precariedade, call-centers

1. PrecariAcções
Outubro 2012
15
Boletim organizativo e de luta dos precários
Editorial
Editorial
Sai a rua e derruba
a austeridade
No passado dia 15 de Outubro foi
apresentado o Orçamento de Estado
(OE) para 2013. Este Orçamento é
a continuação da guerra que este
Governo
decretou
ao
povo.
Sobrecarrega
as
famílias
com
impostos, diminui as reformas,
corta nos subsídios de desemprego
e doença e despedirá metade dos
funcionários públicos contratados
até ao fim do ano. Ao mesmo tempo
que
se
ia
conhecendo
o
rol
interminável
das
medidas
de
austeridade, milhares de pessoas
cercavam o Parlamento gritando
palavras-de-ordem
contra
o
Governo
e
as suas políticas.
“Mais
austeridade?
Mais
sacrifícios? Para quê?”, são as
perguntas lógicas e razoáveis de
quem está farto de pagar com os
seus rendimentos uma dívida que
não
contraiu.
Cabe-nos
a
nós
chumbar este OE. É imprescindível
continuarmos a sair de casa, a
encher as praças do país como
fizemos no dia 15 de Setembro.
Foi no dia 15 de Setembro que
derrubamos a alteração da TSU e
tem de ser na rua que temos de
derrubar o aumento do IRS e todas
as outras medidas de austeridade.
Só a luta pode derrubar este
Governo e travar estas políticas
para podermos sair desta crise e
vivermos condignamente. A Greve
Geral de dia 14 de Novembro é
mais uma etapa da luta do povo
contra as políticas da Troika e
do Governo. Precisamos de uma
greve
forte,
preparada
atempadamente
nas
empresas
através de plenários e que tenha
a força para paralisar o país e
varrer
com
a
Troika
e
Passos&Portas.
Só
uma
ampla
unidade à esquerda de todos os
sectores
anti
–
troika,
no
parlamento e nas ruas, terá a
força necessária para parar este
roubo!
GREVE GERAL E A PRECARIEDADE
A nossa estabilidade laboral é fundamental ara podermos fazer greve
No próximo dia 14 de Novembro vai finalmente haver uma greve geral.
Esta surge quase um ano depois da ultima a 24 de Novembro do ano
passado, não porque não tivesse havido motivos para a marcar (motivos
há de sobra) mas sim porque as centrais sindicais não quiseram marcar.
Desta vez a greve geral reveste-se de particular importância devido ao
facto de estar convocada em Portugal, em Espanha, na Grécia e em Itália,
ou seja, numa parte dos países periféricos que estão a ser esmagados
pela dívida imposta pelas bancas dos países centrais e devastados por
medidas de austeridade.
A partir do momento que a greve geral é convocada, TODOS os
trabalhadores têm o direito de fazer greve. Mas também sabemos que isto
não funciona bem assim. No nosso caso, trabalhadores com vínculos de
trabalho precário, a adesão à greve é perto de nula e isso é compreensível
pois o risco de despedimento é muito e o contrato pode acabar quando a
empresa de trabalho temporário quiser. O ideal seria que todos fizessem
greve neste dia mas todos sabemos que a realidade não permite que
assim seja.
O combate por estabilidade laboral, o fim da subcontratação e a
efectivação dos trabalhadores que têm funções permanentes nas
empresas, é a única saída para que possamos lutar pelos nossos direitos
na a nossa empresa mas também para nos juntarmos às lutas que outros
trabalhadores estão a travar pelo fim da austeridade, pela demissão do
governo Coelho e da sua corja de tecnocratas corruptos que empobrecem
o país e os trabalhadores para dar de comer à banca e aos seus amigos.
Se queremos lutar pelo nosso futuro temos de garantir a nossa
estabilidade no local de trabalho.
Viva a greve geral !
viva os trabalhadores !
[1]

2. RITMO DE TRABALHO DESENFREADO NA IBM BRAGA
Se querem que se atendam mais chamadas, contratem mais gente
A IBM é uma empresa líder no outsourcing, ou por outras palavras, em subcontratar pessoas em condições miseráveis para
prestar serviços a terceiros por muito menos do que esse trabalho vale. Não olham a meios para atingir os fins e se pelo
caminho alguns dos colaboradores “derem o estouro” não importa, os parasitas das ETT (Empresas de trabalho temporário)
arranjam outros fresquinhos para a trituradora, gente à procura de trabalho não falta por aí, todos sabemos.
Para aumentarem os lucros, estas empresas fazem duas coisas, aumentar a carga de trabalho (atender mais chamadas em
menos tempo) e aumentar o tempo de duração dia de trabalho, coisa que está a ser feita através de horas extra e da
obrigação de ficar em linha até que esta esvazie nos turnos finais de cada linha. A exploração que sofremos dá resultados
fazendo a empresa crescer e enchendo os bolsos a toda a gente menos a nós.
O pedido de horas extra já não é uma excepção, tornou-se uma regra. Há meses que somos pressionados por email e
mesmo pessoalmente para as fazer. Há meses que o numero de chamadas por dia não para de aumentar e toda a gente
sabe que ou passa a haver mais advisors em linha ou continuamos a ter dias infernais sem conseguir respirar entre
chamadas.
Se neste momento o nível de trabalho é o que é, imaginem o que vai ser no Natal em que as vendas disparam e o numero
de chamadas reflecte isso. Nessa altura, além de não darem férias a quase ninguém, nem mesmo a quem as marcou em
Março, pedem, sem qualquer tipo de respeito por termos família e uma vida, para fazermos horas extra como se este
trabalho não fosse desgastante. Para a IBM isso não importa, desde que o dinheiro ganho por nós a atender chamadas
continue a entrar…
Se continuarmos a deixar isto acontecer e nos rebentarmos a fazer horas extra para manter as linhas, vão sempre
exigir mais pelo mesmo salário que diminui todos os dias com o aumento do custo de vida.
A APPLE LUCRA MAS OS EXPLORADOS NÃO SE CALAM
Trabalhadores da apple lutam por todo o mundo por melhores condições de trabalho
No passado dia 5 de Outubro, os trabalhadores da Foxconn na China (que produz o iPhone 5) fizeram uma greve contra as
condições miseráveis de trabalho a que são submetidos: longas jornadas de trabalho, pressão e agressão. A Foxconn nega
ter havido greve, mas as agências noticiosas chinesas e a associação de defesa dos direitos trabalhistas "China Labour
Watch" dizem que 4 mil trabalhadores aderiram à greve. Os trabalhadores alegam que é exigida uma excessiva qualidade
dos produtos sem que para isso tenha sido dada formação adequada. Lembra-vos algo?
Esta greve aconteceu depois da fábrica ter fechado um dia inteiro após incidentes que envolveram cerca de 2 mil
trabalhadores insatisfeitos com as miseráveis condições de trabalho, e de em Setembro ter acontecido o segundo suicídio na
Foxxconn após o acordo assinado com a Apple para melhorar as condições de trabalho.Também aqui sabemos que colegas
não aguentam tamanha pressão e stress e que por isso ou estão com atestado médico, ou não conseguem sequer entrar no
piso onde trabalham, tamanha é a pressão a que já estão sujeitos...
Também em França, no mesmo dia, foi convocada uma greve das lojas da Apple em França por melhores condições de
trabalho e por não se ter chegado a acordo em relação às exigências do sindicato. Também aqui, em Braga, a pressão é
muita, como todos aqui sabem. Tanto ou mais perverso do que isso, é o facto de todos pensarmos o mesmo mas acharmos
que estamos sozinhos porque aqui dentro não se pode falar sobre isso com ninguém nem nos podemos queixar...
Colegas, estamos todos na mesma situação e todos a sentir a injustiça deste trabalho stressante, exigente e mal pago. A
Apple é uma grande empresa à custa da exploração de trabalhadores em todo o mundo, dos fabricantes, aos vendedores e
aos que dão suporte técnico. Mas que grande empresa é esta? E não nos esquecemos do papel da IBM e das empresas de
trabalho temporário neste jogo.
E se aqui também houvesse greve? E se aqui também houvesse lutas que obrigassem a aumento salarial e a
melhores condições de trabalho?
Unamo-nos, colegas! Só assim poderemos mudar isto!
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Email: precariaccoesbraga@gmail.com Blog: precariaccoesbraga.blogspot.com
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