O documento discute o processo de co-incineração, que envolve queimar resíduos perigosos nos fornos de cimenteiras para aproveitar suas altas temperaturas. Apresenta vantagens como alta taxa de destruição dos resíduos e custos mais baixos, mas também riscos à saúde pública devido a emissões de substâncias tóxicas não totalmente controladas.
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Precárias condições de saneamento, dentre elas a questão dos resíduos sólidos são identificados hoje como um dos principais fatores de ameaça a preservação do ambiente: ar, água e solo.
Os resíduos sólidos, em função de sua variedade de volume e diferentes graus de degradação constituem hoje uma das grandes preocupações tanto em territórios urbanos quanto rurais, principalmente em áreas sensíveis ambientalmente, caso da Mata Atlântica.
1. Agrupamento de Escolas Egas Moniz- 151014 Núcleo Gerador: Saberes Fundamentais Domínio de Referência: 3 Tema: Ciência e controvérsias públicas Formadora: Sandra Sousa Governo da República Portuguesa
3. O que é a Co-incineração? A co-incineração consiste basicamente em aproveitar os fornos das cimenteiras tirando partido das suas altas temperaturas (entre 1450 e 2000 graus) para queima dos resíduos perigosos, ao mesmo tempo que se produz cimento. Consideram-se como resíduos perigosos uma gama variada de substâncias na forma líquida, sólida ou pastosa tais como: solventes de limpeza, solventes de indústria química, tinta e vernizes, óleos usados, alcatrões, betumes, lamas de estações de tratamento de águas, etc. Estes resíduos envolvem muitas vezes na sua constituição hidrocarbonetos e compostos clorados e fluorados, entre outros, e alguns deles possuem um elevado poder calorífico. O processo da co-incineração implica adaptações mínimas nas cimenteiras. Os resíduos perigosos indústriais são encaminhados para uma estação de pré-tratamento - que constitui a «peça-chave» do sistema. Aí, os lixos com pouco poder calorífico (como é o caso de lamas de estações de tratamento de águas residuais, por exemplo) são fluidizados, isto é, submetidos à trituração, dispersão e separação dos materiais ferrosos; já os resíduos líquidos (desde hidrocarbonetos a solventes, tintas e vernizes, entre outros) são impregnados com serradura, podendo também sofrer uma centrifugação, no caso dos que possuem uma grande quantidade de água; para os resíduos termofusíveis, como alcatrões e betumes, será feito o rearmazenamento em lotes. Somente após esta fase, os resíduos são enviados para as cimenteiras. Se porventura ocorrer um acidente no transporte, os efeitos ambientais serão inferiores à mesma situação antes desse pré-tratamento. Ou seja, acidentes graves têm uma maior probabilidade de ocorrência no transporte e processamento dos resíduos para e na estação de pré-tratamento. Chegados às cimenteiras, os resíduos são pulverizados para o forno, aproveitando-se assim o seu poder calorífico, no caso dos combustíveis, ou as suas características como matéria-prima substituta para a própria produção de cimento. Embora não existam resíduos remanescentes deste processo, uma vez que estes são incorporados no próprio cimento, e as temperaturas e tempo de residência dos gases diminua a produção de gases tóxicos, deverá existir um sistema de tratamento, isto é, deverão ser aplicados filtros de mangas, de modo a reduzir ao máximo os efeitos de uma eventual fuga de gases. 3
5. Vantagens da Co-incineração 5 Como principais vantagens do processo de co-incineração de resíduos industriais em cimenteiras, os cientistas destacam a taxa de destruição dos resíduos pelo processo de co-incineração ser superior à das incineradoras; o facto de os fornos das cimenteiras, ao utilizar os calcários como matéria-prima principal, terem um ambiente tipicamente alcalino e, por isso, comportarem-se como “lavadores” naturais dos gases; o facto de, no processo de cozedura, as cinzas de combustão dos resíduos ficarem dissolvidas na estrutura do próprio cimento e, finalmente, o custo do tratamento para os resíduos ser três vezes inferior ao de uma incineradora.
6. Desvantagens da Co-incineração 6 Como desvantagens os cientistas apresentam o facto de os fornos rotativos das cimenteiras não terem uma temperatura uniforme, não garantindo que se evite a formação de compostos indesejados; os limites das emissões das cimenteiras estarem abaixo dos exigidos para as unidades de incineração; os filtros deixarem de funcionar (quando a laboração é interrompida) e os gases escaparem-se, praticamente sem tratamento, pela chaminé devido ao facto de os filtros de mangas previstos para as cimenteiras não terem capacidade para reter gases mais voláteis como o mercúrio (mas esta é uma questão operativa, que pode ser facilmente resolvida, tornando as possíveis fugas residuais) e, por último, não estar suficientemente estudada a questão das emissões de metais pesados pelas cimenteiras na sequência da queima de resíduos industriais perigosos, nem a incorporação destas substâncias cancerígenas no cimento (embora, regra geral, este cimento seja transformado em blocos que são colocados em locais onde não há contacto directo com as pessoas – as fundações, por exemplo).Riscos para a saúde pública Existem doenças que podem ser associadas à proximidade de uma incineradora, sobretudo no caso das incineradoras de resíduos urbanos. No final da década de 1980, verificou-se, na Holanda, que os níveis de dioxinas no leite junto a centrais de incineração eram três vezes mais elevadas do que noutros locais. A Associação Nacional de Médicos de Saúde Pública considera que não estão reunidas as condições técnicas que permitam dizer que a co-incineração é a de menor risco para a Saúde Pública e considera que existem argumentos que apontam para riscos não controlados. Em Fevereiro de 2002, iniciaram-se os testes de queima de resíduos industriais perigosos no forno número 9 da cimenteira do Outão, na serra da Arrábida, sob o fogo de críticas provenientes da Quercus e do Movimento de Cidadãos pela Arrábida, que engloba autarcas, ambientalistas e residentes na região.