lugar B (longitude oeste). O semimeridiano de Greenwich tem longitude 0º e o oposto, “linha internacional de mudança de data”, tem longitude 180º, W e E, tal que aviões e navios que o atravessem alteram a data a bordo em 1 dia; atrasam 1 dia os que se dirigem para este e adiantam 1 dia os que se dirigem para oeste. A altitude é o comprimento do segmento vertical compreendido entre o nível médio das águas do mar e o local considerado, devendo o seu valor ser dado por um altímetro pois a indicação do GPS relativa a esta coordenada é muito pouco precisa. Paulo José Santos Carriço Portugal Página 6 de 18
  • 7. Disciplina de Física e Química A 11º ano de escolaridade Componente de Física E se quisermos estudar movimentos efectuados à superfície da Terra? Neste caso, quase sempre podemos ignorar a curvatura da Terra, considerando esta plana, sendo conveniente recorrer às coordenadas cartesianas, coordenadas que descrevem a posição de um corpo, ou o seu estado de movimento, relativamente a um sistema de referência, um referencial ou referencial cartesiano, em homenagem a René Descartes, matemático, físico e filósofo francês que viveu na primeira metade do século XVII, o qual serve para localizar pontos no espaço através de coordenadas x , y e z . Um referencial é assim um sistema de eixos ligado a um objecto, i.e., em repouso relativamente a ele. Consideremos um ponto P no espaço. A sua posição, relativamente à origem de um referencial cartesiano, é dada através do seu vector posição, o vector: r r r r rP = x P e x + y P e y + z P e z e que x P , y P e z P são as coordenadas da posição do ponto P medidas sobre os 3 eixos r r r cartesianos e e x , e y e e z são os vectores unitários desses eixos, que dão a sua direcção. Se o ponto P estivesse num plano o seu vector posição seria dado apenas em função r r r de duas coordenadas tal que, rP = x P e x + y P e y . Se o ponto P estivesse assente apenas sobre um eixo o seu vector posição seria dado r r apenas em função de uma coordenada tal que, rP = x P e x . Mas a posição do ponto P é relativa. Porque será? Mas a posição de um corpo pode variar, e frequentemente varia, com o tempo. Então o corpo ocupa sucessivamente posições diferentes, caracterizadas por conjuntos diferentes de coordenadas cartesianas, ao longo do tempo. À linha que une o conjunto das sucessivas posições ocupadas pelo corpo em movimento, ao longo do tempo, chamamos trajectória. As trajectórias podem ser rectilíneas ou curvilíneas (contendo o caso particular da trajectória circular). Quando o movimento se faz sobre uma recta o movimento é designado de rectilíneo e quando é feito sobre uma curva assume a designação de curvilíneo. Paulo José Santos Carriço Portugal Página 7 de 18
  • 8. Disciplina de Física e Química A 11º ano de escolaridade Componente de Física Quando estudamos o movimento de um corpo sem atender aos seus movimentos de rotação e/ou deformações ele pode ser considerado uma partícula material, representado pelo seu centro de massa, o ponto que representa a massa do corpo e onde podem ser supostas aplicadas todas as forças que actuam no corpo. 1.1.3 Tempo O Universo em que vivemos possui 4 dimensões, três são espaciais e uma é temporal. Assim, para situar um acontecimento no tempo recorremos à coordenada instante. Um intervalo de tempo mede a duração entre dois instantes. O tempo desempenha um papel decisivo no funcionamento do sistema GPS pois o erro na determinação do intervalo de tempo que um sinal demora a percorrer a distância que medeia o emissor do receptor tem de ser muito pequeno. Qualquer tipo de relógio possui um mecanismo que produz oscilações regulares e outro que conta as oscilações, convertendo-as numa unidade de tempo. Consoante esses osciladores sejam mecânicos, electromagnéticos ou atómicos, assim os relógios terão diferente precisão. • Os relógios mecânicos são baseados em oscilações pendulares. • Os relógios electromagnéticos, relógios de quartzo, baseiam-se nas oscilações de um cristal de quartzo, oscilações dos átomos de silício, pois possui propriedades piezoeléctricas, i.e., quando se aplica uma d.d.p. a um pequeno cristal este torna- se um oscilador, com frequência muito regular. • Os relógios atómicos baseiam-se na frequência das radiações emitidas, ou absorvidas, por átomos ou moléculas. Trata-se afinal de conseguir que a frequência da radiação incidente coincida com a frequência da radiação emitida aquando da desexcitação. (Os relógios de césio apresentam uma incerteza de 0,1 µs/dia!) Hora e longitude A relação entre o tempo e a longitude permite determinar a diferença entre a hora legal de dois lugares do planeta com diferente longitude. Paulo José Santos Carriço Portugal Página 8 de 18
  • 9. Disciplina de Física e Química A 11º ano de escolaridade Componente de Física Cláudio Ptolomeu, astrónomo grego do século II, introduziu o conceito de “Sol médio”, o qual descreve no céu, aparentemente, uma circunferência com velocidade constante tal que, se descreve um ângulo de 360º em 24 h, descreve um ângulo de 15º em 1 h e um ângulo de 1’ em cada 4 s. Aplicação Calcular a diferença horária entre dois meridianos que têm entre si uma diferença de longitude de 35º 35’. No dia a dia recorre-se a uma grande variedade de relógios mecânicos, os menos precisos, pois apresentam uma incerteza de 100 ms/dia, podendo também recorrer-se a relógios de quartzo, para tarefas mais sofisticadas, que exijam maior precisão temporal, uma vez que a sua incerteza é de 0,1 ms/dia. Mas, e em navegação marítima, o movimento dos navios não afecta o seu funcionamento? Sim, mas não só! As variações da velocidade de rotação da Terra, provocadas pelos ventos e pelas marés, desacertam os relógios mecânicos e de quartzo. Foi só no século XVIII que John Harrison (1693-1776) desenvolveu um relógio baseado no auto-equilíbrio de peças com molas, compensadas do efeito de dilatação provocado por variações de temperatura, funcionando sem qualquer posição, sendo por isso imune ao balancear dos navios. 1.1.4 Gráficos posição-tempo para movimentos rectilíneos A figura seguinte mostra as posições de um móvel, considerado partícula material, em intervalos de 2 s, movendo-se da posição A até à posição F passando sucessivamente pelas posições B, C, D e E. Como a posição é dependente do tempo podemos dizer que é uma função do tempo, i.e., x = x (t ) . Paulo José Santos Carriço Portugal Página 9 de 18
  • 10. Disciplina de Física e Química A 11º ano de escolaridade Componente de Física Relacionando então a posição ocupada pelo móvel e o instante em que ele ocupa a posição obtemos: A representação gráfica, i.e., x = f (t ) é: O tempo, representado no eixo das abcissas, é a variável independente e a posição, representada no eixo das ordenadas, é a variável dependente. É a posição que depende do tempo e não o contrário. Atenção que o gráfico obtido não é a trajectória da partícula! Esta, é uma linha recta. Consegues descrever, a partir do gráfico posição-tempo, o movimento da partícula? • Parte, no início da contagem dos tempos, da posição x = 1 m . • Durante os primeiros 2 s percorre 3 m, passando da posição x = 1 m para a posição x = 4 m , movendo-se no sentido positivo. A função x = x (t ) é crescente neste intervalo de tempo. • Entre os instantes t = 2 s e t = 8 s o móvel passa da posição x = 4 m para x = −3 m , aproximando-se da origem 0 e depois afastando-se, movendo-se no sentido negativo. A função x = x (t ) é decrescente neste intervalo de tempo. Paulo José Santos Carriço Portugal Página 10 de 18
  • 11. Disciplina de Física e Química A 11º ano de escolaridade Componente de Física • Entre os instantes t = 8 s e t = 10 s o móvel passa da posição x = −3 m para x = 3 m , aproximando-se da origem 0 e depois afastando-se, movendo-se no sentido positivo. A função x = x (t ) é crescente neste intervalo de tempo. A função x = x (t ) traduz a lei do movimento. 1.1.5 Distância entre dois pontos, espaço percorrido e deslocamento A figura seguinte mostra as posições ocupadas por um móvel, considerado partícula material, que parte da origem O de um referencial, coincidente com o eixo 0x, passa sucessivamente pelos pontos A e B, terminando o movimento em C. Quais as posições ocupadas pelo móvel? Qual a distância entre os pontos de partida e chegada? Qual o espaço percorrido pelo móvel? Qual o deslocamento escalar sofrido pelo móvel? Qual o deslocamento do móvel? Qual a sua norma? A figura abaixo representa o deslocamento do móvel. O que podes concluir? Vamos então, agora, definir, e distinguir, as grandezas deslocamento, deslocamento escalar, distância entre dois pontos e espaço percorrido. Paulo José Santos Carriço Portugal Página 11 de 18
  • 12. Disciplina de Física e Química A 11º ano de escolaridade Componente de Física 1.1.6 Velocidade A velocidade média de um móvel, considerado partícula material, é o quociente entre o deslocamento do seu centro de massa e o intervalo de tempo em que este é feito, r r r ∆r r ∆x i.e., v m = (ou v m = , caso o móvel se movimente sobre o eixo 0x). Trata-se de ∆t ∆t uma grandeza vectorial, a qual é, por isso mesmo, caracterizada por uma direcção, um sentido, a direcção e o sentido são a direcção e o sentido do vector deslocamento, um r r ∆r ponto de aplicação e uma norma, v m = . ∆t Mas acontece que, na maior parte das vezes, há interesse, não em conhecer a velocidade média do móvel durante um determinado intervalo de tempo, mas em conhecer qual a velocidade do móvel num, ou vários, instante(s) de tempo. Para isso recorremos à definição de velocidade instantânea, ou simplesmente velocidade, uma grandeza vectorial que caracteriza a direcção, o sentido do movimento e a rapidez com que o móvel muda de posição. A definição de velocidade estabelece-se a partir da velocidade média do móvel, considerando os intervalos de tempo cada vez mais pequenos tal que, no menor intervalo de tempo possível, aquele que tende para zero, se obtém a velocidade do móvel entre dois instantes extremamente próximos, admitindo que entre esses dois r r instantes está aquele em que pretendemos conhecer a velocidade, sendo v = lim v m , i.e., ∆t →0 r r ∆r v = lim . ∆t →0 ∆t Consideremos o móvel (um carro) a descrever uma trajectória rectilínea sobre o eixo 0x, durante um certo intervalo de tempo, tal que o gráfico da posição em função do tempo, x = f (t ) , é mostrado pela figura seguinte. Paulo José Santos Carriço Portugal Página 12 de 18
  • 13. Disciplina de Física e Química A 11º ano de escolaridade Componente de Física Considerando intervalos de tempo sucessivamente menores, e as correspondentes posições ocupadas pelo móvel, como mostra a figura abaixo, e traçando rectas que os unam, podemos responder à questão a seguir formulada. Existe um intervalo de tempo suficientemente pequeno para o qual a recta traçada que une as posições ocupadas pelo móvel (recta a verde) é tangente ao gráfico para a posição P para a qual se quer conhecer a velocidade. Conhecendo o deslocamento escalar ∆x e o intervalo de tempo ∆t correspondente conhecemos a velocidade escalar. Paulo José Santos Carriço Portugal Página 13 de 18
  • 14. Disciplina de Física e Química A 11º ano de escolaridade Componente de Física Assim, a velocidade podia ser caracterizada como um vector com a direcção do eixo 0x, sentido arbitrado como positivo, ponto de aplicação no centro de massa do móvel e r r ∆x norma dada como v = . Note-se que a velocidade escalar, o valor algébrico da ∆t ∆x velocidade, é dada como v = , sendo ∆x e ∆t os correspondentes a verde. ∆t O declive da tangente num ponto da curva do gráfico é igual ao valor da velocidade do móvel no instante correspondente a esse ponto. Num movimento rectilíneo, aquele que é efectuado sobre uma trajectória rectilínea, a r velocidade v tem direcção constante. Mas o móvel nem sempre descreve uma trajectória rectilínea. Pode descrever uma r trajectória curvilínea. Neste tipo de trajectória a direcção da velocidade v está a variar. Se visualizarmos um ponto da trajectória, como é a seguir representado, concluímos que a velocidade do móvel, num dado instante, é um vector tangente à trajectória. Paulo José Santos Carriço Portugal Página 14 de 18
  • 15. Disciplina de Física e Química A 11º ano de escolaridade Componente de Física Porque será? Ao considerarmos um instante, um intervalo de tempo tão pequeno que tende para zero, temos na realidade dois instantes incrivelmente próximos (que contêm o instante pretendido) , para os quais corresponde um deslocamento, o qual é tangente à trajectória (não esquecer que qualquer curva pode ser considerada como uma sucessão de pequeníssimos segmentos de recta!). Como a velocidade é o quociente entre o deslocamento (por muito pequeno que seja!) e o intervalo de tempo gasto para o efeito (por muito pequeno que seja também!), temos que a velocidade é sempre tangente à trajectória para qualquer instante considerado. Assim, generalizando, podemos afirmar que as características da velocidade são: • Ponto de aplicação: centro de massa do móvel; • Direcção: a da tangente à trajectória no ponto em que o móvel se encontra; • Sentido: o do movimento do móvel; • Norma: igual ao módulo da velocidade escalar, indica a rapidez do movimento. As características da velocidade podem ser alteradas em diferentes instantes durante o movimento do móvel, por alteração da sua direcção, sentido ou norma. Assim: • Sempre que a trajectória seja circular existe mudança da direcção da velocidade ao longo do tempo pelo que não podemos dizer que esta é constante, mesmo que a sua norma não sofra alteração, como é o caso da roda gigante; • Sempre que a trajectória seja rectilínea pode ocorrer alteração na norma da velocidade, mesmo que a direcção e o sentido não se alterem, como é o caso da descida de um plano inclinado, em que a norma aumenta; o Se for uma subida a norma da velocidade vai diminuído ao longo do tempo, mantendo-se a direcção e o sentido desta, até ao instante em que é nula, instante em que ocorre mudança no sentido da velocidade, apesar da direcção se continuar a manter; • Num movimento curvilíneo podem variar a direcção e a norma da velocidade, e até o sentido, como naquele que descreve a ida de um aluno de casa à escola e da escola a casa. Paulo José Santos Carriço Portugal Página 15 de 18
  • 16. Disciplina de Física e Química A 11º ano de escolaridade Componente de Física 1.1.7 Gráficos velocidade-tempo Podemos traçar um gráfico que relacione a velocidade escalar de um móvel ao longo do tempo por forma a conhecer mais sobre o movimento de um móvel. Consideremos o movimento de um móvel em linha recta, o qual se pode deslocar no sentido de se afastar da origem do referencial escolhido, ou de se aproximar, mais depressa, ou mais devagar, ou eventualmente parar, tal que a figura seguinte represente esse movimento em função da variação das posições por ele ocupadas ao longo do tempo. A descrição do movimento é a seguinte: • Até ao instante t1 o móvel mantém a mesma posição, a qual não coincide com a origem do eixo 0x; • Entre os instantes t1 e t2 o móvel desloca-se no sentido positivo do eixo 0x, com velocidade crescente pois as rectas tangentes vão tendo declives cada vez maiores; • Entre os instantes t2 e t3 o declive das rectas tangentes ainda é positivo, mas cada vez menor pelo que a velocidade está a diminuir, continuando o móvel a deslocar-se no sentido positivo; • Entre os instantes t3 e t4 o declive das rectas tangentes é negativo, o móvel inverteu o sentido do movimento e aproxima-se da origem do eixo 0x, deslocando-se no sentido negativo, mas com a velocidade a aumentar em norma, apesar da velocidade escalar ser negativa; • Entre os instantes t4 e t5 o declive das rectas tangentes é negativo e constante pelo que a velocidade é constante, continuando o móvel a deslocar-se no sentido negativo do eixo 0x; Paulo José Santos Carriço Portugal Página 16 de 18
  • 17. Disciplina de Física e Química A 11º ano de escolaridade Componente de Física • Entre os instantes t5 e t6 o declive das rectas tangentes é negativo mas cada vez menos acentuado pelo que a velocidade está a diminuir em norma (a velocidade escalar é negativa) e o comboio continua a deslocar-se no sentido negativo do eixo 0x; • No instante t6 o móvel atinge a origem do eixo 0x e pára, uma vez que o declive da recta tangente é nulo. Um gráfico velocidade-tempo possível para o movimento deste móvel pode ser: Assim: • O sinal de v indica o sentido do movimento; • Existe inversão de sentido quando v muda de sinal e o móvel está parado quando v é nulo num determinado intervalo de tempo; • O valor absoluto de v indica a maior ou menor rapidez do movimento. Atentemos no gráfico representado na figura abaixo. A área compreendida entre a linha do gráfico e o eixo das abcissas tem significado físico. Para um gráfico v = f (t ) , essa área representa o deslocamento escalar do móvel. Paulo José Santos Carriço Portugal Página 17 de 18
  • 18. Disciplina de Física e Química A 11º ano de escolaridade Componente de Física Se o movimento ocorrer no sentido positivo ∆x f 0 e v f 0 , se ocorrer no sentido negativo ∆x p 0 e v p 0 . Num gráfico v = f (t ) o deslocamento escalar pode ser calculado entre dois instantes quaisquer bastando para isso tão somente calcular a área subjacente e atribuir o sinal correcto. Paulo José Santos Carriço Portugal Página 18 de 18