Existem diferenças nos rankings de touros genômicos entre os EUA, Canadá e Alemanha devido a três fatores principais: 1) as informações genéticas nos países são diferentes, 2) as metodologias usadas para calcular as avaliações genômicas variam entre os países, e 3) as características pesadas nos índices de mérito total (TPI, LPI e RZG) são distribuídas de forma diferente.
Semelhante a Por que há diferenças entre os rankings? Conheça as características consideradas e entenda o processo de avaliação em várias partes do mundo.
Semelhante a Por que há diferenças entre os rankings? Conheça as características consideradas e entenda o processo de avaliação em várias partes do mundo. (20)
2. Nota do Tradutor:
Os índices referidos no artigo são compostos por diversas características das provas de
touros colocadas em equações que buscam achar os animais de genética mais produtiva,
através da combinação e cálculo dos números:
- TPI: (Total Performance Individual) – Índice usado nos EUA
- LPI: (Índice de Vida Produtiva) – Utilizado no Canadá
- RGZ: (Índice de Mérito Total) – Utilizado na Alemanha
- MLV: (Mérito Líquido Vitalício) – Utilizado nos EUA
- g: Genômico
O touro genômico De-Su Battlecry está no topo do índice alemão com 174 de gRZG.
Enquanto isso, em sua terra natal, os EUA, ele pontua 2.472 de gTPI e 3.417 gLPI
no Canadá. Isso faz dele um excepcional pai de rebanho na Alemanha, mas o deixa
fora da categoria elite em ambos países da América do Norte. Todavia, o EDG Rubicon
encabeça as listas tanto nos EUA como no Canadá com 2.718 de gTPI e 3.596 de
gLPI, e tem um gRZG de 159. Como podem esses três sistemas tratarem esses touros
de maneiras tão diferentes?
Para criadores operando em mercados internacionais, escolher o touro genomicamente
correto para uma coleta de embriões, frequentemente, inclui conferir se o touro considerado
ranqueia bem em diferentes listas nacionais de touros genômicos. Claro que aqueles touros
que ranqueiam bem em todos os países terão um apelo internacional mais abrangente no
que se refere a vendas de embriões ou crias. Entretanto, vários dos touros que possuem
um bom desempenho em qualquer sistema terão também uma chance de viverem até as
suas filhas estarem em lactação. Por que então alguns pontuam bem em todos os sistemas
e outros não?
3. Três Áreas
Há três áreas principais em que as
diferenças podem ocorrer. A primeira é a
diferença de informações nas avaliações
genéticas nos países. A segunda são
pequenas diferenças de metodologias
usadas para calcular e apresentar
informações de prova nos três países.
A terceira é a diferença na distribuição
de características nas fórmulas dos três
índices de mérito total – TPI, LPI e RZG.
Dados
A informação sobre os ancestrais (o
ancestral masculino) é diferente nos
países. Sendo assim, a própria base de
uma prova (o pedigree) também será
diferente. Um touro não tem exatamente
a mesma prova em todos os países,
logo os dados do pai, do avô materno,
passando até mesmo pelas avaliações,
serão diferentes em cada país.
Na verdade, alguns dos touros envolvidos
podem nem sequer ter prova em algum
país. Esta situação é agravada pelo fato
de que, atualmente, muitos desses touros
jovens tem pais e até avós que também
são touros jovens. Brian Van Doormaal
da CDN no Canadá dá ainda mais clareza
a essas diferenças de informações. As
provas de correlação interpaíses são
sempre menos de 100%. Muitos fatores
estão envolvidos. Muitos fatores estão
envolvidos: existem diferentes sistemas
de dados, diferentes definições de
características, diferentes herdabilidades
e também há o genótipo por interação
ambiental que se aplica especialmente em
países como Austrália e Nova Zelândia,
que se baseiam em um pastoreio diferente
dos sistemas de manejo intensivos de
outros lugares. Logo, os dados enviados
para avaliação genética dos países serão
diferentes.
4. Metodologia
Isso nos traz a um segundo ponto: a pequena diferença de metodologia
utilizada para calcular a avaliação genômica. Para começar, as populações
genômicas de referência utilizadas em cada país são diferentes. “Nos EUA,
há cerca de 23 a 24 mil touros, dos quais dois terços têm provas nacionais e
os demais se adicionam fêmeas à base”, explica Van Doormaal. “No Canadá,
nós utilizamos os 24 mil touros, mas apenas 1/3 tem provas nacionais. Na
Alemanha, eles têm a base de prova Euro genômica completamente diferente,
de 30 mil touros, de seis países que incluem Alemanha, França, Holanda,
Escandinávia, Espanha e Polônia. Os touros utilizados na América do Norte
são de quatro países: Canadá, EUA, Reino Unido e Itália.” Uma vez calculado o
valor genômico direto (DGV, na sigla em inglês), ele deve ser combinado com
a genealogia para gerar a prova e aqui diferentes abordagens são utilizadas
para combinar as duas informações distintas. “No Canadá, nós temos um
procedimento de pesagem que coloca o DGV e a genealogia juntos, enquanto
nos EUA usam-se a metodologia de índices para combinar os dois em um”,
aponta Van Doormal. “A Alemanha usa o procedimento de pesagem, mas
é um pouco diferente do Canadá. A parte da genealogia não é uma média
dos pais, mas uma pilha de genealogia dos touros ancestrais sem inserção
direta da mãe. Isto é feito para evitar trazer informações com parcialidade que
poderia existir nas provas de fêmeas devido a tratamentos preferenciais. Sob
esta abordagem, irmãos 3/4 são tratados da mesma forma, enquanto aqui
acreditamos que as mães deveriam ter seus méritos genéticos incluídos. Para
este fim, nós introduzimos diversos passos com o objetivo de contrabalançar
favorecimentos em tratamentos a certos animais.
Índice de Mérito Total
No que se refere ao terceiro ponto (as diferenças entre TPI, LPI e RZG) são
os touros que têm escores extremos para características específicas das três
fórmulas que arriscam maiores variações nos rankings. Por exemplo, o RZG
tem bastante ênfase em longevidade, enquanto o TPI tem muita ênfase no
tipo. Sendo assim, touros de extrema longevidade, porém inferiores em tipo,
5. parecerão muito melhores no RZG que no TPI. O Battlecry é um touro de
extrema longevidade, enquanto Rubicon tem bons escores na maioria das
características, mas é de lenta ordenha, que afeta seu RZG mais que seu
TPI ou LPI. Touros que têm escores consistentes para todas características
provavelmente desempenharão igual nos três índices.
Diferenças de Pesagens
Devido a correlações entre características, nem sempre é fácil determinar o
exato peso das diferenças no mérito total das fórmulas. “Em termos gerais,
um índice baseado em considerações econômicas terá, geralmente, em
torno de 40% para produção, 40% para características funcionais e 20%
para tipo,” explica Stefan Resing do VIT, na Alemanha. “Qualquer fórmula
que varie muito disso envolve outros aspectos diferentes de econômicos.
Ambos RZG e Mérito Líquido nos EUA são baseados economicamente, então
o ranking RZG é muito mais próximo ao Mérito Líquido que ao TPI. Já dentro
das características funcionais, alguns países dividem estes 40% em todas as
características individuais funcionais. Porém, nós vemos longevidade como
algo que engloba tudo, uma característica abrangente que inclui as outras
características funcionais. Então, damos a ela um forte peso com muito pouco
a características individuais. Aqueles que dão a características individuais uma
grande ênfase também reduzirão o peso diretamente à longevidade, pois não
se pode contá-la duplicadamente.
CAN - LPA
USA - TPI
DEU - RZG
USA - NM
Production Conformation SCS Longevity Fertility Calvign Others
Graph - Comparison of total merit indexes
6. Mudança de Fórmulas
Claro que os fatores econômicos da indústria estão constantemente
mudando, fazendo com que as fórmulas sejam revisadas. Uma fonte de
mudança provável poderia ser o desaparecimento de cotas na Europa, desde
abril. “O índice total diz aos produtores qual deveria ser o objetivo produtivo
daquele país, então nós não queremos mudá-lo frequentemente, pois isso
manda uma mensagem confusa,” comenta Rensing. “Você não quer ficar
mudando um ou dois pontos percentuais. Produtores tem mais confiança em
índices estáveis. Pessoalmente eu tenho dúvidas se a perda de cotas forçará
mudanças ao RZG.”
Escores Extremos
Se, de fato, a variação de um touro no ranking se deve a este terceiro ponto
para diferenças de índice de mérito total, então será provavelmente um touro
especialista com escores extremos em características tratadas diferentemente
entre fórmulas que são mais afetados. Poderia ser argumentado que touros
tão extremamente especialistas estão em um risco um pouco maior por terem
suas provas diminuídas ao longo do tempo, em parte porque eles estariam
mais expostos a mudanças de fórmulas de índice total. Um touro amplo e
consistente, que pontua bem em todas características e por isso ranqueia
bem em todos países, pode ser uma aposta mais segura.
7. Ranqueamento Global
Um touro doa os mesmos genes não importando o país em que seja usado,
então por que não podemos dar a ele um ranqueamento internacional?
Parte da justificativa para ter diferentes índices de mérito total é que fatores
ambientais e econômicos variam de país a país. Ter diferentes touros em
diferentes rankings em diferentes países também ajuda um pouco com a
diversidade genética. Sob um ponto de vista prático, se nós tivéssemos um
touro ranqueado número 1 em todos países, como conseguiríamos sêmen
suficiente dele? E é importante também o fato de não parecer haver vontade
política atualmente para um índice global único. Se o re-ranqueamento de
touros de um país a outro lhe está causando confusão e frustração, então é
melhor se acostumar!
Não sendo suficiente essa quantidade de índices ao redor do mundo,
novas e mais modernas medotologias de ranqueamento de touros são
criadas e adaptadas para o que os produtores de leite necessitam.
O mais recente deles é o $ICC. Um índice embasado em questões econômicas
e funcionais do dia a dia de um estábulo produtor de leite, que através da
utilização não só de informações do EUA (USDA- INTERBULL- CDCB), utiliza
dados de provas de outras países como, por exemplo, o Canadá.
O $ICC mostra-se hoje o mais completo e realista índice de ranqueamento de
touros que o mercado possui quando buscamos a produção de leite oriunda
de animais sadios, com tamanho e estrutura ideal, extremamente férteis e que
possuem o mais alto rendimento para seus proprietários.
8. Tradução:
MARCOS FERNANDES DA SILVEIRA
Méd. Veterinário CRMV-RS 7647
Representante CRI Genética
Adaptação:
BRUNO SCARPA NILO
www.CRIgenetica.com.br
Bruno Scarpa Nilo
Médico Veterinário CRMV-MG 11.601
Gerente de Produto Leite
bscarpanilo@crigenetica.com.br