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                                         RELATÓRIO FINAL

BIBLIOTECA ESCOLAR: espaço de ação pedagógica

                                                                               Victor Hugo Vieira Moura

1 INTRODUÇÃO

        Uma das características mais marcantes da chamada sociedade da informação é o extraordinário
desenvolvimento das tecnologias, que tem afetado todas as áreas do conhecimento, inclusive a educação.
A rede Internet, o vídeo cassete e a transmissão de dados por satélite são, talvez, os exemplos mais
notórios de como a educação pode ser beneficiada com a adoção de novas tecnologias da informação. E
mesmo que uma determinada escola tenha pouco ou nenhum recurso tecnológico, o mundo já está
preparando os estudantes para serem condutores destes avanços.
        O processo de aprendizagem, a partir de uma ampla variedade das fontes vem se transformando
no grande desafio para as escolas neste novo cenário. Não basta mais que o aluno aprenda a ler e
escrever; é preciso ir além. É preciso fazer com que os estudantes aprendam a conviver em uma ambiente
tecnológico onde a informação está em constante mudança, a administrar as informações, selecionando
aquelas que são mais relevantes e a construir sentido ao lidar com estas informações, que estão dispersas.
Ser alfabetizado hoje em dia, então, é ter capacidade de construir por si próprio significados a partir de
um ambiente rico em informações. Tornou-se vital repensar todo o processo de aprendizagem, como se dá
a construção do conhecimento a partir destas novas variáveis. Assim sendo, o conceito tradicional de
escola também passa a ser objeto de uma nova reflexão, não apenas por exercício intelectual narcisista,
mas para saber a posição que queremos ocupar neste mundo globalizado.

2 A NOVA INSTITUIÇÃO ESCOLAR

        A partir do que foi observado até agora, percebe-se que a escola, seja ela em qualquer nível ou
lugar, deve deslocar o seu eixo central para a formação de cidadãos plenos, capazes de atuarem no
mercado de trabalho e colaborar para a melhoria da qualidade de vida de um povo. E o professor aparece
basicamente como facilitador no processo de aprendizagem. Ele não é mais um transmissor do
conhecimentos; é, acima de tudo, um agente responsável pela coordenação da construção do
conhecimento, onde o aluno passa a ser sujeito. E como o estudante pode se transformar em sujeito do seu
processo de aprendizagem? Sendo instigado, provocado a levantar questões que lhe são concernentes .
Este é o elemento norteador do “método de aprendizagem pelo questionamento”, descrito pela Professora
Carol KUHLTHAU ¹. Nesta nova abordagem, os estudantes levantam questões, buscam respostas em
vários formatos e fontes de informação, mudam seus questionamentos ao aprenderem mais e
compartilham seus novos conhecimentos com outros estudantes. Agindo desta forma, estaremos
colaborando para que os alunos estejam envolvidos ativamente no processo de construção do
conhecimento. Ora, nada mais natural, então, que a biblioteca escolar também seja tingida pelos
fragmentos da explosão de um saber novo que, nas palavras de Hilton JAPIASSU², “... não é mais a
tradição daquilo que sabia, mas a procura do que não se sabe. O sábio é um aventureiro, onde o que
importa é criar uma saber novo.”*

3 OS DESAFIOS DA BIBLIOTECA ESCOLAR

       O conceito de biblioteca escolar ainda está sendo objeto de muito estudo visando adequá-lo à
nova realidade educacional que se impõe em nossos dias. Pode-se, entretanto, apontar algumas
191

características desta nova instituição (nova não no sentido temporal, mas no que diz respeito às suas
novas características).
        Em primeiro lugar é preciso ressaltar que a biblioteca está sendo redescoberta pelas escolas, pelas
editoras, pelos governos, pelos próprios bibliotecários e pela sociedade de um modo geral. Isto porque a
biblioteca escolar está sendo vista como um instrumento de aprendizagem do qual a educação não pode
mais se desfazer. Por outro lado, a biblioteca não pode mais ficar isolada, estática, porque mais
importante que priorizar o desenvolvimento de acervos locais é garantir a capacidade do usuário (aluno,
professor, funcionário e comunidade) de acessar a informação, onde quer que ela esteja.
        A biblioteca escolar torna-se, então, mais um instrumento de ação pedagógica e deve estar
inserida na proposta político-pedagógica da escola. Agindo como um centro de questionamento, de
“provocação”, ela estará cumprindo o papel que dela se espera, até mesmo para uma questão de
sobrevivência. Os países, as sociedades estão cada vez menos interessados em manter instituições que não
voltam os seus olhos para o futuro e para o papel que querem vir a desempenhar. Vital se afigura,
portanto, discutir as atividades da biblioteca escolar e o papel do bibliotecário.
        Quando se pensa a questão da biblioteca escolar, muitas atividades, serviços e características nos
vêm à mente. Alguns tópicos devem merecer maior atenção.

3.1 Tópicos a serem considerados

3.1.1 Estrutura arquitetônica - sempre que possível a biblioteca escolar deve possuir um ambiente físico
próprio ao desenvolvimento das atividades propostas, daí advindo a necessidade de um planejamento
arquitetônico que envolva os bibliotecários. Este planejamento deve levar em conta atividades como
teatro (teatro de arena), shows (palco), salas de leitura e reuniões com escritores e especialistas
(auditório).

3.1.2 Layout - o layout da biblioteca deve ser o mais descontraído possível, fazendo uso de cores alegres,
espaço livre para a circulação dos usuários, móveis bem planejados, para atrair o aluno.

3.1.3 Acervo - o acervo deve ser desenvolvido levando-se em consideração o público-alvo como qual se
pretende trabalhar. E, neste momento, surge um ponto que deve ser destacado que é a inserção de outras
clientelas, além do estudante, na política da biblioteca. Não se pode deixar de pensar também em
professores, funcionário e na comunidade. Para desempenhar suas novas funções, a biblioteca não pode se
concentrar em adquirir apenas livros. Deve-se trabalhar também com outros tipos de fontes e suportes de
informação, tais como informação eletrônica (rede Internet, cd-rom), fitas de vídeo e cassete, fantoches,
máscaras, jogos, materiais anatômicos, fotografias, entre outros.

3.1.4 Automação - a questão da automação envolve um debate maior abrangendo tópicos como análise de
custos, escolha de programas específicos, o que se pretende atingir com a automação e quais os
serviços/atividades são passíveis de serem automatizados.

3.1.5 Ação cultural na biblioteca - é necessário antes de mais nada compreender as diferenças entre ação
cultural, fabricação cultural e animação cultural e qual conceito de cultura o bibliotecário adotará. A
fabricação cultural envolve, segundo CABRAL³, a produção de um objeto de cultura pelo usuário e tem
início e fim determinados. Na ação cultural não existe um fim especificado e as pessoas devem ser sujeito
e não objeto no processo de construção cultural. Na animação cultural, por sua vez, o agente
(bibliotecário, por exemplo) é o sujeito do processo e as outras pessoas são meros objetos. As atividades
culturais tradicionalmente desenvolvidas pelas bibliotecas (hora do conto, contação de histórias, encontro
com escritores) recaem , na maioria das vezes, neste último conceito, com os bibliotecários dando pouca
192

oportunidade para que os usuários participem de forma ativa e possam, ao final do processo, produzir
conhecimento. Nem sempre a formação acadêmica é suficiente para suprir as necessidades que o
bibliotecário encontra ao trabalhar com ação cultural. Cabe a ele, também, se atualizar, buscar
embasamentos teóricos em outros campos do conhecimento como educação, belas artes e comunicação. O
importante é que ele seja também o mediador, e não apenas transmissor, nas atividades culturais
desenvolvidas pela biblioteca. Dentre as atividades englobadas pela ação cultural podemos destacar: hora
do conto, teatro, declamação de poesias, concursos, gincanas, musica, contação de histórias, oficinas e
tantas outras que a criatividade do bibliotecário possa ser capaz de desenvolver, tendo-se sempre em
mente a necessidade de fazer o elo entre estas atividades e o acervo da biblioteca. É preciso remeter,
sempre que possível, o usuário para o desenvolvimento do processo da leitura, que é um dos grandes
entraves para o aprimoramento de nossa sociedade.

3.1.6 Marketing - o marketing é essencial para a biblioteca garantir e ampliar o seu espaço de ação. O
bibliotecário precisa ter a habilidade de negociar o seu produto (informação/biblioteca), tanto com a
escola e instituições públicas, quanto com a iniciativa privada

3.2 Atividades da biblioteca escolar

        Além das atividades tradicionais da biblioteca escolar, tais como empréstimo, referência e
orientação quanto ao uso da biblioteca, que já estão sendo devidamente exploradas pela literatura, existem
outras que não têm recebido a devida atenção por parte de pesquisadores e estudiosos. Entre estas
atividades podemos destacar:

3.2.1 Política e planejamento - deve haver uma política da biblioteca que envolva não só os bibliotecários,
mas também professores, direção da escola e demais educadores, onde se aborde a política de formação
de acervo, o regulamento da biblioteca e como a biblioteca se insere na política da escola. A política da
biblioteca deve ser o elemento norteador das atividades da biblioteca, bem como deve fornecer um eixo
central para o desenvolvimento do planejamento da biblioteca. No planejamento, atividade a ser
desenvolvida em períodos regulares (anual, semestral), devem estar claros itens como a previsão de custas
e as atividades a serem desenvolvidas no período subsequente.

3.2.2 Pesquisa escolar - o bibliotecário não é responsável por ensinar o aluno a pesquisar. Esta é uma
tarefa que compete, basicamente, ao professor, que deve fornecer sempre um roteiro de pesquisa e
conhecer o acervo da biblioteca. O “Modelo do Processo de Busca de Informação”, apresentado pela
Professora Carol Kuhlthau, , se mostra de extrema utilidade, desde que os alunos trabalhem em pequenos
grupos.

3.2.3 Parcerias - a biblioteca escolar, visando cumprir melhor seus objetivos, pode e deve buscar parcerias
com editoras, instituições governamentais, empresas privadas e bibliotecas públicas. Deve haver sempre
uma postura de iniciativa por parte do bibliotecário para atrair estas instituições para perto de seus
usuários.
Uma vez descrito o panorama da biblioteca escolar que se pretende construir, surge uma nova questão: e
o responsável pela condução desta nova biblioteca? Como prepará-lo?

4 O BIBLIOTECÁRIO ESCOLAR

        O papel do bibliotecário escolar na sociedade da informação não é apenas prover uma gama de
recursos aos seus usuários, mas também colaborar com professores e educadores no processo de
193

aprendizagem destas fontes de informação. ele surge como um elemento catalisador das diversas
disciplinas, atuando como agente redutor das diferenças de linguagem e metodologias das disciplinas,
principalmente onde as instâncias inter e multidisciplinares se fazem presente. Este profissional, além das
qualidades já consolidadas pela literatura (criatividade, dinamismo e simpatia, entre outros) e do
conhecimento técnico, deve também ser capaz de trabalhar em equipe, possuir conhecimentos
pedagógicos (Lei de Diretrizes e Bases da Educação, tendências e escolas do pensamento educacional,
processo de construção do conhecimento etc.), espírito de liderança, conhecimentos sociais (cidadania,
meio ambiente, ética etc.) e dominar as novas tecnologias de informação. Para desempenhar suas
funções, o bibliotecário escolar não pode mais se limitar aos conhecimentos obtidos na graduação. Ele
deve recorrer às outras áreas do conhecimento, buscando melhorar cada vez mais a sua formação. Em
contrapartida, as escolas de Biblioteconomia devem repensar a questão da biblioteca escolar enquanto
área de atuação do bibliotecário. Se por um lado o bibliotecário escolar não tem buscado complementar a
sua formação, por outro lado as escolas de Biblioteconomia têm colocado a biblioteca escolar em segundo
plano, como se esta fosse menos importante do que uma biblioteca de empresa, um centro de
documentação ou uma biblioteca universitária. Vital se torna, então, redimensionar a nossa formação
básica de bibliotecário escolar, com inserção de mais disciplinas voltadas para a biblioteca escolar, o
processo de aprendizagem e a formação do processo de leitura. Mas não é só isto; devemos também
analisar a possibilidade da criação de cursos profissionalizantes, cursos à distância e uma parceria maior
das escolas de Biblioteconomia com outras escolas (letras, belas-artes, pedagogia) e momento de troca de
experiência como seminários, congressos e cursos de atualização devem ser incentivados.

5 O DESENVOLVIMENTO DE PESQUISAS

         A área de biblioteca escolar nunca foi fértil em pesquisas, tanto no Brasil quanto em outros
países. Este fato se deve a diversos fatores, que talvez já fossem objeto de uma pesquisa. O importante é
que precisamos construir os nossos pressupostos teóricos, os nossos paradigmas para nos firmarmos como
ciência, tendo sempre em mente que a teoria deve servir como base para a prática profissional e que o
trinômio prática/pesquisa/teoria não pode ser desmembrado. É preciso fornecer ao bibliotecário conceitos
teóricos que alicercem sua prática profissional. Mas é preciso, antes de mais nada, que estes conceitos
existam. E a realidade de nossos dias nos impõe um outro desafio: não se concebe mais uma área do saber
humano que se proclame auto-suficiente. É preciso sempre trabalhar com outros ramos do conhecimento.
A interdisciplinaridade já não é mais um capricho; é uma necessidade advinda da fragmentação do
conhecimento. Devemos, portanto, urgentemente criar um sistema de comunicação científica (sistema
formal, principalmente), através de grupos de trabalho que reflitam sobre linhas de pesquisa que foram
sugeridas neste encontra: a) processo de aprendizagem / construção do conhecimento; b) processo de
leitura; c) tratamento da informação em bibliotecas escolares; d) formação do bibliotecário escolar e e)
tecnologias da informação nas bibliotecas escolares. Como temas para pesquisa foram sugeridos: a)
diagnóstico da área de biblioteca escolar em nível nacional; b) diferenças encontradas entre escolas que
possuem biblioteca escolar eficaz e as que não possuem; c) a percepção que a comunidade tem sobre a
biblioteca escolar; d) as políticas públicas relacionadas à biblioteca escolar e e) estímulo à leitura em
crianças em fase de pré-alfabetização.

6 CONCLUSÃO

        A biblioteca escolar tem um grande papel a desempenhar nesta nova sociedade da informação que
se irrompe perante os nossos olhos e da qual pretendemos participar. A Biblioteconomia, que por tanto
tempo esteve preocupada com o ciclo coleta/tratamento/conservação/disseminação da informação, deve
expandir os seus horizontes de forma a estudar o impacto que uma informação nova produz no seu
194

usuário. Não é mais suficiente que o bibliotecário garanta a transmissão da informação e conclua que a
sua tarefa está terminada. Expressões como “democratização da informação” e “socialização da
informação” não traduzem, na sua plenitude, o desafio que se coloca ao bibliotecário. Mister se faz
estudar o que o usuário foi capaz de construir, em termos de conhecimento, a partir daquela informação
recebida. Agindo desta forma, a biblioteca escolar estará se transformando em um espaço de ação
pedagógica dentro da escola e justificando e garantindo a sua própria existência.



7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

KUHLTHAU, Carol. The role of the school library in the learning process.
JAPIASSU, Hilton. Interdisciplinaridade e patologia do saber.
CABRAL, Ana Maria.

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Biblioteca escolar como espaço de ação pedagógica

  • 1. 190 RELATÓRIO FINAL BIBLIOTECA ESCOLAR: espaço de ação pedagógica Victor Hugo Vieira Moura 1 INTRODUÇÃO Uma das características mais marcantes da chamada sociedade da informação é o extraordinário desenvolvimento das tecnologias, que tem afetado todas as áreas do conhecimento, inclusive a educação. A rede Internet, o vídeo cassete e a transmissão de dados por satélite são, talvez, os exemplos mais notórios de como a educação pode ser beneficiada com a adoção de novas tecnologias da informação. E mesmo que uma determinada escola tenha pouco ou nenhum recurso tecnológico, o mundo já está preparando os estudantes para serem condutores destes avanços. O processo de aprendizagem, a partir de uma ampla variedade das fontes vem se transformando no grande desafio para as escolas neste novo cenário. Não basta mais que o aluno aprenda a ler e escrever; é preciso ir além. É preciso fazer com que os estudantes aprendam a conviver em uma ambiente tecnológico onde a informação está em constante mudança, a administrar as informações, selecionando aquelas que são mais relevantes e a construir sentido ao lidar com estas informações, que estão dispersas. Ser alfabetizado hoje em dia, então, é ter capacidade de construir por si próprio significados a partir de um ambiente rico em informações. Tornou-se vital repensar todo o processo de aprendizagem, como se dá a construção do conhecimento a partir destas novas variáveis. Assim sendo, o conceito tradicional de escola também passa a ser objeto de uma nova reflexão, não apenas por exercício intelectual narcisista, mas para saber a posição que queremos ocupar neste mundo globalizado. 2 A NOVA INSTITUIÇÃO ESCOLAR A partir do que foi observado até agora, percebe-se que a escola, seja ela em qualquer nível ou lugar, deve deslocar o seu eixo central para a formação de cidadãos plenos, capazes de atuarem no mercado de trabalho e colaborar para a melhoria da qualidade de vida de um povo. E o professor aparece basicamente como facilitador no processo de aprendizagem. Ele não é mais um transmissor do conhecimentos; é, acima de tudo, um agente responsável pela coordenação da construção do conhecimento, onde o aluno passa a ser sujeito. E como o estudante pode se transformar em sujeito do seu processo de aprendizagem? Sendo instigado, provocado a levantar questões que lhe são concernentes . Este é o elemento norteador do “método de aprendizagem pelo questionamento”, descrito pela Professora Carol KUHLTHAU ¹. Nesta nova abordagem, os estudantes levantam questões, buscam respostas em vários formatos e fontes de informação, mudam seus questionamentos ao aprenderem mais e compartilham seus novos conhecimentos com outros estudantes. Agindo desta forma, estaremos colaborando para que os alunos estejam envolvidos ativamente no processo de construção do conhecimento. Ora, nada mais natural, então, que a biblioteca escolar também seja tingida pelos fragmentos da explosão de um saber novo que, nas palavras de Hilton JAPIASSU², “... não é mais a tradição daquilo que sabia, mas a procura do que não se sabe. O sábio é um aventureiro, onde o que importa é criar uma saber novo.”* 3 OS DESAFIOS DA BIBLIOTECA ESCOLAR O conceito de biblioteca escolar ainda está sendo objeto de muito estudo visando adequá-lo à nova realidade educacional que se impõe em nossos dias. Pode-se, entretanto, apontar algumas
  • 2. 191 características desta nova instituição (nova não no sentido temporal, mas no que diz respeito às suas novas características). Em primeiro lugar é preciso ressaltar que a biblioteca está sendo redescoberta pelas escolas, pelas editoras, pelos governos, pelos próprios bibliotecários e pela sociedade de um modo geral. Isto porque a biblioteca escolar está sendo vista como um instrumento de aprendizagem do qual a educação não pode mais se desfazer. Por outro lado, a biblioteca não pode mais ficar isolada, estática, porque mais importante que priorizar o desenvolvimento de acervos locais é garantir a capacidade do usuário (aluno, professor, funcionário e comunidade) de acessar a informação, onde quer que ela esteja. A biblioteca escolar torna-se, então, mais um instrumento de ação pedagógica e deve estar inserida na proposta político-pedagógica da escola. Agindo como um centro de questionamento, de “provocação”, ela estará cumprindo o papel que dela se espera, até mesmo para uma questão de sobrevivência. Os países, as sociedades estão cada vez menos interessados em manter instituições que não voltam os seus olhos para o futuro e para o papel que querem vir a desempenhar. Vital se afigura, portanto, discutir as atividades da biblioteca escolar e o papel do bibliotecário. Quando se pensa a questão da biblioteca escolar, muitas atividades, serviços e características nos vêm à mente. Alguns tópicos devem merecer maior atenção. 3.1 Tópicos a serem considerados 3.1.1 Estrutura arquitetônica - sempre que possível a biblioteca escolar deve possuir um ambiente físico próprio ao desenvolvimento das atividades propostas, daí advindo a necessidade de um planejamento arquitetônico que envolva os bibliotecários. Este planejamento deve levar em conta atividades como teatro (teatro de arena), shows (palco), salas de leitura e reuniões com escritores e especialistas (auditório). 3.1.2 Layout - o layout da biblioteca deve ser o mais descontraído possível, fazendo uso de cores alegres, espaço livre para a circulação dos usuários, móveis bem planejados, para atrair o aluno. 3.1.3 Acervo - o acervo deve ser desenvolvido levando-se em consideração o público-alvo como qual se pretende trabalhar. E, neste momento, surge um ponto que deve ser destacado que é a inserção de outras clientelas, além do estudante, na política da biblioteca. Não se pode deixar de pensar também em professores, funcionário e na comunidade. Para desempenhar suas novas funções, a biblioteca não pode se concentrar em adquirir apenas livros. Deve-se trabalhar também com outros tipos de fontes e suportes de informação, tais como informação eletrônica (rede Internet, cd-rom), fitas de vídeo e cassete, fantoches, máscaras, jogos, materiais anatômicos, fotografias, entre outros. 3.1.4 Automação - a questão da automação envolve um debate maior abrangendo tópicos como análise de custos, escolha de programas específicos, o que se pretende atingir com a automação e quais os serviços/atividades são passíveis de serem automatizados. 3.1.5 Ação cultural na biblioteca - é necessário antes de mais nada compreender as diferenças entre ação cultural, fabricação cultural e animação cultural e qual conceito de cultura o bibliotecário adotará. A fabricação cultural envolve, segundo CABRAL³, a produção de um objeto de cultura pelo usuário e tem início e fim determinados. Na ação cultural não existe um fim especificado e as pessoas devem ser sujeito e não objeto no processo de construção cultural. Na animação cultural, por sua vez, o agente (bibliotecário, por exemplo) é o sujeito do processo e as outras pessoas são meros objetos. As atividades culturais tradicionalmente desenvolvidas pelas bibliotecas (hora do conto, contação de histórias, encontro com escritores) recaem , na maioria das vezes, neste último conceito, com os bibliotecários dando pouca
  • 3. 192 oportunidade para que os usuários participem de forma ativa e possam, ao final do processo, produzir conhecimento. Nem sempre a formação acadêmica é suficiente para suprir as necessidades que o bibliotecário encontra ao trabalhar com ação cultural. Cabe a ele, também, se atualizar, buscar embasamentos teóricos em outros campos do conhecimento como educação, belas artes e comunicação. O importante é que ele seja também o mediador, e não apenas transmissor, nas atividades culturais desenvolvidas pela biblioteca. Dentre as atividades englobadas pela ação cultural podemos destacar: hora do conto, teatro, declamação de poesias, concursos, gincanas, musica, contação de histórias, oficinas e tantas outras que a criatividade do bibliotecário possa ser capaz de desenvolver, tendo-se sempre em mente a necessidade de fazer o elo entre estas atividades e o acervo da biblioteca. É preciso remeter, sempre que possível, o usuário para o desenvolvimento do processo da leitura, que é um dos grandes entraves para o aprimoramento de nossa sociedade. 3.1.6 Marketing - o marketing é essencial para a biblioteca garantir e ampliar o seu espaço de ação. O bibliotecário precisa ter a habilidade de negociar o seu produto (informação/biblioteca), tanto com a escola e instituições públicas, quanto com a iniciativa privada 3.2 Atividades da biblioteca escolar Além das atividades tradicionais da biblioteca escolar, tais como empréstimo, referência e orientação quanto ao uso da biblioteca, que já estão sendo devidamente exploradas pela literatura, existem outras que não têm recebido a devida atenção por parte de pesquisadores e estudiosos. Entre estas atividades podemos destacar: 3.2.1 Política e planejamento - deve haver uma política da biblioteca que envolva não só os bibliotecários, mas também professores, direção da escola e demais educadores, onde se aborde a política de formação de acervo, o regulamento da biblioteca e como a biblioteca se insere na política da escola. A política da biblioteca deve ser o elemento norteador das atividades da biblioteca, bem como deve fornecer um eixo central para o desenvolvimento do planejamento da biblioteca. No planejamento, atividade a ser desenvolvida em períodos regulares (anual, semestral), devem estar claros itens como a previsão de custas e as atividades a serem desenvolvidas no período subsequente. 3.2.2 Pesquisa escolar - o bibliotecário não é responsável por ensinar o aluno a pesquisar. Esta é uma tarefa que compete, basicamente, ao professor, que deve fornecer sempre um roteiro de pesquisa e conhecer o acervo da biblioteca. O “Modelo do Processo de Busca de Informação”, apresentado pela Professora Carol Kuhlthau, , se mostra de extrema utilidade, desde que os alunos trabalhem em pequenos grupos. 3.2.3 Parcerias - a biblioteca escolar, visando cumprir melhor seus objetivos, pode e deve buscar parcerias com editoras, instituições governamentais, empresas privadas e bibliotecas públicas. Deve haver sempre uma postura de iniciativa por parte do bibliotecário para atrair estas instituições para perto de seus usuários. Uma vez descrito o panorama da biblioteca escolar que se pretende construir, surge uma nova questão: e o responsável pela condução desta nova biblioteca? Como prepará-lo? 4 O BIBLIOTECÁRIO ESCOLAR O papel do bibliotecário escolar na sociedade da informação não é apenas prover uma gama de recursos aos seus usuários, mas também colaborar com professores e educadores no processo de
  • 4. 193 aprendizagem destas fontes de informação. ele surge como um elemento catalisador das diversas disciplinas, atuando como agente redutor das diferenças de linguagem e metodologias das disciplinas, principalmente onde as instâncias inter e multidisciplinares se fazem presente. Este profissional, além das qualidades já consolidadas pela literatura (criatividade, dinamismo e simpatia, entre outros) e do conhecimento técnico, deve também ser capaz de trabalhar em equipe, possuir conhecimentos pedagógicos (Lei de Diretrizes e Bases da Educação, tendências e escolas do pensamento educacional, processo de construção do conhecimento etc.), espírito de liderança, conhecimentos sociais (cidadania, meio ambiente, ética etc.) e dominar as novas tecnologias de informação. Para desempenhar suas funções, o bibliotecário escolar não pode mais se limitar aos conhecimentos obtidos na graduação. Ele deve recorrer às outras áreas do conhecimento, buscando melhorar cada vez mais a sua formação. Em contrapartida, as escolas de Biblioteconomia devem repensar a questão da biblioteca escolar enquanto área de atuação do bibliotecário. Se por um lado o bibliotecário escolar não tem buscado complementar a sua formação, por outro lado as escolas de Biblioteconomia têm colocado a biblioteca escolar em segundo plano, como se esta fosse menos importante do que uma biblioteca de empresa, um centro de documentação ou uma biblioteca universitária. Vital se torna, então, redimensionar a nossa formação básica de bibliotecário escolar, com inserção de mais disciplinas voltadas para a biblioteca escolar, o processo de aprendizagem e a formação do processo de leitura. Mas não é só isto; devemos também analisar a possibilidade da criação de cursos profissionalizantes, cursos à distância e uma parceria maior das escolas de Biblioteconomia com outras escolas (letras, belas-artes, pedagogia) e momento de troca de experiência como seminários, congressos e cursos de atualização devem ser incentivados. 5 O DESENVOLVIMENTO DE PESQUISAS A área de biblioteca escolar nunca foi fértil em pesquisas, tanto no Brasil quanto em outros países. Este fato se deve a diversos fatores, que talvez já fossem objeto de uma pesquisa. O importante é que precisamos construir os nossos pressupostos teóricos, os nossos paradigmas para nos firmarmos como ciência, tendo sempre em mente que a teoria deve servir como base para a prática profissional e que o trinômio prática/pesquisa/teoria não pode ser desmembrado. É preciso fornecer ao bibliotecário conceitos teóricos que alicercem sua prática profissional. Mas é preciso, antes de mais nada, que estes conceitos existam. E a realidade de nossos dias nos impõe um outro desafio: não se concebe mais uma área do saber humano que se proclame auto-suficiente. É preciso sempre trabalhar com outros ramos do conhecimento. A interdisciplinaridade já não é mais um capricho; é uma necessidade advinda da fragmentação do conhecimento. Devemos, portanto, urgentemente criar um sistema de comunicação científica (sistema formal, principalmente), através de grupos de trabalho que reflitam sobre linhas de pesquisa que foram sugeridas neste encontra: a) processo de aprendizagem / construção do conhecimento; b) processo de leitura; c) tratamento da informação em bibliotecas escolares; d) formação do bibliotecário escolar e e) tecnologias da informação nas bibliotecas escolares. Como temas para pesquisa foram sugeridos: a) diagnóstico da área de biblioteca escolar em nível nacional; b) diferenças encontradas entre escolas que possuem biblioteca escolar eficaz e as que não possuem; c) a percepção que a comunidade tem sobre a biblioteca escolar; d) as políticas públicas relacionadas à biblioteca escolar e e) estímulo à leitura em crianças em fase de pré-alfabetização. 6 CONCLUSÃO A biblioteca escolar tem um grande papel a desempenhar nesta nova sociedade da informação que se irrompe perante os nossos olhos e da qual pretendemos participar. A Biblioteconomia, que por tanto tempo esteve preocupada com o ciclo coleta/tratamento/conservação/disseminação da informação, deve expandir os seus horizontes de forma a estudar o impacto que uma informação nova produz no seu
  • 5. 194 usuário. Não é mais suficiente que o bibliotecário garanta a transmissão da informação e conclua que a sua tarefa está terminada. Expressões como “democratização da informação” e “socialização da informação” não traduzem, na sua plenitude, o desafio que se coloca ao bibliotecário. Mister se faz estudar o que o usuário foi capaz de construir, em termos de conhecimento, a partir daquela informação recebida. Agindo desta forma, a biblioteca escolar estará se transformando em um espaço de ação pedagógica dentro da escola e justificando e garantindo a sua própria existência. 7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS KUHLTHAU, Carol. The role of the school library in the learning process. JAPIASSU, Hilton. Interdisciplinaridade e patologia do saber. CABRAL, Ana Maria.