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NO DIA DA ÁGUA
O CAMINHO DAS ÁGUAS
Luiz Ferreira da Silva
Engenheiro Agrônomo e Escritor
luizferreira1937@gmail.com
INTRODUÇÃO
Há uma interação entre o solo e a água no sistema hidrológico, de modo
a se preservarem e contribuírem para o ecossistema a que estejam inseridos,
envolvendo os animais e os vegetais, estabelecendo um ambiente movido por
diversos ciclos ecológicos.
Uma chuva que cai numa Cidade, cujo Natureza foi alterada, é sempre
motivo de preocupação. A ação do homem sem a devida atenção às
características do solo e aspectos físico-hídricos, como por exemplo as
construções em áreas declivosas, ocasionam catástrofes, pois ninguém fica
impune ao contrariar as Leis das Natureza.
No ambiente natural, a chuva é uma dádiva; sempre benvinda. Ela, ao
cair, é amortecida pelas árvores, evitando que a sua energia destrua o solo,
causando erosão.
Imediatamente, as águas vão se amoldando ao terreno, procurando o seu
caminho para chegar ao leito do rio, sem antes ir recarregando os depósitos
subterrâneos. Nesse seu trajeto, vai molhando as raízes das plantas,
solubilizando os nutrientes (alimentos dos vegetais e microrganismos) e
matando a sede dos animais. Depois, transforma-se em “fumaça” e volta a
formar nuvens, fechando o ciclo biológico.
A RECARGA DOS AQUÍFEROS
As águas pluviais, ao caírem no solo seguem um percurso – linear e, em
sequência, espacial – cumprindo duas funções básicas no sistema edafo-hidrico:
recarregar os aquíferos e irrigar o solo. Neste contexto, sobressai-se o lençol
freático.
O ciclo dinâmico e o equilíbrio hidráulico das camadas do solo versus
lençol freático são fundamentais para o nivelamento dos rios, inclusive em
relação aos oceanos. Então, a recarga dos aquíferos é necessária, cuja água se
enriquece de nutrientes, podendo ser retirada numa dada proporção, desde que
não se reduza a um quantitativo abaixo do nível do mar.
Um exemplo disso tem acontecido nos tabuleiros de Maceió (Série
Barreiras), em cujos solos foram abertos poços tubulares, ocasionando o
rebaixamento do lençol freático a um ponto de ser “abastecido” pelo mar,
salinizando as suas águas,
Outro fator que vem afetando o lençol freático, sobretudo nas grandes
Cidades, seguindo o raciocínio anterior – importância das recargas dos aquíferos
e camadas inferiores do solo – refere-se à camada asfáltica que recobre as ruas,
avenidas e demais logradouros, evitando a infiltração das águas pluviais que vão
sobrecarregar as chamadas “bocas de lobo”, provocando inundações. Uma
quantidade expressiva é perdida, deixando de recarregar o sistema hidrológico
e, no caso, causando danos ao homem.
Vamos exemplificar com a megalópoles São Paulo (Fig. 1). Imaginemos,
como exemplo hipotético, uma área central formando uma camada de asfalto de
100 km2 (quadrado de 10km por 10 km), sob uma forte chuva de 50 mm, que não
é difícil de ocorrer. Como se sabe 1mm de chuva corresponde a uma lâmina de
1mm em 1m2; ou seja, 1 litro nesta área.
Dessa forma, uma chuva de 50 mm sobre uma superfície de 100 km2
significa 5 bilhões de litros precipitados para serem escoados, ocasionando
inundações, haja vista a impossibilidade de as “bocas de lobo” drenarem todo
esse volume. E ainda há o problema do lixo que entope as galerias, reduzindo
ainda mais a capacidade de escoamento das águas pluviais.
É fácil entender que a solução não está nos piscinões, mas na maneira
correta de se edificar todo sistema viário, de modo a contemplar áreas livres de
compactação, que seriam gramadas ou arborizadas. Em outras palavras, como
exemplo, as grandes avenidas teriam que dispor de um canteiro central livre para
a referida função “drenante”.
C O N T I N U A
Fig. 1. Vista da Capital Paulista do alto do Morumbi, expressando bem a placa
Asfáltica impermeável que recobre o seu solo.
Não é só na urbanização, mas também nas construções de edifícios que
se deveria atentar para essa necessidade voltada aos danos materiais e
ecológicos. É comum os prédios cobrirem todo o seu espaço territorial com
cimento, nada deixando a descoberto, a não ser diminutos jardins. Ter-se-ia que
se estabelecer um percentual de área sem compactação.
Até casas em belos condomínios, tendem a ocupar todo o espaço com
grandes mansões, sem a preocupação da infiltração vertical aqui discutida, em
compensação à cobertura cimentada do solo.
E, ademais, as estradas, outra preocupação a mais. Não se trata de uma
questão de beleza e nem fito ecológica, porém com a mesma função de
direcionar as águas para os lençóis freáticos.
Um exemplo recente, a Al-101 Sul, que liga Maceió ao Município da Barra
de São Miguel. Uma linda região praiana contemplada com um ecossistema
típico, o das restingas, encostado a um outro de igual importância, a mata dos
tabuleiros (mata atlântica).
Nada mais lógico que um canteiro central separando as duas pistas com
arborização regional – pitangueiras, aroeiras da praia, mangabeiras, ingás,
ouricurizeiros, etc., contribuindo até para a preservação de espécies em
processo de extinção. Isso, sem se falar na questão hidrológica. Infelizmente,
nada disso foi levado em consideração, conforme a Fig. 2).
C O N T I N U A
Fig. 2 Trecho da Al-101 Sul, rodovia duplicada com pistas separadas
apenas por uma mureta (“guard rail”).
A QUEDA DAS BARREIRAS
Havia um ambiente edafo-hídrico fechado, no qual a água fluía pelas
vertentes, cujo excesso ia alimentar a coluvião ou a planície aluvial, num
equilíbrio infiltração x escorrência ante erosivo.
De repente é interrompido com o corte da pendente para a construção
da estrada, alterando a velocidade das águas, provocando desbarrancamentos.
Geralmente, são cortes verticais o que agrava ainda mais o processo
erosivo, como se vê na figura 3.
C O N T I N U A
Figura 3. Corte de estrada vertical, sem qualquer preocupação de conservação da
paisagem.
O que deveria ser feito para conservar o solo que é o principal
componente afetado?
Fazer os taludes em curvas de nível, de modo a que as águas caminhem
em cotas iguais, através dos terraços, reduzindo a velocidade e a sua
capacidade destrutiva ladeira abaixo, conforme o esquema de um morro,
expresso didaticamente na figura 4.
Figura 4. Curvas de nível de um morro, orientando a construção dos terraços com a
mesma cota.
O mesmo esquema deveria se proceder nas zonas urbanas, evitando as
catástrofes de queda de barreiras, ceifando os pobres que constroem as suas
casas aos pés dos morros, conforme a figura 5.
Figura 5. Construções de casas em áreas declivosas e sem os cuidados de
conservação do solo.
CAPTAÇÃO DAS ÁGUAS DAS CHUVAS
Se antes era importante no Brasil semi-árido, agora o é em todo o território
nacional.
É até desnecessário se dizer sobre a importância da mata ciliar que evita
erosão e protege as calhas dos rios, aproveitando melhor as águas pluviais.
Nesta condição “fito-hidro-ecológica”, nem haveria a necessidade de se
aproveitar diretamente as águas que caem do ceu, interrompendo o seu ciclo
edáfico (penetrar no solo e ir alimentar os canais aquíferos). Mas, com a
intervenção humana desastrosa, hoje se depara com essa realidade.
A primeira captação se refere às cisternas, sobretudo no Nordeste.
Constroem-se reservatórios que são cheios, via encanamento (ou até bicas),
pelas águas precipitadas. Trata-se de uma intervenção não ecológica, como
referido anteriormente, pois o correto seria se buscar essa água no solo
recarregado.
Aproveitando o mote, tudo leva a crer que o nosso semiárido tem água
suficiente, faltando-lhe distribuição espacial, o que vem contrariar a ideia linear
da badalada transposição do Rio São Francisco que, ademais, está morrendo e
não tem condições de suprir a demanda requerida.
Há uma outra captação que fica despercebida e que poderia “umidificar” .
sobretudo o Nordeste seco, inclusive criando “mini-oasis” de distribuição
espacial, queseria direcionar as águas das chuvas que fluem nos cortes das
estradas, aqui referidos no presente documento.
Em um local estratégico no pé morro se confluiriam as águas dos terraços
para uma pequena bacia escavada, formando diversas “poças” (ou poções
superficiais) por diveros pontos da estrada, ao redor das quais o sertanejo até
poderia produzir alimentos e outras serventias, inclusive para os animais.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Como pode se depreender do presente documento é importante o tema
discutido, haja vista a preciosidade da água para a sobrevivência da
humanidade, devendo merecer uma atenção maior da área de engenharia sob
uma nova visão multidisciplinar de aplicação tecnológica.
Por outro lado, medidas de proteção da vegetação ciliar, grotas e morros
escarpados devem sair do papel e serem efetivamente implementadas.
Ademais, a limpeza urbana, o esgotamento sanitário, os aterros de
recolhimento do lixo, e o manejo dos efluentes industriais poluentes, têm que
estar inseridos num pacote de preservação ambiental de responsabilidade global
(União, Estados e Municípios). (22 de março de 2016).
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A importância da recarga dos aquíferos e captação das águas pluviais

  • 1. NO DIA DA ÁGUA O CAMINHO DAS ÁGUAS Luiz Ferreira da Silva Engenheiro Agrônomo e Escritor luizferreira1937@gmail.com INTRODUÇÃO Há uma interação entre o solo e a água no sistema hidrológico, de modo a se preservarem e contribuírem para o ecossistema a que estejam inseridos, envolvendo os animais e os vegetais, estabelecendo um ambiente movido por diversos ciclos ecológicos. Uma chuva que cai numa Cidade, cujo Natureza foi alterada, é sempre motivo de preocupação. A ação do homem sem a devida atenção às características do solo e aspectos físico-hídricos, como por exemplo as construções em áreas declivosas, ocasionam catástrofes, pois ninguém fica impune ao contrariar as Leis das Natureza. No ambiente natural, a chuva é uma dádiva; sempre benvinda. Ela, ao cair, é amortecida pelas árvores, evitando que a sua energia destrua o solo, causando erosão. Imediatamente, as águas vão se amoldando ao terreno, procurando o seu caminho para chegar ao leito do rio, sem antes ir recarregando os depósitos subterrâneos. Nesse seu trajeto, vai molhando as raízes das plantas, solubilizando os nutrientes (alimentos dos vegetais e microrganismos) e matando a sede dos animais. Depois, transforma-se em “fumaça” e volta a formar nuvens, fechando o ciclo biológico.
  • 2. A RECARGA DOS AQUÍFEROS As águas pluviais, ao caírem no solo seguem um percurso – linear e, em sequência, espacial – cumprindo duas funções básicas no sistema edafo-hidrico: recarregar os aquíferos e irrigar o solo. Neste contexto, sobressai-se o lençol freático. O ciclo dinâmico e o equilíbrio hidráulico das camadas do solo versus lençol freático são fundamentais para o nivelamento dos rios, inclusive em relação aos oceanos. Então, a recarga dos aquíferos é necessária, cuja água se enriquece de nutrientes, podendo ser retirada numa dada proporção, desde que não se reduza a um quantitativo abaixo do nível do mar. Um exemplo disso tem acontecido nos tabuleiros de Maceió (Série Barreiras), em cujos solos foram abertos poços tubulares, ocasionando o rebaixamento do lençol freático a um ponto de ser “abastecido” pelo mar, salinizando as suas águas, Outro fator que vem afetando o lençol freático, sobretudo nas grandes Cidades, seguindo o raciocínio anterior – importância das recargas dos aquíferos e camadas inferiores do solo – refere-se à camada asfáltica que recobre as ruas, avenidas e demais logradouros, evitando a infiltração das águas pluviais que vão sobrecarregar as chamadas “bocas de lobo”, provocando inundações. Uma quantidade expressiva é perdida, deixando de recarregar o sistema hidrológico e, no caso, causando danos ao homem. Vamos exemplificar com a megalópoles São Paulo (Fig. 1). Imaginemos, como exemplo hipotético, uma área central formando uma camada de asfalto de 100 km2 (quadrado de 10km por 10 km), sob uma forte chuva de 50 mm, que não é difícil de ocorrer. Como se sabe 1mm de chuva corresponde a uma lâmina de 1mm em 1m2; ou seja, 1 litro nesta área. Dessa forma, uma chuva de 50 mm sobre uma superfície de 100 km2 significa 5 bilhões de litros precipitados para serem escoados, ocasionando inundações, haja vista a impossibilidade de as “bocas de lobo” drenarem todo esse volume. E ainda há o problema do lixo que entope as galerias, reduzindo ainda mais a capacidade de escoamento das águas pluviais. É fácil entender que a solução não está nos piscinões, mas na maneira correta de se edificar todo sistema viário, de modo a contemplar áreas livres de compactação, que seriam gramadas ou arborizadas. Em outras palavras, como exemplo, as grandes avenidas teriam que dispor de um canteiro central livre para a referida função “drenante”. C O N T I N U A
  • 3. Fig. 1. Vista da Capital Paulista do alto do Morumbi, expressando bem a placa Asfáltica impermeável que recobre o seu solo. Não é só na urbanização, mas também nas construções de edifícios que se deveria atentar para essa necessidade voltada aos danos materiais e ecológicos. É comum os prédios cobrirem todo o seu espaço territorial com cimento, nada deixando a descoberto, a não ser diminutos jardins. Ter-se-ia que se estabelecer um percentual de área sem compactação. Até casas em belos condomínios, tendem a ocupar todo o espaço com grandes mansões, sem a preocupação da infiltração vertical aqui discutida, em compensação à cobertura cimentada do solo. E, ademais, as estradas, outra preocupação a mais. Não se trata de uma questão de beleza e nem fito ecológica, porém com a mesma função de direcionar as águas para os lençóis freáticos. Um exemplo recente, a Al-101 Sul, que liga Maceió ao Município da Barra de São Miguel. Uma linda região praiana contemplada com um ecossistema típico, o das restingas, encostado a um outro de igual importância, a mata dos tabuleiros (mata atlântica). Nada mais lógico que um canteiro central separando as duas pistas com arborização regional – pitangueiras, aroeiras da praia, mangabeiras, ingás, ouricurizeiros, etc., contribuindo até para a preservação de espécies em processo de extinção. Isso, sem se falar na questão hidrológica. Infelizmente, nada disso foi levado em consideração, conforme a Fig. 2). C O N T I N U A
  • 4. Fig. 2 Trecho da Al-101 Sul, rodovia duplicada com pistas separadas apenas por uma mureta (“guard rail”). A QUEDA DAS BARREIRAS Havia um ambiente edafo-hídrico fechado, no qual a água fluía pelas vertentes, cujo excesso ia alimentar a coluvião ou a planície aluvial, num equilíbrio infiltração x escorrência ante erosivo. De repente é interrompido com o corte da pendente para a construção da estrada, alterando a velocidade das águas, provocando desbarrancamentos. Geralmente, são cortes verticais o que agrava ainda mais o processo erosivo, como se vê na figura 3. C O N T I N U A
  • 5. Figura 3. Corte de estrada vertical, sem qualquer preocupação de conservação da paisagem. O que deveria ser feito para conservar o solo que é o principal componente afetado? Fazer os taludes em curvas de nível, de modo a que as águas caminhem em cotas iguais, através dos terraços, reduzindo a velocidade e a sua capacidade destrutiva ladeira abaixo, conforme o esquema de um morro, expresso didaticamente na figura 4. Figura 4. Curvas de nível de um morro, orientando a construção dos terraços com a mesma cota.
  • 6. O mesmo esquema deveria se proceder nas zonas urbanas, evitando as catástrofes de queda de barreiras, ceifando os pobres que constroem as suas casas aos pés dos morros, conforme a figura 5. Figura 5. Construções de casas em áreas declivosas e sem os cuidados de conservação do solo. CAPTAÇÃO DAS ÁGUAS DAS CHUVAS Se antes era importante no Brasil semi-árido, agora o é em todo o território nacional. É até desnecessário se dizer sobre a importância da mata ciliar que evita erosão e protege as calhas dos rios, aproveitando melhor as águas pluviais. Nesta condição “fito-hidro-ecológica”, nem haveria a necessidade de se aproveitar diretamente as águas que caem do ceu, interrompendo o seu ciclo edáfico (penetrar no solo e ir alimentar os canais aquíferos). Mas, com a intervenção humana desastrosa, hoje se depara com essa realidade. A primeira captação se refere às cisternas, sobretudo no Nordeste. Constroem-se reservatórios que são cheios, via encanamento (ou até bicas), pelas águas precipitadas. Trata-se de uma intervenção não ecológica, como
  • 7. referido anteriormente, pois o correto seria se buscar essa água no solo recarregado. Aproveitando o mote, tudo leva a crer que o nosso semiárido tem água suficiente, faltando-lhe distribuição espacial, o que vem contrariar a ideia linear da badalada transposição do Rio São Francisco que, ademais, está morrendo e não tem condições de suprir a demanda requerida. Há uma outra captação que fica despercebida e que poderia “umidificar” . sobretudo o Nordeste seco, inclusive criando “mini-oasis” de distribuição espacial, queseria direcionar as águas das chuvas que fluem nos cortes das estradas, aqui referidos no presente documento. Em um local estratégico no pé morro se confluiriam as águas dos terraços para uma pequena bacia escavada, formando diversas “poças” (ou poções superficiais) por diveros pontos da estrada, ao redor das quais o sertanejo até poderia produzir alimentos e outras serventias, inclusive para os animais. CONSIDERAÇÕES FINAIS Como pode se depreender do presente documento é importante o tema discutido, haja vista a preciosidade da água para a sobrevivência da humanidade, devendo merecer uma atenção maior da área de engenharia sob uma nova visão multidisciplinar de aplicação tecnológica. Por outro lado, medidas de proteção da vegetação ciliar, grotas e morros escarpados devem sair do papel e serem efetivamente implementadas. Ademais, a limpeza urbana, o esgotamento sanitário, os aterros de recolhimento do lixo, e o manejo dos efluentes industriais poluentes, têm que estar inseridos num pacote de preservação ambiental de responsabilidade global (União, Estados e Municípios). (22 de março de 2016). oOo