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Humanidade Sem-Raças?*
(Sergio D. J. Pena, Publifolha, 2008)
A Bíblia nos apresenta os Quatro Cavaleiros do
Apocalipse: Morte, Guerra, Fome e Peste. Com os conflitos na
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passado, e, após o 11 de Setembro, com a invasão do Afeganistão
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Proponho demonstrar que as raças humanas são apenas produto da
nossa imaginação cultural. Como disse o epidemiologista
americano Jay S. Kaufman, as raças não existem em nossa mente
porque são reais, mas são reais porque existem em nossa mente1.
Acredito que a palavra raça deveria ser sempre escrita
entre aspas. Como isso comprometeria demais a apresentação do
texto, serão omitidas aqui, mas gostaria de sugerir que o leitor as
mantivesse, imaginariamente, a cada ocorrência do termo. No
passado, a crença de que as raças humanas possuíam diferenças
biológicas substanciais e bem-demarcadas contribuiu para
justificar discriminação, exploração e atrocidades. Ao longo dos
tempos, esse infeliz conceito integrou-se à trama da nossa
sociedade, sem que sua adequação ou veracidade tenham sido
suficientemente questionadas.
Perversamente, o conceito tem sido usado não só para
sistematizar e estudar as populações humanas, mas também para
criar esquemas classificatórios que parecem justificar o status quo
e a dominação de alguns grupos sobre outros. Assim, a
sobrevivência da ideia de raça é deletéria por estar ligada à crença
continuada de que os grupos humanos existem em uma escala de
valor. Essa persistência é tóxica, contaminando e enfraquecendo a
sociedade como um todo.
Parece existir uma noção generalizada de que o conceito
de raças humanas e sua indesejável consequência, o racismo, são
tão velhos como a humanidade. Há mesmo quem pense neles
como parte essencial da "natureza humana". Isso não é verdade.
Pelo contrário, as raças e o racismo são uma invenção recente na
história da humanidade.
Como é possível que o fato de possuir ancestrais na
África faça o todo de uma pessoa ser diferente de quem tem
ancestrais na Ásia ou na Europa? O que têm a pigmentação da
pele, o formato e a cor dos olhos ou a textura do cabelo a ver com
as qualidades humanas singulares que determinam uma
individualidade existencial? Tratar um indivíduo com base na cor
da sua pele ou na sua aparência física é claramente errado, pois
alicerça toda a relação em algo que é moralmente irrelevante com
respeito ao caráter ou às ações daquela pessoa.
* TextoAdaptado a partirda introduçãodo livrode mesmo nome.
1Kaufman, J. S., “How Inconsistencies in Racial Classification Demystify The
Race Construct in Public Health Statistics”. Em: Epidemiology,10:108-11, 1999.
01. O conceito de raça, segundo o texto, é
a) natural e determinante da estrutura social.
b) artificial e criado para estabelecero equilíbrio social.
c) artificial e inadequado para diferenciar a singularidade que nos
torna humanos.
d) natural e de natureza biológica.
e) natural e se consolidou através de uma lógica de sociedade.
02. No texto, a citação dos Quatro Cavaleiros do Apocalipse em
comparação ao racismo, xenofobia, ódio étnico e intolerância
religiosa
I- é utilizada para destacar a natureza mítica do conceito de raça e
sua vinculação a um princípio religioso.
II- é utilizada para destacar o caráter destrutivo dessas novas
manifestações de nossa sociedade.
III- é empregada em oposição ao sentido apocalíptico assumido
no texto bíblico.
Assinale a alternativa correta.
a) Somente a afirmativa I está correta.
b) Somente a afirmativa II está correta.
c) Somente a afirmativa III está correta.
d) Somente as afirmativas II e III estão corretas.
e) Somente as afirmativas I e II estão corretas.
03. Na passagem “as raças não existem em nossa mente porque
são reais, mas são reais porque existem em nossa mente” (linhas
8 a 10), o vocábulo mas estabelece uma relação de sentido que
coloca a noção do conceito de raça numa perspectiva de
a) comparação. b) consequência. c) condição.
d) oposição. e) explicação.
04. No texto, os vocábulos infeliz (linha 16), perversamente (linha
18), deletéria (linha 21), essencial (linha 26) podem ser
substituídos, na ordem em que aparecem, sem prejuízo ao sentido
original, por
( ) inadequado,injustamente, nociva, intrínseca.
( ) inoportuno,severamente, mortífera, adjacente.
( ) indiscutível,dramaticamente, efêmera, constitutiva.
( ) ineficaz, indiscutivelmente, seletiva, formadora.
A alternativa que preenche, adequadamente, de cima para baixo,
os parênteses,é
a) V – F – F – F. b) F – F – F – F. c) V – V – F – F.
d) V – F – V – F. e) F – V – F – V.
05. Considerando as afirmativas a seguir, assinale a alternativa
correta.
I- O vocábulo isso (linha 11) estabelece uma relação coesiva entre
o conteúdo enunciado anteriormente (o uso das aspas) e a ideia
que é apresentada na progressão do comentário do período emque
é utilizado.
II- O pronome sua (linha 24) estabelece uma relação coesiva
entre o conceito de raça e o de humanidade.
III- Na linha 26, isso foi empregado para resgatar a natureza
humana e negá-la com o comentário que lhe foi atribuído.
IV- Na linha 32, claramente atribui um grau de certeza, de
convicção à afirmativa de que é errado classificar pessoas por um
critério de “raça”.
a) Somente a afirmativa I está correta.
b) Somente a afirmativa II está correta.
c) Somente a afirmativa III está correta.
d) Somente as afirmativas I e III estão corretas.
e) Somente as afirmativas I e IV estão corretas.
06. Nas linhas 30 e 31, o autor emprega “qualidades humanas e
singulares que determinam uma individualidade existencial?”.
Na verdade, o enunciado, apresentado como uma
problematização, busca,intencionalmente,
a) produzir um efeito de ambiguidade ao sentido de humanidade.
b) destacar o que é essencial e determinante da condição e da
possibilidade de sermos chamados de humanos.
c) sublinhar que a existência humana é contraditória por ser
subjetiva.
d) imprimir ao discurso um tom ideológico, que acaba por
prejudicar a imparcialidade que o texto havia demonstrado.
e) mostrar que a diversidade não é uma característica da
constituição da humanidade.

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05.02.2013.a humanidade sem raças

  • 1. GEO VESTIBULARES – Prof. Nonato Humanidade Sem-Raças?* (Sergio D. J. Pena, Publifolha, 2008) A Bíblia nos apresenta os Quatro Cavaleiros do Apocalipse: Morte, Guerra, Fome e Peste. Com os conflitos na Irlanda do Norte, em Ruanda e nos Bálcãs, no fim do século passado, e, após o 11 de Setembro, com a invasão do Afeganistão e do Iraque e os conflitos de Darfur no início do século 21, temos de adicionar quatro novos cavaleiros: Racismo, Xenofobia, Ódio Étnico e Intolerância Religiosa. Vamos examinar um desses: o racismo, com o seu principal comparsa, a crença na existência de "raças humanas". Proponho demonstrar que as raças humanas são apenas produto da nossa imaginação cultural. Como disse o epidemiologista americano Jay S. Kaufman, as raças não existem em nossa mente porque são reais, mas são reais porque existem em nossa mente1. Acredito que a palavra raça deveria ser sempre escrita entre aspas. Como isso comprometeria demais a apresentação do texto, serão omitidas aqui, mas gostaria de sugerir que o leitor as mantivesse, imaginariamente, a cada ocorrência do termo. No passado, a crença de que as raças humanas possuíam diferenças biológicas substanciais e bem-demarcadas contribuiu para justificar discriminação, exploração e atrocidades. Ao longo dos tempos, esse infeliz conceito integrou-se à trama da nossa sociedade, sem que sua adequação ou veracidade tenham sido suficientemente questionadas. Perversamente, o conceito tem sido usado não só para sistematizar e estudar as populações humanas, mas também para criar esquemas classificatórios que parecem justificar o status quo e a dominação de alguns grupos sobre outros. Assim, a sobrevivência da ideia de raça é deletéria por estar ligada à crença continuada de que os grupos humanos existem em uma escala de valor. Essa persistência é tóxica, contaminando e enfraquecendo a sociedade como um todo. Parece existir uma noção generalizada de que o conceito de raças humanas e sua indesejável consequência, o racismo, são tão velhos como a humanidade. Há mesmo quem pense neles como parte essencial da "natureza humana". Isso não é verdade. Pelo contrário, as raças e o racismo são uma invenção recente na história da humanidade. Como é possível que o fato de possuir ancestrais na África faça o todo de uma pessoa ser diferente de quem tem ancestrais na Ásia ou na Europa? O que têm a pigmentação da pele, o formato e a cor dos olhos ou a textura do cabelo a ver com as qualidades humanas singulares que determinam uma individualidade existencial? Tratar um indivíduo com base na cor da sua pele ou na sua aparência física é claramente errado, pois alicerça toda a relação em algo que é moralmente irrelevante com respeito ao caráter ou às ações daquela pessoa. * TextoAdaptado a partirda introduçãodo livrode mesmo nome. 1Kaufman, J. S., “How Inconsistencies in Racial Classification Demystify The Race Construct in Public Health Statistics”. Em: Epidemiology,10:108-11, 1999. 01. O conceito de raça, segundo o texto, é a) natural e determinante da estrutura social. b) artificial e criado para estabelecero equilíbrio social. c) artificial e inadequado para diferenciar a singularidade que nos torna humanos. d) natural e de natureza biológica. e) natural e se consolidou através de uma lógica de sociedade. 02. No texto, a citação dos Quatro Cavaleiros do Apocalipse em comparação ao racismo, xenofobia, ódio étnico e intolerância religiosa I- é utilizada para destacar a natureza mítica do conceito de raça e sua vinculação a um princípio religioso. II- é utilizada para destacar o caráter destrutivo dessas novas manifestações de nossa sociedade. III- é empregada em oposição ao sentido apocalíptico assumido no texto bíblico. Assinale a alternativa correta. a) Somente a afirmativa I está correta. b) Somente a afirmativa II está correta. c) Somente a afirmativa III está correta. d) Somente as afirmativas II e III estão corretas. e) Somente as afirmativas I e II estão corretas. 03. Na passagem “as raças não existem em nossa mente porque são reais, mas são reais porque existem em nossa mente” (linhas 8 a 10), o vocábulo mas estabelece uma relação de sentido que coloca a noção do conceito de raça numa perspectiva de a) comparação. b) consequência. c) condição. d) oposição. e) explicação. 04. No texto, os vocábulos infeliz (linha 16), perversamente (linha 18), deletéria (linha 21), essencial (linha 26) podem ser substituídos, na ordem em que aparecem, sem prejuízo ao sentido original, por ( ) inadequado,injustamente, nociva, intrínseca. ( ) inoportuno,severamente, mortífera, adjacente. ( ) indiscutível,dramaticamente, efêmera, constitutiva. ( ) ineficaz, indiscutivelmente, seletiva, formadora. A alternativa que preenche, adequadamente, de cima para baixo, os parênteses,é a) V – F – F – F. b) F – F – F – F. c) V – V – F – F. d) V – F – V – F. e) F – V – F – V. 05. Considerando as afirmativas a seguir, assinale a alternativa correta. I- O vocábulo isso (linha 11) estabelece uma relação coesiva entre o conteúdo enunciado anteriormente (o uso das aspas) e a ideia que é apresentada na progressão do comentário do período emque é utilizado. II- O pronome sua (linha 24) estabelece uma relação coesiva entre o conceito de raça e o de humanidade. III- Na linha 26, isso foi empregado para resgatar a natureza humana e negá-la com o comentário que lhe foi atribuído. IV- Na linha 32, claramente atribui um grau de certeza, de convicção à afirmativa de que é errado classificar pessoas por um critério de “raça”. a) Somente a afirmativa I está correta. b) Somente a afirmativa II está correta. c) Somente a afirmativa III está correta. d) Somente as afirmativas I e III estão corretas. e) Somente as afirmativas I e IV estão corretas. 06. Nas linhas 30 e 31, o autor emprega “qualidades humanas e singulares que determinam uma individualidade existencial?”. Na verdade, o enunciado, apresentado como uma problematização, busca,intencionalmente, a) produzir um efeito de ambiguidade ao sentido de humanidade. b) destacar o que é essencial e determinante da condição e da possibilidade de sermos chamados de humanos. c) sublinhar que a existência humana é contraditória por ser subjetiva. d) imprimir ao discurso um tom ideológico, que acaba por prejudicar a imparcialidade que o texto havia demonstrado. e) mostrar que a diversidade não é uma característica da constituição da humanidade.