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GOVERNO DO ESTADO DO PIAUÍ
UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PIAUÍ
CAMPUS PROF. ALEXANDRE ALVES DE OLIVEIRA –
PARNAÍBA-PI
COORDENAÇÃO DO CURSO DE LICENCIATURA
PLENA EM CIÊNCIAS SOCIAIS
MEMORIAL:
Priscila de Freitas Silva
PARNAÍBA - PI
JULHO/2016
Memorial de minha vida escolar
Eu me chamo Priscila de Freitas Silva, nasci no dia 24 de janeiro de 1992, no
Hospital Mariano Lucas de Sousa. Sou filha de Ivanete Nunes de Freitas Silva e Francisco das
Chagas Cardoso Silva. Sou natural de Buriti dos Lopes, uma pequena cidade que possui
aproximadamente 20.000 mil habitantes.
Apesar de meus pais possuírem pouca instrução, visto que ambos trabalhavam na
roça e não concluíram sequer o ensino fundamental, minha trajetória escolar, sempre foi
equilibrada com relação às outras crianças que possuíam as mesmas condições de vida que eu.
O convívio dia a dia com as dificuldades ocasionadas pela falta de estudo levaram meus pais a
investir da maneira que podiam na minha escolarização e na de meus dois irmãos.
Aos quatro anos de idade minha mãe conseguiu uma bolsa no único colégio
particular da cidade, permaneci nesta instituição até quarta série, hoje quinto ano, os
professores eram excelentes e a estrutura da escola também, lembro minuciosamente de cada
recordação do período, apesar de escola ser ótima manter-me lá tornou-se algo árduo, pois eu
era em algumas séries a única que não possuía o material didático( livros), assim estudava no
contra turno e fazia resumos dos capítulos dos livros quando conseguia que algum colega me
cedesse algum material emprestado, fazia as atividades extra classe sempre na casa de algum
colega, mas foi um período produtivo e foi nessa escola e basicamente nesse período entre os
livros da biblioteca que percebi que a leitura podia mostrar-me um novo mundo.
Apesar da ausência dos recursos sempre tive auxílio de alguns professores de
forma plena e com o tempo como resultado de meu esforço e dedicação consegui ser
presenteada com alguns livros, em casa sempre tive acompanhamento e as horas de dedicação
às atividades escolares paulatinamente vieram a tornar-se um ato corriqueiro, minha mãe que
cursou até a quarta série me auxiliava em tudo que podia e por menor que fosse o seu
conhecimento a sua força de vontade sempre era um incentivo diante dos obstáculos.
Enfim, na quinta série tive que mudar de escola, pois, a instituição de antes só
oferecia vagas até a quarta série, pela primeira vez tive acesso a escola pública, por um lado
tudo melhorou, pois não convivia em uma sala de aula com pessoas tão diferentes de mim, em
contra partida senti que a qualidade tinha sofrido uma queda, nesse período continuar na
escola foi um desafio, pois em casa meus ficaram desempregados e tiveram que voltar para
zona rural , esta não possuía escola e assim com o auxílio de minha avó paterna tive que
morar sozinha com meus dois irmãos para continuarmos a estudar, foram tempos difíceis, mas
alguns anos depois no final do ensino fundamental, meus pais retornaram a morar conosco e
tudo melhorou.
No ensino médio, estudei na única escola de ensino médio da cidade, que ficava
mais ou menos em um percurso de meia hora a pé, apesar de o ensino não ter tanta relevância
para muitos para mim tornou-se um longo passo, e nele tive grandes professores que me
mostraram a educação como ferramenta capaz de trazer oportunidades que meus progenitores
não possuíram.
Contudo, mais uma vez deparei-me com a dificuldade em conseguir material para
estudar, pois, só possuíamos o livro de português. Assim através do auxílio de alguns colegas
do tempo do fundamental que haviam migrado para colégios particulares consegui ter acesso
a livros para estudar a partir de um novo foco, o tão difícil vestibular que era um sonho tão
distante para quem vinha do cenário da escola pública, assim foram os três anos do ensino
médio, com os empréstimos de material e com o acervo das duas bibliotecas públicas da
cidade conseguia aproveitar o tempo que longe da escola parecia tão longo.
A primeira porta para chegada no ensino superior foi PSIU, antigo programa de
ingresso na universidade, o famoso “vestibular tradicional” o qual atuava antes do Enem ,
nesse período vi muitos colegas ficando para trás na carreira escolar, visto que não possuíam
insumo financeiro para pagar a taxa do exame. Para mim não foi diferente, como sempre
vivemos das práticas agrícolas, da roça e da criação de pequenos animais, sempre
precisávamos vender alguma coisa, por sentir os sacrifícios feitos pela minha família sempre
tinha mais um elemento de incentivo.
O grande momento estava próximo, no terceiro ano em 2009, estava perto de
concluir o ensino médio e ansiosamente intensifiquei as horas de estudo pensando no exame,
o vestibular da Uespi que geralmente ocorria no início de novembro e o PSIU que ocorria
pouco tempo depois. Com o intuito de reforçar os estudos, em casa apertaram-se as despesas
para conseguirmos pagar um cursinho pré-vestibular que tinha como subsídio o dinheiro do
programa bolsa família. O cursinho era ótimo, mas terminou antes do prazo devido ao grande
número de desistentes. Depois da realização das provas no fim do ano aumentou a ansiedade e
no dia seis de janeiro saiu o primeiro resultado referente a Uespi o curso escolhido havia sido
o de Letras/ Português, como a ingresso na universidade era uma conquista para poucos,
principalmente em uma cidade pequena como a minha, a cada aprovação eram ouvidos os
fogos de artifício. Como eu não possuía computador fui à casa de uma vizinha ver se meu
nome estava na tão sonhada lista, lembro-me com muita veemência que naquele momento
toda a trajetória contada aqui, sim, havia valido a pena. Em sequência consegui mais
aprovações do que esperava; engenharia de pesca e pedagogia, contudo resolvi optar por
Letras na UESPI.
Os primeiros dias de aula foram os momentos mais felizes, apesar de saber que
não seria fácil isso não trazia desânimo, como a universidade ficava na cidade vizinha,
Parnaíba, eram 33 km de distância os quais necessitavam serem percorridos todos os dias.
Depois de algumas semanas de adaptação já não era um universo tão estranho e como os
subsídios financeiros eram insuficientes para pagar as passagens dos trajetos feitos
diariamente, eu e outros colegas na mesma situação tivemos como opção pegar caronas na Br
todos os dias. No decorrer do curso às vezes conseguia alguns lugares para ficar durante os
estágios e em outras situações quando havia necessidade.
A partir do quarto período consegui trabalhar, em uma localidade na zona rural de
Buriti dos Lopes, a noite, uns 45km de Parnaíba, devido a distância muitas vezes fiquei
dividida entre a necessidade de trabalhar e a universidade. Entretanto, consegui seguir com os
dois, por vezes faltando a um ou outro para dar conta de ambos. Assim, segui nessa rotina até
concluir o curso, que por sinal me senti prejudicada em alguns momentos, pois tive de abdicar
muitas coisas como a produção e apresentação de trabalhos científicos, a participação em
eventos de extensão e tive que adiar dessa forma um sonho pessoal e profissional, o mestrado.
Tentei algumas vezes na área de letras conquistar essa realização, mas sem
orientação e com poucas produções tornou-se algo inalcançável. Então decidi fazer uma pós
graduação e estudar para concursos, esse foi meu caminho e tive que engavetar essa
idealização. Estava concluindo a pós- graduação em Libras. Nesse período resolvi fazer o
ENEM e tentar desenvolver a semente plantada no bloco IV com disciplina de sociologia da
educação, as ciências sociais, essa área do conhecimento cativou- me e decidi embarcar mais
uma vez no ensino superior, agora com obstáculos diferentes de outrora, o trabalho na
educação e em um pequeno negócio da família acabou tornando o tempo cada vez mais
restrito e com meus dois irmãos no ensino superior as despesas aumentaram.
Há dois atrás fiz a inscrição no Parfor, um programa do governo federal o qual
capacita os professores da educação básica, com a oportunidade fiz a inscrição para Letras/
Libras o qual fui chamada recentemente, e concluirei dentro de pouco tempo. Então, em 2016
retornei a Uespi para cursar ciências sociais. O curso é muito mais do que o esperado, cada
disciplina é apaixonante. Assim, nessa nova fase almejo realizar tudo que não consegui antes,
produzir vários trabalhos, desenvolver pesquisas, ampliar conhecimentos e conseguir chegar
ao mestrado ou quem sabe um doutorado. Às vezes paro e penso que parece algo impossível,
mas lembro de tantas coisas que eram impossíveis e tornaram-se palpáveis.
Nessa perspectiva, lembro de algo dito a mim na 3ªsérie, depois de passar horas
tentando desenhar um mapa comecei a chorar e me frustrei por não conseguir , vendo a cena
minha mãe sentou-se ao meu lado e pegou minha mão dizendo-me: “ Você é capaz, o difícil
não é impossível”. Essa frase vem a minha mente em cada momento árduo, a educação
mudou minha vida e a da minha família e de necessidade tornou-se hábito prazeroso e
satisfatório, apesar das dificuldades do sistema educacional aprendi a amar o que faço. Assim,
para concluir desejo através da educação ajudar outras pessoas como um dia ocorrera comigo,
através dela aprendi que o pensamento e os sonhos são a força motriz e tudo.

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  • 1. GOVERNO DO ESTADO DO PIAUÍ UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PIAUÍ CAMPUS PROF. ALEXANDRE ALVES DE OLIVEIRA – PARNAÍBA-PI COORDENAÇÃO DO CURSO DE LICENCIATURA PLENA EM CIÊNCIAS SOCIAIS MEMORIAL: Priscila de Freitas Silva PARNAÍBA - PI JULHO/2016
  • 2. Memorial de minha vida escolar Eu me chamo Priscila de Freitas Silva, nasci no dia 24 de janeiro de 1992, no Hospital Mariano Lucas de Sousa. Sou filha de Ivanete Nunes de Freitas Silva e Francisco das Chagas Cardoso Silva. Sou natural de Buriti dos Lopes, uma pequena cidade que possui aproximadamente 20.000 mil habitantes. Apesar de meus pais possuírem pouca instrução, visto que ambos trabalhavam na roça e não concluíram sequer o ensino fundamental, minha trajetória escolar, sempre foi equilibrada com relação às outras crianças que possuíam as mesmas condições de vida que eu. O convívio dia a dia com as dificuldades ocasionadas pela falta de estudo levaram meus pais a investir da maneira que podiam na minha escolarização e na de meus dois irmãos. Aos quatro anos de idade minha mãe conseguiu uma bolsa no único colégio particular da cidade, permaneci nesta instituição até quarta série, hoje quinto ano, os professores eram excelentes e a estrutura da escola também, lembro minuciosamente de cada recordação do período, apesar de escola ser ótima manter-me lá tornou-se algo árduo, pois eu era em algumas séries a única que não possuía o material didático( livros), assim estudava no contra turno e fazia resumos dos capítulos dos livros quando conseguia que algum colega me cedesse algum material emprestado, fazia as atividades extra classe sempre na casa de algum colega, mas foi um período produtivo e foi nessa escola e basicamente nesse período entre os livros da biblioteca que percebi que a leitura podia mostrar-me um novo mundo. Apesar da ausência dos recursos sempre tive auxílio de alguns professores de forma plena e com o tempo como resultado de meu esforço e dedicação consegui ser presenteada com alguns livros, em casa sempre tive acompanhamento e as horas de dedicação às atividades escolares paulatinamente vieram a tornar-se um ato corriqueiro, minha mãe que cursou até a quarta série me auxiliava em tudo que podia e por menor que fosse o seu conhecimento a sua força de vontade sempre era um incentivo diante dos obstáculos. Enfim, na quinta série tive que mudar de escola, pois, a instituição de antes só oferecia vagas até a quarta série, pela primeira vez tive acesso a escola pública, por um lado tudo melhorou, pois não convivia em uma sala de aula com pessoas tão diferentes de mim, em contra partida senti que a qualidade tinha sofrido uma queda, nesse período continuar na escola foi um desafio, pois em casa meus ficaram desempregados e tiveram que voltar para zona rural , esta não possuía escola e assim com o auxílio de minha avó paterna tive que morar sozinha com meus dois irmãos para continuarmos a estudar, foram tempos difíceis, mas
  • 3. alguns anos depois no final do ensino fundamental, meus pais retornaram a morar conosco e tudo melhorou. No ensino médio, estudei na única escola de ensino médio da cidade, que ficava mais ou menos em um percurso de meia hora a pé, apesar de o ensino não ter tanta relevância para muitos para mim tornou-se um longo passo, e nele tive grandes professores que me mostraram a educação como ferramenta capaz de trazer oportunidades que meus progenitores não possuíram. Contudo, mais uma vez deparei-me com a dificuldade em conseguir material para estudar, pois, só possuíamos o livro de português. Assim através do auxílio de alguns colegas do tempo do fundamental que haviam migrado para colégios particulares consegui ter acesso a livros para estudar a partir de um novo foco, o tão difícil vestibular que era um sonho tão distante para quem vinha do cenário da escola pública, assim foram os três anos do ensino médio, com os empréstimos de material e com o acervo das duas bibliotecas públicas da cidade conseguia aproveitar o tempo que longe da escola parecia tão longo. A primeira porta para chegada no ensino superior foi PSIU, antigo programa de ingresso na universidade, o famoso “vestibular tradicional” o qual atuava antes do Enem , nesse período vi muitos colegas ficando para trás na carreira escolar, visto que não possuíam insumo financeiro para pagar a taxa do exame. Para mim não foi diferente, como sempre vivemos das práticas agrícolas, da roça e da criação de pequenos animais, sempre precisávamos vender alguma coisa, por sentir os sacrifícios feitos pela minha família sempre tinha mais um elemento de incentivo. O grande momento estava próximo, no terceiro ano em 2009, estava perto de concluir o ensino médio e ansiosamente intensifiquei as horas de estudo pensando no exame, o vestibular da Uespi que geralmente ocorria no início de novembro e o PSIU que ocorria pouco tempo depois. Com o intuito de reforçar os estudos, em casa apertaram-se as despesas para conseguirmos pagar um cursinho pré-vestibular que tinha como subsídio o dinheiro do programa bolsa família. O cursinho era ótimo, mas terminou antes do prazo devido ao grande número de desistentes. Depois da realização das provas no fim do ano aumentou a ansiedade e no dia seis de janeiro saiu o primeiro resultado referente a Uespi o curso escolhido havia sido o de Letras/ Português, como a ingresso na universidade era uma conquista para poucos, principalmente em uma cidade pequena como a minha, a cada aprovação eram ouvidos os fogos de artifício. Como eu não possuía computador fui à casa de uma vizinha ver se meu nome estava na tão sonhada lista, lembro-me com muita veemência que naquele momento toda a trajetória contada aqui, sim, havia valido a pena. Em sequência consegui mais
  • 4. aprovações do que esperava; engenharia de pesca e pedagogia, contudo resolvi optar por Letras na UESPI. Os primeiros dias de aula foram os momentos mais felizes, apesar de saber que não seria fácil isso não trazia desânimo, como a universidade ficava na cidade vizinha, Parnaíba, eram 33 km de distância os quais necessitavam serem percorridos todos os dias. Depois de algumas semanas de adaptação já não era um universo tão estranho e como os subsídios financeiros eram insuficientes para pagar as passagens dos trajetos feitos diariamente, eu e outros colegas na mesma situação tivemos como opção pegar caronas na Br todos os dias. No decorrer do curso às vezes conseguia alguns lugares para ficar durante os estágios e em outras situações quando havia necessidade. A partir do quarto período consegui trabalhar, em uma localidade na zona rural de Buriti dos Lopes, a noite, uns 45km de Parnaíba, devido a distância muitas vezes fiquei dividida entre a necessidade de trabalhar e a universidade. Entretanto, consegui seguir com os dois, por vezes faltando a um ou outro para dar conta de ambos. Assim, segui nessa rotina até concluir o curso, que por sinal me senti prejudicada em alguns momentos, pois tive de abdicar muitas coisas como a produção e apresentação de trabalhos científicos, a participação em eventos de extensão e tive que adiar dessa forma um sonho pessoal e profissional, o mestrado. Tentei algumas vezes na área de letras conquistar essa realização, mas sem orientação e com poucas produções tornou-se algo inalcançável. Então decidi fazer uma pós graduação e estudar para concursos, esse foi meu caminho e tive que engavetar essa idealização. Estava concluindo a pós- graduação em Libras. Nesse período resolvi fazer o ENEM e tentar desenvolver a semente plantada no bloco IV com disciplina de sociologia da educação, as ciências sociais, essa área do conhecimento cativou- me e decidi embarcar mais uma vez no ensino superior, agora com obstáculos diferentes de outrora, o trabalho na educação e em um pequeno negócio da família acabou tornando o tempo cada vez mais restrito e com meus dois irmãos no ensino superior as despesas aumentaram. Há dois atrás fiz a inscrição no Parfor, um programa do governo federal o qual capacita os professores da educação básica, com a oportunidade fiz a inscrição para Letras/ Libras o qual fui chamada recentemente, e concluirei dentro de pouco tempo. Então, em 2016 retornei a Uespi para cursar ciências sociais. O curso é muito mais do que o esperado, cada disciplina é apaixonante. Assim, nessa nova fase almejo realizar tudo que não consegui antes, produzir vários trabalhos, desenvolver pesquisas, ampliar conhecimentos e conseguir chegar ao mestrado ou quem sabe um doutorado. Às vezes paro e penso que parece algo impossível, mas lembro de tantas coisas que eram impossíveis e tornaram-se palpáveis.
  • 5. Nessa perspectiva, lembro de algo dito a mim na 3ªsérie, depois de passar horas tentando desenhar um mapa comecei a chorar e me frustrei por não conseguir , vendo a cena minha mãe sentou-se ao meu lado e pegou minha mão dizendo-me: “ Você é capaz, o difícil não é impossível”. Essa frase vem a minha mente em cada momento árduo, a educação mudou minha vida e a da minha família e de necessidade tornou-se hábito prazeroso e satisfatório, apesar das dificuldades do sistema educacional aprendi a amar o que faço. Assim, para concluir desejo através da educação ajudar outras pessoas como um dia ocorrera comigo, através dela aprendi que o pensamento e os sonhos são a força motriz e tudo.