O documento discute o Open Access e os benefícios dos repositórios institucionais. Apresenta o que é Open Access, os tipos de acesso aberto, e como os repositórios aumentam a visibilidade da pesquisa ao disponibilizá-la online. Também discute as vantagens do auto-arquivo e a importância das políticas institucionais que encorajam ou exigem o depósito em repositórios.
O Open Access ao serviço dos investigadorese das instituições de ensino superior
1. O OPEN ACCESS
AO SERVIÇO DOS INVESTIGADORES
E DAS INSTITUIÇÕES DE ENSINO SUPERIOR
Pedro Príncipe
Serviços de Documentação da Universidade do Minho
pedroprincipe@sdum.uminho.pt
APRESENTAÇÃO DO REPOSITÓRIO DO IPP
INSTITUTO POLITÉCNICO DO PORTO
ISEP, 8 de Fevereiro de 2012
2. TÓPICOS
Open Access/Acesso livre
• O que é?
• Porquê e como?
1
Repositórios institucionais
• Auto-arquivo: custos e benefícios
• Políticas institucionais Open Access
2
O que podem fazer…
• os investigadores
• as instituições
3
3. O que é o Open Access?
Open Access, "Acesso Livre" (ou “Acesso Aberto”) significa a
disponibilização livre na Internet de literatura de carácter
académico ou científico, permitindo a qualquer utilizador ler,
descarregar, copiar, distribuir, imprimir, pesquisar ou
referenciar o texto integral dos documentos.
4. Introdução
«uma velha tradição e uma nova tecnologia convergiram para
tornar possível o aparecimento de um bem público sem
precedentes. A velha tradição é a boa-vontade de investigadores
e cientistas publicarem os resultados da sua investigação em
revistas científicas, sem qualquer remuneração, apenas em
prol da investigação e difusão do conhecimento. A nova
tecnologia é a Internet. O benefício público que as duas
possibilitam é a distribuição eletrónica, a uma escala mundial,
da literatura científica com revisão pelos pares, de forma
gratuita e sem restrições de acesso a investigadores, docentes,
alunos e outros indivíduos interessados. A eliminação de
barreiras de acesso à literatura científica ajudará a
acelerar a investigação, a enriquecer a educação (...)»
Tradução de BUDAPEST OPEN ACCESS INITIATIVE (2002)
http://www.soros.org/openaccess/read.shtml
5. A utopia de Budapeste
A distribuição mundial da literatura publicada em
revistas com peer-review e o acesso completamente
livre e irrestrito a essa literatura por todos os cientistas,
académicos, professores, estudantes e outras mentes
curiosas. A remoção das barreiras a esta
literatura acelerará a investigação, enriquecerá
a educação, (...), e estabelecerá as fundações
para unir a humanidade num comum diálogo
intelectual e procura de conhecimento.”
Tradução de BUDAPEST OPEN ACCESS INITIATIVE (2002)
http://www.soros.org/openaccess/read.shtml
6. As Declarações OA – os 3 B’s
Budapest Open Access Initiative – Dezembro 2001
Bethesda Statement on Open Access Publishing – Junho 2003
Declaração de Berlim sobre o Acesso Livre ao Conhecimento
nas Ciências e Humanidades– Outubro 2003
7. O que é?
• Online
• Immediate
• Free (non-restricted)
• Free (gratis)
• To the scholarly literature that authors give away
• Permanent
(Definição de Stevan Harnad)
8. O que é?
“Open-access (OA) literature is digital,
online, free of charge, and free of most
copyright and licensing restrictions”
Definição de Peter Suber, 2006
9. ESSENCIAL:
Aos cerca de 2.5 milhões de artigos publicados por ano, a nível mundial,
Acesso Livre a quê?
em cerca de 25,000 revistas com peer-review em todas as disciplinas
académicas e cientificas.
RECOMENDÁVEL/OPCIONAL:
A comunicações, teses e dissertações, relatórios, working papers, artigos
não revistos (preprints); monografias; etc.
NÃO APLICÁVEL:
O Acesso Livre não se aplica a livros sobre os quais os autores pretendam
obter receitas ou textos não académicos, como notícias ou ficção.
10. Acesso Livre porquê?
Aumentar a visibilidade, o acesso, a utilização e o
impacto dos resultados de investigação.
Acelerar e tornar mais eficiente o progresso da ciência.
Melhorar a monitorização, avaliação e gestão da
actividade científica.
11. Acesso Aberto – Porquê?
Ao contrário de outros autores, os investigadores
e académicos publicam os resultados do seu
trabalho não para obterem rendimentos (direitos
de autor, royalties, etc.), mas para obterem outro
tipo de recompensa: impacto da publicação.
Os investigadores são recompensados (progressão na
carreira, financiamento dos seus projectos, prémios
científicos, etc.), pela sua produtividade científica, que
é avaliada não apenas pela sua dimensão (quantidade),
mas sobretudo pelo seu impacto (qualidade).
12. Tipos de Acesso Aberto
Acesso Aberto Verde/Dourado
Refere-se à forma/local do acesso aberto (repositórios e
revistas)
Acesso Aberto pela via verde é geralmente do tipo
“Grátis” mas pode ser “Livre”.
Acesso Aberto pela via Dourada é geralmente “Livre” mas
pode ser “Grátis”
Acesso Aberto Grátis/Livre
Refere-se às barreiras/restrições que são eliminadas
Como existem diversas barreiras de copyright, podem
existir diversos tipos/graus de AA Livre
13. Acesso Aberto - Grátis e Livre
GRÁTIS
Eliminam-se as barreiras económicas. O acesso é realizado
sem custos para o utilizador
LIVRE
Eliminam-se as barreiras económicas e pelo menos
algumas relacionadas com o copyright (facilitando a re-
utilização por humanos e “máquinas”)
http://www.earlham.edu/~peters/fos/newsletter/08-02-08.htm
14. Duas vias para o Acesso Livre
• Óptima (dourada): Publicar os artigos em revistas
de acesso livre sempre que existam revistas
adequadas para o efeito (presentemente cerca de
5500, ≃ 22% - ver www.doaj.org)
• Boa (verde): Publicar os restantes artigos nas
revistas comerciais habituais (presentemente
cerca de 20000, ≃ 78%) e auto-arquivá-los em
repositórios da própria instituição (actualmente
mais de 1700 – ver www.opendoar.org).
16. Repositório
Um lugar, ou contentor onde se podem depositar e armazenar objectos
(muitas vezes para segurança e preservação)
Repositório digital
Um sistema para armazenar, preservar e dar acesso a objectos digitais
Repositório de Acesso Aberto
Um repositório digital que recolhe, armazena e dá acesso a resultados
(publicações e/ou dados) da investigação científica
17. Tipos de Repositórios de Acesso Aberto
• Institucionais
• Disciplinares ou temáticos
• Repositório de dados
• Repositórios órfãos
• Agregadores
18. Repositórios institucionais
Armazenam, preservam, divulgam e dão acesso à produção
intelectual dos membros de uma instituição (universidade, centro
de investigação, etc.)
Podem conter exclusivamente a produção intelectual/científica
(artigos, teses e dissertações, working papers, dados, etc.) das
instituições, ou reunir também documentos administrativos,
coleções especiais (constituindo-se como bibliotecas digitais)
19. Via verde para o auto-arquivo!
O copyright já não é um obstáculo importante ao desenvolvimento
dos Repositórios Institucionais.
Políticas de Copyright das Revistas Científicas
5%
32% Permitido auto-arquivo
de preprints e postprints
Permitido auto-arquivo
de preprints
Auto-arquivo não
permitido
63%
Mais de 95% das revistas já permitem alguma forma de auto–
arquivo/depósito em repositórios.
http://romeo.eprints.org/stats.php
21. Auto-arquivar num repositório é um processo:
• Fácil – Através de uma interface web;
• Simples – Seguindo um circuito de depósito (workflow) que
conduz o utilizador ao longo do processo de um modo intuitivo;
• Rápido – Em circunstâncias normais o processo de
depósito/auto-arquivo demorará menos de 5 min. por
documento.
22. E os documentos que não podem ficar em acesso livre?
• Os documentos que não possam ficar em acesso livre (em
definitivo ou durante um período de embargo)…
• Podem e devem ser arquivados de imediato em acesso
restrito…
• Podendo ser utilizada como complemento a funcionalidade
Solicitar Cópia ao Autor…
23. A funcionalidade “Solicitar cópia ao autor” adequa-se aos artigos
publicados nas revistas cientificas (cerca de 38% a nível mundial) que
não podem ser disponibilizados, temporária ou definitivamente em
Acesso Livre:
1. O utilizador que aceda ao metadados de um documento em “Acesso Restrito”
insere o seu email e envia um pedido para o autor do documento.
2. É enviado um email para o autor, com um URL que o autor pode utilizar para
responder, enviando (ou não), o documento ao utilizador.
25. Interligação com outros sistemas de informação…
Meta DeGóis
Repositórios Repositórios
Internacionais Institucionais
Redes
sociais
Outros
Serviços
Meta
Repositório
Repositórios
Nacional B-on
Temáticos
27. Impacto dos resultados de investigação…
% aumento citações com Acesso Livre
Física
Sociologia
Psicologia
Direito
Gestão
Educação
Ciên. da Saúde
Ciências Políticas
Economia
Biologia
0 50 100 150 200 250
Amplitude = 36%-250% Adaptação de gráfico cedido por:
(Dados: Brody&Harnad 2004; Hajjem et al. 2005) Alma Swan – Key Perspectives Ltd
28. Gargouri Y, Hajjem C, Larivière V, Gingras Y, Carr L, et al. 2010 Self-Selected or Mandated, Open Access Increases
Citation Impact for Higher Quality Research. PLoS ONE 5(10): e13636. doi:10.1371/journal.pone.0013636
29. Gargouri Y, Hajjem C, Larivière V, Gingras Y, Carr L, et al. 2010 Self-Selected or Mandated, Open Access Increases
Citation Impact for Higher Quality Research. PLoS ONE 5(10): e13636. doi:10.1371/journal.pone.0013636
30. Os repositórios aumentam a visibilidade dos resultados da
actividade científica
Os repositórios usam tecnologias e protocolos
que expõem os seus conteúdos na Internet.
Isto significa que os conteúdos dos repositórios integrou no seu motor de
O Google
estão acessíveis a partir de inúmeras bases degenérico características e
busca
dados e motores de pesquisa, incluindofuncionalidades até então apenas
o
Google… presentes no Google Scholar como:
• O nome do (primeiro) autor
• Links para os artigos que o citam
• Links para artigos relacionados
Mas criar repositórios institucionais é apenas
• Links para outras versões
uma condição necessária, não é uma condição
suficiente…
31. Apenas menos de 15% da produção científica institucional
mundial é auto-arquivada espontaneamente hoje em dia em
repositórios e páginas Web.
32. Os repositórios são necessários, mas não são suficientes…
• Estratégias de divulgação, promoção e formação são factores críticos
para o sucesso na implementação de um repositório.
• A criação de serviços de valor acrescentado para os autores, que
compensem o esforço de auto-arquivo, é também um aspecto
importante.
• Mas o factor determinante é a implementação de políticas e
mandatos de auto-arquivo que encorajem ou tornem obrigatório o
depósito da produção científica dos membros das instituições nos
seus repositórios.
33. 33
Políticas de auto-arquivo em repositórios institucionais
Recomendação REQUISITO
Recomendar o auto-arquivo:
como na Universidade de Lund, Wellcome Trust,
Universidade Humboldt, Research Councils, NIH
de Estocolmo o de Oslo, Canadian Institutes of Health Research
UNESCO, OCDE. Howard Hughes Medical Institute
…
Convicção
Vê-se mais no caso dos
repositórios temáticos, MANDATO
Arxiv, e-Lis, Cogprints… Universidade de Southampton,
Universidade Tecnológica de Queensland
Universidade do Minho,
Incentivo Instituto Politécnico de Bragança
Com a criação de Univ. Politécnica de Catalunya
serviços aos autores a partir CERN
dos repositórios. …
34. Em 2008…
• 20 de Agosto de 2008Agosto 2008
Projecto piloto de Comissão Europeia para assegurar a máxima
disseminação e visibilidade dos resultados da investigação financiada
Seg. Ter. Qua. Qui. Sex. Sáb. Dom.
pelo 7th Framework Programm (50 biliões de €). O projecto abarca
cerca de 20% do 7th FP (10 biliões de €) em disciplinas como ciências
1 2 3
da saúde, energia, ambiente, ciências sociais e tecnologias de
informação e comunicação.
4 5 6 7 8 9 10
“Grant recipients will be 13
11 12 required to deposit peer reviewed research articles or
14 15 16 17
final manuscripts resulting from their FP7 projects in an online repository. They
will 18 to make their best effort to ensure open access to these articles within
have 19 20 21 22 23 24
either six or twelve months after publication, depending on the research area.”
25 26 27 28 29 30 31
35. Em 2009…
18 de Março de 2009 Março 2009
Mandato de Open Access para todo o MIT, aprovado por
Seg. Ter. Qua. Qui. Sex. Sáb. Dom.
unanimidade
1
The Faculty of the Massachusetts Institute of Technology is committed to disseminating the fruits of its research and scholarship
as widely as possible. In keeping with that commitment, the Faculty adopts the following policy: Each Faculty member grants to
the Massachusetts Institute of Technology nonexclusive permission to make available his or her scholarly articles and to exercise
the copyright in those articles for the purpose of open dissemination. In legal terms, each Faculty member grants to MIT a
2 3 4 5 6 7 8
nonexclusive, irrevocable, paid-up, worldwide license to exercise any and all rights under copyright relating to each of his or her
scholarly articles, in any medium, provided that the articles are not sold for a profit, and to authorize others to do the same. The
policy will apply to all scholarly articles written while the person is a member of the Faculty except for any articles completed
9 10 11 12 13 14 15
before the adoption of this policy and any articles for which the Faculty member entered into an incompatible licensing or
assignment agreement before the adoption of this policy. The Provost or Provost's designate will waive application of the policy for
a particular article upon written notification by the author, who informs MIT of the reason.
16 17 18 19 20 21 22
To assist the Institute in distributing the scholarly articles, as of the date of publication, each Faculty member will make available
an electronic copy of his or her final version of the article at no charge to a designated representative of the Provost's Office in
23 24 25 26
appropriate formats (such as PDF) specified by the Provost's Office.
27 28 29
The Provost's Office will make the scholarly article available to the public in an open- access repository. (…)
30 31
36. Já em 2010
Abril de 2010 Abril 2010
Política de Acesso Livre da Universidade
Aberta Ter. Qua. Qui. Sex. Sáb. Dom.
Seg.
1 2 3 4
5 6 7 8 9 10 11
12 13 14 15 16 17 18
19 20 21 22 23 24 25
26 27 29 30
http://bit.ly/bKtb6x
37. Já em 2010
Setembro 2010
23 de Setembro de 2010
Política de Acesso Livre da Universidade de
Coimbra
Seg. Ter. Qua. Qui. Sex. Sáb. Dom.
1 2 3 4 5
6 7 8 9 10 11 12
13 14 15 16 17 18 19
20 21 22 23 24 25 26
27 28 29 30 31
38. 38
As políticas europeias de
Open Access
A Comissão Europeia e o Conselho Europeu de Investigação
pretendem:
• proporcionar ampla difusão e acessibilidade aos resultados
publicados da investigação financiada.
39. 39
Conselho Europeu de Investigação
Dezembro de 2007
Requer aos investigadores o
depósito de todas as
publicações num repositório
institucional ou disciplinar
adequado:
• resultantes dos projectos de
investigação financiados e com
revisão por pares,
• disponibilizar em acesso livre
num prazo de 6 meses a contar
da data de publicação.
40. 40
Projecto-piloto Open Access do 7º PQ
Em Agosto de 2008
Exige aos investigadores o depósito
das publicações num repositório
institucional ou disciplinar. Aplica-se a
artigos que:
• possuam revisão por pares;
• resultem de investigação financiada
numa das sete áreas temáticas
designadas:
energia, ambiente, saúde, tic,
infra-estruturas de
investigação, ciências na
sociedade, ciências
socioeconómicas e
humanidades;
• tenham um acordo assinado depois de
Agosto de 2008 (cláusula especial 39).
41. Acesso Aberto na UE
• Uma Agenda Digital para a Europa
• Impulsionar a inovação nas TIC tirando partido
do mercado único (capítulo 2.5.2.) afirma que
a investigação financiada com dinheiros públicos deve ser
largamente difundida através da publicação em livre acesso de dados
e documentos científicos.
42. Acesso Aberto na UE
• Europe 2020 Flagship Initiative Innovation Union
• tem uma referência ao Acesso Aberto: a Comissão irá
promover o OA e terá como objectivo transformar o
“Open Access to publications the general principle for projects funded
by the EU research Framework Programmes”.
http://ec.europa.eu/research/innovation-union/pdf/innovation-union-communication_en.pdf
43. Aposta no Open Access pela CE
• A Vice-Presidente Neelie Kroes, Comissária para a
Agenda Digital, já anunciou publicamente que
• o projecto piloto de Open Access, que correntemente abrange cerca de 20% do
7º Programa-Quadro, vai aplicar-se a todos os projectos no próximo Programa-
Quadro (…) e pode alargar-se também aos dados científicos.
44. Atitude dos autores face a um mandato de auto-arquivo
Não cumpririam 5%
Cumpririam com relutância 14%
Cumpririam de boa vontade 81%
0 20 40 60 80 100
(Dados: International Survey - “Would you comply with OA mandate?”)
% respondentes
46. Mundialmente, já foram implementados
um total de 238 mandatos OA e 22 estão
registados sob a forma de proposta.
ROARMAP (Registry of OA Repository Mandates):
http://www.eprints.org/openaccess/policysignup/
47.
48. O que podem fazer os investigadores?
Seguir as vias para o Acesso Livre!
• Publicar, sempre que possível e adequado, os
seus artigos em revistas de acesso livre;
• Publicar, os restante artigos nas revistas
comerciais habituais e auto-arquivá-los em
repositórios da própria instituição
49. Síntese da apresentação…
O que podem fazer as instituições de
investigação?
Seguir as melhores práticas!
• Criar/Manter repositórios institucionais
• Definir políticas institucionais
• Requerer o auto-arquivo das publicações dos seus membros nos repositórios
• Que publicações? obrigatoriamente a versão final dos artigos com peer-review
(“postprint”), opcionalmente outras publicações e documentos
• Quando arquivar/depositar? Imediatamente após a aceitação para publicação.
Os embargos devem aplicar-se ao acesso e não ao depósito
50. “The question is no longer „if‟ we should
have open access. The question is about
„how‟ we should develop it further and
promote it.”