SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 2
Aula de Filosofia. 2° ano do ensino médio. Professor esp. de Filosofia Ricardo Franco

A Liberdade

Podemos ser livres?

        Uma das características da consciência mítica é a aceitação do destino, se analisarmos a
passagem do mito a razão na Grécia antiga, veremos como ocorreu o desenvolvimento, resta
olhar o lapso intermediário caracterizado pela consciência trágica, a qual apresenta o momento
que o mito não foi totalmente superado.

        A tragédia grega durou pouco tempo e os autores mais famosos foram Ésquilo (525-456
a.C) Sófocles (496-406 a.C) e Eurípedes (480-406 a.C). Como exemplo, vamos conhecer a
tragédia Édipo Rei de Sófocles. Laio, senhor de Tebas, soube pelo oráculo que seu filho recém-
nascido haveria de assassiná-lo e casar-se em seguida com a própria mãe. Laio antecipa-se ao
destino e manda matar o filho, mas suas ordens não são cumpridas, e a criança cresce em lugar
distante. Quando adulto, Édipo consulta o oráculo e, ao tomar conhecimento do destino que lhe
fora reservado, foge da casa daqueles que supunha serem seus verdadeiros pais a fim de evitar o
cumprimento daquela sina. No caminho desentende-se com um estranho, e o mata. Esse
desconhecido era, na verdade, seu pai. Entrando em Tebas, Édipo casa-se com Jocasta, viúva de
Laio, ignorando ser ela sua mãe. E assim cumpriu-se o destino.

        Percebemos que a todo o momento surge a força nova da vontade tentando desviar da
vontade divina para que não aconteça o que foi determinado. A tragédia revela a contradição
entre determinismo e liberdade, daí em diante percebemos o esforço de compreender a razão
para orientar a razão. Ao expor o conceito liberdade podemos pensá-lo de diversas perspectivas.
Vamos ver como alguns filósofos trataram o tema.

       Na Grécia, temos Sócrates, para ele as virtudes, como a justiça, a fortaleza, a
temperança, a prudência, dependem dos conhecimentos que temos delas, isto é, agimos bem
quando o conhecemos e mal quando o ignoramos.

         Aristóteles afirma que tanto a virtude e o vício dependem da vontade do indivíduo. Ao
examinar as paixões – a cólera, medo, audácia, inveja, alegria, desejo – ele diz que são apetites
e não podemos afirmar se somos maus ou bons, contudo a virtude não é um apetite e sim uma
disposição de caráter, relacionado à razão do homem dotado de sabedoria prática. Contudo a
filósofa Hannah Arendt diz que naquele período a noção de liberdade se restringia ao campo
político e não a vida privada. Para tanto Aristóteles dizia que a vida boa era aquela de cidadãos
dedicados à atuação na Pólis e não com a questão da sobrevivência – função de mulheres e
escravos.

         Somente nos séculos III e IV com Santo Agostinho é que teremos o conceito de livre-
arbítrio, como faculdade da razão e da vontade em sua obra Sobre a Livre Escolha da Vontade.

        Na Idade Moderna, o filósofo racionalista René Descartes defende que o intelecto tem
prioridade sobre as paixões, na medida em que o melhor conhecimento delas é a condição para
que possamos controlá-las mesmo que as paixões sejam boas em si e caberá à razão averiguar
como a utilizamos.

         A ciência segue o determinismo científico, segundo tal teoria o mundo é da necessidade,
isto é, tudo o que tem que ser não pode deixar de ser. Imagine que ao fazer uma experiência
com a água, ao pô-la esquentar, ao invés de ocorrer a evaporação ela congelasse, a ciência
acabaria, então não há como não seguir tal corrente de pensamento.
Atividades

1- Quais foram os autores mais famosos da tragédia grega? Conte com suas palavras a
   história de Édipo Rei.
2- Qual é a ideia de liberdade para Sócrates?

3- Aristóteles afirma que tanto a virtude e o vício dependem da vontade do indivíduo.
   Explique a ideia de liberdade aristotélica.

4- Quem introduziu a ideia de livre-arbítrio no mundo e em que época isso ocorreu?

5- Qual é a ideia de intelecto defendida pelo filósofo René Descartes?

6- O que é determinismo científico?

Mais conteúdo relacionado

Mais procurados

Slides da aula de Filosofia (João Luís) sobre Origem da Filosofia
Slides da aula de Filosofia (João Luís) sobre Origem da FilosofiaSlides da aula de Filosofia (João Luís) sobre Origem da Filosofia
Slides da aula de Filosofia (João Luís) sobre Origem da FilosofiaTurma Olímpica
 
O que é filosofia (texto)
O que é filosofia (texto)O que é filosofia (texto)
O que é filosofia (texto)filosofiasocial
 
Pensamento clássico
Pensamento clássicoPensamento clássico
Pensamento clássicoLucas Dias
 
O surgimento da filosofia
O surgimento da filosofiaO surgimento da filosofia
O surgimento da filosofiaAlison Nunes
 
Slide a origem da filosofia
Slide a origem da filosofiaSlide a origem da filosofia
Slide a origem da filosofiairanildespm
 
O conhecimento slides
O conhecimento   slidesO conhecimento   slides
O conhecimento slidesUFMS
 
Apostila de filosofia 3º ano
Apostila de filosofia 3º anoApostila de filosofia 3º ano
Apostila de filosofia 3º anoDuzg
 
Evolução Histórica da Reflexão sobre a Condição Humana
Evolução Histórica da Reflexão sobre a Condição HumanaEvolução Histórica da Reflexão sobre a Condição Humana
Evolução Histórica da Reflexão sobre a Condição HumanaIuri Guedes
 
Evolução da reflexão sobre a condição humana
Evolução da reflexão sobre a condição humanaEvolução da reflexão sobre a condição humana
Evolução da reflexão sobre a condição humanaLAISE RUAMA
 
História da Filosofia
História da FilosofiaHistória da Filosofia
História da FilosofiaO Camaleão
 
Filósofos gregos antigos
Filósofos gregos antigosFilósofos gregos antigos
Filósofos gregos antigosJulio Siqueira
 
Avaliação de Filosofia - Platão e Aristóteles
Avaliação de Filosofia - Platão e AristótelesAvaliação de Filosofia - Platão e Aristóteles
Avaliação de Filosofia - Platão e AristótelesRafael Oliveira
 

Mais procurados (20)

Slides da aula de Filosofia (João Luís) sobre Origem da Filosofia
Slides da aula de Filosofia (João Luís) sobre Origem da FilosofiaSlides da aula de Filosofia (João Luís) sobre Origem da Filosofia
Slides da aula de Filosofia (João Luís) sobre Origem da Filosofia
 
O que é filosofia (texto)
O que é filosofia (texto)O que é filosofia (texto)
O que é filosofia (texto)
 
Capitulo 1 a origem da filosofia
Capitulo 1   a origem da filosofiaCapitulo 1   a origem da filosofia
Capitulo 1 a origem da filosofia
 
Pensamento clássico
Pensamento clássicoPensamento clássico
Pensamento clássico
 
Filosofia intro
Filosofia introFilosofia intro
Filosofia intro
 
O surgimento da filosofia
O surgimento da filosofiaO surgimento da filosofia
O surgimento da filosofia
 
Slide a origem da filosofia
Slide a origem da filosofiaSlide a origem da filosofia
Slide a origem da filosofia
 
O conhecimento slides
O conhecimento   slidesO conhecimento   slides
O conhecimento slides
 
Apostila de filosofia 3º ano
Apostila de filosofia 3º anoApostila de filosofia 3º ano
Apostila de filosofia 3º ano
 
Filosofia.1º ano
Filosofia.1º anoFilosofia.1º ano
Filosofia.1º ano
 
Evolução Histórica da Reflexão sobre a Condição Humana
Evolução Histórica da Reflexão sobre a Condição HumanaEvolução Histórica da Reflexão sobre a Condição Humana
Evolução Histórica da Reflexão sobre a Condição Humana
 
Aula 2 - Origens da Filosofia
Aula 2 - Origens da FilosofiaAula 2 - Origens da Filosofia
Aula 2 - Origens da Filosofia
 
Mito
MitoMito
Mito
 
O que é filosofia
O que é filosofiaO que é filosofia
O que é filosofia
 
Evolução da reflexão sobre a condição humana
Evolução da reflexão sobre a condição humanaEvolução da reflexão sobre a condição humana
Evolução da reflexão sobre a condição humana
 
História da Filosofia
História da FilosofiaHistória da Filosofia
História da Filosofia
 
Pre=soc
Pre=socPre=soc
Pre=soc
 
Filósofos gregos antigos
Filósofos gregos antigosFilósofos gregos antigos
Filósofos gregos antigos
 
Aula de filosofia
Aula de filosofia Aula de filosofia
Aula de filosofia
 
Avaliação de Filosofia - Platão e Aristóteles
Avaliação de Filosofia - Platão e AristótelesAvaliação de Filosofia - Platão e Aristóteles
Avaliação de Filosofia - Platão e Aristóteles
 

Destaque

Beatriz cardozo (trabalho filosofia) 3 bimestre
Beatriz cardozo (trabalho filosofia) 3 bimestreBeatriz cardozo (trabalho filosofia) 3 bimestre
Beatriz cardozo (trabalho filosofia) 3 bimestreRicardo Franco
 
Cap9 a razão inata ou adquirida
Cap9 a razão inata ou adquiridaCap9 a razão inata ou adquirida
Cap9 a razão inata ou adquiridaRicardo Franco
 
A consciência mítica (aula 1ano)
A consciência mítica (aula 1ano)A consciência mítica (aula 1ano)
A consciência mítica (aula 1ano)Ricardo Franco
 
Trabalho de filosofia !
Trabalho de filosofia !Trabalho de filosofia !
Trabalho de filosofia !Ricardo Franco
 
Introdução à ética (2° ano)
Introdução à ética (2° ano)Introdução à ética (2° ano)
Introdução à ética (2° ano)Ricardo Franco
 
Modelo capa trabalhos escolares
Modelo capa trabalhos escolaresModelo capa trabalhos escolares
Modelo capa trabalhos escolaresRicardo Franco
 
A experiencia filosofica
A experiencia filosoficaA experiencia filosofica
A experiencia filosoficaRicardo Franco
 

Destaque (8)

Capítulos1e2
Capítulos1e2Capítulos1e2
Capítulos1e2
 
Beatriz cardozo (trabalho filosofia) 3 bimestre
Beatriz cardozo (trabalho filosofia) 3 bimestreBeatriz cardozo (trabalho filosofia) 3 bimestre
Beatriz cardozo (trabalho filosofia) 3 bimestre
 
Cap9 a razão inata ou adquirida
Cap9 a razão inata ou adquiridaCap9 a razão inata ou adquirida
Cap9 a razão inata ou adquirida
 
A consciência mítica (aula 1ano)
A consciência mítica (aula 1ano)A consciência mítica (aula 1ano)
A consciência mítica (aula 1ano)
 
Trabalho de filosofia !
Trabalho de filosofia !Trabalho de filosofia !
Trabalho de filosofia !
 
Introdução à ética (2° ano)
Introdução à ética (2° ano)Introdução à ética (2° ano)
Introdução à ética (2° ano)
 
Modelo capa trabalhos escolares
Modelo capa trabalhos escolaresModelo capa trabalhos escolares
Modelo capa trabalhos escolares
 
A experiencia filosofica
A experiencia filosoficaA experiencia filosofica
A experiencia filosofica
 

Semelhante a A liberdade (2° ano)

Evolucao historica da reflexao humana
Evolucao historica da reflexao humanaEvolucao historica da reflexao humana
Evolucao historica da reflexao humanaAniel Soares
 
Evolucao historica da reflexao humana
Evolucao historica da reflexao humanaEvolucao historica da reflexao humana
Evolucao historica da reflexao humanaAniel Soares
 
2º Aula em busca da verdade.pptx
2º Aula em busca da verdade.pptx2º Aula em busca da verdade.pptx
2º Aula em busca da verdade.pptxFlavioCandido8
 
Capítulo 13 em busca da verdade
Capítulo 13   em busca da verdadeCapítulo 13   em busca da verdade
Capítulo 13 em busca da verdadeEdirlene Fraga
 
Aulão de Filosofia (2015)
Aulão de Filosofia (2015)Aulão de Filosofia (2015)
Aulão de Filosofia (2015)professorleo1989
 
Mundo de Sofia Resumo
Mundo de Sofia ResumoMundo de Sofia Resumo
Mundo de Sofia ResumoLuci Bonini
 
História da Filosofia dos Pré Socráticos ao Helenismo
História da Filosofia   dos Pré Socráticos ao HelenismoHistória da Filosofia   dos Pré Socráticos ao Helenismo
História da Filosofia dos Pré Socráticos ao HelenismoLucio Oliveira
 
Captulo13 Em busca da Verdade
Captulo13 Em busca da VerdadeCaptulo13 Em busca da Verdade
Captulo13 Em busca da VerdadeMarcos Mororó
 
Filosofia e Matrix: Temet Nosce
Filosofia e Matrix: Temet NosceFilosofia e Matrix: Temet Nosce
Filosofia e Matrix: Temet NoscePolyanna Camelo
 
Fundamentos Históricos e Epistemológicos da Psicologia
Fundamentos Históricos e Epistemológicos da PsicologiaFundamentos Históricos e Epistemológicos da Psicologia
Fundamentos Históricos e Epistemológicos da PsicologiaRoney Gusmão
 
a-origem-e-nascimento-da-filosofia1.pptx
a-origem-e-nascimento-da-filosofia1.pptxa-origem-e-nascimento-da-filosofia1.pptx
a-origem-e-nascimento-da-filosofia1.pptxJosKleberFernandes
 
Introdução ao Estudo do Direito (IED)
Introdução ao Estudo do Direito (IED)Introdução ao Estudo do Direito (IED)
Introdução ao Estudo do Direito (IED)brigidoh
 
antonio inacio ferraz-Introduoaoestudododireito
antonio inacio ferraz-Introduoaoestudododireito antonio inacio ferraz-Introduoaoestudododireito
antonio inacio ferraz-Introduoaoestudododireito ANTONIO INACIO FERRAZ
 
2. sócrates, sofistas, platão e aristóteles
2. sócrates, sofistas, platão e aristóteles2. sócrates, sofistas, platão e aristóteles
2. sócrates, sofistas, platão e aristótelesTiago Kestering Pereira
 
Hdh platao a_republica
Hdh platao a_republicaHdh platao a_republica
Hdh platao a_republicaunirio2011
 
Evolução histórica da reflexão sobre a condição humana
Evolução histórica da reflexão sobre a condição humanaEvolução histórica da reflexão sobre a condição humana
Evolução histórica da reflexão sobre a condição humana19121992
 

Semelhante a A liberdade (2° ano) (20)

Evolucao historica da reflexao humana
Evolucao historica da reflexao humanaEvolucao historica da reflexao humana
Evolucao historica da reflexao humana
 
Evolucao historica da reflexao humana
Evolucao historica da reflexao humanaEvolucao historica da reflexao humana
Evolucao historica da reflexao humana
 
2º Aula em busca da verdade.pptx
2º Aula em busca da verdade.pptx2º Aula em busca da verdade.pptx
2º Aula em busca da verdade.pptx
 
Capítulo 13 em busca da verdade
Capítulo 13   em busca da verdadeCapítulo 13   em busca da verdade
Capítulo 13 em busca da verdade
 
Aulão de Filosofia (2015)
Aulão de Filosofia (2015)Aulão de Filosofia (2015)
Aulão de Filosofia (2015)
 
Mundo de Sofia Resumo
Mundo de Sofia ResumoMundo de Sofia Resumo
Mundo de Sofia Resumo
 
História da Filosofia dos Pré Socráticos ao Helenismo
História da Filosofia   dos Pré Socráticos ao HelenismoHistória da Filosofia   dos Pré Socráticos ao Helenismo
História da Filosofia dos Pré Socráticos ao Helenismo
 
Captulo13 Em busca da Verdade
Captulo13 Em busca da VerdadeCaptulo13 Em busca da Verdade
Captulo13 Em busca da Verdade
 
Filosofia e Matrix: Temet Nosce
Filosofia e Matrix: Temet NosceFilosofia e Matrix: Temet Nosce
Filosofia e Matrix: Temet Nosce
 
Aula 03 - Sócrates e o Nascimento da Filosofia
Aula 03 - Sócrates e o Nascimento da FilosofiaAula 03 - Sócrates e o Nascimento da Filosofia
Aula 03 - Sócrates e o Nascimento da Filosofia
 
Concepção clássica do homem
Concepção clássica do homemConcepção clássica do homem
Concepção clássica do homem
 
Fundamentos Históricos e Epistemológicos da Psicologia
Fundamentos Históricos e Epistemológicos da PsicologiaFundamentos Históricos e Epistemológicos da Psicologia
Fundamentos Históricos e Epistemológicos da Psicologia
 
a-origem-e-nascimento-da-filosofia1.pptx
a-origem-e-nascimento-da-filosofia1.pptxa-origem-e-nascimento-da-filosofia1.pptx
a-origem-e-nascimento-da-filosofia1.pptx
 
Introdução ao Estudo do Direito (IED)
Introdução ao Estudo do Direito (IED)Introdução ao Estudo do Direito (IED)
Introdução ao Estudo do Direito (IED)
 
antonio inacio ferraz-Introduoaoestudododireito
antonio inacio ferraz-Introduoaoestudododireito antonio inacio ferraz-Introduoaoestudododireito
antonio inacio ferraz-Introduoaoestudododireito
 
Filosofos
FilosofosFilosofos
Filosofos
 
2. sócrates, sofistas, platão e aristóteles
2. sócrates, sofistas, platão e aristóteles2. sócrates, sofistas, platão e aristóteles
2. sócrates, sofistas, platão e aristóteles
 
Hdh platao a_republica
Hdh platao a_republicaHdh platao a_republica
Hdh platao a_republica
 
3aula vestibular - filosofia
3aula   vestibular - filosofia3aula   vestibular - filosofia
3aula vestibular - filosofia
 
Evolução histórica da reflexão sobre a condição humana
Evolução histórica da reflexão sobre a condição humanaEvolução histórica da reflexão sobre a condição humana
Evolução histórica da reflexão sobre a condição humana
 

A liberdade (2° ano)

  • 1. Aula de Filosofia. 2° ano do ensino médio. Professor esp. de Filosofia Ricardo Franco A Liberdade Podemos ser livres? Uma das características da consciência mítica é a aceitação do destino, se analisarmos a passagem do mito a razão na Grécia antiga, veremos como ocorreu o desenvolvimento, resta olhar o lapso intermediário caracterizado pela consciência trágica, a qual apresenta o momento que o mito não foi totalmente superado. A tragédia grega durou pouco tempo e os autores mais famosos foram Ésquilo (525-456 a.C) Sófocles (496-406 a.C) e Eurípedes (480-406 a.C). Como exemplo, vamos conhecer a tragédia Édipo Rei de Sófocles. Laio, senhor de Tebas, soube pelo oráculo que seu filho recém- nascido haveria de assassiná-lo e casar-se em seguida com a própria mãe. Laio antecipa-se ao destino e manda matar o filho, mas suas ordens não são cumpridas, e a criança cresce em lugar distante. Quando adulto, Édipo consulta o oráculo e, ao tomar conhecimento do destino que lhe fora reservado, foge da casa daqueles que supunha serem seus verdadeiros pais a fim de evitar o cumprimento daquela sina. No caminho desentende-se com um estranho, e o mata. Esse desconhecido era, na verdade, seu pai. Entrando em Tebas, Édipo casa-se com Jocasta, viúva de Laio, ignorando ser ela sua mãe. E assim cumpriu-se o destino. Percebemos que a todo o momento surge a força nova da vontade tentando desviar da vontade divina para que não aconteça o que foi determinado. A tragédia revela a contradição entre determinismo e liberdade, daí em diante percebemos o esforço de compreender a razão para orientar a razão. Ao expor o conceito liberdade podemos pensá-lo de diversas perspectivas. Vamos ver como alguns filósofos trataram o tema. Na Grécia, temos Sócrates, para ele as virtudes, como a justiça, a fortaleza, a temperança, a prudência, dependem dos conhecimentos que temos delas, isto é, agimos bem quando o conhecemos e mal quando o ignoramos. Aristóteles afirma que tanto a virtude e o vício dependem da vontade do indivíduo. Ao examinar as paixões – a cólera, medo, audácia, inveja, alegria, desejo – ele diz que são apetites e não podemos afirmar se somos maus ou bons, contudo a virtude não é um apetite e sim uma disposição de caráter, relacionado à razão do homem dotado de sabedoria prática. Contudo a filósofa Hannah Arendt diz que naquele período a noção de liberdade se restringia ao campo político e não a vida privada. Para tanto Aristóteles dizia que a vida boa era aquela de cidadãos dedicados à atuação na Pólis e não com a questão da sobrevivência – função de mulheres e escravos. Somente nos séculos III e IV com Santo Agostinho é que teremos o conceito de livre- arbítrio, como faculdade da razão e da vontade em sua obra Sobre a Livre Escolha da Vontade. Na Idade Moderna, o filósofo racionalista René Descartes defende que o intelecto tem prioridade sobre as paixões, na medida em que o melhor conhecimento delas é a condição para que possamos controlá-las mesmo que as paixões sejam boas em si e caberá à razão averiguar como a utilizamos. A ciência segue o determinismo científico, segundo tal teoria o mundo é da necessidade, isto é, tudo o que tem que ser não pode deixar de ser. Imagine que ao fazer uma experiência com a água, ao pô-la esquentar, ao invés de ocorrer a evaporação ela congelasse, a ciência acabaria, então não há como não seguir tal corrente de pensamento.
  • 2. Atividades 1- Quais foram os autores mais famosos da tragédia grega? Conte com suas palavras a história de Édipo Rei. 2- Qual é a ideia de liberdade para Sócrates? 3- Aristóteles afirma que tanto a virtude e o vício dependem da vontade do indivíduo. Explique a ideia de liberdade aristotélica. 4- Quem introduziu a ideia de livre-arbítrio no mundo e em que época isso ocorreu? 5- Qual é a ideia de intelecto defendida pelo filósofo René Descartes? 6- O que é determinismo científico?