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Comunicação e Multimédia - UTAD
2012/2013
Rita Mota Nº 54377
Análise do filme «Tabu» – A África de Miguel Gomes
Título do Filme: “Tabu”
Realizador: Miguel Gomes
Argumento: Miguel Gomes
Ano de Realização: 2012
Interpretação: Ana Moreira, Carloto Cotta, Henrique Espírito Santo, Isabel Cardoso,
Ivo Muller, Laura Soveral, Teresa Madruga.
Motivação: Escolhi este filme pois chamou-me particular interesse o facto de ter sido
reconhecido e premiado no 53º Festival Internacional de Cinema de Cartagena e
mesmo pelo trabalho de Miguel Gomes que vem sendo reconhecido em vários
festivais e recebendo as melhores críticas. Fiquei imediatamente com vontade de o
ver após ter lido algumas críticas e comentários de várias pessoas.
Comunicação e Multimédia - UTAD
2012/2013
Rita Mota Nº 54377
Miguel Gomes ganhou fama mundial com “Aquele Querido Mês de
Agosto” (2008), mas foi com “Tabu” que os críticos lhe caíram aos pés. Triunfou no
Festival de Berlim de 2012 ao ter ganho os prémios Alfred Bauer e FIPRESCI (este
último um dos mais importantes prémios da crítica cinéfila). Miguel Gomes
conquistou o público e a crítica também no Festival Internacional de Cinema de Las
Palmas 2012, onde ganhou o segundo prémio mais importante, o prémio Lady
Harimaguada de Prata, para além do prémio do Público.
“Tabu” fala-nos de uma história de amor impossível entre Aurora (Ana
Moreira) e Gianluca Ventura (Carloto Cotta). A história divide-se em três partes, um
prólogo (uma curta cena inicial bastante caricata, que acabou por se revelar como
uma apresentação do que viria acontecer), a 1ª parte (intitulada de “o paraíso
perdido”) e a 2ª parte (intitulada de “paraíso”).
O “paraíso perdido” é passado em Lisboa do presente. Pilar é uma idosa frágil
e instável que vive com a sua empregada cabo-verdiana, Santa (Isabel Muñoz
Cardoso). Pilar (Laura Soveral) é a sua vizinha e única amiga que vai procurar
Gianluca Ventura a pedido de Pilar que se encontrava às portas da morte. Santa e
Aurora descobrem então que Ventura foi um antigo amante de Pilar e este conta-
lhes a sua história de amor.
É, portanto, na segunda parte que a história de amor é contada. O “paraíso”
é passado em África no inicio da guerra colonial portuguesa, em Moçambique numa
fazenda situada no monte Tabu. Nesta parte vemos uma Aurora bastante jovem e
bela que vive com o seu marido e com um crocodilo. É este animal, o crocodilo, que
irá de certa forma ligar Aurora a Ventura que, em novo, também vivia em
Moçambique com uns amigos, formando até uma banda do estilo dos Beatles. É
amor à primeira vista e Aurora e Ventura envolvem-se num amor louco e
apaixonante (no inicio) e melancólico (no final, com a gravidez de Aurora, fruto do
seu marido).
Enquanto que a primeira parte do filme pode parecer confusa e estranha
para o espectador, a segunda parte é o “verdadeiro filme” e a resposta a todas as
nossas dúvidas. No final tudo se liga, tudo se compreende, tudo faz sentido. A vida de
Aurora em África está marcada pelo pecado, com mãos sujas de sangue, como a
própria refere a Pilar. Pecados esses que só conhecemos na segunda parte.
Filmado num registo clássico e, portanto, pouco usual hoje em dia, com uma
imagem a preto e branco, com grão e a 4:3 (como nos filmes mudos dos anos 20). É
curioso que no último ano fizeram-se em Portugal três filmes a preto e branco
(“Viagem a Portugal”, “O Barão” e “Tabu”). Note-se ainda que a segunda parte do
filme (filmada em 16mm) é parcialmente muda, apenas ouvimos sons ambientais, a
música (com ritmos africanos, melodias de piano e músicas dos anos 60) e a voz do
narrador, ou seja, sem qualquer diálogo por parte dos atores.
Comunicação e Multimédia - UTAD
2012/2013
Rita Mota Nº 54377
Uma das características comuns na obra de Miguel Gomes é a musicalidade
constante. Todo o filme é acompanhado por uma doce melodia de piano e
ocasionalmente com músicas dos anos 60 (que algumas personagens tocam). Outra
característica é o uso da estrutura bi-partida dos seus argumentos e o estilo
documental sempre presente, que se mistura de forma bastante natural com a ficção.
Penso que podemos considerar a primeira parte do filme a “verdadeira ficção” e a
segunda parte a documental, pelo facto de em oposição à primeira ser parcialmente
muda e sempre narrada. O narrador conta-nos a história daquelas pessoas que não
falam, apenas temos os sons ambientes, os gestos e as expressões. É como se num
cenário africano estivéssemos a ver um documentário da BBC vida animal, como
caçam, como acasalam, como vivem, etc (neste caso os animais seriam as pessoas). O
narrador diz-nos o que cada um pensa, o que o leva a cada personagem (ou animal)
a fazer determinadas ações.
A nível técnico está soberbo o trabalho de som e de fotografia, assim como o
de realização. Destaque ainda para o excelente elenco.
“Tabu” é um filme invulgar, poético e bastante interessante. Uma obra que
teve uma co-produção com França, Alemanha e Brasil, provando que quando se
quer muito fazer cinema, todos se unem para a mesma causa. O cinema português
torna a dar sinal de vida com “Tabu” e de que os apoios não podem parar, não
agora (desde 2000) que somos vistos e aplaudidos além fronteiras nos mais
importantes festivais de cinema do mundo.

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  • 1. Comunicação e Multimédia - UTAD 2012/2013 Rita Mota Nº 54377 Análise do filme «Tabu» – A África de Miguel Gomes Título do Filme: “Tabu” Realizador: Miguel Gomes Argumento: Miguel Gomes Ano de Realização: 2012 Interpretação: Ana Moreira, Carloto Cotta, Henrique Espírito Santo, Isabel Cardoso, Ivo Muller, Laura Soveral, Teresa Madruga. Motivação: Escolhi este filme pois chamou-me particular interesse o facto de ter sido reconhecido e premiado no 53º Festival Internacional de Cinema de Cartagena e mesmo pelo trabalho de Miguel Gomes que vem sendo reconhecido em vários festivais e recebendo as melhores críticas. Fiquei imediatamente com vontade de o ver após ter lido algumas críticas e comentários de várias pessoas.
  • 2. Comunicação e Multimédia - UTAD 2012/2013 Rita Mota Nº 54377 Miguel Gomes ganhou fama mundial com “Aquele Querido Mês de Agosto” (2008), mas foi com “Tabu” que os críticos lhe caíram aos pés. Triunfou no Festival de Berlim de 2012 ao ter ganho os prémios Alfred Bauer e FIPRESCI (este último um dos mais importantes prémios da crítica cinéfila). Miguel Gomes conquistou o público e a crítica também no Festival Internacional de Cinema de Las Palmas 2012, onde ganhou o segundo prémio mais importante, o prémio Lady Harimaguada de Prata, para além do prémio do Público. “Tabu” fala-nos de uma história de amor impossível entre Aurora (Ana Moreira) e Gianluca Ventura (Carloto Cotta). A história divide-se em três partes, um prólogo (uma curta cena inicial bastante caricata, que acabou por se revelar como uma apresentação do que viria acontecer), a 1ª parte (intitulada de “o paraíso perdido”) e a 2ª parte (intitulada de “paraíso”). O “paraíso perdido” é passado em Lisboa do presente. Pilar é uma idosa frágil e instável que vive com a sua empregada cabo-verdiana, Santa (Isabel Muñoz Cardoso). Pilar (Laura Soveral) é a sua vizinha e única amiga que vai procurar Gianluca Ventura a pedido de Pilar que se encontrava às portas da morte. Santa e Aurora descobrem então que Ventura foi um antigo amante de Pilar e este conta- lhes a sua história de amor. É, portanto, na segunda parte que a história de amor é contada. O “paraíso” é passado em África no inicio da guerra colonial portuguesa, em Moçambique numa fazenda situada no monte Tabu. Nesta parte vemos uma Aurora bastante jovem e bela que vive com o seu marido e com um crocodilo. É este animal, o crocodilo, que irá de certa forma ligar Aurora a Ventura que, em novo, também vivia em Moçambique com uns amigos, formando até uma banda do estilo dos Beatles. É amor à primeira vista e Aurora e Ventura envolvem-se num amor louco e apaixonante (no inicio) e melancólico (no final, com a gravidez de Aurora, fruto do seu marido). Enquanto que a primeira parte do filme pode parecer confusa e estranha para o espectador, a segunda parte é o “verdadeiro filme” e a resposta a todas as nossas dúvidas. No final tudo se liga, tudo se compreende, tudo faz sentido. A vida de Aurora em África está marcada pelo pecado, com mãos sujas de sangue, como a própria refere a Pilar. Pecados esses que só conhecemos na segunda parte. Filmado num registo clássico e, portanto, pouco usual hoje em dia, com uma imagem a preto e branco, com grão e a 4:3 (como nos filmes mudos dos anos 20). É curioso que no último ano fizeram-se em Portugal três filmes a preto e branco (“Viagem a Portugal”, “O Barão” e “Tabu”). Note-se ainda que a segunda parte do filme (filmada em 16mm) é parcialmente muda, apenas ouvimos sons ambientais, a música (com ritmos africanos, melodias de piano e músicas dos anos 60) e a voz do narrador, ou seja, sem qualquer diálogo por parte dos atores.
  • 3. Comunicação e Multimédia - UTAD 2012/2013 Rita Mota Nº 54377 Uma das características comuns na obra de Miguel Gomes é a musicalidade constante. Todo o filme é acompanhado por uma doce melodia de piano e ocasionalmente com músicas dos anos 60 (que algumas personagens tocam). Outra característica é o uso da estrutura bi-partida dos seus argumentos e o estilo documental sempre presente, que se mistura de forma bastante natural com a ficção. Penso que podemos considerar a primeira parte do filme a “verdadeira ficção” e a segunda parte a documental, pelo facto de em oposição à primeira ser parcialmente muda e sempre narrada. O narrador conta-nos a história daquelas pessoas que não falam, apenas temos os sons ambientes, os gestos e as expressões. É como se num cenário africano estivéssemos a ver um documentário da BBC vida animal, como caçam, como acasalam, como vivem, etc (neste caso os animais seriam as pessoas). O narrador diz-nos o que cada um pensa, o que o leva a cada personagem (ou animal) a fazer determinadas ações. A nível técnico está soberbo o trabalho de som e de fotografia, assim como o de realização. Destaque ainda para o excelente elenco. “Tabu” é um filme invulgar, poético e bastante interessante. Uma obra que teve uma co-produção com França, Alemanha e Brasil, provando que quando se quer muito fazer cinema, todos se unem para a mesma causa. O cinema português torna a dar sinal de vida com “Tabu” e de que os apoios não podem parar, não agora (desde 2000) que somos vistos e aplaudidos além fronteiras nos mais importantes festivais de cinema do mundo.