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E o caminho para a
doação aqui chegar
foi o coração das
três outras mulhe-
res, todas amigas.
Uma cadeia de ami-
zades. Há hora mar-
cada, pontualmen-
te, juntamo-nos eu,
a Mariazinha e a
Outra Mariazinha.
Tratava-se de saber
se o Santuário acei-
taria uma doação
em presépios. Sim,
aceitaria e com muito gosto, disse. É que
haveria uma amiga de outra amiga que
gostaria de desprender-se deles e doá-los.
Assim, textualmente.
(!)
Trocaram-se telemóveis, datas, horas,
possibilidades. No dia acertado lá fomos à
casa certa na hora
certa. A Dona da Ca-
sa, a tal amiga que
não quis dar o nome,
estava em casa. Pon-
tualmente. A casa não
é nova e a dona tam-
bém não. Há muitos
anos que colecciona
presépios de origem
nacional e estrangei-
ra. E estavam ali, arru-
madinhos, protegidos
em caixinhas de sapa-
tos, de bolos, electro-
domésƟcos, bombons…
Três surpresas me marcaram. Muito.
Primeira: Eram quinhentos presépios! Não
houvera nada mais e já aqui no Santuário
celebraríamos os quinhentos anos do nas-
cimento de Santa Teresa de Jesus! Ao me-
nos pelas centúrias! Quinhentos anos são
500 ANOS,
500 PRESÉPIOS
- Exposição -
Ano I Nº7
25 DEZEMBRO 2014
A Mariazinha telefonou a marcar uma reunião. Apareceu com a Outra Maria-
zinha. A Outra Mariazinha Ɵnha uma amiga. A amiga chamava-se Elisa e Ɵnha
Outra Amiga. A Outra Amiga não quis dar o nome. Mas queria dar. Dar uma
prenda ao Menino Jesus.
muitos anos, e o mesmo se diga dos presé-
pios. Quinhentos! Na verdade, um pouco
mais de quinhentos!
Segunda: A casa não parecia um museu,
isso não. Mas um armazém preparado
para despacho. Havia organização, cuida-
do, bom gosto, protecção, e classificação.
Os presépios estão catalogados (quase
todos), pelo que sabemos o ano, a origem
e de alguns o preço! A organização ali não
falha; e se pode saber a frio a mim sabe-
me a carinho pelo Mistério, porque nestas
coisas muito conta a informação. Que cui-
dado, que amor!
Terceira: O desprendimento. Despedimo-
nos assim: «Obrigado por levarem tudo e
por tudo porem ao serviço das pessoas,
para alegria das pessoas! Muito obrigado,
deixam-me muito feliz!». Assim foi, mas a
verdade é que todo o tempo em que car-
regávamos as caixinhas só ouvíamos: um
«Muito obrigado, muito obrigado!» que
não soava a falso.
Tudo trouxemos para casa e nem uma Avé
Maria nos pediu! Só pediu que não agra-
decêssemos nem disséssemos o nome. E é
isso que mais me custa. Deus te abençoe!
Quanto me honrardesQuanto me honrardesQuanto me honrardesQuanto me honrardes
Eu vos favorecereiEu vos favorecereiEu vos favorecereiEu vos favorecerei
Neste mundo que parece ausentar-se de Deus a fim de caminhar, tacteando, como
quem caminha, batendo, sucessivamente, contra um muro escuro, continua, porém,
a existir quem vá mirando o Mistério. Já não direi que o olha de frente, como quem
o traz no mar da alma, não. Mas, direi, sim, que nem todos lhe são indiferentes.
Homens e mulheres há, quer dizer, tantas culturas há, senão todas, que continuam
a inclinar-se, suavemente, dobrando-se perante o Mistério do nascimento do ho-
mem mais humano que até era Deus. Daqui e dali surpreendem-nos os olhares so-
bre o presépio; não quisemos, por isso, ignorar esses olhares guardando-os só
para nós: estão expostos nos claustros de Santa Teresa, adossados à direita da
igreja do Santuário do Menino Jesus. Entre por lá ou peça para entrar. Vá por aí,
perca-se por aí. Encante-se com o mistério tal como foram capazes de o ver artistas
e artesãos de muitos lugares e outros tantos ângulos donde se aproximaram de
Jesus. Eles viram para que você veja. São apenas quatro expositores. (Os mesmos
de há quase vinte anos!) Mas vale a pena entrar e ir tacteando com passinhos cur-
tos. Deixe-se perder olhando descansadamente o menino que dorme, e/ou, reguila,
quer saltar do colo da Mãe para nos abraçar ou até caminhar connosco no regresso
a casa.
Vá, entre.
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