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Oficina de Formação
PRÁTICAS E MODELOS DE AUTO-AVALIAÇÃO DAS BIBLIOTECAS ESCOLARES

Formadoras:

     Dr.ª Elsa Conde
     Dr.ª Paula Correia

Formanda:

     Sílvia Maria Passos Baltazar

                                             Outubro/Dezembro de 2009



                               Unidade 4

  O Modelo de Auto-Avaliação da BE: metodologias
              de operacionalização


Objectivos da sessão:

- Compreender como é que a auto-avaliação pode ser concretizada para
demonstrar a contribuição da BE para o ensino e aprendizagem e a missão e
objectivos da escola.

- Ganhar familiaridade com o processo de auto-avaliação adoptado pelo
Modelo de Auto-Avaliação RBE e capacitar para a sua aplicação.

- Conhecer as técnicas e instrumentos propostos, o modo como se organizam e
podem ser usados.


Actividades:

  a) Escolha de um Domínio/Subdomínio

  b) Escolha no Domínio/Subdomínio dois indicadores, um de Processo e outro
     de Outcome, e analisá-los detalhadamente.

  c) Estabelecer um plano de avaliação em profundidade dos dois
     indicadores.

                                                                          1
Introdução


    “É cada vez mais importante que as bibliotecas escolares demonstrem o seu
    contributo para a aprendizagem e o sucesso educativo das crianças e jovens
                                 que servem.” 1


Gostaria de começar por concordar com esta frase citada do Texto da Sessão,
pois, de facto, creio que o contributo da Biblioteca Escolar para a
aprendizagem dos jovens deve ser cada vez mais considerado como um
factor adjuvante do sucesso educativo. Ao referir sucesso educativo, porém,
não restrinjo a sua definição às competências de literacia, às competências de
pesquisa ou de competências de selecção de informação, penso antes que a
Biblioteca Escolar é também um lugar privilegiado para desenvolvimento de
competências afectivas e sociais.

O Modelo de Auto-Avaliação das Bibliotecas Escolares, ao incluir num dos seus
domínios/subdomínios o “Apoio à aquisição e desenvolvimento de métodos de
trabalho e de estudo autónomos” (C.1.1) e a “Dinamização de actividades
livres, de carácter lúdico e cultural” (C.1.2), ainda a previsão de prestação de
“Apoio à utilização autónoma e voluntária da BE como espaço de lazer e de
livre fruição dos recursos.” (C.1.3) e por fim a “Disponibilização de espaços,
tempos e recursos para a iniciativa e intervenção livre dos alunos.” (C.1.4), vem
contemplar grandemente a auto-avaliação que deve ser feita no âmbito da
utilização da BE enquanto espaço de liberdade de expressão, espaço de
disciplina, espaço de fruição cultural, espaço de dinâmica social e afectiva,
que, como já referi, considero muito importante para o desenvolvimento
integral da personalidade das crianças e dos jovens.

Aprender a aprender, aprender a ser, aprender a estar com os outros, são
reconhecidamente áreas de aprendizagem tão importantes como aprender
conhecimentos e reter informações e devem ter lugar na Biblioteca Escolar.




1
    O Modelo de Auto-Avaliação das Bibliotecas Escolares: metodologias de operacionalização (parte I) Texto da sessão
                                                                                                                    2
Realização das actividades


a)Escolha de um Domínio e de indicadores (processo e
outcome)



Domínio

C.1 – Apoio a Actividades                                  Livres,      Extra-Curriculares   e   de
Enriquecimento Curricular


“Os processos incidem sobre a verificação do trabalho que é realizado pela
escola e pela biblioteca (por exemplo, criação de guiões de apoio ao trabalho
na biblioteca; procedimentos no âmbito da gestão da colecção).”1

Indicador de Processo: C.1.1

C.1.1. Apoio à aquisição e desenvolvimentos de métodos de trabalho e de
estudo autónomos.



“Os resultados e impactos incidem fundamentalmente sobre a verificação dos
efeitos desse trabalho nas aprendizagens dos alunos (por exemplo, aumento
das competências em literacia da informação) e na própria biblioteca (por
exemplo, aumento da sua utilização pelos docentes).”2

Indicador de Outcome: C.1.3

C.1.3. Apoio à utilização autónoma e voluntária da BE como espaço de lazer e
livre fruição dos recursos.




1
    Modelo de Auto-Avaliação das Bibliotecas Escolares, RBE, Novembro de 2009
2
    Ibidem
                                                                                                  3
b) Análise detalhada dos subdomínios C.1.1 e C.1.3

C.1 – Apoio a Actividades              Livres,   Extra-Curriculares    e   de
Enriquecimento Curricular

Indicador de Processo: C.1.1

C.1.1. Apoio à aquisição e desenvolvimentos de métodos de trabalho e de
estudo autónomos.




                 1



                 2



Indicador de Outcome: C.1.3

C.1.3. Apoio à utilização autónoma e voluntária da BE como espaço de lazer e
                   3
livre fruição dos recursos.


Os factores críticos de sucesso elencados neste indicador remetem para uma
utilização da BE em contexto extra-aula, isto é, nos momentos em que os
alunos estão a frequentar a BE, em princípio, sem o apoio dos professores,
embora possam estar na BE para procurar informação ou apoio para a
realização de trabalhos a pedido dos professores das disciplinas.


 1
As BEs, em geral, têm prestado desde sempre, assim o creio e assim o diz a
minha experiência, este tipo de apoio aos alunos, orientando as suas pesquisas
e a realização dos trabalhos com recurso aos vários suportes, principalmente,
documentação impressa e Internet, não sendo novo, nem talvez motivo de
preocupação de maior atingir este factor de sucesso. Será necessário, isso sim,
sistematizar esse tipo de utilização, documentá-lo e elaborar documentos de
recolha de dados sobre esta utilização da BE, para obtenção das desejadas
evidências.

 2
Relativamente à prática de técnicas de estudo variadas, as BEs, em geral, já
apoiam e incentivam a diversidade de utilização de técnicas de estudo,
embora reconheça que esta já é uma área que carece de intervenção
específica ao nível da produção de materiais de apoio, materiais esses que

                                                                              4
pode ser a BE a produzir, mas que devem também partir dos professores e da
iniciativa dos Departamentos Curriculares.
Tenho dificuldade em reconhecer na BE capacidade para elaborar todo o tipo
de documentação necessária, com pleno respeito pelas especificidades das
várias disciplinas e áreas de estudo, dos vários níveis de escolaridade para
apoiar o estudo e a pesquisa autónoma dos alunos.
Penso que vai ter de existir uma forte aposta das escolas no sentido de
atribuírem tempos de trabalho a vários professores de várias áreas, que possam
trabalhar em conjunto com o professor bibliotecário, ou com outro elemento
da equipa da BE, na criação/elaboração de documentos e na definição de
procedimentos que conduzam ao apoio efectivo dos alunos na execução de
tarefas de estudo: elaborar fichas de leitura, sublinhar, esquematizar, produzir e
editar trabalhos… Estas tarefas são já, em alguns casos, pedidas nas Áreas
Curriculares Não Disciplinares de Área de Projecto ou de Estudo
Acompanhado. A BE poderá ir ao encontro desse tipo de trabalho e
desenvolver iniciativas de articulação com os professores e Departamentos
Curriculares, pois sozinha não conseguirá assegurar o sucesso desse tipo de
acção.
Neste campo de intervenção, será bom prever que poderá ocorrer resistência
dos professores e Departamentos Curriculares para desenvolver este tipo de
trabalho com a BE, pois todos se sentem sobrecarregados com tarefas e com
reuniões para todo o tipo de fins, demasiado sobrecarregados para se
permitirem, a gosto, a mais reuniões de preparação de documentos, discussão
de ideias, emissão de conclusões. Poderão simplesmente argumentar com a
deixa: “Se a BE quer que os alunos estejam orientados no trabalho lá produzido,
é à BE que cabem todo o trabalho e todas as responsabilidades nesse sentido.”

 3

Este factor de sucesso aponta já para a desejada autonomia dos alunos face à
sua aprendizagem. Este é o patamar mais elevado da aprendizagem e traduz-
se por um domínio progressivo de técnicas e de procedimentos, dentro dos
limites impostos pela faixa etária dos alunos e o seu nível de escolaridade,
evidentemente. É algo que não se observa de um mês para outro, talvez
somente de um ano para outro, ou de um ciclo para outro. É um
amadurecimento tão ténue que só decorrido algum tempo, o tempo de
crescimento, se consegue percepcionar. A BE deve fazer e faz parte desse
processo de crescimento e de amadurecimento dos alunos, contribuindo para
o mesmo, fornecendo alguns dos “nutrientes” necessários.


                   4

                   5

                   6

                   7




                                                                                5
Este indicador é, a meu ver, um indicador de outcome, na medida em que já
prevê a plena, ou quase plena, utilização da BE autónoma e voluntariamente
por parte dos alunos, além do contexto do estudo, ou seja, enquanto espaço
próprio para fruição de recursos, enquadrado, evidentemente, num clima de
respeito pelas normas estabelecidas. Neste sentido, a BE também estará a
promover o desenvolvimento de atitudes de cidadania: respeito pela liberdade
do outro, respeito pelo seu espaço, pelos seus direitos, no fundo o aprender a
estar com os outros, que já referi anteriormente. Se um aluno souber utilizar a BE
em benefício do seu estudo, sabê-lo-á igualmente nos momentos de lazer, e
vice-versa. Neste sentido, considero que os factores críticos de sucesso
apontados para este indicador se traduzem no outcome desejável.


 4

A utilização livre da BE não é algo de novo. Os alunos recorrem à BE de forma
livre sempre que sabem que têm à disposição, por exemplo, um conjunto de
atractivos que vão ao encontro dos seus interesses. No início deste ano lectivo,
ao chegar à BE da Escola D. Dinis, em Quarteira, deparei-me com oito
novíssimos computadores, distribuídos quatro a quatro por duas zonas distantes
e específicas: zona de consulta multimédia e zona de consulta de
documentação impressa. Surgiu então o dilema: que tipo de utilização permitir
aos alunos relativamente a estes recursos? O que permitir consultar, o que
permitir pesquisar? Assim, no início das aulas, durante a primeira semana,
permiti o livre acesso a todos os computadores. Os alunos chegavam,
sentavam-se, utilizavam, jogavam jogos (chamei evidentemente a atenção
para o tipo de jogos não permitidos), consultavam páginas, acediam a redes
sociais, ao e-mail, etc. … Considerei esta permissão alargada um momento de
exploração livre, um bónus, pois as regras estavam “ a ser estudadas” e iriam
chegar. Aproveitei este tempo para observar, para questionar os alunos sobre
as suas necessidades, para propor, informalmente, regras e para chegar a
conclusões.
Decorrido o período de observação, que correspondeu àqueles primeiros dias,
compreendi que a utilização dos recursos informáticos teria de permitir uma
conciliação entre o dever e o prazer, ou seja, teria de dar algo e exigir algo,
não poderia retirar tudo o que os alunos gostam e apenas impor aquilo que
quero que façam na BE. Foram então definidas regras de utilização para cada
grupo de quatro computadores, estando prevista e permitida a utilização do
grupo de computadores da zona de consulta multimédia numa vertente
lúdica, de ocupação de tempos livres, dentro de um conjunto de regras
facilmente apreendidas pelos utilizadores.
Neste caso, preparei documentos que servirão já de evidência para este tipo
de utilização da BE.


 5    6

Apesar de respeitarem, de um modo geral, as regras estabelecidas, creio que
ainda há trabalho a realizar no sentido de consolidar melhor as regras a
observar nas várias zonas da BE, num esforço diário e constante. Há que insistir

                                                                                6
com os alunos que a BE dá, mas que também pretende receber
contrapartidas. Essas contrapartidas mais não são que o respeito pelo espaço,
o respeito pelas pessoas que trabalham na BE, o respeito pela liberdade dos
outros utilizadores. Uma vez mais, considero que neste processo há um conjunto
vasto de competências sócio-afectivas em desenvolvimento.


 7

A diversidade de oferta da BE em termos de recursos será crucial para a sua
utilização nos momentos de lazer e de livre fruição. Considero que há forte
investimento a fazer nessa área, nomeadamente, conforme refere o factor
crítico de sucesso: na área da literatura infanto-juvenil, dos jogos educativos,
da música, dos filmes de ficção (ou não, acrescentaria) e da consulta de
periódicos (acrescentaria igualmente). A frequência de alunos na BE para
utilização deste tipo de recursos será certamente uma mais valia para a sua
formação integral.

Neste momento, não me debruçarei sobre as sugestões de acções de
melhoria. Reflectirei sobre esse ponto na Conclusão deste trabalho.


     Perfis de desempenho da BE no Domínio C, subdomínio C.1




O trabalho a realizar para se almejar atingir registos no nível mais elevado já
vem, decerto, a ser realizado por várias BEs, mas naquelas em que o passado
não permitiu esse tipo de trabalho, o processo de implementação de novas
práticas será, com certeza, desenvolvido a um ritmo mais lento. Decidir abrir as
portas da BE e promover actividades em momentos de interrupção lectiva, por
exemplo, é algo que terá de levar a uma reflexão ao nível da escola, dos
                                                                              7
órgãos de administração e de gestão e das estruturas educativas, uma vez que
poderá implicar a abertura de precedente para a implementação de outras
práticas, também em momentos de interrupção lectiva, algo para o qual as
escolas não estão preparadas. Seria, por exemplo, legítimo impor às escolas e
aos professores a oferta de aulas de apoio aos alunos com mais dificuldades
durante os momentos de interrupção lectiva?

Desejavelmente, ao olhar para os níveis do perfil de desempenho de qualquer
domínio/subdomínio, mesmo sem muita consciência disso, já começo a situar a
BE num desses níveis, porventura, e infelizmente, num dos níveis mais baixos,
sem contudo querer sequer imaginar que poderá situar-se no último.




c) Plano de Avaliação dos indicadores C.1.1 e C.1.3

Tal como sucederá na avaliação de qualquer domínio/subdomínio, terá de
haver um trabalho prévio de preparação da avaliação, nomeadamente,
seleccionar que tipo de evidências será necessário compilar e ter disponíveis,
que metodologia de trabalho seguir, que documentos preparar, o objecto
específico da avaliação, a determinação de amostras, entre outros aspectos.

Existem vários métodos de recolha de dados e de informações: questionários,
entrevistas, grelhas de observação, revisão documental, checklists. Todos
apresentam, por sua vez, vantagens e desvantagens.
Creio que numa abordagem inicial à auto-avaliação proposta, dever-se-á
avançar cautelosamente, sem exageros, sem precipitação de recolha de uma
grande quantidade de dados através de uma exagerada diversificação de
métodos. Assim proponho para a auto-avaliação do domínio C.1 o seguinte
Plano de Avaliação:


Evidências a recolher/Metodologia a seguir


a) Recolha de informação em documentação existente:

- PAA
- Regulamento Interno
- Projecto Curricular de Escola/Agrupamento
- Normas de funcionamento da BE
- Horário da BE
- Normas específicas de funcionamento das zonas funcionais
- Recursos existentes, Fundo Documental existente, diagnóstico da qualidade
da colecção.

b) Produção de instrumentos de recolha de dados:
                                                                            8
- Questionário de comparação Ano lectivo anterior/Presente ano lectivo
- Grelhas de registo de dados: marcação de hora para utilização dos
computadores da zona de consulta multimédia, frequência da utilização dos
jogos didácticos, registo de marcação/utilização dos recursos vídeo e áudio.

c) Produção/utilização de instrumentos de observação:

- Grelha de registo de comportamentos dos alunos na BE
- Grelha de registo de utilização da BE em momentos/actividades livres
proposta pelo Modelo de Auto-Avaliação das Bibliotecas Escolares para o
domínio C.1.

d) Questionário

- Questionário proposto no Modelo de Auto-Avaliação das Bibliotecas Escolares
para o domínio/subdomínio C.1

e) Entrevista

- Entrevista em contexto informal aos alunos que utilizam a BE fora das
actividades lectivas.
- Entrevista em contexto informal a alunos que não costumam utilizar a BE fora
das actividades lectivas.

f) Análise e interpretação dos dados recolhidos

- Ficheiro Excel para tratamento estatístico dos dados.
- Elaboração de sínteses sobre os resultados obtidos nas entrevistas e a partir da
observação directa.

g) Formulação de conclusões

- Relatórios parcelares sobre os resultados obtidos.
- Compilação dos relatórios parcelares num relatório final que liste os pontos
fortes e os pontos fracos da BE no subdomínio C.1

h) Comunicação dos resultados aos órgãos e estruturas pedagógicas para
discussão conjunta de possíveis acções de melhoria.

i) Definição de um plano de melhoria para a actuação da BE no
domínio/subdomínio avaliado(s).


Reconheço as minhas dificuldades na elaboração completa deste Plano, uma
vez que a familiaridade com todo este processo é ainda muito reduzida. Ainda
não o experimentei, ainda não errei, ainda não obtive sucessos que me
permitam produzir um melhor Plano.
O presente momento de formação permite leituras, permite reflexão, mas não
permite algo que considero muito importante: o contacto entre os formandos e

                                                                                 9
as formadoras, o contacto com a experiência dos colegas que já
implementaram o Modelo de Auto-Avaliação das Bibliotecas Escolares em
contexto, testemunhos que seriam muito úteis e que evitariam que cometessem
alguns erros desnecessariamente.
O que aqui deixo é apenas a minha reflexão sobre este ponto, baseada no
que li e na minha experiência.




Conclusão


Acções para melhoria/exemplos… e outros exemplos

As acções de melhoria sugeridas para o Indicador C.1.1 apontam,
nomeadamente, para a necessidade de alargamento/adaptação do horário
da BE aos horários dos alunos e à sua permanência na escola, devendo ainda
assegurar-se, em termos de horário, a permanência desejável de professores
na BE, o que nem sempre é possível, dadas as inúmeras exigências quanto à
distribuição de serviço docente: OTE, Clubes, projectos, assessorias, aulas de
recuperação, entre outras tarefas que ocupam os professores e que
condicionam grandemente a distribuição de serviço.
A título de exemplo, e porque as situações reais é que prevalecem sobre as
situações desejáveis, impondo limitações que dificilmente (ou nunca) se
ultrapassam queria expor o seguinte: na BE da minha escola apenas disponho
de uma professora colaboradora com um bloco de noventa minutos para
desenvolver a Hora do Conto, de uma professora de História com quatro
tempos na equipa da BE, e três professores que prestam apoio à BE no âmbito
do PTE (apoio que pode ter de ser disponibilizado para outros serviços da
escola, conforme as necessidades mais prementes). Quem permanece na BE
cerca de três quartos de horário semanal a tempo inteiro (ou mais) sou eu, a
professora bibliotecária, que subdivide a sua actuação por muitas tarefas de
apoio aos alunos e aos outros utilizadores, produção de documentos,
coordenação dos trabalhos da colega de equipa, da colega colaboradora,
dos colegas colaboradores de PTE, da assistente operacional, dinamização de
actividades, articulação de actividades com colegas, entre muitas outras
tarefas, às quais se irá acrescentar a aplicação do Modelo de Auto-Avaliação
das Bibliotecas Escolares, com toda a sua exigência.
Creio que é de ter consciência e alertar consciências para o facto de não ser
possível fazer TUDO, no tempo mais oportuno possível. Tarefas haverá que vão
ficar para trás, alunos haverá que ficarão sem apoio, a dinamização de
actividades de leitura, por exemplo, vão sofrer, bem como a formação de
utilizadores, turma a turma, como muitas vezes se faz, caso se insista numa visão
e numa avaliação da BE excessivamente “empresarial”…
Há muitas possibilidades de melhoria. Vontade, iniciativa, desejo de melhorar
não faltam, mas o tempo não chega para tudo, por muito bem gerido que
seja. Outro exemplo real: para estar a escrever estas linhas, utilizo o domingo,
pois ao longo da semana não me foi possível ter tempo para dedicar a esta
tarefa, não sem prejudicar o normal funcionamento da BE, visto que durante
três dias nesta semana a assistente operacional se encontrou justificadamente
                                                                              10
ausente e eu não poderia ter, simplesmente, fechado as portas para me
dedicar a momentos de formação. Demorei um dia inteiro para montar uma
pequena exposição, pois tive de interromper inúmeras vezes o trabalho para
poder prestar atendimento e apoio aos alunos e restantes utilizadores. Terei,
pois, de apresentar evidências pelo que fiz e pelo que não fiz? Creio que sim. O
que implica demorar ainda mais tempo a registar, a escrever… tempo que
poderia estar a ser utilizado para outro fim.

As acções de melhoria apontadas para o Indicador C.1.3 remetem para o
enriquecimento da BE em termos de oferta alternativa para ocupação de
tempos livres: investimento na zona de leitura informal, incentivo a empréstimo
domiciliário em períodos de férias, promoção de empréstimos da BM para
diversificação das escolhas… Estas acções de melhoria não me parecem
apresentar grande dificuldade de consecução, podendo ser concretizadas
com alguma facilidade, embora necessitem de tempo e de recursos
financeiros para a sua preparação e implementação.
Mais um exemplo real: ao solicitar o empréstimo de documentos à BM, quem se
responsabilizará pela entrega e devolução dos mesmos? O professor
bibliotecário, que deverá ir no seu carro à BM para seleccionar e trazer os
documentos? O responsável da BM, que deverá ter de encontrar tempo para
reunir os documentos e se responsabilizará pela sua entrega, devendo para isso
aguardar a disponibilidade de transporte da Câmara Municipal?
Ver a acção de melhoria proposta, que se cinge a três linhas da coluna, até
parece simples e de fácil concretização, mas exige tempo e insisto no tempo,
na necessidade de haver tempo para se realizarem as mais pequenas acções
que se possam imaginar. O professor bibliotecário já tem “todo o tempo do
mundo” para a BE, mas esse tempo tem limite e esse limite são trinta e cinco
horas semanais, tal como tinha enquanto professor e tal como qualquer
profissional tem, mas o nível de exigência que lhe é imposto neste momento é
de expoente incerto, mas alto, de certeza muito alto.
A BE não pode ser encarada como uma empresa e o professor bibliotecário
continua a chamar-se professor e a ser professor, e se veio para este lugar por
opção (em alguns casos talvez não) é porque traz consigo um sonho. Eu tenho
um sonho: o sonho de melhorar a BE onde estou e tenho muita vontade e
ânimo para o fazer. Espero que as exigências acrescidas não venham a
asfixiar-me esse ânimo, essa vontade, esse sonho… assim o espero, para assim
poder continuar a sonhar e a trabalhar, porque a BE precisa mais de mim do
que eu dela.




                  A Formanda: Sílvia Maria Passos Baltazar



                  São Brás de Alportel, 29 de Novembro de 2009




                                                                             11

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  • 1. Oficina de Formação PRÁTICAS E MODELOS DE AUTO-AVALIAÇÃO DAS BIBLIOTECAS ESCOLARES Formadoras: Dr.ª Elsa Conde Dr.ª Paula Correia Formanda: Sílvia Maria Passos Baltazar Outubro/Dezembro de 2009 Unidade 4 O Modelo de Auto-Avaliação da BE: metodologias de operacionalização Objectivos da sessão: - Compreender como é que a auto-avaliação pode ser concretizada para demonstrar a contribuição da BE para o ensino e aprendizagem e a missão e objectivos da escola. - Ganhar familiaridade com o processo de auto-avaliação adoptado pelo Modelo de Auto-Avaliação RBE e capacitar para a sua aplicação. - Conhecer as técnicas e instrumentos propostos, o modo como se organizam e podem ser usados. Actividades: a) Escolha de um Domínio/Subdomínio b) Escolha no Domínio/Subdomínio dois indicadores, um de Processo e outro de Outcome, e analisá-los detalhadamente. c) Estabelecer um plano de avaliação em profundidade dos dois indicadores. 1
  • 2. Introdução “É cada vez mais importante que as bibliotecas escolares demonstrem o seu contributo para a aprendizagem e o sucesso educativo das crianças e jovens que servem.” 1 Gostaria de começar por concordar com esta frase citada do Texto da Sessão, pois, de facto, creio que o contributo da Biblioteca Escolar para a aprendizagem dos jovens deve ser cada vez mais considerado como um factor adjuvante do sucesso educativo. Ao referir sucesso educativo, porém, não restrinjo a sua definição às competências de literacia, às competências de pesquisa ou de competências de selecção de informação, penso antes que a Biblioteca Escolar é também um lugar privilegiado para desenvolvimento de competências afectivas e sociais. O Modelo de Auto-Avaliação das Bibliotecas Escolares, ao incluir num dos seus domínios/subdomínios o “Apoio à aquisição e desenvolvimento de métodos de trabalho e de estudo autónomos” (C.1.1) e a “Dinamização de actividades livres, de carácter lúdico e cultural” (C.1.2), ainda a previsão de prestação de “Apoio à utilização autónoma e voluntária da BE como espaço de lazer e de livre fruição dos recursos.” (C.1.3) e por fim a “Disponibilização de espaços, tempos e recursos para a iniciativa e intervenção livre dos alunos.” (C.1.4), vem contemplar grandemente a auto-avaliação que deve ser feita no âmbito da utilização da BE enquanto espaço de liberdade de expressão, espaço de disciplina, espaço de fruição cultural, espaço de dinâmica social e afectiva, que, como já referi, considero muito importante para o desenvolvimento integral da personalidade das crianças e dos jovens. Aprender a aprender, aprender a ser, aprender a estar com os outros, são reconhecidamente áreas de aprendizagem tão importantes como aprender conhecimentos e reter informações e devem ter lugar na Biblioteca Escolar. 1 O Modelo de Auto-Avaliação das Bibliotecas Escolares: metodologias de operacionalização (parte I) Texto da sessão 2
  • 3. Realização das actividades a)Escolha de um Domínio e de indicadores (processo e outcome) Domínio C.1 – Apoio a Actividades Livres, Extra-Curriculares e de Enriquecimento Curricular “Os processos incidem sobre a verificação do trabalho que é realizado pela escola e pela biblioteca (por exemplo, criação de guiões de apoio ao trabalho na biblioteca; procedimentos no âmbito da gestão da colecção).”1 Indicador de Processo: C.1.1 C.1.1. Apoio à aquisição e desenvolvimentos de métodos de trabalho e de estudo autónomos. “Os resultados e impactos incidem fundamentalmente sobre a verificação dos efeitos desse trabalho nas aprendizagens dos alunos (por exemplo, aumento das competências em literacia da informação) e na própria biblioteca (por exemplo, aumento da sua utilização pelos docentes).”2 Indicador de Outcome: C.1.3 C.1.3. Apoio à utilização autónoma e voluntária da BE como espaço de lazer e livre fruição dos recursos. 1 Modelo de Auto-Avaliação das Bibliotecas Escolares, RBE, Novembro de 2009 2 Ibidem 3
  • 4. b) Análise detalhada dos subdomínios C.1.1 e C.1.3 C.1 – Apoio a Actividades Livres, Extra-Curriculares e de Enriquecimento Curricular Indicador de Processo: C.1.1 C.1.1. Apoio à aquisição e desenvolvimentos de métodos de trabalho e de estudo autónomos. 1 2 Indicador de Outcome: C.1.3 C.1.3. Apoio à utilização autónoma e voluntária da BE como espaço de lazer e 3 livre fruição dos recursos. Os factores críticos de sucesso elencados neste indicador remetem para uma utilização da BE em contexto extra-aula, isto é, nos momentos em que os alunos estão a frequentar a BE, em princípio, sem o apoio dos professores, embora possam estar na BE para procurar informação ou apoio para a realização de trabalhos a pedido dos professores das disciplinas. 1 As BEs, em geral, têm prestado desde sempre, assim o creio e assim o diz a minha experiência, este tipo de apoio aos alunos, orientando as suas pesquisas e a realização dos trabalhos com recurso aos vários suportes, principalmente, documentação impressa e Internet, não sendo novo, nem talvez motivo de preocupação de maior atingir este factor de sucesso. Será necessário, isso sim, sistematizar esse tipo de utilização, documentá-lo e elaborar documentos de recolha de dados sobre esta utilização da BE, para obtenção das desejadas evidências. 2 Relativamente à prática de técnicas de estudo variadas, as BEs, em geral, já apoiam e incentivam a diversidade de utilização de técnicas de estudo, embora reconheça que esta já é uma área que carece de intervenção específica ao nível da produção de materiais de apoio, materiais esses que 4
  • 5. pode ser a BE a produzir, mas que devem também partir dos professores e da iniciativa dos Departamentos Curriculares. Tenho dificuldade em reconhecer na BE capacidade para elaborar todo o tipo de documentação necessária, com pleno respeito pelas especificidades das várias disciplinas e áreas de estudo, dos vários níveis de escolaridade para apoiar o estudo e a pesquisa autónoma dos alunos. Penso que vai ter de existir uma forte aposta das escolas no sentido de atribuírem tempos de trabalho a vários professores de várias áreas, que possam trabalhar em conjunto com o professor bibliotecário, ou com outro elemento da equipa da BE, na criação/elaboração de documentos e na definição de procedimentos que conduzam ao apoio efectivo dos alunos na execução de tarefas de estudo: elaborar fichas de leitura, sublinhar, esquematizar, produzir e editar trabalhos… Estas tarefas são já, em alguns casos, pedidas nas Áreas Curriculares Não Disciplinares de Área de Projecto ou de Estudo Acompanhado. A BE poderá ir ao encontro desse tipo de trabalho e desenvolver iniciativas de articulação com os professores e Departamentos Curriculares, pois sozinha não conseguirá assegurar o sucesso desse tipo de acção. Neste campo de intervenção, será bom prever que poderá ocorrer resistência dos professores e Departamentos Curriculares para desenvolver este tipo de trabalho com a BE, pois todos se sentem sobrecarregados com tarefas e com reuniões para todo o tipo de fins, demasiado sobrecarregados para se permitirem, a gosto, a mais reuniões de preparação de documentos, discussão de ideias, emissão de conclusões. Poderão simplesmente argumentar com a deixa: “Se a BE quer que os alunos estejam orientados no trabalho lá produzido, é à BE que cabem todo o trabalho e todas as responsabilidades nesse sentido.” 3 Este factor de sucesso aponta já para a desejada autonomia dos alunos face à sua aprendizagem. Este é o patamar mais elevado da aprendizagem e traduz- se por um domínio progressivo de técnicas e de procedimentos, dentro dos limites impostos pela faixa etária dos alunos e o seu nível de escolaridade, evidentemente. É algo que não se observa de um mês para outro, talvez somente de um ano para outro, ou de um ciclo para outro. É um amadurecimento tão ténue que só decorrido algum tempo, o tempo de crescimento, se consegue percepcionar. A BE deve fazer e faz parte desse processo de crescimento e de amadurecimento dos alunos, contribuindo para o mesmo, fornecendo alguns dos “nutrientes” necessários. 4 5 6 7 5
  • 6. Este indicador é, a meu ver, um indicador de outcome, na medida em que já prevê a plena, ou quase plena, utilização da BE autónoma e voluntariamente por parte dos alunos, além do contexto do estudo, ou seja, enquanto espaço próprio para fruição de recursos, enquadrado, evidentemente, num clima de respeito pelas normas estabelecidas. Neste sentido, a BE também estará a promover o desenvolvimento de atitudes de cidadania: respeito pela liberdade do outro, respeito pelo seu espaço, pelos seus direitos, no fundo o aprender a estar com os outros, que já referi anteriormente. Se um aluno souber utilizar a BE em benefício do seu estudo, sabê-lo-á igualmente nos momentos de lazer, e vice-versa. Neste sentido, considero que os factores críticos de sucesso apontados para este indicador se traduzem no outcome desejável. 4 A utilização livre da BE não é algo de novo. Os alunos recorrem à BE de forma livre sempre que sabem que têm à disposição, por exemplo, um conjunto de atractivos que vão ao encontro dos seus interesses. No início deste ano lectivo, ao chegar à BE da Escola D. Dinis, em Quarteira, deparei-me com oito novíssimos computadores, distribuídos quatro a quatro por duas zonas distantes e específicas: zona de consulta multimédia e zona de consulta de documentação impressa. Surgiu então o dilema: que tipo de utilização permitir aos alunos relativamente a estes recursos? O que permitir consultar, o que permitir pesquisar? Assim, no início das aulas, durante a primeira semana, permiti o livre acesso a todos os computadores. Os alunos chegavam, sentavam-se, utilizavam, jogavam jogos (chamei evidentemente a atenção para o tipo de jogos não permitidos), consultavam páginas, acediam a redes sociais, ao e-mail, etc. … Considerei esta permissão alargada um momento de exploração livre, um bónus, pois as regras estavam “ a ser estudadas” e iriam chegar. Aproveitei este tempo para observar, para questionar os alunos sobre as suas necessidades, para propor, informalmente, regras e para chegar a conclusões. Decorrido o período de observação, que correspondeu àqueles primeiros dias, compreendi que a utilização dos recursos informáticos teria de permitir uma conciliação entre o dever e o prazer, ou seja, teria de dar algo e exigir algo, não poderia retirar tudo o que os alunos gostam e apenas impor aquilo que quero que façam na BE. Foram então definidas regras de utilização para cada grupo de quatro computadores, estando prevista e permitida a utilização do grupo de computadores da zona de consulta multimédia numa vertente lúdica, de ocupação de tempos livres, dentro de um conjunto de regras facilmente apreendidas pelos utilizadores. Neste caso, preparei documentos que servirão já de evidência para este tipo de utilização da BE. 5 6 Apesar de respeitarem, de um modo geral, as regras estabelecidas, creio que ainda há trabalho a realizar no sentido de consolidar melhor as regras a observar nas várias zonas da BE, num esforço diário e constante. Há que insistir 6
  • 7. com os alunos que a BE dá, mas que também pretende receber contrapartidas. Essas contrapartidas mais não são que o respeito pelo espaço, o respeito pelas pessoas que trabalham na BE, o respeito pela liberdade dos outros utilizadores. Uma vez mais, considero que neste processo há um conjunto vasto de competências sócio-afectivas em desenvolvimento. 7 A diversidade de oferta da BE em termos de recursos será crucial para a sua utilização nos momentos de lazer e de livre fruição. Considero que há forte investimento a fazer nessa área, nomeadamente, conforme refere o factor crítico de sucesso: na área da literatura infanto-juvenil, dos jogos educativos, da música, dos filmes de ficção (ou não, acrescentaria) e da consulta de periódicos (acrescentaria igualmente). A frequência de alunos na BE para utilização deste tipo de recursos será certamente uma mais valia para a sua formação integral. Neste momento, não me debruçarei sobre as sugestões de acções de melhoria. Reflectirei sobre esse ponto na Conclusão deste trabalho. Perfis de desempenho da BE no Domínio C, subdomínio C.1 O trabalho a realizar para se almejar atingir registos no nível mais elevado já vem, decerto, a ser realizado por várias BEs, mas naquelas em que o passado não permitiu esse tipo de trabalho, o processo de implementação de novas práticas será, com certeza, desenvolvido a um ritmo mais lento. Decidir abrir as portas da BE e promover actividades em momentos de interrupção lectiva, por exemplo, é algo que terá de levar a uma reflexão ao nível da escola, dos 7
  • 8. órgãos de administração e de gestão e das estruturas educativas, uma vez que poderá implicar a abertura de precedente para a implementação de outras práticas, também em momentos de interrupção lectiva, algo para o qual as escolas não estão preparadas. Seria, por exemplo, legítimo impor às escolas e aos professores a oferta de aulas de apoio aos alunos com mais dificuldades durante os momentos de interrupção lectiva? Desejavelmente, ao olhar para os níveis do perfil de desempenho de qualquer domínio/subdomínio, mesmo sem muita consciência disso, já começo a situar a BE num desses níveis, porventura, e infelizmente, num dos níveis mais baixos, sem contudo querer sequer imaginar que poderá situar-se no último. c) Plano de Avaliação dos indicadores C.1.1 e C.1.3 Tal como sucederá na avaliação de qualquer domínio/subdomínio, terá de haver um trabalho prévio de preparação da avaliação, nomeadamente, seleccionar que tipo de evidências será necessário compilar e ter disponíveis, que metodologia de trabalho seguir, que documentos preparar, o objecto específico da avaliação, a determinação de amostras, entre outros aspectos. Existem vários métodos de recolha de dados e de informações: questionários, entrevistas, grelhas de observação, revisão documental, checklists. Todos apresentam, por sua vez, vantagens e desvantagens. Creio que numa abordagem inicial à auto-avaliação proposta, dever-se-á avançar cautelosamente, sem exageros, sem precipitação de recolha de uma grande quantidade de dados através de uma exagerada diversificação de métodos. Assim proponho para a auto-avaliação do domínio C.1 o seguinte Plano de Avaliação: Evidências a recolher/Metodologia a seguir a) Recolha de informação em documentação existente: - PAA - Regulamento Interno - Projecto Curricular de Escola/Agrupamento - Normas de funcionamento da BE - Horário da BE - Normas específicas de funcionamento das zonas funcionais - Recursos existentes, Fundo Documental existente, diagnóstico da qualidade da colecção. b) Produção de instrumentos de recolha de dados: 8
  • 9. - Questionário de comparação Ano lectivo anterior/Presente ano lectivo - Grelhas de registo de dados: marcação de hora para utilização dos computadores da zona de consulta multimédia, frequência da utilização dos jogos didácticos, registo de marcação/utilização dos recursos vídeo e áudio. c) Produção/utilização de instrumentos de observação: - Grelha de registo de comportamentos dos alunos na BE - Grelha de registo de utilização da BE em momentos/actividades livres proposta pelo Modelo de Auto-Avaliação das Bibliotecas Escolares para o domínio C.1. d) Questionário - Questionário proposto no Modelo de Auto-Avaliação das Bibliotecas Escolares para o domínio/subdomínio C.1 e) Entrevista - Entrevista em contexto informal aos alunos que utilizam a BE fora das actividades lectivas. - Entrevista em contexto informal a alunos que não costumam utilizar a BE fora das actividades lectivas. f) Análise e interpretação dos dados recolhidos - Ficheiro Excel para tratamento estatístico dos dados. - Elaboração de sínteses sobre os resultados obtidos nas entrevistas e a partir da observação directa. g) Formulação de conclusões - Relatórios parcelares sobre os resultados obtidos. - Compilação dos relatórios parcelares num relatório final que liste os pontos fortes e os pontos fracos da BE no subdomínio C.1 h) Comunicação dos resultados aos órgãos e estruturas pedagógicas para discussão conjunta de possíveis acções de melhoria. i) Definição de um plano de melhoria para a actuação da BE no domínio/subdomínio avaliado(s). Reconheço as minhas dificuldades na elaboração completa deste Plano, uma vez que a familiaridade com todo este processo é ainda muito reduzida. Ainda não o experimentei, ainda não errei, ainda não obtive sucessos que me permitam produzir um melhor Plano. O presente momento de formação permite leituras, permite reflexão, mas não permite algo que considero muito importante: o contacto entre os formandos e 9
  • 10. as formadoras, o contacto com a experiência dos colegas que já implementaram o Modelo de Auto-Avaliação das Bibliotecas Escolares em contexto, testemunhos que seriam muito úteis e que evitariam que cometessem alguns erros desnecessariamente. O que aqui deixo é apenas a minha reflexão sobre este ponto, baseada no que li e na minha experiência. Conclusão Acções para melhoria/exemplos… e outros exemplos As acções de melhoria sugeridas para o Indicador C.1.1 apontam, nomeadamente, para a necessidade de alargamento/adaptação do horário da BE aos horários dos alunos e à sua permanência na escola, devendo ainda assegurar-se, em termos de horário, a permanência desejável de professores na BE, o que nem sempre é possível, dadas as inúmeras exigências quanto à distribuição de serviço docente: OTE, Clubes, projectos, assessorias, aulas de recuperação, entre outras tarefas que ocupam os professores e que condicionam grandemente a distribuição de serviço. A título de exemplo, e porque as situações reais é que prevalecem sobre as situações desejáveis, impondo limitações que dificilmente (ou nunca) se ultrapassam queria expor o seguinte: na BE da minha escola apenas disponho de uma professora colaboradora com um bloco de noventa minutos para desenvolver a Hora do Conto, de uma professora de História com quatro tempos na equipa da BE, e três professores que prestam apoio à BE no âmbito do PTE (apoio que pode ter de ser disponibilizado para outros serviços da escola, conforme as necessidades mais prementes). Quem permanece na BE cerca de três quartos de horário semanal a tempo inteiro (ou mais) sou eu, a professora bibliotecária, que subdivide a sua actuação por muitas tarefas de apoio aos alunos e aos outros utilizadores, produção de documentos, coordenação dos trabalhos da colega de equipa, da colega colaboradora, dos colegas colaboradores de PTE, da assistente operacional, dinamização de actividades, articulação de actividades com colegas, entre muitas outras tarefas, às quais se irá acrescentar a aplicação do Modelo de Auto-Avaliação das Bibliotecas Escolares, com toda a sua exigência. Creio que é de ter consciência e alertar consciências para o facto de não ser possível fazer TUDO, no tempo mais oportuno possível. Tarefas haverá que vão ficar para trás, alunos haverá que ficarão sem apoio, a dinamização de actividades de leitura, por exemplo, vão sofrer, bem como a formação de utilizadores, turma a turma, como muitas vezes se faz, caso se insista numa visão e numa avaliação da BE excessivamente “empresarial”… Há muitas possibilidades de melhoria. Vontade, iniciativa, desejo de melhorar não faltam, mas o tempo não chega para tudo, por muito bem gerido que seja. Outro exemplo real: para estar a escrever estas linhas, utilizo o domingo, pois ao longo da semana não me foi possível ter tempo para dedicar a esta tarefa, não sem prejudicar o normal funcionamento da BE, visto que durante três dias nesta semana a assistente operacional se encontrou justificadamente 10
  • 11. ausente e eu não poderia ter, simplesmente, fechado as portas para me dedicar a momentos de formação. Demorei um dia inteiro para montar uma pequena exposição, pois tive de interromper inúmeras vezes o trabalho para poder prestar atendimento e apoio aos alunos e restantes utilizadores. Terei, pois, de apresentar evidências pelo que fiz e pelo que não fiz? Creio que sim. O que implica demorar ainda mais tempo a registar, a escrever… tempo que poderia estar a ser utilizado para outro fim. As acções de melhoria apontadas para o Indicador C.1.3 remetem para o enriquecimento da BE em termos de oferta alternativa para ocupação de tempos livres: investimento na zona de leitura informal, incentivo a empréstimo domiciliário em períodos de férias, promoção de empréstimos da BM para diversificação das escolhas… Estas acções de melhoria não me parecem apresentar grande dificuldade de consecução, podendo ser concretizadas com alguma facilidade, embora necessitem de tempo e de recursos financeiros para a sua preparação e implementação. Mais um exemplo real: ao solicitar o empréstimo de documentos à BM, quem se responsabilizará pela entrega e devolução dos mesmos? O professor bibliotecário, que deverá ir no seu carro à BM para seleccionar e trazer os documentos? O responsável da BM, que deverá ter de encontrar tempo para reunir os documentos e se responsabilizará pela sua entrega, devendo para isso aguardar a disponibilidade de transporte da Câmara Municipal? Ver a acção de melhoria proposta, que se cinge a três linhas da coluna, até parece simples e de fácil concretização, mas exige tempo e insisto no tempo, na necessidade de haver tempo para se realizarem as mais pequenas acções que se possam imaginar. O professor bibliotecário já tem “todo o tempo do mundo” para a BE, mas esse tempo tem limite e esse limite são trinta e cinco horas semanais, tal como tinha enquanto professor e tal como qualquer profissional tem, mas o nível de exigência que lhe é imposto neste momento é de expoente incerto, mas alto, de certeza muito alto. A BE não pode ser encarada como uma empresa e o professor bibliotecário continua a chamar-se professor e a ser professor, e se veio para este lugar por opção (em alguns casos talvez não) é porque traz consigo um sonho. Eu tenho um sonho: o sonho de melhorar a BE onde estou e tenho muita vontade e ânimo para o fazer. Espero que as exigências acrescidas não venham a asfixiar-me esse ânimo, essa vontade, esse sonho… assim o espero, para assim poder continuar a sonhar e a trabalhar, porque a BE precisa mais de mim do que eu dela. A Formanda: Sílvia Maria Passos Baltazar São Brás de Alportel, 29 de Novembro de 2009 11