SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 8
Os melhores anos da minha vida
A mais bela, a mais maravilhosa, a mais ”ingénua”, a mais sonhadora, aquela em que nem sequer pensamos que um dia tudo acabará: Aidade em que somos os melhores, em que nos apaixonamos todos os dias por alguém, pela vida, pelo que fazemos e pelo que somos. É aquela idade em que tudo parece estar ao nosso alcance, com um simples estalar de dedos! Estou a falar naturalmente da nossa adolescência, da nossa juventude. Muitos haverá certamente, e como é fácil compreender, para quem a sua juventude não traga boas recordações, no entanto, mesmo esses aposto, sorriem ao recordar alguns momentos dos anos dourados da sua vida. A minha foi um pouco assim:
Integrei o movimento escutista em Portugal entre os 10e os 18 anos aproximadamente, e posso dizer que foi simplesmente fantástico. Não só pela vida ao ar livre, pelos  conhecimentos que adquiri, pelas pessoas que conheci, pelos amigos, aí sim verdadeiros amigos que tive, mas por todo um conjunto de situações que durante esses anos se foram desenrolando. Recordo um Natal em que a minha patrulha “Águia”, propôs ao chefe do grupo, como boa acção, tornar um pouco mais feliz e farta a ceia de natal de um asilo de idosos que existia bem perto de nós.
O problema consistia naturalmente em como conseguir dinheiro para efectuar as compras dos géneros alimentares ,e comprar uma lembrança para os residentes, pois muitos havia a quem os familiares já se tinham esquecido da sua existência. Eureka!!! – disse alguém: já sei, vamos para a porta da igreja, engraxar sapatos e o dinheiro que juntarmos irá servir para concretizarmos a nossa boa acção. A patrulha era constituída por sete ou oito elementos. No entanto, como foi esta a ideia abraçada e unanimemente escolhida por todos, o grupo inteiro  participou e colaborou, para que tal empreendedora acção fosse levada a cabo. O nosso chefe falou com o pároco, e este por sua vez transmitiu aos paroquianos que iríamos estar  durante dois ou três domingos no átrio da igreja a engraxar sapatos, em troca de uma contribuição monetária.
Quando chegou o primeiro (que viria a ser o único) domingo, a igreja estava completamente cheia de paroquianos. Nós cá fora, nervosos,commedo de sujar as meias com graxa a alguém, e expectantes por ver a reacção das pessoas, aguardávamos impacientemente que a missa acabasse. Tínhamos 15, 16 anos e claro está já olhávamos para a sombra. Uns eram as meninasdo coro, outros lá se ficavam pelas escuteiras, que também as havia, e a vergonha que as miúdas nos vissem a engraxar sapatos, ou a fracassar em tal façanha, deixava-nos ainda mais nervosos. Eis que acaba a Missa e se abrem as portas da igreja: os sete ou oito engraxadores de meia-tijela, ali estavam virados para a saída. A Avalanche de homens e mulheres foi tal, que mais pareciam querer  esmagar-nos. Para nosso espanto, ninguém quis ir de sapatos a brilhar para casa!
As pessoas limitavam-se a colocar o pé na base das caixas, que por nós tinham sido feitas, e simbolicamente nós passávamos o pano ou a escova no sapato, enquanto as nossas boinas, pousadas no chão, se enchiam de notas e moedas, bem como os nossos corações, de alegria e felicidade. Apareceu como não podia deixar de ser, um ou outro brincalhão que quis o serviço completo. Escusado será dizer que tudo isto foi algo de maravilhoso. As nossas famílias envolveram-se, fazendo bolos e auxiliando na confecção da ceia, e nós com as nossas músicas e brincadeiras lá fizemos a festa, e por uma noite conseguimos fazer alguém um pouco mais feliz. Recebemos mais do que o que demos. Hoje ao relatar este acontecimento, os meus olhos enchem-se de lágrimas e o meu coração de alegria. Mais do que quando as nossas boinas transbordaram de caridade e solidariedade.
Os melhores anos da minha vida Uma canhota amiga         Águia Veloz

Mais conteúdo relacionado

Destaque

A dieta do pai natal história e imagens
A dieta do pai natal   história e imagensA dieta do pai natal   história e imagens
A dieta do pai natal história e imagensJani Miranda
 
Natal conto melhor-natal-de-sempre
Natal conto melhor-natal-de-sempreNatal conto melhor-natal-de-sempre
Natal conto melhor-natal-de-sempreMarisol Santos
 
A verdadeira-história-do-natal
A verdadeira-história-do-natalA verdadeira-história-do-natal
A verdadeira-história-do-natalBertilia Madeira
 
Os sapatos do pai natal[1]
Os sapatos do pai natal[1]Os sapatos do pai natal[1]
Os sapatos do pai natal[1]joana1900
 

Destaque (7)

A dieta do pai natal história e imagens
A dieta do pai natal   história e imagensA dieta do pai natal   história e imagens
A dieta do pai natal história e imagens
 
Natal conto melhor-natal-de-sempre
Natal conto melhor-natal-de-sempreNatal conto melhor-natal-de-sempre
Natal conto melhor-natal-de-sempre
 
Uma Prenda de Natal
Uma Prenda de NatalUma Prenda de Natal
Uma Prenda de Natal
 
A verdadeira-história-do-natal
A verdadeira-história-do-natalA verdadeira-história-do-natal
A verdadeira-história-do-natal
 
Os sapatos do pai natal[1]
Os sapatos do pai natal[1]Os sapatos do pai natal[1]
Os sapatos do pai natal[1]
 
Natal, história
Natal, históriaNatal, história
Natal, história
 
Natal nas asas do arco-íris
Natal nas asas do arco-írisNatal nas asas do arco-íris
Natal nas asas do arco-íris
 

Semelhante a Os melhores anos da minha vida como escuteiro

Semelhante a Os melhores anos da minha vida como escuteiro (20)

Jornal especial de fim de ano nº172
Jornal especial de fim de ano   nº172Jornal especial de fim de ano   nº172
Jornal especial de fim de ano nº172
 
Feliz natal e feliz ano novo
Feliz natal e feliz ano novoFeliz natal e feliz ano novo
Feliz natal e feliz ano novo
 
ENSantidade edição 20
ENSantidade edição 20ENSantidade edição 20
ENSantidade edição 20
 
O Papel do menino Jesus (7)
O Papel do menino Jesus (7)O Papel do menino Jesus (7)
O Papel do menino Jesus (7)
 
Umamorpararecordar trecho
Umamorpararecordar trechoUmamorpararecordar trecho
Umamorpararecordar trecho
 
O Natal na Voz do Povo 5
O Natal na Voz do Povo 5O Natal na Voz do Povo 5
O Natal na Voz do Povo 5
 
Contato - O Verdadeiro Natal
Contato - O Verdadeiro NatalContato - O Verdadeiro Natal
Contato - O Verdadeiro Natal
 
Livreto Novena Natal 2021
Livreto Novena Natal 2021Livreto Novena Natal 2021
Livreto Novena Natal 2021
 
Jornal sg ago 2013
Jornal sg ago 2013Jornal sg ago 2013
Jornal sg ago 2013
 
Natal - Precisam-se Anjos de Natal
Natal - Precisam-se Anjos de NatalNatal - Precisam-se Anjos de Natal
Natal - Precisam-se Anjos de Natal
 
Despojos de-uma-tragc3a9dia
Despojos de-uma-tragc3a9diaDespojos de-uma-tragc3a9dia
Despojos de-uma-tragc3a9dia
 
Despojos de uma tragédia
Despojos de uma tragédiaDespojos de uma tragédia
Despojos de uma tragédia
 
O Retorno - Nicholas Sparks.pdf
O Retorno - Nicholas Sparks.pdfO Retorno - Nicholas Sparks.pdf
O Retorno - Nicholas Sparks.pdf
 
Dezembro 2010 graça
Dezembro 2010 graçaDezembro 2010 graça
Dezembro 2010 graça
 
Dezembro 2010 graça
Dezembro 2010 graçaDezembro 2010 graça
Dezembro 2010 graça
 
A_sorveteria_PNLD2020_PR.pdf
A_sorveteria_PNLD2020_PR.pdfA_sorveteria_PNLD2020_PR.pdf
A_sorveteria_PNLD2020_PR.pdf
 
529 an 23 junho_2015.ok
529 an 23 junho_2015.ok529 an 23 junho_2015.ok
529 an 23 junho_2015.ok
 
Jornal sg jul 2013
Jornal sg jul 2013Jornal sg jul 2013
Jornal sg jul 2013
 
ESCUTA - Edição especial ACAREG #57/4
ESCUTA - Edição especial ACAREG #57/4ESCUTA - Edição especial ACAREG #57/4
ESCUTA - Edição especial ACAREG #57/4
 
Meu AniversáRio Neste Natal
Meu AniversáRio Neste NatalMeu AniversáRio Neste Natal
Meu AniversáRio Neste Natal
 

Último

análise de redação completa - Dissertação
análise de redação completa - Dissertaçãoanálise de redação completa - Dissertação
análise de redação completa - DissertaçãoMaiteFerreira4
 
Libras Jogo da memória em LIBRAS Memoria
Libras Jogo da memória em LIBRAS MemoriaLibras Jogo da memória em LIBRAS Memoria
Libras Jogo da memória em LIBRAS Memorialgrecchi
 
Rotas Transaarianas como o desrto prouz riqueza
Rotas Transaarianas como o desrto prouz riquezaRotas Transaarianas como o desrto prouz riqueza
Rotas Transaarianas como o desrto prouz riquezaronaldojacademico
 
Urso Castanho, Urso Castanho, o que vês aqui?
Urso Castanho, Urso Castanho, o que vês aqui?Urso Castanho, Urso Castanho, o que vês aqui?
Urso Castanho, Urso Castanho, o que vês aqui?AnabelaGuerreiro7
 
Ficha de trabalho com palavras- simples e complexas.pdf
Ficha de trabalho com palavras- simples e complexas.pdfFicha de trabalho com palavras- simples e complexas.pdf
Ficha de trabalho com palavras- simples e complexas.pdfFtimaMoreira35
 
Slides Lição 5, CPAD, Os Inimigos do Cristão, 2Tr24, Pr Henrique.pptx
Slides Lição 5, CPAD, Os Inimigos do Cristão, 2Tr24, Pr Henrique.pptxSlides Lição 5, CPAD, Os Inimigos do Cristão, 2Tr24, Pr Henrique.pptx
Slides Lição 5, CPAD, Os Inimigos do Cristão, 2Tr24, Pr Henrique.pptxLuizHenriquedeAlmeid6
 
CRUZADINHA - Leitura e escrita dos números
CRUZADINHA   -   Leitura e escrita dos números CRUZADINHA   -   Leitura e escrita dos números
CRUZADINHA - Leitura e escrita dos números Mary Alvarenga
 
GÊNERO TEXTUAL - TIRINHAS - Charges - Cartum
GÊNERO TEXTUAL - TIRINHAS - Charges - CartumGÊNERO TEXTUAL - TIRINHAS - Charges - Cartum
GÊNERO TEXTUAL - TIRINHAS - Charges - CartumAugusto Costa
 
Manual da CPSA_1_Agir com Autonomia para envio
Manual da CPSA_1_Agir com Autonomia para envioManual da CPSA_1_Agir com Autonomia para envio
Manual da CPSA_1_Agir com Autonomia para envioManuais Formação
 
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...azulassessoria9
 
Literatura Brasileira - escolas literárias.ppt
Literatura Brasileira - escolas literárias.pptLiteratura Brasileira - escolas literárias.ppt
Literatura Brasileira - escolas literárias.pptMaiteFerreira4
 
Aula de História Ensino Médio Mesopotâmia.pdf
Aula de História Ensino Médio Mesopotâmia.pdfAula de História Ensino Médio Mesopotâmia.pdf
Aula de História Ensino Médio Mesopotâmia.pdfFernandaMota99
 
Bullying - Atividade com caça- palavras
Bullying   - Atividade com  caça- palavrasBullying   - Atividade com  caça- palavras
Bullying - Atividade com caça- palavrasMary Alvarenga
 
Nós Propomos! " Pinhais limpos, mundo saudável"
Nós Propomos! " Pinhais limpos, mundo saudável"Nós Propomos! " Pinhais limpos, mundo saudável"
Nós Propomos! " Pinhais limpos, mundo saudável"Ilda Bicacro
 
Música Meu Abrigo - Texto e atividade
Música   Meu   Abrigo  -   Texto e atividadeMúsica   Meu   Abrigo  -   Texto e atividade
Música Meu Abrigo - Texto e atividadeMary Alvarenga
 
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...azulassessoria9
 
DeClara n.º 75 Abril 2024 - O Jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara ...
DeClara n.º 75 Abril 2024 - O Jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara ...DeClara n.º 75 Abril 2024 - O Jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara ...
DeClara n.º 75 Abril 2024 - O Jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara ...IsabelPereira2010
 
PROGRAMA DE AÇÃO 2024 - MARIANA DA SILVA MORAES.pdf
PROGRAMA DE AÇÃO 2024 - MARIANA DA SILVA MORAES.pdfPROGRAMA DE AÇÃO 2024 - MARIANA DA SILVA MORAES.pdf
PROGRAMA DE AÇÃO 2024 - MARIANA DA SILVA MORAES.pdfMarianaMoraesMathias
 
Slides Lição 5, Betel, Ordenança para uma vida de vigilância e oração, 2Tr24....
Slides Lição 5, Betel, Ordenança para uma vida de vigilância e oração, 2Tr24....Slides Lição 5, Betel, Ordenança para uma vida de vigilância e oração, 2Tr24....
Slides Lição 5, Betel, Ordenança para uma vida de vigilância e oração, 2Tr24....LuizHenriquedeAlmeid6
 

Último (20)

análise de redação completa - Dissertação
análise de redação completa - Dissertaçãoanálise de redação completa - Dissertação
análise de redação completa - Dissertação
 
Bullying, sai pra lá
Bullying,  sai pra láBullying,  sai pra lá
Bullying, sai pra lá
 
Libras Jogo da memória em LIBRAS Memoria
Libras Jogo da memória em LIBRAS MemoriaLibras Jogo da memória em LIBRAS Memoria
Libras Jogo da memória em LIBRAS Memoria
 
Rotas Transaarianas como o desrto prouz riqueza
Rotas Transaarianas como o desrto prouz riquezaRotas Transaarianas como o desrto prouz riqueza
Rotas Transaarianas como o desrto prouz riqueza
 
Urso Castanho, Urso Castanho, o que vês aqui?
Urso Castanho, Urso Castanho, o que vês aqui?Urso Castanho, Urso Castanho, o que vês aqui?
Urso Castanho, Urso Castanho, o que vês aqui?
 
Ficha de trabalho com palavras- simples e complexas.pdf
Ficha de trabalho com palavras- simples e complexas.pdfFicha de trabalho com palavras- simples e complexas.pdf
Ficha de trabalho com palavras- simples e complexas.pdf
 
Slides Lição 5, CPAD, Os Inimigos do Cristão, 2Tr24, Pr Henrique.pptx
Slides Lição 5, CPAD, Os Inimigos do Cristão, 2Tr24, Pr Henrique.pptxSlides Lição 5, CPAD, Os Inimigos do Cristão, 2Tr24, Pr Henrique.pptx
Slides Lição 5, CPAD, Os Inimigos do Cristão, 2Tr24, Pr Henrique.pptx
 
CRUZADINHA - Leitura e escrita dos números
CRUZADINHA   -   Leitura e escrita dos números CRUZADINHA   -   Leitura e escrita dos números
CRUZADINHA - Leitura e escrita dos números
 
GÊNERO TEXTUAL - TIRINHAS - Charges - Cartum
GÊNERO TEXTUAL - TIRINHAS - Charges - CartumGÊNERO TEXTUAL - TIRINHAS - Charges - Cartum
GÊNERO TEXTUAL - TIRINHAS - Charges - Cartum
 
Manual da CPSA_1_Agir com Autonomia para envio
Manual da CPSA_1_Agir com Autonomia para envioManual da CPSA_1_Agir com Autonomia para envio
Manual da CPSA_1_Agir com Autonomia para envio
 
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...
 
Literatura Brasileira - escolas literárias.ppt
Literatura Brasileira - escolas literárias.pptLiteratura Brasileira - escolas literárias.ppt
Literatura Brasileira - escolas literárias.ppt
 
Aula de História Ensino Médio Mesopotâmia.pdf
Aula de História Ensino Médio Mesopotâmia.pdfAula de História Ensino Médio Mesopotâmia.pdf
Aula de História Ensino Médio Mesopotâmia.pdf
 
Bullying - Atividade com caça- palavras
Bullying   - Atividade com  caça- palavrasBullying   - Atividade com  caça- palavras
Bullying - Atividade com caça- palavras
 
Nós Propomos! " Pinhais limpos, mundo saudável"
Nós Propomos! " Pinhais limpos, mundo saudável"Nós Propomos! " Pinhais limpos, mundo saudável"
Nós Propomos! " Pinhais limpos, mundo saudável"
 
Música Meu Abrigo - Texto e atividade
Música   Meu   Abrigo  -   Texto e atividadeMúsica   Meu   Abrigo  -   Texto e atividade
Música Meu Abrigo - Texto e atividade
 
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
 
DeClara n.º 75 Abril 2024 - O Jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara ...
DeClara n.º 75 Abril 2024 - O Jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara ...DeClara n.º 75 Abril 2024 - O Jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara ...
DeClara n.º 75 Abril 2024 - O Jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara ...
 
PROGRAMA DE AÇÃO 2024 - MARIANA DA SILVA MORAES.pdf
PROGRAMA DE AÇÃO 2024 - MARIANA DA SILVA MORAES.pdfPROGRAMA DE AÇÃO 2024 - MARIANA DA SILVA MORAES.pdf
PROGRAMA DE AÇÃO 2024 - MARIANA DA SILVA MORAES.pdf
 
Slides Lição 5, Betel, Ordenança para uma vida de vigilância e oração, 2Tr24....
Slides Lição 5, Betel, Ordenança para uma vida de vigilância e oração, 2Tr24....Slides Lição 5, Betel, Ordenança para uma vida de vigilância e oração, 2Tr24....
Slides Lição 5, Betel, Ordenança para uma vida de vigilância e oração, 2Tr24....
 

Os melhores anos da minha vida como escuteiro

  • 1. Os melhores anos da minha vida
  • 2. A mais bela, a mais maravilhosa, a mais ”ingénua”, a mais sonhadora, aquela em que nem sequer pensamos que um dia tudo acabará: Aidade em que somos os melhores, em que nos apaixonamos todos os dias por alguém, pela vida, pelo que fazemos e pelo que somos. É aquela idade em que tudo parece estar ao nosso alcance, com um simples estalar de dedos! Estou a falar naturalmente da nossa adolescência, da nossa juventude. Muitos haverá certamente, e como é fácil compreender, para quem a sua juventude não traga boas recordações, no entanto, mesmo esses aposto, sorriem ao recordar alguns momentos dos anos dourados da sua vida. A minha foi um pouco assim:
  • 3. Integrei o movimento escutista em Portugal entre os 10e os 18 anos aproximadamente, e posso dizer que foi simplesmente fantástico. Não só pela vida ao ar livre, pelos conhecimentos que adquiri, pelas pessoas que conheci, pelos amigos, aí sim verdadeiros amigos que tive, mas por todo um conjunto de situações que durante esses anos se foram desenrolando. Recordo um Natal em que a minha patrulha “Águia”, propôs ao chefe do grupo, como boa acção, tornar um pouco mais feliz e farta a ceia de natal de um asilo de idosos que existia bem perto de nós.
  • 4.
  • 5. O problema consistia naturalmente em como conseguir dinheiro para efectuar as compras dos géneros alimentares ,e comprar uma lembrança para os residentes, pois muitos havia a quem os familiares já se tinham esquecido da sua existência. Eureka!!! – disse alguém: já sei, vamos para a porta da igreja, engraxar sapatos e o dinheiro que juntarmos irá servir para concretizarmos a nossa boa acção. A patrulha era constituída por sete ou oito elementos. No entanto, como foi esta a ideia abraçada e unanimemente escolhida por todos, o grupo inteiro participou e colaborou, para que tal empreendedora acção fosse levada a cabo. O nosso chefe falou com o pároco, e este por sua vez transmitiu aos paroquianos que iríamos estar durante dois ou três domingos no átrio da igreja a engraxar sapatos, em troca de uma contribuição monetária.
  • 6. Quando chegou o primeiro (que viria a ser o único) domingo, a igreja estava completamente cheia de paroquianos. Nós cá fora, nervosos,commedo de sujar as meias com graxa a alguém, e expectantes por ver a reacção das pessoas, aguardávamos impacientemente que a missa acabasse. Tínhamos 15, 16 anos e claro está já olhávamos para a sombra. Uns eram as meninasdo coro, outros lá se ficavam pelas escuteiras, que também as havia, e a vergonha que as miúdas nos vissem a engraxar sapatos, ou a fracassar em tal façanha, deixava-nos ainda mais nervosos. Eis que acaba a Missa e se abrem as portas da igreja: os sete ou oito engraxadores de meia-tijela, ali estavam virados para a saída. A Avalanche de homens e mulheres foi tal, que mais pareciam querer esmagar-nos. Para nosso espanto, ninguém quis ir de sapatos a brilhar para casa!
  • 7. As pessoas limitavam-se a colocar o pé na base das caixas, que por nós tinham sido feitas, e simbolicamente nós passávamos o pano ou a escova no sapato, enquanto as nossas boinas, pousadas no chão, se enchiam de notas e moedas, bem como os nossos corações, de alegria e felicidade. Apareceu como não podia deixar de ser, um ou outro brincalhão que quis o serviço completo. Escusado será dizer que tudo isto foi algo de maravilhoso. As nossas famílias envolveram-se, fazendo bolos e auxiliando na confecção da ceia, e nós com as nossas músicas e brincadeiras lá fizemos a festa, e por uma noite conseguimos fazer alguém um pouco mais feliz. Recebemos mais do que o que demos. Hoje ao relatar este acontecimento, os meus olhos enchem-se de lágrimas e o meu coração de alegria. Mais do que quando as nossas boinas transbordaram de caridade e solidariedade.
  • 8. Os melhores anos da minha vida Uma canhota amiga Águia Veloz